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quarta-feira, outubro 15, 2014

A história dos que não foram

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O escritor (e saxofonista) Veríssimo
Na crônica “O Evangelho segundo...”, o escritor gaúcho Luís Fernando Veríssimo brinca com a hipótese de os Beatles não terem ficado famosos. O que teria acontecido com eles? “Sou almoxarife da prefeitura. Quer dizer, era. Me aposentei. Nervos”, confessaria Ringo. “O que que eu faço? Na verdade, não faço nada. Me recolhi à minha mediocridade. Minha mulher é sócia num curtume. Eu bebo, quer saber? Eu bebo, e penso muito”, desabafaria Paul. O George também teria se tornado um pobretão bebum: “Tenho esta barraca, vou me virando, minha mulher diz que nós estamos quebrados, não sei não. Vai um mel puro?”. E John, no exercício de imaginação de Veríssimo, teria morrido com um tiro na cara, provavelmente em confronto com a polícia.

Porém, na vida real, tem gente que viveu/vive um dilema parecido. Ou quase isso: nove caras tiveram o gostinho de ser um beatle mas, voluntária ou involuntariamente, não prosseguiram na banda. E os motivos vão desde trabalho, estudos ou aposta em outra vocação até convocação para o exército, passando por uma prosaica bebedeira (que desandou em briga e rompimento de relações). E tem também os que apenas alugaram brevemente seus serviços ou foram mesmo chutados dos Beatles. Hoje, alguns levam uma vida de classe média, outros passam dificuldades e houve quem morreu na pobreza. Mas todos, invariavelmente, ficaram martelando no cérebro o que teria sido de suas vidas se tivessem ficado nos Beatles. A eles:

Tocando bateria, aos 75 anos
Colin no tempo dos Quarrymen
Colin Leo Hanton (baterista, 1956/ 1958) – Naquela fase embrionária em que os Beatles se chamavam The Quarrymen (Os Escavadores, em alusão à escola onde estudavam em Liverpool, Quarry Bank High School), Colin foi o primeiro colega de John Lennon a conseguir comprar um conjunto de bateria completo, pois, aos 17 anos, já trabalhava como aprendiz de estofador. Por isso, assumiu o posto na banda, sem concorrentes, por dois anos. Sobreviveu a todos os primeiros integrantes, que sumiram como apareceram (Pete Shotton, Eric Griffths, Bill Smith, Rod Davis, Ivan Vaughan, Nigel Whalley, Len Garry, John ‘Duff’ Lowe), e foi o único que sobrou, no fim de 1958, ao lado de John, Paul McCartney e George Harrison. Mas uma bebedeira estragou tudo. “Deixei os Quarrymen depois de tocar no Pavillon Theatre, em Lodge Lane. A gente tinha bebido muita cerveja durante o intervalo e uma briga começou na volta pra casa, de ônibus. Fiquei furioso, desci do ônibus e eles nunca mais me chamaram pra tocar”, conta Hanton, que passaria as décadas seguintes trabalhando como estofador.

Em 1957: Colin Hanton, Paul McCartney, Len Garry, John Lennon e Eric Griffths

Bebendo cerveja, na Alemanha
Stuart na capa de 'Sgt. Pepper's'
Stuart Sutcliffe (baixista, 1959/ 1960) – Ao entrar no Liverpool Institute, uma escola de artes, John Lennon mudou-se para uma república com três outros alunos de lá, incluindo Stuart Sutcliffe, um pintor talentoso. No final de 1959, Stuart conseguiu vender um de seus quadros em uma exposição. Os Quarrymen, reduzidos a John, Paul e George e rebatizados como Johnny and The Moondogs, viram ali uma oportunidade. “Ter um baixista que não sabia tocar era melhor do que não ter um baixista”, resumiria George. John e Paul convenceram Stuart e ele gastou o dinheiro ganho com o quadro na compra de um baixo. Por quase dois anos, cumpriu a função na banda, embora tocasse muito mal. O perfeccionismo e as críticas de Paul o irritariam ao ponto de largar tudo e voltar a ser pintor. Nessa época, os Beatles estavam em Hamburgo, Alemanha, onde Stuart se matriculou numa escola de artes. Foi lá que, em abril de 1962, quase um ano e meio após ter deixado a banda, morreu de hemorragia cerebral, aos 21 anos. Dizem que foi consequência das pancadas que havia levado na cabeça durante uma briga, após um show dos Beatles.

