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quinta-feira, novembro 12, 2015

Alex, na Copa de 2002, esteve 'bêbado ou dormindo'

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Alex não ganhou a amarelinha de Felipão
Assim como Ciro Gomes, ao romper com o PSDB, passou um tempo nos Estados Unidos em que apenas "enchia a cara de saquê, ouvindo Marisa Monte", o ex-meiocampista Alex, hoje comentarista de futebol na TV, revela em sua recém-lançada biografia, escrita por Marcos Eduardo Neves, que descambou para a bebedeira ao não ser convocado para a Copa de 2002:

- Nunca fui de beber, mas comecei a tomar cerveja e vinho. Passei uns 40 ou 50 dias de loucura. A imprensa falando de Copa do Mundo e eu nem sabendo o que estava rolando. De acordo com o fuso horário da Coreia do Sul e do Japão, os jogos aconteciam de madrugada. Naqueles horários, eu estive bêbado ou dormindo. Eu era um f....

Segundo Alex, que também milita no movimento de atletas e ex-atletas "Bom Senso", uma briga em 2000 com um chefe de delegação da seleção olímpica pode ter influenciado para não ter sido chamado (o fracasso naquela Olimpíada, em Sidney, encerrou a passagem de Vanderlei Luxemburgo pela CBF). Mas a bronca é mesmo com Luiz Felipe Scolari, que Alex ajudou a ser multi-vitorioso no Palmeiras no fim dos anos 1990, o que credenciou o treinador a chegar a seleção. Por isso, o ex-jogador diz que perdoa "o técnico Felipão", mas não "a pessoa Felipão". Alex deixou isso claro em entrevista a "O Estado de Minas":

- Ele levou jogadores que até aquele momento tinham histórias bem menores do que a minha na Seleção. No corte do [volante] Emerson, além de eliminar o sonho do capitão da Seleção, ele levou o Ricardinho, que não tinha cinco jogos pela Seleção. O golpe foi de assimilação complicada.

Naquele mesmo ano de 2002, a maior polêmica foi a não convocação de Romário, que já havia disputado duas Copas e ganho uma delas. Depois da bebedeira, Alex teve breve passagem pela Itália e retornou ao Brasil, em 2003, para comandar o Cruzeiro na conquista da "tríplice coroa": Campeonato Mineiro, Copa do Brasil e Brasileirão (quando foi o craque da competição). Depois, virou ídolo no Fenerbahçe, da Turquia, onde conquistou títulos, voltou a ser convocado pela seleção brasileira, em 2005, e ganhou até estátua na porta do estádio. Porém, Carlos Alberto Parreira também não o levou para a Copa de 2006, na Alemanha. Mas, na mesma entrevista a "O Estado de Minas", o ex-meiocampista alivia:

- Em 2006, Parreira foi honesto demais comigo e minhas expectativas eram pequenas.

Da mesma forma, mesmo com Alex "voando baixo" no Fenerbahçe, Dunga não o levaria à África do Sul, em 2010. E, no ano passado, quando Felipão levou o eterno 7 x 1 na Copa disputada no Brasil, Alex se despediu do futebol profissional ainda em grande forma. Eu mesmo, em 2013, quando ele decidiu voltar ao Brasil, lamentei que o São Paulo não o tivesse procurado. Prova disso foi que meu time sofreu nas suas mãos (ou melhor, nos seus pés) ao ser derrotado no Brasileirão daquele ano, assim como já havia sofrido, no Torneio Rio-São Paulo de 2002, às vésperas da (fatídica) Copa, um antológico golaço de Alex.

Mas foi isso: Anderson Polga (lembram?!?) foi campeão mundial como titular na seleção do Felipão. O craque Alex, não. Os deuses do futebol são mesmo muito estranhos...



quarta-feira, abril 08, 2015

Som na caixa, manguaça! - Volume 85

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LÁ SE VAI O CAMPEONATO


Domingo, chegou o grande dia
Meu time nas finais, uma tarde de alegria
No boteco, com os camaradas
A cerveja lidera a invasão da arquibancada!

Olê!Olê!Olê!Olê!......

Nossa torcida cumpre seu papel
Cantamos e cantamos, nosso time lá no céu
A defesa é como uma muralha
Nosso ataque corta como uma navalha!

Olê!Olê!Olê!Olê!......

O jogo segue empatado
O adversário luta e por isso é respeitado
E então um pênalti é marcado
Vamos ao deliro, chacoalhamos o estádio!

