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domingo, dezembro 06, 2009

O Flamengo campeão e as mudanças (ou não) do futebol brasileiro

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Foi emocionante, ora o Flamengo era campeão, ora o Internacional. Mas a vitória – mais do que esperada – do rubro-negro (sem o Grêmio entregar, apesar do time reserva que jogou com mais vontade do que jogaria o titular), traz algumas novidades para um futebol brasileiro que vinha se acostumando a uma certa mesmice nesse era de pontos corridos. Não só quebra a hegemonia DO São Paulo no campeonato, como também a DE São Paulo. Isso porque desde 2004 o título sempre ficava nas mãos de um paulista, o que não aconteceu agora.

Além disso, desta feita ocorreu algo inédito desde 1992. É a primeira vez que um time paulista não fica entre os dois primeiros. A última oportunidade em que isso tinha ocorrido foi justamente na final entre Flamengo e Botafogo, há 17 anos.

Isso significa o fim da tal hegemonia paulista? Não, até porque no Brasileirão de 2010 teremos um time sem tradição como o Barueri, e outro paulista, por enquanto o Guarani (pode ser que seja a Portuguesa conforme a Justiça Desportiva), na dita elite do futebol. Uma sobre-representação que faz mal ao futebol, mas também deixa evidente o tamanho das desigualdades regionais que parecem mais pétreas no mundo da bola do que no resto da sociedade. Isso por conta, em grande parte, da distribuição grotesca de direitos televisivos que pune os pequenos, médios e até mesmo alguns grandes.

Já que o modelo de pontos corridos foi feito para se adequar ao estilo europeu, justo seria que a distribuição de recursos vindos dos direitos de televisão também o seguisse, certo? Errado, por conta do monopólio de uma rede de TV e de alguns clubes que não querem abrir mão de seus privilégios.

Assim, em um campeonato de pontos corridos, os pequenos vão sendo mais afetados, sujeitos a malas brancas e de outras cores e não tendo chances de competir nem sequer perto de qualquer igualdade com os grandes. Claro que no futebol sempre haverá quem tenha mais valor de marca e quem tenha menos, e isso se reflete no valor dos patrocínios individuais e mesmo na negociação de jogadores para fora, mas já que os pontos corridos são um modelo europeu, olhem para a Europa no quesito direitos de transmissão e vejam como é lá. Ou vamos continuar com nossa fórmula jabuticaba e conviver com a força da grana sendo preponderante. E torcer para que a incompetência de quem tem mais recursos equilibre o campeonato, como ocorreu em 2009.

*****

Outro ponto interessante desse Brasileirão foi uma revisão no que diz respeito à importância dos treinadores para levar uma equipe à glória. Andrade, além do que já falou o Olavo aqui, é humilde, um interino que deu certo, que soube motivar o grupo. Aliás, semelhante em trajetória ao Carlinhos, treinador campeão brasileiro de 1992, como bem lembrou o Moriti outro dia.

Muricy Ramalho, comandante badalado – de forma justa, diga-se – sentiu como é ter um elenco com poucas opções de suplentes, como é o Palmeiras. Conseguiu abrir cinco pontos de vantagem mas, quando se viu às voltas com as contusões de Cleiton Xavier, Pierre, Maurício, e as convocações de Diego Souza, sentiu como é lidar com um elenco mal montado (pelo seu antecessor). A não-classificação para a Libertadores coroou o processo.

Já Ricardo Gomes, com aquele que talvez seja o melhor elenco em número de opções do campeonato, até pareceu que ia vingar, mas não segurou a instabilidade emocional de um grupo que corria, brigava... Mas brigava demais. Acabou na mão e não soube lidar com a pressão na hora H. Pode ser que melhore no ano que vem, mas os planos B da diretoria tricolor já devem estar sendo traçados.

E o “gênio” Luxemburgo? Esse demorou meses para achar a formação ideal do Santos, que se assemelhava muito à de Mancini no primeiro semestre. Pastou, ficou chorando pelos cantos, ressentido com a demissão do Palmeiras, e acabou no olho da rua mais uma vez com a mais que bendita eleição da nova diretoria do Santos. Sombra do bom técnico que já foi, simulacro do gênio que nunca será.

E o Santos ganhou

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As eleições do Santos, ontem, foram diferentes. Diferentes do que se via nos pleitos anteriores na Vila, diferentes do que, acho, acontece nas eleições de clubes no Brasil.

Foram mais de 3 mil votos. Um recorde - historicamente, esse patamar gira em torno dos 2.500, 2.400. Luís Álvaro de Oliveira Ribeiro, da oposição, teve 1.882 votos; Marcelo Teixeira, que tentava emplacar 11 anos consecutivos na presidência, teve 1.129.

