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sábado, dezembro 28, 2013

A Moralidade, o Direito e a Portuguesa

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O operador do direito não pode objetivar a aplicação fria da Lei, desvinculando-se dos fatores externos que rodeiam a questão que se decide

Por Dimas Ramalho e Flavio Barbarulo Borgheresi



“E aí repousa, ao mesmo tempo, a força e a fragilidade da moralidade em face do direito. É possível implantar um direito à margem ou até contra a exigência moral de justiça. Aí está a fragilidade. Mas é impossível evitar-lhe a manifesta percepção da injustiça e a consequente perda de sentido. Aí está a força.” (Tércio Sampaio Ferraz Jr.)

Ainda nas primeiras aulas de direito, nos é ensinado que direito, moral e justiça, embora intrinsecamente ligados, eram conceitos distintos. A aplicação fria do direito traz sempre uma justiça formal, que não se prende ao senso comum, e não necessariamente responde aos anseios da sociedade que representa. Mas qual o sentido do direito para uma sociedade quando sua aplicação é questionada sob o enfoque da moralidade, despertando incandescente sentimento de injustiça?

O recente julgamento da equipe de futebol da Portuguesa pelo STJD, num país que respira futebol 24 horas por dia, trouxe à tona essa discussão, expondo claramente até para os cidadãos mais simples, a diferença entre os conceitos de direito, justiça e moral. Óbvio, o que se discute aqui é sentimento, e o sentimento de justiça moral não depende de qualquer conhecimento técnico.

O operador do direito não pode objetivar a aplicação fria da Lei, desvinculando-se dos fatores externos que rodeiam a questão que se decide. Se assim fosse, poderíamos criar programas de computador que elaborassem sentenças judiciais a partir do mero processamento dos dados sobre o caso concreto. A figura humana é imprescindível na aplicação do direito exatamente porque ele é indissociável do sentimento social, do sentimento moral, do sentimento de justiça. Portanto, a aplicação da norma não pode estar desvinculada desta percepção ética instintiva.

E vamos ao caso concreto. Não há dúvidas que a Portuguesa desconhecia o resultado do julgamento que puniu um de seus jogadores com suspensão por duas partidas. O advogado, indicado pela própria CBF, confirmou o equívoco ao passar a informação para a equipe, e o site da CBF não disponibilizou a informação em tempo hábil. Além disso, não é crível que um time de futebol profissional, estando ciente da punição, colocasse em campo um jogador suspenso pelo STJD, aos 30 e poucos minutos da etapa final de uma partida que já não tinha importância nenhuma para a equipe. Não, não é piada de português!

No futebol o jogo é jogado, essa é a regra. Nem mesmo erros de arbitragem, por mais escandalosos que sejam, interferem no resultado das partidas.

Ora, se a escalação irregular – mas não dolosa – do jogador em nada interferiu no resultado da partida, porque a aplicação fria da norma pode interferir no resultado do campeonato inteiro?

O julgamento do recurso nesta sexta feira pelo pleno do STJD, mantendo a decisão que decretou o rebaixamento da Portuguesa, reacendeu discussão sobre o significado da Justiça.

Com o devido respeito a opinião dos demais juristas envolvidos, esse negócio de “regras claras não precisam de interpretação” não serve de argumento para o bom direito. Diante de um caso concreto a solução nunca está apenas nos artigos da Lei, mas no que se espera dela, já que a aplicação do direito não pode ser um fim em si mesmo, porque o direito sem justiça moral é um direito sem sentido, “um direito cínico”.

Dimas Ramalho, foi promotor de justiça, Deputado Federal e atualmente é Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado.
Flavio Barbarulo Borgheresi, é procurador do município de São Paulo.

(Artigo recebido via e-mail)

domingo, dezembro 01, 2013

Santos não amolece de novo e vira sobre o Atlético-PR

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Se o Santos, mesmo sem ter mais nada a fazer no Brasileiro de 2013, não amoleceu contra o Fluminense, empurrando o rival carioca para o Z-4, o Atlético-PR também não teve vida fácil no estádio Benedito Teixeira, em São José do Rio Preto. Mesmo saindo na frente, o Furacão tomou o 2 a 1 e teve frustrado o sonho de se garantir na Libertadores na penúltima rodada.