Olê!Olê!Olê!Olê!......

A tensão congela nossas almas
E o nosso atacante corre para a bola
O nervosismo estampado nos seus olhos
O chute muito alto e a bola vai pra fora!

Olê!Olê!Olê!Olê!......

O empate não é nosso resultado
Um pênalti perdido, lá se vai o campeonato!
A raiva nos toma o coração
Queremos quebrar tudo, mas beber é a opção

Olê!Olê!Olê!Olê!.....

Cantando, vamos para o bar
Lembrar as nossas glórias, a mágoa afogar
Apesar da alegria, ninguém pôde esquecer
Que o maldito campeonato, acabamos de perder!

(Do CD "Canções de batalha", gravadora TRREB, 2004)




quarta-feira, outubro 15, 2014

A história dos que não foram

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O escritor (e saxofonista) Veríssimo
Na crônica “O Evangelho segundo...”, o escritor gaúcho Luís Fernando Veríssimo brinca com a hipótese de os Beatles não terem ficado famosos. O que teria acontecido com eles? “Sou almoxarife da prefeitura. Quer dizer, era. Me aposentei. Nervos”, confessaria Ringo. “O que que eu faço? Na verdade, não faço nada. Me recolhi à minha mediocridade. Minha mulher é sócia num curtume. Eu bebo, quer saber? Eu bebo, e penso muito”, desabafaria Paul. O George também teria se tornado um pobretão bebum: “Tenho esta barraca, vou me virando, minha mulher diz que nós estamos quebrados, não sei não. Vai um mel puro?”. E John, no exercício de imaginação de Veríssimo, teria morrido com um tiro na cara, provavelmente em confronto com a polícia.

Porém, na vida real, tem gente que viveu/vive um dilema parecido. Ou quase isso: nove caras tiveram o gostinho de ser um beatle mas, voluntária ou involuntariamente, não prosseguiram na banda. E os motivos vão desde trabalho, estudos ou aposta em outra vocação até convocação para o exército, passando por uma prosaica bebedeira (que desandou em briga e rompimento de relações). E tem também os que apenas alugaram brevemente seus serviços ou foram mesmo chutados dos Beatles. Hoje, alguns levam uma vida de classe média, outros passam dificuldades e houve quem morreu na pobreza. Mas todos, invariavelmente, ficaram martelando no cérebro o que teria sido de suas vidas se tivessem ficado nos Beatles. A eles:

Tocando bateria, aos 75 anos
Colin no tempo dos Quarrymen
Colin Leo Hanton (baterista, 1956/ 1958) – Naquela fase embrionária em que os Beatles se chamavam The Quarrymen (Os Escavadores, em alusão à escola onde estudavam em Liverpool, Quarry Bank High School), Colin foi o primeiro colega de John Lennon a conseguir comprar um conjunto de bateria completo, pois, aos 17 anos, já trabalhava como aprendiz de estofador. Por isso, assumiu o posto na banda, sem concorrentes, por dois anos. Sobreviveu a todos os primeiros integrantes, que sumiram como apareceram (Pete Shotton, Eric Griffths, Bill Smith, Rod Davis, Ivan Vaughan, Nigel Whalley, Len Garry, John ‘Duff’ Lowe), e foi o único que sobrou, no fim de 1958, ao lado de John, Paul McCartney e George Harrison. Mas uma bebedeira estragou tudo. “Deixei os Quarrymen depois de tocar no Pavillon Theatre, em Lodge Lane. A gente tinha bebido muita cerveja durante o intervalo e uma briga começou na volta pra casa, de ônibus. Fiquei furioso, desci do ônibus e eles nunca mais me chamaram pra tocar”, conta Hanton, que passaria as décadas seguintes trabalhando como estofador.

