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terça-feira, setembro 17, 2013

O melhor do Maracanã: CERVEJA!

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Novo Maracanã: a visão geral, na saída do túnel para a arquibancada, é inesquecível
Apesar do calor, a brisa gostosa do sábado, no Rio de Janeiro, convidava para um passeio noturno. Meus pais, Chico e Nair, haviam acabado de desembarcar pela primeira vez em terras cariocas. No reformulado Maracanã, jogariam Fluminense e Portuguesa pelo Brasileirão, às 21 horas. Convidei meu pai, Chico Palhares, para conhecer o estádio - onde eu também nunca tinha ido. É claro que o convite foi aceito no mesmo segundo, afinal, além de ser fanático por esportes, S.Chico é desenhista profissional e já projetou um estádio de futebol, o Taquarão, em minha cidade natal (escrevi sobre isso neste post aqui). Sua curiosidade era ver como ficou o novo Maracanã para a Copa de 2014.

Chico Palhares na frente do estádio
Chegamos em cima da hora e, quando íamos à bilheteria, três cambistas nos abordaram com aquela velha lábia de "evitar fila". Chequei os bilhetes, vi que não eram falsos (há marca d'água em alumínio e outros detalhes difíceis de reproduzir), paguei R$ 30 cada um e entramos. Olhando com atenção, notei que eram entradas "exclusivas" para sócios-torcedores do Fluminense, pelo preço unitário de R$ 10. Tudo bem, eles lucraram, nós pagamos um preço considerado justo (eu esperava pagar bem mais) e entramos rápido no estádio. Ali, S.Chico já se admirou da altura das arquibancadas e da extensa - e larga - passarela que nos levou ao nível 2, atrás do gol, onde ficaria a torcida tricolor. Havia bom público: 19 mil pessoas e 15 mil pagantes.

Na saída da passarela há bons e modernos banheiro e lanchonete. O impacto da visão geral do Maracanã, ao sair do túnel e chegar à arquibancada, é inesquecível. Não sei como era antes, mas o novo estádio impressiona, de fato. S.Chico elogiou a cobertura e os refletores. Há quatro telões gigantescos, que transmitem a partida ao vivo (mas não há replay de lances nem tempo de jogo). S.Chico só criticou o "arremate" da obra: muretas visivelmente tortas, falta de acabamento nos pequenos detalhes, enfim, resumo de um estádio reconstruído às pressas. Meu pai tem 81 anos e é do tempo em que, como ele comentou, "se é pra fazer, tem que fazer direito". Ele também reclamou da nova cadeira, dobrável - muito resistente, mas que dá dor nas costas. Após 90 minutos, também senti o incômodo.

Um dos quatro gigantescos telões
De qualquer forma, a visão do campo (e do jogo) é muito boa e, com a bola rolando, dá pra notar que a moldura do Maracanã melhora qualquer partida, por mais sofrível que seja. Nem foi o caso do jogo de sábado, no qual a Lusa partiu pra cima nos 20 primeiros minutos e, depois, o Fluminense inverteu e passou a pressionar. Quando o gol carioca parecia questão de tempo, uma bola foi alçada na área pelos paulistas e encontrou a cabeça de Diogo: Portuguesa 1 x 0. Eu e meu pai queríamos um empate, o melhor resultado para o nosso São Paulo, e por isso nossos xingamentos na hora do gol ajudaram os torcedores do Flu que nos rodeavam a pensar que torcíamos para o time deles...

No intervalo, acostumado que sou com (a ditadura nos) estádios paulistas, disse ao meu pai que ia buscar refrigerantes. Pouco antes da lanchonete, encontrei um vendedor ambulante cercado por torcedores, que vendia refrigerante e cachorro-quente (estocados em isopor). Ao me aproximar, nem acreditei: havia uma pilha de latas de cerveja! Ah, que maravilha! É incomparável assistir futebol no estádio com uma loira estupidamente gelada na mão! Voltei para perto do S.Chico e ele, franzindo a testa, perguntou: "Que refrigerante carioca é esse, que faz tanta espuma?" Quando percebeu que se tratava do bom e velho "líquido sagrado", abriu um grande sorriso. Pai e filho brindaram a visita ao Rio e ao Maracanã. O melhor do estádio, no final das contas, foi mesmo a cerveja!

É incomparável assistir futebol no estádio com uma loira estupidamente gelada na mão!
Para terminar, Luxemburgo fez duas substituições que tiveram efeito imediato e o Fluminense virou o jogo. Após o apito final, deixamos a arquibancada tranquilamente e chamou minha atenção a atitude de um adolescente tricolor ajudando meu pai a subir as escadas. Havia muitos idosos, mulheres e crianças na torcida do Fluminense, o clima era bem familiar. A dispersão na passarela flui sem problemas. Quando os cariocas começaram a gritar "Neeenseee...", comemorando a vitória de virada, S.Chico observou: "Eles estão me imitando!" E soltou seu grito tradicional para o Clube Atlético Taquaritinga: "Caaaaatêêêê..." (veja nesse post aqui). Os tricolores do Rio não entenderam nada...