Santos mantém tabu contra Furacão (Site do Atlético-PR)
O Peixe voltou ao palco do título de 2004, conquistado em um jogo contra o Vasco, justamente em uma disputa particular com o adversário de hoje, vice-campeão à época. Os dois times entraram tentando exercer pressão no campo adversário do outro, com o Alvinegro um pouco melhor, mas esbarrando na forte defesa paranaense. O Atlético-PR, no entanto, equilibrou a partida e Marcelo, revelação do campeonato, atuando contra uma marcação quase solitária de Cicinho, acabou fazendo a diferença e o gol do Furacão, aos 27.

Mesmo com a vantagem, os jogadores da equipe paranaense, e seu técnico Vágner Mancini, demonstravam certo nervosismo, talvez abalados pela perda do título da Copa do Brasil no meio de semana. E não demorou para o Santos empatar. Aos 33, Geuvânio deu belo passe para Cicinho (que quase não entendeu a jogada). O lateral foi à linha de fundo e cruzou para Cícero marcar de cabeça. O 1 a 1 fazia justiça a uma etapa inicial igual, com leve vantagem peixeira.

No segundo tempo, Claudinei acertou a marcação sobre Marcelo e os erros de passe de lado a lado se multiplicaram. Sem Paulo Bayer, o Atlético padecia de falta de criatividade, com lances pouco incisivos. O Santos também não conseguia criar, e desperdiçava oportunidades de chegar no gol adversário nos contra-ataques. O segundo gol nasceu de um lance que poucos esperariam.

Edu Dracena havia dado lugar a Durval, de volta após longo tempo e depois de travar uma discussão pública com o técnico. Dos seus pés saiu um lançamento primoroso que encontrou Cícero. O meia teve habilidade para dominar e tocar por cobertura na saída do goleiro paranaense na enésima tentativa do adversário de fazer a linha de impedimento, que funcionou durante boa parte do tempo, mas foi fatal nesse lance.

A partir daí, só deu Santos, que poderia ter aproveitado o desespero do Atlético para marcar o terceiro, mas pecou pela falta de precisão. Vitória importante que mantém uma escrita: o Peixe nunca perdeu para o rival em casa em Brasileiros. E um resultado que demonstra o profissionalismo do Santos quando neste campeonato, como em quase toda edição de Brasileiro, existem polêmicas sobre “entregas” e quetais.

De quebra, a vitória peixeira força o Atlético-PR a ter que ganhar do Vasco para se garantir na Libertadores. Nessa peleja, em Joinville, não vai ter marmelada...

domingo, novembro 24, 2013

Santos não "amacia" e empurra o Fluminense ladeira abaixo

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Thiago Ribeiro garantiu os três pontos (Ivan Storti/Santos FC)
Se a polêmica do fim de semana foi proporcionada pela leitura labial de Júlio Baptista, levantando a hipótese de o Cruzeiro ter “amolecido” para o Vasco, ainda ameaçado pelo rebaixamento, o Santos não deu mole para o Fluminense, também a perigo, no Prudentão, e bateu o Tricolor por 1 a 0.

“Ficou de bom tamanho”, admitia o goleiro Diego Cavalieri, melhor jogador dos visitantes no jogo. E ele tem razão. A equipe de Dorival Junior foi com o objetivo único de não perder, e sofreu pressão do Peixe durante boa parte do primeiro tempo. Mas o ataque santista esbarrou na própria afobação e no arqueiro adversário. O time carioca foi para o intervalo sem ter realizado uma única finalização que fosse à meta de Aranha.

Na etapa final, os cariocas voltaram com outra disposição, mas ainda assim o Santos continuou mandando na partida. Claudinei desta vez optou por soltar mais os laterais para o apoio ao ataque, em especial Cicinho pela direita, mas foi com o avanço de um de seus volantes que surgiu a jogada do gol. Arouca carregou a bola e tocou para Geuvânio, que devolveu de primeira. O Cinco peixeiro fez o lance de linha de fundo e tocou para Thiago Ribeiro marcar.