Em 1957: Colin Hanton, Paul McCartney, Len Garry, John Lennon e Eric Griffths

Bebendo cerveja, na Alemanha
Stuart na capa de 'Sgt. Pepper's'
Stuart Sutcliffe (baixista, 1959/ 1960) – Ao entrar no Liverpool Institute, uma escola de artes, John Lennon mudou-se para uma república com três outros alunos de lá, incluindo Stuart Sutcliffe, um pintor talentoso. No final de 1959, Stuart conseguiu vender um de seus quadros em uma exposição. Os Quarrymen, reduzidos a John, Paul e George e rebatizados como Johnny and The Moondogs, viram ali uma oportunidade. “Ter um baixista que não sabia tocar era melhor do que não ter um baixista”, resumiria George. John e Paul convenceram Stuart e ele gastou o dinheiro ganho com o quadro na compra de um baixo. Por quase dois anos, cumpriu a função na banda, embora tocasse muito mal. O perfeccionismo e as críticas de Paul o irritariam ao ponto de largar tudo e voltar a ser pintor. Nessa época, os Beatles estavam em Hamburgo, Alemanha, onde Stuart se matriculou numa escola de artes. Foi lá que, em abril de 1962, quase um ano e meio após ter deixado a banda, morreu de hemorragia cerebral, aos 21 anos. Dizem que foi consequência das pancadas que havia levado na cabeça durante uma briga, após um show dos Beatles.

Hamburgo, 1960: Stuart Sutcliffe, Paul McCartney, George Harrison e John Lennon

No palco, entre John e Paul
Moore, em foto de 1971
Tommy Moore (baterista, 1960) – Depois de “inventarem” um baixista (Sutcliffe), a banda, rebatizada como Long John and The Silver Beatles, tratou de “caçar” um baterista. Brian Casser, líder da banda Cass & The Cassanovas, passou a John o endereço de Thomas Henry "Tommy" Moore, um músico veterano (tinha 28 anos) que trabalhava como motorista de empilhadeira numa fábrica de garrafas. Com ele, a banda seria aprovada num teste feito pelo empresário Larry Parnes, o que garantiu uma excursão à Escócia como acompanhantes do cantor Johnny Gentle. Nessa turnê, a primeira dos futuros Beatles fora da Inglaterra (quando se apresentaram como Silver Beats), a van que os transportava bateu em um carro e um estojo de guitarra voou contra o rosto de Moore, que perdeu alguns dentes. Ele foi hospitalizado mas, na hora do show, o empresário local foi até lá para tirá-lo da cama e o obrigou a tocar bateria. Na volta, sem dinheiro, Tommy ainda tocaria mais cinco vezes com os Silver Beatles, antes de desistir e voltar a dirigir empilhadeiras. Morreria em 1981, aos 50 anos, na miséria.

Maio de 1960: John Lennon, Tommy Moore, Paul McCartney e George Harrison

Baterista serviu exército por 2 anos
Norman e uma garrafa ao lado...
Norman Chapman (baterista, 1960) – Se tem alguém no mundo que seja acirradamente contra o serviço militar obrigatório, deve ser este cara aqui. Quando Tommy Moore ouviu os conselhos de sua noiva e abandonou os Silver Beatles por uma “sólida e garantida” carreira de motorista de empilhadeira, o empresário da banda na ocasião, Alan Willians, decidiu procurar um baterista decidido a permanecer no posto. Ele era dono do Jacaranda Club, em Liverpool, e sempre ouvia alguém ensaiando bateria do outro lado da rua. Um dia foi até lá e conheceu o carpinteiro Norman Chapman, que trabalhava numa loja naquele local e aproveitava o fim do expediente para ensaiar no sótão, por hobby. Ele aceitou prontamente o convite para ser um beatle (ou silver beatle) e, no verão de 1960, tocou com eles em três shows. Mas, quando poderia ter acompanhado a banda na Alemanha, apareceu uma convocação para o National Service, o exército inglês. Serviu por dois anos, no Quênia e no Kuwait. E é claro que os Beatles nunca mais tiveram qualquer notícia sobre ele.

Quando a banda ficava sem baterista, Paul McCartney se encarregava da função

Foto promocional dos Beatles
Best hoje: eterno 'injustiçado'
Pete Best (baterista, 1960/ 1962) – O mais famoso dos “quase beatles”. Logo depois que Norman Chapman largou a banda, surgiu o convite para trabalharem na Alemanha. Foi então que George se lembrou de Pete, filho de Mona Best, dona da boate Casbah. Ele tinha uma bateria nova e tocava eventualmente com algumas bandas no local. Sem opção, foi com ele que a banda seguiu para Hamburgo. Lá, com a saída de Sutcliffe e a efetivação de Paul como baixista, os Beatles assumiram seu nome definitivo e criaram um estilo próprio. Em junho de 1962, já com Brian Epstein como empresário, a banda conseguiu um teste em Londres, na gravadora Parlophone, subsidiária da EMI. Apesar de serem aprovados e contratados, o produtor George Martin reclamou do som da bateria. Foi a deixa para John, Paul e George, que já planejavam substituir Pete (sua fama de “galã” roubava a atenção das fãs e sua mãe, Mona, insistia em se intrometer nos negócios do conjunto). Em agosto, às vésperas da primeira sessão de gravação e à beira da fama mundial, Best foi posto pra fora. Anos depois, trabalhou como padeiro e virou funcionário público.