Hamburgo, 1960: Stuart Sutcliffe, Paul McCartney, George Harrison e John Lennon

No palco, entre John e Paul
Moore, em foto de 1971
Tommy Moore (baterista, 1960) – Depois de “inventarem” um baixista (Sutcliffe), a banda, rebatizada como Long John and The Silver Beatles, tratou de “caçar” um baterista. Brian Casser, líder da banda Cass & The Cassanovas, passou a John o endereço de Thomas Henry "Tommy" Moore, um músico veterano (tinha 28 anos) que trabalhava como motorista de empilhadeira numa fábrica de garrafas. Com ele, a banda seria aprovada num teste feito pelo empresário Larry Parnes, o que garantiu uma excursão à Escócia como acompanhantes do cantor Johnny Gentle. Nessa turnê, a primeira dos futuros Beatles fora da Inglaterra (quando se apresentaram como Silver Beats), a van que os transportava bateu em um carro e um estojo de guitarra voou contra o rosto de Moore, que perdeu alguns dentes. Ele foi hospitalizado mas, na hora do show, o empresário local foi até lá para tirá-lo da cama e o obrigou a tocar bateria. Na volta, sem dinheiro, Tommy ainda tocaria mais cinco vezes com os Silver Beatles, antes de desistir e voltar a dirigir empilhadeiras. Morreria em 1981, aos 50 anos, na miséria.

Maio de 1960: John Lennon, Tommy Moore, Paul McCartney e George Harrison

Baterista serviu exército por 2 anos
Norman e uma garrafa ao lado...
Norman Chapman (baterista, 1960) – Se tem alguém no mundo que seja acirradamente contra o serviço militar obrigatório, deve ser este cara aqui. Quando Tommy Moore ouviu os conselhos de sua noiva e abandonou os Silver Beatles por uma “sólida e garantida” carreira de motorista de empilhadeira, o empresário da banda na ocasião, Alan Willians, decidiu procurar um baterista decidido a permanecer no posto. Ele era dono do Jacaranda Club, em Liverpool, e sempre ouvia alguém ensaiando bateria do outro lado da rua. Um dia foi até lá e conheceu o carpinteiro Norman Chapman, que trabalhava numa loja naquele local e aproveitava o fim do expediente para ensaiar no sótão, por hobby. Ele aceitou prontamente o convite para ser um beatle (ou silver beatle) e, no verão de 1960, tocou com eles em três shows. Mas, quando poderia ter acompanhado a banda na Alemanha, apareceu uma convocação para o National Service, o exército inglês. Serviu por dois anos, no Quênia e no Kuwait. E é claro que os Beatles nunca mais tiveram qualquer notícia sobre ele.

Quando a banda ficava sem baterista, Paul McCartney se encarregava da função

Foto promocional dos Beatles
Best hoje: eterno 'injustiçado'
Pete Best (baterista, 1960/ 1962) – O mais famoso dos “quase beatles”. Logo depois que Norman Chapman largou a banda, surgiu o convite para trabalharem na Alemanha. Foi então que George se lembrou de Pete, filho de Mona Best, dona da boate Casbah. Ele tinha uma bateria nova e tocava eventualmente com algumas bandas no local. Sem opção, foi com ele que a banda seguiu para Hamburgo. Lá, com a saída de Sutcliffe e a efetivação de Paul como baixista, os Beatles assumiram seu nome definitivo e criaram um estilo próprio. Em junho de 1962, já com Brian Epstein como empresário, a banda conseguiu um teste em Londres, na gravadora Parlophone, subsidiária da EMI. Apesar de serem aprovados e contratados, o produtor George Martin reclamou do som da bateria. Foi a deixa para John, Paul e George, que já planejavam substituir Pete (sua fama de “galã” roubava a atenção das fãs e sua mãe, Mona, insistia em se intrometer nos negócios do conjunto). Em agosto, às vésperas da primeira sessão de gravação e à beira da fama mundial, Best foi posto pra fora. Anos depois, trabalhou como padeiro e virou funcionário público.