No mesmo estádio em que se sagrou campeão brasileiro em 2012, rebaixando o Palmeiras, o Fluminense sentia a derrota que pode levá-lo mais à frente para a Série B. Até tentou atacar, mas, embora houvesse vontade, o time mostrou por que está nessa situação. Enquanto isso, o Santos ora perdia chances de ampliar, ora tocava a bola colocando o rival na roda. Mesmo sem pretensões na competição, fez valer a dignidade. Ao todo, foram 21 finalizações santistas contra somente 3 dos cariocas, segundo o Footstats, e 42 desarmes contra 25.

Um a zero foi o final da primeira peleja da “turnê de despedida” de Claudinei do comando do Santos. Que ao menos a equipe mantenha a postura altiva nas duas últimas rodadas, mas vendo esse e lembrando de outras pelejas, fica a sensação de que, com um pouco mais de ousadia (e alegria?) o Alvinegro Praiano poderia ter ido mais longe. Mas, agora, só em 2014…

quinta-feira, novembro 21, 2013

Coincidências 2003-2013 OU Profecias para 2023

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Que nada do que vier escrito a seguir se realize.

À luz do que o futebol brasileiro vive em 2013 em comparação com 10 primaveras atrás, em 2003, aí vão quatro profecias para 2023.

Cruzeiro será tetracampeão brasileiro
Nos pontos corridos, com uma campanha irreparável, o time azul de Minas Gerais sagrar-se-á campeão com algumas rodadas de antecedência. Em 2003 foi assim, com a estrela de Alex brilhando com a 10; em 2013 foi assim, com a 10 apagada, às costas de Julio Baptista, desembarcado na metade da competição e na reserva do time. Ainda assim a profecia se sustenta, porque Everton Ribeiro jogou uma bola fina, digna da camisa que já foi de Tostão. Será o melhor ataque, promoverá a maior goleada da competição.

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Palmeiras será tricampeão da Série B
O alviverde imponente terá caído em 2022, mas regressará, recuperará a dignidade em um rotineiro tricampeonato nacional da segundona. À exemplo de 2003 e de 2013, a profecia sugere que o evento repetir-se-á daqui uma década, para desespero dos palmeirenses. Que tristeza!

O G, na camisa do Goiás, voltará ser símbolo de "gol"
O artilheiro do campeonato pode nem ser do Goiás, mas o homem-gol mais notável da competição de 2023 vestirá a camisa verde do time do Centro-Oeste. E a letra G, estampada no escudo do Goiás, voltará a significar "gol" de um jeito peculiar. Em 2003, foi assim com Dimba, que findou como artilheiro da competição. Em 2013, Walter não é o maior fazedor de gols, mas certamente é o que mais chama atenção (em tempo: Éderson, do Atlético-PR é que figura com o maior número de tentos assinalados).

Torcida do Goiás e seus artilheiros inusitados

Bahia e Vitória farão BaVis esquecíveis
A última vez em que Bahia e Vitória (e vice-versa) se enfrentaram na primeira divisão do Brasileirão antes de 2013 havia sido em 2003. Depois disso, caiu Bahia, naquele mesmo ano, para a série B. Desceu ladeira abaixo, para a Série C, em 2005. Voltou à segundona em 2007 e à primeira, em 2010. O Vitória caiu em 2004 e em 2010. Subiu em 2007 e em 2012. Embora o tricolor bahiano esteja perigando na 16ª posição, com um a frente do Coritiba, a profecia não é clara sobre o rebaixamento -- embora seja candidata a quarta coincidência.

domingo, novembro 10, 2013

Vasco, com doze, arranca empate com o Santos e sai do Z-4

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“Sem a torcida poderia ter sido até goleada para o adversário, sem fazer média.” Era assim que Juninho Pernambucano, após a partida, resumia o jogo entre Vasco e Santos, no Maracanã. Nessa entrevista à Sportv ele também deu uma notícia temerária aos vascaínos: não deve jogar até o final do ano, após sair no primeiro tempo contundido do gramado.