Cavern Club, 1962: Paul McCartney, John Lennon, Pete Best e George Harrison

Baixista e canhoto, como Paul
Relembrando o tempo de músico
Chass Newby (baixista, 1960) – No fim de 1960, quando os Beatles regressavam de uma de suas excursões a Hamburgo, Stuart Sutcliffe saiu da banda e resolveu morar na Alemanha. Em Liverpool, os Beatles já tinham alguns shows agendados. Pete lembrou-se do baixista Charles “Chass” Newby, com quem tinha tocado no trio The Blackjacks. Ele estava em férias da universidade, onde cursava engenharia química, e tocou por quatro vezes, em dezembro daquele ano, com os Beatles. O curioso é que, apesar de ser um ano mais velho do que Paul, Chass nasceu no mesmo dia que ele (18 de junho) e também tocava o baixo ao contrário, por ser canhoto como McCartney. Como os Beatles tinham que voltar a Hamburgo no início de 1961, John convidou Newby para seguir com eles. O universitário recusou a oferta. “Eu queria estudar química. John, Paul e George queriam ser músicos”, explica o ex-baixista, que tornou-se professor de matemática. “Às vezes as pessoas não acreditam quando eu digo que não me arrependo. Mas realmente não. Eu aproveitei minha vida imensamente”, garante.

George, John e Paul no fim de 1960, quando tocaram com Chass Newby em Liverpool

'Hutch' foi chamado antes de Ringo
Foto atual do baterista do Big Three
Johnny Hutchinson (baterista, 1960 e 1962) – Esse foi “quase beatle” em duas oportunidades, e na última poderia ter se efetivado no cargo. Em maio de 1960, quando o empresário Larry Parnes foi a Liverpool escolher bandas de apoio para seus cantores, Tommy Moore chegou atrasado, quando Long John and The Silver Beatles já estavam no palco. Por isso, a banda precisou emprestar, nas primeiras músicas, o baterista Johnny Hutchinson, de outra banda que aguardava a vez de tocar, Cass and The Cassanovas. Dois anos depois, quando Pete Best foi demitido, o empresário Brian Epstein chegou a oferecer a vaga para “Hutch”, como era chamado, que agora pertencia ao grupo The Big Three. Ele não aceitou. “Pete Best é um amigo meu e eu não podia fazer essa sujeira com ele”, justificou. De qualquer forma, enquanto Ringo cumpria os últimos compromissos com a banda Rory Storm and The Hurricanes, antes de estrear nos Beatles, Johnny Hutchinson quebrou novamente o galho tocando com John, Paul e George (e com The Big Three nas mesmas datas).

Stuart Sutcliffe, John Lennon, Paul McCartney, Johnny Hutchinson e George Harrison
 
Baterista gravou 'Love Me Do'
Andy aponta foto de Ringo Starr
Andy White (baterista, 1962) – Menos de um mês após ter substituído Pete Best na bateria, Ringo Starr teve sérias dúvidas sobre seu futuro nos Beatles. Na primeira sessão oficial na EMI, em 4 de setembro de 1962, quando gravaram “Love Me Do”, o produtor George Martin voltou a torcer o nariz para o som da bateria. Por isso, uma semana depois, a banda foi convocada novamente ao estúdio, para refazer a gravação. E, ao chegarem lá, Martin os esperava com um baterista de estúdio, Andy White, de 30 anos. Humilhado, Ringo participou apenas tocando pandeiro. Para completar, Martin obrigou os Beatles a gravarem, no mesmo dia, uma música “melosa” (e alheia) chamada “How Do You Do It”, por não acreditar que “Love Me Do” tivesse chance no mercado musical. Com seu poder, parecia que, se quisesse, mandaria os Beatles trocarem Starr por White. Mas, lógico, não foi o que ocorreu. Andy seguiu como baterista de estúdio e, nos anos 1980, tornou-se professor de bateria e de gaita escocesa. Chegou a pregar um adesivo com a inscrição “5º Beatle” em seu carro. “Foi um aluno que me deu”, disfarçou.