A derrota de Teixeira, que soava como impossível há poucos meses, começou a se mostrar viável com a mobilização que se fazia em torno da Vila antes da eleição. Muitas faixas e cartazes pediam a reeleição de Teixeira - incluindo termos como "vote Teixeira para que o Santos continue sendo dirigido de Santos". Mas a mobilização viva, das pessoas, estava a favor de Luís Álvaro.


O que gerou uma inevitável tensão. A Torcida Jovem estava ao lado de Marcelo Teixeira e, com instrumentos, batucadas e uma bela dose de provocações, colaborou para que as brincadeiras entre os militantes dos dois lados ganhassem um clima mais sério do que o esperado. Ao longo de todo o período de votação o cenário foi esse - os torcedores dos dois lados agitavam, se provocavam e volta e meia alguns empurra-empurras e discussões mais acaloradas se faziam.

Mas o momento mais tenso do pré-apuração não se deu com o protagonismo da TJ. Aconteceu quando seguranças do Santos resolveram tirar associados que estavam fazendo boca de urna no lugar reservado para os votantes. O problema é que eles iniciaram o processo excluindo apenas os oposicionistas, e não havia o menor indício que a ação também seria feita com a turma pró-Marcelo... então houve resistência e, após um certo entrevero, um torcedor caiu e teve fratura exposta no braço. Vi a cena de perto. Coisa feia. Sangue no chão. Não é o que o processo eleitoral - ou melhor, que o Santos - merecia.

E quando acabaram os votos e a apuração se iniciou é que a coisa complicou de vez. Os anúncios da vitória da oposição, com larga margem, nas quatro primeiras urnas, deixaram claro que apenas uma reviravolta estatisticamente impossível daria a vitória a Marcelo Teixeira (faltavam mais seis urnas a serem apuradas). Então a tensão explodiu em pancadaria entre membros da Torcida Jovem e integrantes da chapa de oposição. A coisa ficou bem feia, com direito a cadeiradas e gás de pimenta.

Não vou, aqui, apontar acusados e nem colocar o dedo na cara de ninguém como sendo responsável pela briga. O que posso dizer com segurança é que não houve um controle bem feito de quem entraria no local destinado para a apuração. Onde deveriam estar apenas sócios, estava um monte de gente (das duas chapas), o que certamente colaborou para que a confusão se instalasse. Vi funcionários do clube - na minha frente, a dois metros de mim, se muito - falando abertamente que apenas gente da chapa 2 (a chapa de Marcelo Teixeira) que deveria entrar no local. Sendo sócios ou não.

Passada a confusão, a vitória de Luís Álvaro se confirmou e Marcelo Teixeira teve a nobreza de subir no palco, desejar boa sorte ao novo presidente e cantar o hino do Santos, entoado com muita força por todos os presentes.

Luís Álvaro e Odílio Rodrigues (o vice) foram simbolicamente empossados ontem mesmo. A data da posse real dos dois - e dos conselheiros eleitos com a chapa - será ainda marcada pelo Conselho Deliberativo do clube, e deve ocorrer ainda esse ano.

A nova diretoria terá a dura missão de reerguer um Santos em frangalhos, dentro e fora do campo. O biênio 2008/2009 foi de péssimo desempenho futebolístico - flerte com o rebaixamento em 2008, eliminação para o CSA em 2009, entre tantas outras coisas - e, no que se refere à administração, aumento de uma dívida de padrões estratosféricos.

Acredito que Luís Álvaro tem tudo para fazer um bom trabalho, a despeito das dificuldades que encontrará. O Santos conseguiu, sem cair para a segunda divisão, espantar o continuísmo que atingiu outros grandes como Palmeiras, Vasco e Corinthians - todos campeões e, depois, rebaixados por dirigentes que se entronizaram no poder.

Por isso o título do post. Mais do que Luís Álvaro, ontem foi o Santos que ganhou.

terça-feira, novembro 24, 2009

Grupo de Marcelo Teixeira usa bairrismo como arma eleitoral

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O panfleto acima (clique na imagem para ver melhor) foi distribuído em frente ao Memorial do Santos na Vila Belmiro no último fim de semana. Assinado por uma dita Torcida Unida Santista, o material é um exemplo acabado do bairrismo defendido e levado ao extremo do preconceito por parte da atual gestão do clube, capitaneada por Marcelo Eterno Teixeira.

Na verdade, é quase um ato de desespero. Ao contrário dos últimos pleitos, desta vez a oposição tem chances reais de vitória contra o mandatário que está há nove anos na Vila Belmiro. O adversário é Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro, pela chapa "Santos Pode Mais" que, de acordo com pesquisas feitas pelo grupo, teria  40% das intenções de voto. A chapa da situação, "Rumo Certo", contaria com 22% e restariam 38% de indecisos.