Bruno Peres marcou o primeiro
Diante do maior público do ano em um jogo entre times do Brasil, 50.421 pagantes e 57.576 presentes, o Vasco foi em alguns momentos o desespero em forma de time. Mas também foi coração na ponta da chuteira, pra usar o clichê que os cruzmaltinos encarnaram na noite do domingo. Porque só isso, e a força de uma torcida que apoiou de forma incrível seus atletas, justifica a reação de sair de um 2 a 0 para um 2 a 2 que por pouco não se tornou vitória ao fim da peleja. Eram 12 contra 11.

Bom, na verdade, não foi só isso. O Santos, na segunda etapa, quando o placar marcava 2 a 1, ajudou o Vasco. Desperdiçou contra-ataques porque, incrivelmente, não tinha jogadas organizadas para essa situação de jogo e alguns atletas, que tiveram chances de ouro, não foram solidários na hora H. Gustavo Henrique, zagueiro que fez o segundo gol, foi infeliz no primeiro gol, mais pelo azar do que pela técnica, mas foi imprevidente ao avançar na marcação de um adversário já marcado no segundo tento vascaíno, deixando André (meu Deus, André!) livre para marcar o gol de empate. 


E foi uma igualdade merecida. Porque os donos da casa, mesmo evidentemente inferiores tecnicamente, “igualaram na pegada”, como diria Dunga, e tiveram mais ímpeto para atacar, até por sua condição de desespero. Claudinei, mais uma vez, não soube aproveitar todo o campo aberto que os vascaínos deixaram quando estavam em desvantagem, tirando William José e colocando um volante, Alan Santos. O time perdeu em velocidade e não ganhou grandes coisas em marcação. Victor Andrade e Gabriel estavam no banco. O treinador terminou a partida tendo feito só uma alteração, com um atacante de ofício apenas em campo. E ele tinha que marcar o lateral na sala, na copa, na cozinha e no toalete. Significa.

Após o fim da contenda, a torcida vascaína ainda foi presenteada com o gol de pênalti de Pato em Araraquara, que jogou o Fluminense na zona do rebaixamento. Os tricolores estão em 18º lugar, com a mesma pontuação do Criciúma, mas com uma vitória a menos. E estão apenas dois pontos acima da Ponte Preta, penúltima. Ave, Luxemburgo!

domingo, outubro 27, 2013

Pará, o gol contra mais rápido da História?

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Na noite do domingo (26), o Coritiba superou o Grêmio por 4 a 0 no Couto Pereira, resultado que afastou a equipe paranaense da zona da degola. Mas o que chamou mais atenção na partida foi o gol contra de Pará, um belo sem pulo que foi para as redes de Dida. Detalhe: em apenas  15 segundos de jogo. Veja abaixo:



Daí veio a dúvida, seria esse o gol contra mais rápido da História? De acordo com o Zero Hora, é o mais rápido em campeonatos brasileiros. Quanto ao registro mundial, não encontrei nenhuma fonte muito confiável, mas a RedeTV diz que o tento teria sido marcado aos 36 segundos, em um jogo na Polônia. Ou seja, Pará estaria ganhando...



Em Copas do Mundo, Gamarra marcou um tento contra aos 3 minutos na peleja Paraguai e Inglaterra, o mais veloz dos Mundiais. Muito distante do ala gremista...

Esperamos ainda a confirmação oficial da exata dimensão desse feito histórico. Ainda assim, pessoalmente acho esse gol do zagueiro Cléberson, do CSA, mais plástico que o do gremista. E olha que saiu em 20 segundos de jogo, no campeonato alagoano de 2012, belo feito também.



domingo, outubro 13, 2013

Vai cair? Um post secador

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 POR Igor Carvalho*


No Brasileirão 2013, com autoridade, o Corinthians lidera o certame dos empates. Por doze vezes o alvinegro paulista saiu de campo sem perder ou vencer. O índice foi alcançado em apenas 27 rodadas, ou seja, quase metade dos jogos disputados pela equipe de Tite terminaram sem que houvesse um vencedor.

Desde que o campeonato passou a ser disputado no sistema de pontos corridos, os maiores empatadores em números reais são a Ponte Preta de 2003 e o Botafogo de 2004, ambos com 18 placares iguais, quando a série A era disputada por 24 clubes em 46 rodadas. Portanto, ambos empataram 39% de suas partidas.