Andy White visitou os Beatles no set do filme 'Help', em 1965; Ringo não deu as caras

Na turnê de 1964, com John Lennon
Baterista hoje vive recluso, em Londres
Jimmie Nicol (baterista, 1964) – Esse é o que tem a história mais incrível (e triste). No ápice da beatlemania, após conquistar os Estados Unidos, a banda preparava-se para sua primeira turnê mundial quando Ringo Starr foi internado às pressas com amigdalite. Desesperado, o empresário Brian Epstein contemplou a falência definitiva por ter que cancelar a turnê, devolver o dinheiro de ingressos de shows e pagar pesadas multas. Foi quando o produtor George Martin sugeriu o baterista londrino James George Nicol, que havia acabado de tocar em gravações cover dos Beatles. Aprovado em um teste-relâmpago nos estúdios de Abbey Road, Jimmie Nicol seguiu com John, Paul e George para shows na Dinamarca, Holanda, Hong Kong e Austrália, onde Ringo, recém-saído do hospital, reassumiu seu posto. A experiência de ter sido um beatle por dez dias, no período de maior assédio dos fãs e exposição na mídia mundial (1964), mexeu com a cabeça de Nicol. No torturante ostracismo em que caiu depois disso, passou por várias bandas obscuras até largar tudo e viver misteriosamente por décadas, no México. Hoje, aos 75 anos, vive recluso e quase sem dinheiro em Londres.

Três momentos de Jimmie Nicol: 'no topo do mundo', com John, Paul e George,...
....sendo posto 'de lado' pouco depois, enquanto Ringo reassumia o posto nos Beatles,...
...e deixado sozinho no aeroporto, para voltar a Londres, enquanto os Beatles dormiam.

sexta-feira, agosto 29, 2014

A marvada cerva que me atrapaia

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No livro "Ao Sul de Lugar Nenhum", compilação de contos do Charles Bukowski, há um texto em que ele descreve (o grifo é meu): "Sentei no tapete, sentindo a luz elétrica, sentindo o álcool escorrendo pelo meu corpo como um desfile de carnaval, atacando a tristeza e a loucura da minha alma". Pois foi exatamente isso o que senti ao chegar na metade do latão de 500 ml da cerveja francesa Mega Démon, com seus espantosos 16% de teor alcoólico. De acordo com o site Espaço Cervejeiro, trata-se de uma Strong Golden Ale (mas bota strong nisso!). "Mesmo com um alto teor alcoólico, permanece suave e adocicada, bem ao estilo tradicional belga. Um verdadeiro desafio para os amantes de cervejas fortes", afirma o referido site. Desafio satânico, poderíamos acrescentar! A Cervejaria Bierland descreve, em seu site, que (mais grifos meus) "o estilo Belgian Golden Strong Ale surgiu após a Segunda Guerra Mundial e é comumente associado ao demônio em virtude do alto teor alcoólico". Buenas, posso assegurar que o sabor não é doce como muitos podem pensar (e repelir). Apenas possui um forte acento frutado, o que realça o amargo da (boa) cerveja. "Seus aromas remetem aos ésteres frutados e agradáveis notas de tangerina, frutas cítricas, especiarias e um suave perfume alcoólico", corrobora o site da Cervejaria Bierland. Completo advertindo que o cheiro é forte e agradável, mas a cerveja não tem muita espuma. E mais não acrescento porque, com toda a sinceridade de quem bebe há quase três décadas, no fim da lata eu já estava bem zonzo. A sensação é realmente a de que a bebida está percorrendo, aquecendo e "eletrizando" as veias do corpo. Deve ser porque eu não comi nada na ocasião. O site Art & Classic Drinks sugere que a Mega Démon pode acompanhar batatas fritas ou queijos fortes. Sei lá, vou tentar esse "reforço", pra dar uma amenizada, numa próxima vez. Para os corajosos e dotados de espírito de aventura, deixo essa cerveja, que pode ser encontrada na maioria dos comércios que oferecem bebidas importadas, como sugestão para a noite de sexta-feira que se aproxima. Mas cuidado! Reproduzo aqui, como alerta, o final do conto do Bukowski: "Então fui para a minha cama com aquela sensação que todos os bêbados conhecem bem: de que tinha sido um idiota, mas também à puta que pariu com isso". Saúde! E boa sorte pr'ocê, meu filho!


segunda-feira, agosto 04, 2014

Haja 'danone'!