Cavern Club, 1962: Paul McCartney, John Lennon, Pete Best e George Harrison

Baixista e canhoto, como Paul
Relembrando o tempo de músico
Chass Newby (baixista, 1960) – No fim de 1960, quando os Beatles regressavam de uma de suas excursões a Hamburgo, Stuart Sutcliffe saiu da banda e resolveu morar na Alemanha. Em Liverpool, os Beatles já tinham alguns shows agendados. Pete lembrou-se do baixista Charles “Chass” Newby, com quem tinha tocado no trio The Blackjacks. Ele estava em férias da universidade, onde cursava engenharia química, e tocou por quatro vezes, em dezembro daquele ano, com os Beatles. O curioso é que, apesar de ser um ano mais velho do que Paul, Chass nasceu no mesmo dia que ele (18 de junho) e também tocava o baixo ao contrário, por ser canhoto como McCartney. Como os Beatles tinham que voltar a Hamburgo no início de 1961, John convidou Newby para seguir com eles. O universitário recusou a oferta. “Eu queria estudar química. John, Paul e George queriam ser músicos”, explica o ex-baixista, que tornou-se professor de matemática. “Às vezes as pessoas não acreditam quando eu digo que não me arrependo. Mas realmente não. Eu aproveitei minha vida imensamente”, garante.

George, John e Paul no fim de 1960, quando tocaram com Chass Newby em Liverpool

'Hutch' foi chamado antes de Ringo
Foto atual do baterista do Big Three
Johnny Hutchinson (baterista, 1960 e 1962) – Esse foi “quase beatle” em duas oportunidades, e na última poderia ter se efetivado no cargo. Em maio de 1960, quando o empresário Larry Parnes foi a Liverpool escolher bandas de apoio para seus cantores, Tommy Moore chegou atrasado, quando Long John and The Silver Beatles já estavam no palco. Por isso, a banda precisou emprestar, nas primeiras músicas, o baterista Johnny Hutchinson, de outra banda que aguardava a vez de tocar, Cass and The Cassanovas. Dois anos depois, quando Pete Best foi demitido, o empresário Brian Epstein chegou a oferecer a vaga para “Hutch”, como era chamado, que agora pertencia ao grupo The Big Three. Ele não aceitou. “Pete Best é um amigo meu e eu não podia fazer essa sujeira com ele”, justificou. De qualquer forma, enquanto Ringo cumpria os últimos compromissos com a banda Rory Storm and The Hurricanes, antes de estrear nos Beatles, Johnny Hutchinson quebrou novamente o galho tocando com John, Paul e George (e com The Big Three nas mesmas datas).

Stuart Sutcliffe, John Lennon, Paul McCartney, Johnny Hutchinson e George Harrison
 
Baterista gravou 'Love Me Do'
Andy aponta foto de Ringo Starr
Andy White (baterista, 1962) – Menos de um mês após ter substituído Pete Best na bateria, Ringo Starr teve sérias dúvidas sobre seu futuro nos Beatles. Na primeira sessão oficial na EMI, em 4 de setembro de 1962, quando gravaram “Love Me Do”, o produtor George Martin voltou a torcer o nariz para o som da bateria. Por isso, uma semana depois, a banda foi convocada novamente ao estúdio, para refazer a gravação. E, ao chegarem lá, Martin os esperava com um baterista de estúdio, Andy White, de 30 anos. Humilhado, Ringo participou apenas tocando pandeiro. Para completar, Martin obrigou os Beatles a gravarem, no mesmo dia, uma música “melosa” (e alheia) chamada “How Do You Do It”, por não acreditar que “Love Me Do” tivesse chance no mercado musical. Com seu poder, parecia que, se quisesse, mandaria os Beatles trocarem Starr por White. Mas, lógico, não foi o que ocorreu. Andy seguiu como baterista de estúdio e, nos anos 1980, tornou-se professor de bateria e de gaita escocesa. Chegou a pregar um adesivo com a inscrição “5º Beatle” em seu carro. “Foi um aluno que me deu”, disfarçou.

Andy White visitou os Beatles no set do filme 'Help', em 1965; Ringo não deu as caras