Teixeira tenta, com o tal panfleto, apelar para um sentimento bastante forte entre santistas da Baixada (posso falar com tranquilidade porque sou de lá). O provincianismo foi um dos fatores fundamentais das vitórias anteriores de Teixeira, já que alguns santistas locais nutrem relativa repulsa aos "forasteiros" de São Paulo. Gente que não entende que o Santos não pertence apenas à cidade, mas sim ao mundo e tentam apequenar o time, deixando-o do tamanho das suas ambições.

Esse bairrismo, aliás, não é exclusividade da família Teixeira. Lembro das eleições municipais de 1996, quando o grande e saudoso David Capistrano (foto) foi candidato a prefeito pelo PT. Ex-secretário de Saúde da administração Telma de Souza, pioneiro na elaboração de políticas públicas de prevenção e combate à Aids e criador das policlínicas, a área coordenada por ele era o principal trunfo político da prefeita, que contava com quase 90% de aprovação. Ou seja, era difícil atacá-lo por sua competência.

Qual a saída? Chamá-lo de "forasteiro", dizer que era um "gringo" que não conhecia a cidade etc e tal. Assim, um dos seus adversários, Oswaldo Justo (PMDB), tinha no seu jingle um trecho que afirmava: "Ele [Justo] nasceu nessa cidade/É santista de verdade", criando o conceito de "santista de mentira". Um apresentador esportivo da TV Santa Cecília (do grupo de Marcelo Teixeira), em campanha desavergonhada a favor de Vicente Cascione (que viria a ser depois diretor jurídico da primeira gestão Teixeira) disse que "tem candidato a prefeito que se largar no Macuco não consegue chegar na praia".

Naquela ocasião, o apelo ao bairrismo não funcionou e Capistrano se elegeu prefeito. Talvez a história se repita agora.

domingo, novembro 08, 2009

Alívio

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Ontem, o Santos venceu o Náutico no Pacaembu por 3x1. Com a vitória, o time chegou aos 45 pontos - quantia que, segundo a maior parte dos analistas, livra qualquer time das possibilidades do rebaixamento.

Não que a queda tenha sido um temor real dos santistas em 2009 - diferentemente do ocorrido no ano passado, quando o Peixe acabou o primeiro turno do Brasileirão entre os quatro piores e flertou com a degola em muitas rodadas. Na verdade, neste 2009, a existência de mais times "dispostos a cair" fez com que o santista mais se irritasse com o futebol da equipe propriamente dito do que com qualquer possibilidade de queda.

De qualquer modo, é bom cumprir a cota de pontos e poder eliminar, de vez, o medo da degola.



E a partida em si até que foi divertida. O Náutico é realmente uma equipe frágil. Tanto que, no primeiro tempo, praticamente não ofereceu qualquer resistência ao Santos. O Peixe fez 1xo (num pênalti pra lá de mandrake) e poderia ter ido às redes mais vezes.

Veio a segunda etapa e Luxemburgo fez o óbvio: trocou os pífios Róbson e Jean por Mádson e Neymar. O banco a Neymar é até compreensível, já que o menino esteve com a seleção sub-17 até o início da semana e mal treinou no Santos. Mas quanto a Mádson... sim, ele estava numa decrescente, mas nunca, nunca que merece ficar na reserva de Róbson.

Com os dois baixinhos, o Santos entrou num ritmo interessante e parecia que iria golear o Náutico. Fez 2x0, mas, num contra-ataque, os pernambucanos tiveram um pênalti a seu favor (tão fajuto quanto o que beneficiou os santistas na primeira etapa, exemplo nítido de compensação) e diminuíram o marcador.

Quanto parecia que o Santos passaria um baita aperto - e deixaria de vencer após estar na frente, como fez contra Flamengo, Avaí, Internacional e São Paulo - Neymar resolveu mostrar porquê é um craque EM POTENCIAL (o caps é pra evidenciar que ele ainda não o é) e deixou tudo tranquilo. 3x1, vitória, 45 pontos e Série A em 2010.

Bastidores
Talvez tão importante quanto os 45 pontos foi o momento político que se passou na área onde os sócios do Santos ficaram ontem no Pacaembu. A partida de ontem foi a primeira após a oficialização da chapa O Santos Pode Mais, que, com Luís Álvaro de Oliveira Ribeiro e Odílio Rodrigues, lutará contra o grupo político de Marcelo Teixeira (que ainda não confirmou nem desmentiu sua candidatura) nas eleições do clube, que acontecem em 5 de dezembro.

Os oposicionistas estavam em maioria. E, na hora que o jogo já estava definido, entoaram com sucesso o canto "O Santos pode mais", que contagiou praticamente todos os que estavam na área dos sócios (com exceção óbvia dos que trajavam camisas da Rumo Certo, a chapa de Teixeira). Diferentemente do ocorrido em outros pleitos, Marcelo Teixeira parece estar em desvantagem. É esperar pra ver.