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A camisa dez, na Vila
Belmiro, é sagrada. Quem a vestia pelo Peixe na partida contra o
Coritiba era Montillo, o argentino que é o típico enganche,
e não o meia clássico que arma o jogo, como Pita ou Ganso foi um
dia, ou o ponta de lança capaz de carregar a bola, mas que faz quase
tudo, como Pelé e, mais recentemente, Giovanni. No entanto, era o
dez do Coritiba o personagem que mais chamava a atenção antes da
partida.
Enquanto Claudinei
Oliveira buscava o entrosamento mantendo o time que bateu a
Portuguesa no último fim de semana. Sem Arouca, Alan Santos compôs
o meio de campo com Cícero, Leandrinho e Montillo. Já o também
novo técnico Marquinhos Santos ousou. Colocou somente um volante de
ofício, Júnior Urso, junto com Robinho (ex-Peixe que, na Vila, era
Róbson para não disputar o imaginário com a sombra do Rei das
Pedaladas), Alex, Botinelli, Deivid e Geraldo, o artilheiro angolano.
O comandante do Coxa
cantou a bola antes do início do jogo, ao dizer que os jogadores
estavam ali não tanto para marcar em cima, mas para “ocupar
espaços”. Embora o Alvinegro tenha assustado antes com cobrança
de falta de Cícero, aos dois minutos da etapa inicial, o sistema
paranaense começava a mostrar suas garras. O craque Alex deu o ar da
graça aos 11, quando tocou para Deivid que passou para Robinho. O
meia fez o corta-luz para o dez do Coritiba que finalizou na trave. A
resposta veio aos 15, e a vez do dez santista mostrar que estava em
campo. Sumido até então, Montillo arriscou um chute de longe que
passou raspando o travessão de Vanderlei.
Mas quem fez jogada de
um legítimo camisa dez foi o lateral-direito Galhardo, tirando com
um lindo passe dois defensores do Coritiba e passando para
Leandrinho, que teve habilidade para servir Neílton. O moleque
finalizou de primeira, praticamente sem chance para Vanderlei.
O jogo mudou um pouco a
partir daí. O Santos passou a controlar um pouco mais, mas o
Coritiba continuou levando perigo, principalmente com bolas roubadas
no meio de campo. Aí estava a “ocupação de espaço” do Coxa,
com constante troca de posicionamento dos jogadores à frente,
apostando em um jogador decisivo como Alex. Mesmo com erros não
forçados, o Peixe ainda chegou com muito perigo com um passe de Léo
para Montillo, que assistiu Willian José. Bola desperdiçada.
E, num dos inúmeros
erros de passe alvinegros – foram 81,8% dos passes feitos de forma
correta contra 92% dos rivais nos primeiros 45 minutos – Leandrinho
deixou a bola passar e o Coritiba começou a armar o lance que
resultou no gol de Alex, feito de forma fácil, por cobertura. Ao
contrário de outros treinadores que queimavam os moleques, Claudinei
animou Leandinho: “Levanta a cabeça”, pediu.
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Reprodução |
No segundo tempo, a
equipe da casa voltou melhor, com menos passes longos, que tanta dor
de cabeça deram na etapa inicial, e com mais desarmes que o Coxa.
Aos dez, Monttllo teve uma grande chance na entrada da área, mas não
acertou o alvo. Aos 15, Marquinhos Santos coloca Everton Costa e tira
Geraldo, querendo dar mais mobilidade ao ataque alviverde. E, quase
no mesmo minuto, a alteração deu resultado, quando ele sofreu uma
falta e, na cobrança, Chico quase faz de cabeça, com Aranha tirando
para escanteio. E, na cobrança, novamente o defensor acerta a trave.
Claudinei também
substitui Willian José por Giva. Não é um alteração de seis por
meia dúzia, já que o menino se movimenta e sai muito mais da área
do que o ex-gremista, que é um atacante mais fixo. E a mudança
surge resultado rápido. Em cobrança de falta, Galhardo cobra com
perfeição para Cícero, sem marcação, cabecear e fazer.
O jogo é eletrizante,
a ofensividade de ambos faz o Coxa partir pra cima, mas o Santos, com
transição bem mais rápida da defesa para o ataque, é quem quase
faz. São três chances em menos de 40 segundos, com Montillo
acertando a trave e com o defensor Chico tirando e outra grande
defesa de Vanderlei. Eram 24 e, aos 25, nova oportunidade com Giva
desperdiçando na área.
O lateral-direito de
ofício, mas que em muitas ocasiões fez as vezes de meia, Cicinho,
estreou aos 30. Um minuto depois, Galhardo saiu para a entrada de
Pedro Castro. Mais uma vez, o lateral saiu aplaudido na Vila, algo
impensável há alguns meses. Léo fez grande lance aos 35, Giva
chutou para a defesa de Vanderlei e Neílton, no rebote, perdeu uma
chance inacreditável.
Fazendo inveja a Giva,
Pedro Castro também desperdiçou, aos 39, em jogada frente a frente
com o arqueiro do Coxa. O castigo veio aos 42, de novo, em lance de
Alex. O meia tabelou com Robinho e finalizou sem chances para Aranha. O craque paranaense prevaleceu.
Os visitantes, mesmo
jogando menos e já sem fôlego, acharam o empate no talento do dez. A experiência prevaleceu sobre um certo afobamento dos moleques para decidir. Mas o desempenho peixeiro dá esperanças para o torcedor santista em um jogo que foi um presente para quem gosta do futebol bem jogado. Um salve a Alex e outro aos meninos da Vila.