Na turnê de 1964, com John Lennon
Baterista hoje vive recluso, em Londres
Jimmie Nicol (baterista, 1964) – Esse é o que tem a história mais incrível (e triste). No ápice da beatlemania, após conquistar os Estados Unidos, a banda preparava-se para sua primeira turnê mundial quando Ringo Starr foi internado às pressas com amigdalite. Desesperado, o empresário Brian Epstein contemplou a falência definitiva por ter que cancelar a turnê, devolver o dinheiro de ingressos de shows e pagar pesadas multas. Foi quando o produtor George Martin sugeriu o baterista londrino James George Nicol, que havia acabado de tocar em gravações cover dos Beatles. Aprovado em um teste-relâmpago nos estúdios de Abbey Road, Jimmie Nicol seguiu com John, Paul e George para shows na Dinamarca, Holanda, Hong Kong e Austrália, onde Ringo, recém-saído do hospital, reassumiu seu posto. A experiência de ter sido um beatle por dez dias, no período de maior assédio dos fãs e exposição na mídia mundial (1964), mexeu com a cabeça de Nicol. No torturante ostracismo em que caiu depois disso, passou por várias bandas obscuras até largar tudo e viver misteriosamente por décadas, no México. Hoje, aos 75 anos, vive recluso e quase sem dinheiro em Londres.

Três momentos de Jimmie Nicol: 'no topo do mundo', com John, Paul e George,...
....sendo posto 'de lado' pouco depois, enquanto Ringo reassumia o posto nos Beatles,...
...e deixado sozinho no aeroporto, para voltar a Londres, enquanto os Beatles dormiam.

segunda-feira, maio 23, 2011

Isso nem é mais piada pronta, é destino, fatalismo!

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Materinha do site Uol observa que, no Dia Internacional da Tartaruga (sim, isso existe!), o piloto brasileiro Rubens Barrichello comemora seu aniversário. Pois é: de brincadeira do Michael Schumacher, virou associação oficial! Pô, coitado do cara! Isso já nem é sacanagem, é maldade do destino, mesmo...

quinta-feira, maio 19, 2011

Dois craques, dois amigos e dois destinos distintos

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No dia 20 de março de 2011, dois destinos que insistem em se cruzar escreveram mais um capítulo no futebol brasileiro. Naquele domingo, o frágil time do Imbituba foi goleado por 4 a 0, em seu próprio estádio, pelo visitante Avaí. A derrota contribuiu para que, menos de um mês depois, o clube fosse rebaixado matematicamente para a segunda divisão do Campeonato Catarinense. E o Avaí, apesar de não levantar o troféu estadual, seguiu para uma ótima campanha na Copa do Brasil. Ninguém reparou, naquela goleada em Santa Catarina, na simbologia por trás dos derrotados e vitoriosos. Pois bem: o técnico do Avaí era - e continua sendo - Silas (à direita), ex-jogador de seleção brasileira que surgiu no São Paulo, em 1984. E o treinador do Imbituba era ninguém menos que Muller (à esquerda), outro ex-jogador de seleção, mas principalmente companheiro inseparável de Silas naquele mesmo time sãopaulino conhecido como "Menudos do Morumbi", por causa de um conjunto musical da época.

A vitória de Silas sobre Muller, naquele dia, foi mesmo simbólica. Porque refletiu o atual momento dos dois ex-parceiros. O primeiro disputa a semifinal da Copa do Brasil, depois de despachar seu poderoso clube formador nas quartas-de-final, o São Paulo, e arrancar um importante empate ontem, no Rio de Janeiro, contra o Vasco. Mais um empate sem gols, em Florianópolis, e Silas levará o Avaí a uma inédita decisão, podendo alcançar o título e uma fantástica vaga na Libertadores de 2012. Já Muller, depois de ter sido demitido do comando do Imbituba quando o time foi rebaixado, em abril, surpreendeu o mundo do futebol esta semana ao revelar suas dificuldades financeiras, que o levam até a considerar a oferta de morar na casa do amigo e ex-lateral Pavão. Situação inimaginável para quem ganhou milhões em sua vitoriosa carreira como jogador, repleta de títulos - entre eles, uma Copa do Mundo e dois mundiais interclubes.

Quando surgiram para o futebol, em meados da década de 1980, Muller e Silas eram como gêmeos. Em campo, faziam tabelas e gols que maravilhavam a torcida. Fora dele, como bons evangélicos e "Atletas de Cristo", uniam-se para rezar e ler a Bíblia (foto acima). Depois de disputarem o Brasileirão pelo São Paulo como titulares, no início de 1985, foram convocados para a seleção brasileira sub 20 que venceu o Mundial da categoria na extinta União Soviética. O melhor jogador da competição foi Silas. Em seguida, ele e Muller levantariam outro caneco: o de campeão paulista pelo São Paulo. Era o primeiro título do time formado pelo técnico Cilinho, que conquistaria mais tarde, com a célebre linha de ataque Muller, Silas, Pita, Sidney e Careca (foto abaixo), o Campeonato Brasileiro de 1986 (tendo Pepe como técnico). Os dois companheiros, com 20 anos de idade, ainda disputaram a Copa do México pela seleção principal, que foi eliminada pela França nas quartas-de-final. Estavam os dois em campo naquela derrota por pênaltis (Silas substituiu Júnior e Muller deu lugar a Zico).