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'CR-7': todos na campanha 'Ão-ão-ão, Caça-Rato é seleção!'
 Recentemente, conversando com um colega carioca sobre o "bom-mocismo" e o "sem-gracismo" no cenário atual do futebol brasileiro (frutos do abominável "politicamente correto" que impera desde as categorias de base até a seleção), começamos a pensar sobre quem fugiria desse perfil no país. E o único nome que veio à tona, por incrível que pareça, foi o do Flávio Caça-Rato, que, por usar a camisa 7, é ovacionado como "CR-7" pela torcida do Santa Cruz. Pois é, vivemos uma fase de escassez de jogadores folclóricos, engraçados, personalistas, "fora da curva" - em resumo, fora da mesmice vigente.

Chulapa e um amigo na 'Festa do danone'
Simbolicamente, um exemplo clássico (ou melhor, cRássico) desse tipo de atleta está prestes a pendurar as chuteiras: Aloísio José da Silva, o impagável Chulapa. Apesar de dizer que ainda pretende defender o Sport Santo Antônio, de sua cidade natal, a alagoana Atalaia, a vida que vem levando - e expondo publicamente - desde o início do ano leva a crer que isso será muito difícil. O perfil de Aloísio no Instagram virou "febre" entre os internautas, e preferencialmente entre os biriteiros: invariavelmente, ele aparece com cerveja na mão (que apelida carinhosamente de 'danone') e em várias situações de embriaguez. O (ex)jogador chegou até a promover, em Atalaia, uma "Festa do danone" (!). Visivelmente fora de forma e sem vergonha nenhuma de ser feliz, Aloisio Chulapa, aos 39 anos, publica fotos de bebedeiras explícitas e cultua o 'danone' como poucos:

Sem medo de ser feliz: Chulapa 'curtindo a vida adoidado' (ou embriagado)
Na casa da irmã, agradeceu homenagem e 'caixa de danone' que o esperava


Com Alex Dias: 'duss hora da manha olha que minha mãe fís pra um prinspe'
'Café da manhã' do Chulapa, hoje em dia, é pipoca com (mais) 'danone'
Tanta esbórnia faz com que o (ex)jogador tome 'soro' na veia de vez em quando...
A árvore na frente da casa do Chulapa, num dia de jogo da seleção na Copa do Mundo


Atração musical na casa do folclórico alagoano é o CD 'Forrozão Pé de Cerva'
Colega de Flamengo (e de copo), Chulapa chamou Adriano de 'Torre Gêmea'
De espada em punho, atacando (mais um) carregamento de 'danone' e biritas
Chulapa escreveu: 'Enquanto o povo me incomoda eu vou morrer com meu danone'

sexta-feira, fevereiro 14, 2014

O homem que tem uma cervejaria dentro do corpo

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Mathew Hogg fica bêbado comendo pão
O sonho de muito manguaça pode ser, na verdade, um pesadelo. O inglês Mathew Hogg sofre da síndrome de fermentação intestinal, na qual um excesso de levedura preso ao intestino delgado cria álcool, que é absorvido diretamente pela corrente sanguínea. Ou seja, ele é uma espécie de "cervejaria ambulante": toda vez que come açúcar ou carboidratos, seu corpo converte em etanol e ele acaba meio bêbado ou de ressaca (portanto, para ele, aquela conversa de "pão líquido", apelido de cerveja, é literalmente verdadeira!). Pode parecer interessante, mas não é. A síndrome é ininterrupta e, muito mais do que sentir o alegre torpor da embriaguez, Hogg sofre constantemente com fadiga, dores musculares, dor de cabeça crônica, diminuição da capacidade mental e oscilações de humor, entre outros sintomas ruins.

Confira trechos de uma entrevista do "Homem-Cervejaria" ao site vice.com:

Quando você percebeu que seu intestino produzia álcool?
Matthew Hogg - Sofri de problemas estomacais durante toda a infância. Fui diagnosticado inicialmente com síndrome do intestino irritável, no entanto, na adolescência, experimentei uma piora severa dos sintomas, como inchaço e gases depois das refeições — eram tão fortes que eu conseguia sentir a fermentação borbulhar no meu baixo abdômen.