Visão do campo é muito boa, mesmo atrás do gol
'CAÔ' NO TAXISTA - Na volta, pegamos um táxi. Minha esposa Patricia, carioca, tinha dito para indicar o caminho e ficar esperto, pois os taxistas costumam esticar o trajeto. Entrei no carro e caprichei no meu (porco) "carioquêisshh": "Belê, mermão? Vamo pra Copa, avenida Nossa Senhora, bem atrás do Palace. Pega Rebouças e Túnel Velho." O motorista estava ouvindo o comentário esportivo no rádio e mandou: "Eaê, foi ver o NOSSO Fluzão vencer?" Meu pai, no banco da frente, não abriu o bico. Eu, atrás, engatei a cara de pau: "Só alegria! Fluzão mandou bem!" Aí o cara animou na conversa e falou bem de uns jogadores, mal de outros - e eu confesso que nunca tinha ouvido falar de muitos deles... Forçando o sotaque carioca, critiquei o Luxemburgo, que devia ter começado o jogo com a formação que terminou, logo de cara, e o lateral Carlinhos (que jogou mal e que é realmente odiado pelos tricolores cariocas que eu conheço). E ainda "intimei": "Aê, amanhã é torcer pro Vasshhco vencer o São Paulo!" O taxista concordou com tudo e, feliz com o passageiro "torcedor" de seu time, seguiu direitinho até o nosso destino. Depois da corrida, S.Chico riu muito.

O filho brindando com o pai, aquele que o ensinou a gostar de futebol: 'Saúde e vida longa!'

segunda-feira, dezembro 31, 2007

Um estádio feito com 3 mil litros de pinga

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Além de ser o cafundó onde nasci, Taquaritinga, no interior de São Paulo, é conhecida nacionalmente por ter levantado um estádio de futebol em tempo recorde, o chamado Taquarão (foto ao lado). Reza a lenda que a obra teria sido feita em 90 dias, entre fevereiro e maio de 1983, no início da gestão do prefeito Adail Nunes da Silva - que, depois de seu falecimento, daria nome ao campo de futebol.


Porém, o projetista do estádio, Francisco Palhares Filho (foto abaixo), revelou em 2007, no livro-reportagem "O Baú do Taquarão", trabalho do jovem Leandro Castro como conclusão do curso de Comunicação na Uniara (Araraquara-SP), que essa conversa de "90 dias" é pura demagogia política. O projeto do estádio no local foi sugerido por Palhares em meados de 1979 e a terraplanagem terminada em 1981. Naquele mesmo ano, o presidente da FPF (Federação Paulista de Futebol), Nabi Abi Chedid, lançou a pedra fundamental onde, mais tarde, seria o centro do gramado.

Quando o CAT (Clube Atlético Taquaritinga) ganhou o título da Segunda Divisão e o direito de disputar a elite do futebol paulista, em dezembro de 1982, as obras tiveram início de imediato, ainda no governo de Deolindo Dantas. Ou seja: o Taquarão com os primeiros 20 mil lugares (dos 32 mil que teria) prontos na sua inauguração, em 1º de maio de 1983, foi "finalizado" em cinco meses, o que também não deixa de ser uma façanha. Só que o crédito político tem de ser repartido, contradizendo a "versão oficial".

Mas Chico Palhares, como é conhecido, reservou ao Futepoca uma revelação ainda mais bombástica, que não consta no livro de Leandro Castro: cerca de 3 mil litros de pinga foram consumidos nas obras do estádio. Confira o papo:

Futepoca - De onde saiu tanta cachaça?
Chico Palhares - Havia uma usina de álcool combustível na cidade e lá também se produzia pinga. Na época, tinha uns seis tonéis de 15 mil litros cada, o que dá uns 90 mil litros de cachaça. Eu ia até lá e conseguia doações diárias para os pedreiros e serventes que trabalhavam na construção do Taquarão. Foi uma iniciativa pessoal, a Prefeitura não interferia. Eu trabalhava nas obras, era o projetista do estádio e sabia que o serviço era pesado, pelo curto prazo disponível (NR.: se o CAT não tivesse concluído a obra até maio, não teria disputado o Paulistão de 1983). Quis dar um "pagamento extra" aos trabalhadores, eles mereciam.

Futepoca - Quantos eram?
Palhares - Uns 80 no canteiro de obras, calculo. Eu tinha um galão plástico de 20 litros e fazia duas viagens, uma pela manhã e outra à tarde. Ou seja, dava 40 litros diariamente. Com dois "pagamentos", cada trabalhador bebia cerca de meio litro por dia (risos).

Futepoca - Isso durante quanto tempo?
Palhares - Durante uns três meses. Como o pessoal trabalhava de segunda à sexta-feira, dava uns 25 dias de expediente - e cerca de mil litros de cachaça - por mês (risos). No final, foram consumidos uns três mil litros de pinga! Realmente, nunca tinha parado para fazer essas contas. É outro recorde do Taquarão (risos).

Futepoca - Como era feito o "pagamento"?
Palhares - Quando eu chegava, o pessoal já corria até onde eu estava. Você via gente pulando do trator, largando ferramentas, vencendo barrancos, se atropelando (gargalhadas). Até gente idosa, como o velho Boyat, entrava na fila. Aquilo devia ter sido filmado...

Futepoca - Lembra o nome de outros "apreciadores"?
Palhares - Além de mim? (risos). Tinha o João Bagrinho, Laerte Gambá, Carlitão, Zé do Figo, Maestrinho, Zé Lôco, Chiquinho e muitos, muitos outros. Foram verdadeiros heróis - muitos deram volta olímpica no dia da inauguração do estádio, sendo aplaudidos pela torcida. Mas aquela distribuição de cachaça acabou sendo útil: tudo o que eu pedia, eles faziam na hora! (gargalhadas). Só não sei como eles se viraram depois que eu pedi demissão, por divergir da nova gestão na Prefeitura. Acho que a obra ficou mais lenta e o serviço, mais duro (risos).