Os dois amigos ainda conquistariam, juntos, o Paulistão de 1987. A partir do ano seguinte, seus destinos se afastariam. Silas foi vendido primeiro, para o Sporting de Portugal. Muller foi logo depois, para o italiano Torino. Só se reencontrariam em 1990, na Copa da Itália, onde o Brasil fracassou novamente, dessa vez nas oitavas-de-final, diante da Argentina. Mais uma vez, ambos estavam em campo na fatídica derrota (Muller os 90 minutos e Silas entrou no lugar de Alemão). Então, os destinos bifurcaram. Silas seguiu carreira errática, pulando do Sporting para o Central Español, do Uruguai, e depois Cesena e Sampdoria, na Itália. Em 1992, voltou ao nosso país, onde venceu uma Copa do Brasil com o Internacional-RS. Depois foi pro Vasco (campeão carioca com Dener e Jardel em 1994), Kashiwa Reysol, San Lorenzo (na Argentina, onde foi ídolo), voltou ao São Paulo e passou sem destaque, até o final da carreira, em 2004, por Kyoto Sanga, Atlético-PR, Rio Branco-SP, Ituano, América-MG, Portuguesa e Inter de Limeira.

Já a trajetória de Muller é mais conhecida. Retornou ao São Paulo em 1991 e foi um dos líderes do extraordinário time montado por Telê Santana. Ganhou dois mundiais interclubes e duas Libertadores (em 1992 e 1993), uma Supercopa (1993), duas Recopas (1993 e 1994), um Brasileirão (1991) e dois Paulistas (1991 e 1992). Disputou a Copa do Mundo dos Estados Unidos, em 1994, e foi campeão como reserva. No ano seguinte, passou rapidamente pelo Kashiwa Reysol e desembarcou no timaço do Palmeiras de 1996, o dos 100 gols. Depois de nova passagem pelo São Paulo, foi para o italiano Perugia e voltou em 1997 para jogar pelo Santos. Mas foi no Cruzeiro onde brilhou pela última vez, conquistando a Copa do Brasil de 2000 e a Copa Sul-Minas de 2001. Isso valeu um contrato para uma passagem apagada no Corinthias, e depois ainda jogou pelo São Caetano, Tupi-MG, Portuguesa e Ipatinga, até se aposentar, em 2004 - curiosamente, no mesmo ano em que Silas parou.

Nos últimos seis anos, ocorreu a inversão no sucesso dos dois ex-companheiros. Rico, mas não milionário, Silas virou um modesto empresário em Campinas (SP), trabalhando com uma franquia de pastéis. Foi quando decidiu tentar a carreira como treinador de futebol. Para isso, começou humildemente como auxiliar do técnico e amigo Zetti nos times do Paraná, Atlético-MG e Fortaleza. E foi neste último que, em 2007, Silas teve sua primeira chance como técnico de fato, após a demissão de Zetti. Depois, foi para o Avaí (para onde retornou, atualmente), Grêmio e Flamengo. Já Muller, milionário quando abandonou a carreira de jogador, virou comentarista esportivo, no porgama "Apito final", da TV Bandeirantes, e também na SporTV. Foi aí que aceitou uma proposta do Santo André para ser diretor-executivo e responsável pelas categorias de base e do futebol profissional. Sem sucesso. Por isso, também tentou a carreira como técnico, primeiro no Grêmio Maringá-PR, depois no Sinop-MT e, por último, no Imbituba-SC. Só fracassos.

E foi assim que os dois se encontraram pela última vez, em março, na goleada do Avaí sobre o Imbituba. Nesse meio tempo, Muller perdeu quase tudo o que tinha e, agora, tenta se reerguer em nova chance como comentarista na SporTV, que o recontratou. Enquanto Silas se consolida como treinador, só nos resta imaginar onde e quando os destinos dos dois craques e companheiros irão se cruzar novamente. Tomara que, como nos tempos de "Menudos" sãopaulinos, ainda possam dar mais alegrias a todos os que os admiram e torcem pelo futebol brasileiro.