Desde 2005, o Brasileirão é disputado por 20 equipe. Nesse período, os maiores empatadores são Botafogo, Ceará e Flamengo, no campeonato de 2010, e o Palmeiras de 2011, todos com 17 empates. Com isso, as quatro equipes, em 44% dos jogos disputados, saíram de campo levando apenas um ponto para casa.

Com 12 empates e 11 rodadas pela frente, o Corinthians se coloca como candidato ao título de rei dos empates desde 2003.

Secador profissional em plena atividade
Vai cair?


Na era dos pontos corridos, em dez anos, apenas dois times terminaram o Brasileirão com mais empates e foram rebaixados. Opa, então a chance de o Corinthians cair é remota, certo? Provavelmente. Mas como quem seca nunca perde a razão, busquemos argumentos.

Quem eram esses dois clubes que caíram empatando mais?

O Fortaleza em 2006, com 14 empates, conseguiu 38 pontos, quando o campeonato já era disputado por 20 clubes. A equipe cearense terminou o certame em 18º lugar. O Vasco da Gama, que encerrou sua participação na 6º colocação, também empatou 14 vezes naquele ano.

Em 2007, pela primeira e única vez na era dos pontos corridos até o momento, clube do Parque São Jorge foi quem mais empatou no Brasileirão, 14 vezes. Justamente neste ano, com 43 pontos e na 17º posição, caiu o Sport Club Corinthians Paulista.

Ou seja, toda vez que o Corinthians termina o campeonato com mais empates, ele é rebaixado. Tabus devem ser respeitados, embora “existam para serem quebrados.”

“Mas o time é bom”. Verdade. No papel, o time é bom, mas não tem conseguido jogar bem faz muito tempo. Como disse Glauco Faria, em 2013 vivemos o “campeonato dos times medianos”. Não custa lembrar que, de um ponto em um ponto, o Corinthians ocupa a 12º posição, apenas quatro prontos à frente do Vasco da Gama, que é o líder da zona do rebaixamento, 36 a 32.

E aí, vai cair?

Igor Carvalho é jornalista, canhoto político, sãopaulino e bebedor de cerveja. Gosta mais de Victor Jara e Compay Segundo do que Beatles e Rolling Stones

sexta-feira, outubro 11, 2013

Os números mostram: Brasileirão 2013 é o campeonato dos times medianos

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Muito tem se falado a respeito do Brasileirão 2013 ser um campeonato de times medianos (eu mesmo falei isso nesse post). A impressão geral ocorre porque, exceção feita ao Cruzeiro, todas as outras equipes oscilam demais no campeonato, o que confere uma certa estabilidade na tabela, com os mineiros à frente, o restante do G-4 fixo há algumas rodadas com revezamento de posições entre três times, e outros três há tempos no Z-4, com dois (São Paulo e Vasco) trocando de lugar na zona do rebaixamento há algumas rodadas.

Mas, se formos ao dicionário, vemos que o termo “mediano” se refere àquilo que está “colocado no meio, entre dois extremos”. Assim, se considerarmos os extremos como o G-4 e o Z-4, chegaremos à conclusão que, pelo menos até a 27ª rodada, esta é, sim, uma competição de equipes medianas.

A classificação atual traz o primeiro time fora do G-4, o Atlético-MG, com 39 pontos, somente seis à frente do São Paulo, primeiro fora da zona de rebaixamento. Se tomarmos como referência o Brasileiro de 2012, na 27ª rodada a diferença era bem maior: o São Paulo, 5º colocado, tinha 40 pontos, 14 à frente do Coritiba, 16º.

Quase todos podem chegar lá... embaixo.
Campeonatos anteriores também mostram uma distância grande entre o 5º e o 16º. Em 2011, o Fluminense tinha 44, e o Cruzeiro, 27. Em 2010, o Atlético-PR tinha 42, e o Avaí, 29. No Brasileirão de 2009, o Internacional tinha 44 e o Santo André, 28. Já em 2008, o São Paulo tinha 46, uma vantagem ampla para o Figueirense, que tinha 28. Se alguém tiver os dados da 27ª rodada de 2005 a 2007 (quando havia 20 clubes na 1ª divisão), a gente agradece.