E você ficava de ressaca?
Sim, no final da adolescência, experimentei ressacas alcoólicas severas, geralmente nas manhãs depois de comer refeições ricas em carboidratos. Eu tinha dores de cabeça terríveis, náusea severa, às vezes com vômito, desidratação, boca seca, suores frios e mãos trêmulas. Era como se eu tivesse saído na noite anterior e bebido o bar inteiro, mas eu não tinha consumido nada de álcool.

E quando você foi diagnosticado com síndrome de fermentação intestinal?
Me indicaram um especialista em Londres. Os exames confirmaram que meu intestino produzia grandes quantidades de etanol de levedura, além de quantidades significativas de outros álcoois associados ao metabolismo de várias bactérias.

Como a doença afetou sua vida?
Ela teve um impacto devastador em minha vida. Até os 16 anos, eu era um aluno nota A, e achava o trabalho acadêmico divertido e recompensador. Eu era um bom atleta também, e tinha uma vida social ótima. Conforme a síndrome de fermentação intestinal começou a se estabelecer, tudo mudou. Eu me vi sofrendo na escola quando, na minha cabeça, eu sabia que não devia estar tendo problemas. Também tive que abandonar os esportes, porque me sentia exausto depois de uma corrida curta, e me vi lutando para conseguir levantar de manhã. Fiquei apavorado, eu não sabia o que estava acontecendo, eu ficava frustrado e nervoso por não ser mais capaz de funcionar no mesmo nível de antes. Minha vida social degringolou, eu me sentia sozinho e deslocado, e não tinha energia e motivação para fazer parte das coisas.

Ao ingerir carboidratos, Hogg sente-se como se tivesse 'bebido o bar inteiro'
Com que frequência você se sente bêbado ou de ressaca? É uma coisa diária?
Se eu tivesse uma dieta normal contendo grãos, frutas e comida processada com a adição de açúcar, eu experimentaria os sintomas que descrevi todo dia, mas aprendi a adaptar minha dieta para minimizar a fermentação em meu intestino. Há muito tempo venho fazendo algo parecido com uma dieta da Idade da Pedra, baseada em carne, vegetais, nozes e sementes. Apesar disso, a causa principal de minha condição não está sendo tratada com sucesso, então, ainda sofro com os sintomas crônicos como fadiga, dores, intolerância a exercícios e stress e disfunção cognitiva, mas não os sintomas de uma ressaca aguda e severa.

Você já comeu um monte de alimentos açucarados para ficar bêbado, por razões recreativas?
Francamente, às vezes, em situações sociais — ou quando não tenho mais nada disponível, se estou longe de casa — sou forçado a comer doces ou alimentos ricos em amido. Mas, como regra, prefiro manter a dieta de baixo carboidrato porque as consequências negativas superam o prazer momentâneo. Na maioria das vezes, eu me sinto mais de ressaca do que bêbado como resultado da síndrome de fermentação intestinal, então, apesar de as pessoas acharem que essa condição é um jeito barato de ficar bêbado para propósitos recreativos, essa, infelizmente, não é a realidade.

Enquanto sua namorada bebe vinho, Matthew 'bebe' pães
Mas você pode ficar bêbado comendo açúcar e carboidratos, certo?
Sim. Muitas vezes, especialmente nos últimos anos no colegial, tive momentos de embriaguez sem ter consumido nenhum álcool. Eu descreveria mais como períodos do que como momentos, já que eles duravam algumas horas de cada vez. Esses períodos sempre vinham depois de uma refeição e após algumas horas — que é o período de tempo típico para a digestão e absorção — os efeitos passavam e eu sentia minha consciência normal retornar.

Qual seu conselho para pessoas que sofrem de síndrome de fermentação intestinal?
Eu gostaria que seus leitores que suspeitam ter a síndrome de fermentação intestinal saibam que existem tratamentos efetivos por aí, ainda mais se a condição for diagnosticada logo no começo. A síndrome era algo completamente desconhecida quando fiquei doente, e passei os primeiros dez anos fazendo tudo errado e tornando a situação muito pior e mais difícil de recuperar depois. Espero que minha história ajude as pessoas a reconhecer essa condição, em si mesmo ou em pessoas próximas, e que elas procurem ajuda profissional o quanto antes.

