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O panfleto acima (clique na imagem para ver melhor) foi distribuído em frente ao Memorial do Santos na Vila Belmiro no último fim de semana. Assinado por uma dita Torcida Unida Santista, o material é um exemplo acabado do bairrismo defendido e levado ao extremo do preconceito por parte da atual gestão do clube, capitaneada por Marcelo
Eterno Teixeira.
Na verdade, é quase um ato de desespero. Ao contrário dos últimos pleitos, desta vez a oposição tem chances reais de vitória contra o mandatário que está há nove anos na Vila Belmiro. O adversário é Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro, pela chapa "Santos Pode Mais" que, de acordo com pesquisas feitas pelo grupo, teria 40% das intenções de voto. A chapa da situação, "Rumo Certo", contaria com 22% e restariam 38% de indecisos.
Teixeira tenta, com o tal panfleto, apelar para um sentimento bastante forte entre santistas da Baixada (posso falar com tranquilidade porque sou de lá). O provincianismo foi um dos fatores fundamentais das vitórias anteriores de Teixeira, já que alguns santistas locais nutrem relativa repulsa aos "forasteiros" de São Paulo. Gente que não entende que o Santos não pertence apenas à cidade, mas sim ao mundo e tentam apequenar o time, deixando-o do tamanho das suas ambições.

Esse bairrismo, aliás, não é exclusividade da família Teixeira. Lembro das eleições municipais de 1996, quando o grande e saudoso David Capistrano (foto) foi candidato a prefeito pelo PT. Ex-secretário de Saúde da administração Telma de Souza, pioneiro na elaboração de políticas públicas de prevenção e combate à Aids e criador das policlínicas, a área coordenada por ele era o principal trunfo político da prefeita, que contava com quase 90% de aprovação. Ou seja, era difícil atacá-lo por sua competência.
Qual a saída? Chamá-lo de "forasteiro", dizer que era um "gringo" que não conhecia a cidade etc e tal. Assim, um dos seus adversários, Oswaldo Justo (PMDB), tinha no seu jingle um trecho que afirmava: "Ele [Justo] nasceu nessa cidade/É santista de verdade", criando o conceito de "santista de mentira". Um apresentador esportivo da TV Santa Cecília (do grupo de Marcelo Teixeira), em campanha desavergonhada a favor de Vicente Cascione (que viria a ser depois diretor jurídico da primeira gestão Teixeira) disse que "tem candidato a prefeito que se largar no Macuco não consegue chegar na praia".
Naquela ocasião, o apelo ao bairrismo não funcionou e Capistrano se elegeu prefeito. Talvez a história se repita agora.