Existe outro fator que dá a impressão ao torcedor de que os times em geral estão em um nível sofrível. Se descontarmos o Atlético-MG, que já está classificado para a Libertadores e não tem mais interesse pelo G-4, o sexto colocado, Vitória, está a cinco pontos do Vasco, primeiro da zona de rebaixamento. Enquanto isso, sua distância para o quarto colocado, Atlético-PR, é de oito pontos. Ou seja, na prática, existe um espectro de 15 equipes cuja realidade, hoje, está mais próxima da disputa contra o rebaixamento do que da perspectiva de se chegar à Libertadores. Todos estão em busca da sensação de alívio, e não do êxtase. Faz muita diferença par ao ânimo dos boleiros...

E, tomando-se em conta a pontuação da turma de baixo, todos esses times têm mesmo razão para se preocupar. Nos campeonatos analisados acima, reparem a pontuação dos times mais bem colocados na zona do rebaixamento em cada ano. Em 2012, o Sport tinha 27 pontos; no Brasileiro de 2011, o Atlético-PR tinha 27; em 2010, o Atlético-GO, 26; no ano de 2009, o Botafogo tinha 29, e, em 2008, a Portuguesa tinha 27. Todos abaixo do Vasco em 2013, que tem 32, e apenas o Botafogo de 2009 tem a pontuação atual do Criciúma, atual 18º colocado, com 29, os outros estão abaixo. A Ponte Preta, penúltima colocada atual, tem 26, mesmo aproveitamento do Atlético-GO de 2010.

Em suma, a atipicidade em termos de pontuação desse Brasileiro pode fazer a “nota de corte” do rebaixamento subir, superando os ditos 45 que os matemáticos costumam adotar como porto seguro para se manter na Série A, como o Marcão já alertou aqui. Aliás, essa projeção, em geral, já é dada anteriormente, alguém refez as contas com base no certame atual atípico?

Vendo pelo lado positivo, a competição ainda está aberta para uma arrancada de algum time que possa, primeiro, se sentir aliviado, e depois almejar algo, quem sabe, no G-4, que pode virar G-5 caso algum dos clubes de cima vença a Copa do Brasil, dando chances pra quem hoje tem como realidade a zona do perigo. Mas pode virar G-3 se um brasileiro vencer a Sul-Americana. Por enquanto, tirando os cruzeirenses, ninguém tem muito a comemorar no Brasileiro.

quinta-feira, outubro 10, 2013

O Santos pragmático perdeu o bonde e a esperança após perder para o Coxa

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“Libertadores ficou difícil... A gente tem 36 pontos, tem que procurar vencer os dois próximos jogos em casa para se distanciar desse pessoal que está embolado no meio da tabela. Ficou complicado pensar em coisa grande, agora é vencer para se distanciar lá de baixo.”

Era assim que o atacante Thiago Ribeiro definia o atual cenário santista após a derrota para o Coritiba, no Couto Pereira. O depoimento remetia à declaração do capitão Edu Dracena depois de perder para a Portuguesa, praticamente jogando a toalha. “Fica muito mais difícil. A gente ia encostar com a vitória, Com a derrota de hoje, vai ser muito difícil de chegar no G-4.” Segundos depois, Souza, da Portuguesa, equipe que ainda está atrás do Peixe na tabela, falava que o seu time tinha que sonhar mais alto do que apenas fugir da zona do rebaixamento.

Júlio César comemora o gol do Coritiba (Foto Site Coritiba)
Júlio César comemora o gol do Coritiba (Foto Site Coritiba)
Não é possível mesmo se iludir, o Santos tem um time mediano, mas os medianos são a maioria no Brasileirão. O problema é que, sempre que teve oportunidade de chegar no G-4, o time vacilou. E os jogadores já assumem discurso de derrotados mesmo com a possibilidade de se ter uma vaga na Libertadores alcançando o sexto lugar na tabela – caso um dos que estão à frente vença a Copa do Brasil e o Atlético-MG permaneça na entre os primeiros.