quarta-feira, fevereiro 09, 2011

Por não ser dono de bar, jornalista é cliente assíduo

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Muita gente não entende o motivo de a maioria dos jornalistas beber tanto. Já elocubrei sobre isso aqui no blogue, mas vejo que o assunto gerou até análises acadêmicas. No livro "Jornalismo freelance - Empreendedorismo na Comunicação", de João Marcos Rainho (Summus Editorial, 2008), o autor afirma que três caminhos surgem quando um jornalista está desempregado. Primeiro, óbvio, é procurar e arrumar outro emprego. Segundo, profissionalizar-se como freelance. E, terceiro, continuar desempregado e mudar de ramo - e Rainho observa que "esta última possibilidade está se tornando muito comum nos últimos anos!" (e deve ser, mesmo, ainda mais depois que acabaram com a necessidade de diploma para exercer a profissão). Pois bem, mais algumas páginas à frente há um trecho interessante sobre os que renegam ou pretendem renegar o ofício (os grifos são nossos):

"Pesquisando sobre o modo de vida dos jornalistas para sua tese de mestrado, Isabel Siqueira Travancas entrevistou dezenas de profissionais no Rio de Janeiro [trabalho publicado no livro 'O mundo dos jornalistas']. Ela descreve que o sonho da maioria dos jornalistas dos grandes centros urbanos é ser dono de um jornal - ou ter um bar, para se libertar do esquema empresarial do grandes jornais e do próprio anonimato."

Taí: na impossibilidade de ter um bar, o jornalista vira cliente. Ou melhor: verdadeiro devoto e militante da causa! E o problema do anonimato acaba quando ele passa de alcoólatra anônimo para bêbado conhecido...

sexta-feira, dezembro 17, 2010

Em vez de encher a cara no fim de semana, converse com a garrafa

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Esperando um certo co-autor do Futepoca para um sóbrio e a seco almoço no centro da capital paulista,  deparei-me com um exemplar do Dicionário de Expressões Populares da Língua Portuguesa, da editora Martins Fontes. Por acaso o ponto de encontro era a livraria de mesmo nome, na praça do Patriarca.

O "expressionário" de João Gomes da Silveira – até o trocadilho é de autoria dele – é um catatau de 956 páginas com expressões muito consagradas, regional ou nacionalmente.

Por uma coincidência dessas que seria inexplicável se não fosse óbvia ideia fixa, as páginas se abriram no "encher a cara". A sinonimia é espantosa. Ainda queria saber se, por acaso, é o recorde do volume. É dessa lista que vem o "conversar com a garrafa", um dos mais eufemísticos da lista, que inclui de clássicos como "molhar o bico" a genéricos, como "entrar no embalo".

O Houaiss tem lista ainda mais extensa para beberrão (82) e embriagado (49), mas são verbetes e não expressões. Isso sem falar em cachaça, que tem 422 equivalentes – fora o show, já que consta, ao pé da lista, que foram deixadas de lado "locuções, fraseologia e os nomes de cachaça com misturas, assim como os das cachaças feitas com outra coisa que não a cana-de-açúcar".

Em termos de expressões, a variedade não é tão profícua, mas suficientemente animadora. São 50 opções para, em plena sexta-feira, o leitor do Futepoca poder variar a forma de expressar seus planos para o fim de semana.

À lista, extraída da obra:

 Prepare o vocabulário junto com os copos

Sinônimos para "encher a cara"
  • acender a lamparina
  • alertar as ideias
  • amarrar a cabra (reg. Pernambuco), a gata
  • apanhar uma, uma açorda, uma barrentina, uma bezana, uma bruega, uma cardina, uma carraspana, uma torta
  • arranjar uma sopeira
  • baixar o bico (reg. Maranhão)
  • beber com farinha, como um/feito um/que nem/que só gambá
  • carregar nas doses, os machos, os machinhos
  • comer rama
  • conversar com a garrafa
  • cultivar a vinha do Senhor
  • dar uma chamada
  • empenar o pneu
  • encher a caveira
  • entrar no embalo, pela pinga, por ele
  • esquentar o peito
  • meter-se em pileque, na bebida, na cachaça, na cana, no gole (reg. Ceará)
  • molhar o bico, o peito
  • montar num porco
  • pisar na mão (reg. da Bahia)
  • pôr óleo
  • puxar porção
  • quebrar munheca
  • tocar a gaita
  • tomar um prego, uma jorna, uma ximbreza, uma xumbrega, um oito, um pifão (reg. Pernambuco), um porre.
  • tomar-se da pingoleta
Fonte: Dicionário de Expressões Populares da Língua Portuguesa, de João Gomes da Silveira