Contudo, os atletas não acreditam. Até aí, eu também não, mas talvez não creiam porque o técnico também não acredite. É um tipo de postura que vai contaminando todos. Criticar o defensivismo quase obsessivo do treinador peixeiro não é só cornetagem, é verificar as partidas e constatar o óbvio: muitas vezes vai ser necessário jogar atrás, com cuidados defensivos etc etc, mas o que espanta é não ter nenhuma alternativa de ataque. Ou de contra-ataque.

“Ah, mas não tem substituto com as mesmas características do Montillo.” Verdade. Então muda-se o jeito de jogar, para que haja uma forma de atuar quando o meia argentino não tiver condições. Mas não é alterando a escalação de forma frenética que vai se adotar um padrão. Contra o Coritiba, o Santos entrou com três atacantes. Que não atacavam. Porque aqueles que estavam supostamente nas pontas tinham que marcar as descidas dos laterais. Para proteger os laterais santistas, Bruno Peres e Emerson Palmieri, fracos. Mas os laterais santistas não subiam. E, quando o time desarmava, não conseguia armar um lance. Porque não tinha quem armasse. Às vezes, também não tinha quem recebesse a bola.

Assim, o Santos ofereceu o campo de ataque a um time inferior tecnicamente, igualando a partida. Nem assim o Coxa, sete partidas sem vencer no Brasileirão, conseguiu marcar no primeiro tempo. Só o fez aos 16 da etapa final, em lance do lateral (bom) Vitor Ferraz pela direita, que cruzou para uma área quase deserta alvinegra, exceção feita a Edu Dracena, que não alcançou a bola. Júlio César não fez força pra marcar.  

E Claudinei apela para os garotos

Parcialmente derrotado, o técnico tirou Everton Costa e Willian José para colocar Giva e Neílton. Alteração tática mesmo foi tirar Arouca para a entrada de Pedro Castro, aos 38. Nada aconteceu. Aliás, um adendo em relação a algo que muitos torcedores santistas falam, criticando Claudinei sobre a não entrada de alguns jovens da base. Sem dúvida, esperava-se que mais meninos pudessem ganhar rodagem, e isso o treinador está fazendo menos do que deveria, levando-se em conta que há talentos que ainda não tiveram muitas chances. E Neílton, com imbróglio em sua renovação de contrato ou não, é muito mais efetivo que Everton Costa.

Mas também é preciso observar que alguns não estão correspondendo, e não adianta forçar a barra porque talvez não tenham condições mesmo ou precisem esperar mais para ganhar confiança e/ou recuperar seu futebol. Há muito tempo Giva tem entrado e produzido muito pouco, por exemplo, mesmo como titular. Contra o Coxa, nas duas oportunidades que teve de finalizar foi decepcionante, além de bolas bobamente perdidas. O lateral canhoto Emerson Palmieri é outro que tem extrema dificuldade para defender, e já entrou em campo em 16 ocasiões pelo Peixe. Não me lembro de nenhuma em que ele convenceu.

Temos que reconhecer que a base é boa, mas não é mágica. Não se criam Neymares em série, nem atletas que se firmam de forma imediata como profissionais. Preparar alguns dos jogadores mais promissores poderia ser a função de Claudinei, mas a água começa a subir e o técnico está pressionado. Se já é confuso, tende a se tornar um pouco pior, ainda mais em um momento em que o abismo, se não olha para ele e o time, já pisca de leve. Ou nem tão de leve.

terça-feira, outubro 08, 2013

Drink Rolando (2)

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 Já tem muita gente dando como favas contadas que o caneco desse ano vai pra Toca da Raposa, inclusive este que vos escreve. Com o melhor ataque com 58 gols (13 à frente do segundo, Atlético Paranaense), e a segunda melhor defesa (só atrás do Corinthians, que em compensação tem certa dificuldade de fazer gol), o Cruzeiro tem um saldo de 37 gols, 26 a mais que o Grêmio. Não à toa os azuis abriram 11 pontos do segundo colocado, a 12 partidas do final. Muita coisa teria que acontecer pra ameaçar esse título e nem o Cruzeiro está dando brecha nem há qualquer outro time com ímpeto pra fazer esse sprint espetacular.

Por conta disso, acabamos fazendo uma sequência mineira na série Drink Rolando. O primeiro foi o Galibertas, o rabo de galo do Atlético campeão da Libertadores. Clique aqui para conhecer esse drinque e aprender a fazer.

Agora, para homenagear o quase certo vencedor do Brasileirão 2013, o mestre Leandro Nagata criou com o Sangue Azul, um coquetel leve, como é leve o futebol de toques rápidos dessa equipe. É também refrescante e aromático, características que casam bem com futebol bonito e eficiente. O gengibre ralado dá toques picantes, sem agredir o paladar, e por ser jogado ao final lembra estrelas flutuando no céu de anil.


Tudo isso combina muito bem com uma feijoada daquelas, mas como a feijoada já tem par (o rival Galibertas!), um bom conselho é combinar com uma deliciosa rabada com polenta: o entrosamento é perfeito, e a refrescância da bebida é realçada pela suculência do prato.  


Sangue Azul

O coquetel do Cruzeiro, virtual Campeão Brasileiro 2013, com enorme antecipação.


INGREDIENTES

50 ml cachaça
25ml de Curaçau Blue
10 ml de suco de limão
soda limonada pra completar

gengibre ralado a gosto

MODO DE PREPARO

Em copo long drink (300ml) adicione gelo até a borda coloque a cachaça o curaçau blue , o suco de limão complete com a soda e solte o gengibre por cima do coquetel com uma colher longa mexa bem.
Saúde! 

segunda-feira, outubro 07, 2013

Sobre Vladimir, Claudinei e Dalai-Lama

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Existem múltiplas e diferentes formas de emoções e de dores negativas, como a vaidade, a arrogância, a inveja, a ambição, a cobiça, a pusilanimidade etc.
Mas, entre todas, o ódio e a cólera são considerados os mais funestos, porque representam os maiores obstáculos ao desenvolvimento da compaixão e do altruísmo e porque destroem a virtude e a tranquilidade do espírito.
Claudinei não gostou. Nem eu (Ivan Storti/Santos FC)
Era esse ensinamento que o Dalai-Lama vertia em seu livro Todos os dias – 365 meditações diárias era o recomendado para o leitor no dia 6 de setembro. E foi com sua lembrança em mente que olhei para o rosto do arqueiro reserva Vladimir, desolado após mais uma finalização lusa quando o jogo estava três a zero contra o Santos. Tinha atribuído ao atleta alcunhas pouco generosas, adjetivos algo chulos, palavras que não se pronunciam nas homilias. Afinal, ele falhou nos três gols tomados e passava uma sensação de morte iminente no torcedor toda vez que a bola chegava perto da área.
Tudo bem, não jogava desde 2011, pensei, o desculpando com toda postura zen que consegui manter. Mas tem goleiro que passa tempos sem atuar e faz papel melhor. Mas ele não teve uma proteção decente, foi prejudicado por uma péssima atuação defensiva do lateral Cicinho e do capitão Edu Dracena que, não satisfeito com sua bela performance, entregou os pontos ao dizer que o Santos tinha que pensar em 2014. Sinceridade demais no momento errado.
E era preciso ser meditabundo, quase sorumbático, para compreender Claudinei Oliveira. O treinador é jovem, tem um belo futuro pela frente, mas oscila demais junto com seu time. Não possui em mãos um elenco brilhante ou mesmo numeroso, mas inventa em excesso quando não é necessário e altera a equipe com substituições que vão da superlotação de volantes à abundância de atacantes em menos de 90 minutos. Em geral, sempre sem ligação no meio de campo, fazendo a equipe piorar quando já não está bem. Difícil obter padrão assim.
É necessário ter paciência com o time em transição. Mas nem sempre vai ser fácil segurar a língua. O fato é que os dois últimos resultados mostraram o cenário atual do Brasileirão: o Santos é mais arrumado que o São Paulo, e menos que a Portuguesa, bem armado por Guto Ferreira, treinador que fez trabalhos interessantes também na Ponte em 2013 e no Mogi em 2012. Durante a peleja, deu um “prestenção” (verbal) em Claudinei, que reclamava da arbitragem. O santista, ao que parece, resmungou se calou. Eu também. E desisti ali.