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Foto: Ricardo Matsukawa/Futura Press
Nesta sexta-feira, 16, o Corinthians amanheceu com um novo presidente. Na véspera, Andrés Sanchez afastou-se do comando do clube para, em suas palavras, "beber e trepar", segundo entrevista concedida na segunda-feira ao Diário de São Paulo. Ele deixou com o vice Roberto Andrade o cargo que ocupava desde o fatídico ano de 2007, que se encerrou com o rebaixamento da equipe para a segunda divisão do campeonato brasileiro – resultado mais vistoso dos desmandos a que o clube foi exposto durante a longa gestão de Alberto Dualib, em especial no período da parceria com a MSI. Quatro anos e uma reeleição depois, Sanches reúne conquistas importantes dentro e, principalmente, fora dos gramados.
Dentro de campo, em sua gestão foram conquistados três títulos: Brasileirão 2011, Copa do Brasil 2009 e Paulistão 2009. Teve também o título da Série B, mas esse só conta mesmo pelo retorno à primeira divisão. Mais do que os títulos, o que a gestão deixa é um time que disputou todas as competições com chances de vitória. Tanto que será a terceira participação seguida do time na Libertadores (considerando a palhaçada contra o Tolima como “Libertadores”, claro), coisa inédita. Futebol é um negócio complicado, que pode ser decidido numa jornada ruim ou num golaço inesperado, e não dá pra um dirigente garantir títulos. Dá pra garantir um time forte que chegue forte. E isso o Corinthians tem sido desde 2008.

O outro ponto é a paciência com treinadores. Mano Menezes foi contratado logo após a definição do rebaixamento e só saiu do clube por conta do convite para assumir a seleção brasileira, em 2010, resistindo a uma queda nas oitavas de final da Libertadores no caminho, quando a torcida pediu sua cabeça. Tite foi ainda mais questionado, inclusive por este escriba. Sanchez bancou a permanência e se deu bem no Brasileirão. O comportamento é exceção entre os clubes brasileiros.
Fora de campo, também há o que se comemorar. Antes de tudo, há a alteração do estatuto do clube, abrindo as eleições para o voto direto dos associados e eliminando a possibilidade de reeleições. Dualib, nunca mais.
Em números
No campo financeiro, a edição desta segunda-feira do Diário de S. Paulo reúne alguns números interessantes para ilustrar os êxitos da presidência do ex-feirante, membro fundador da organizada Estopim da Fiel e futuro diretor de seleções da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), cargo que o deixa muito bem posicionado para a sucessão de Ricardo Teixeira, em 2015, se ele durar até lá e se não costurar um acordão político para se manter – Teixeira tem tanto apreço ao posto quanto detratores e críticos.

A Folha destaca que cresceu também a dívida do clube, de R$ 101 milhões para R$ 195 milhões. Sobre o tema, vi uma declaração do Luiz Paulo Rosemberg, diretor de marketing, mais ou menos assim: “dívida não se paga, se administra”. Nessa linha também vai o hoje ex-presidente, que na entrevista ao Diário, fala em “investimento”.

Negócios
O blogueiro do UOL Erich Beting destacou recentemente pontos positivos da gestão Sanchez. Para ele, “a chegada de Andrés ao poder no Corinthians marca uma mudança de conceito do que é a gestão num clube de futebol do Brasil.” Até que é simples: dirigentes especializados em áreas chave cuidando do dia a dia do clube e liberando o presidente para exercer um papel mais externo, político. No caso, Beting destaca o papel de Raul Correa, diretor financeiro, que renegociou e geriu a dívida do clube, e Luiz Paulo Rosemberg, do marketing, que lançou campanhas para resgatar a autoestima do torcedor e valorizou fortemente a marca do clube. Como figura pública, Andrés atraiu as atenções para deixar o restante trabalhar em paz.

Pessimismo numa hora dessas?
Ao revisar o texto, reconheço um otimismo muito grande na avaliação do mandatário. Para não dizer que faltaram críticas, vai pelo menos uma: o trato com as categorias de base. Foram poucas revelações no período. Apenas o goleiro Júlio César é cria do clube entre os atuais titulares. Além dele, frequentaram os profissionais os atacantes Dentinho, Elias, Marcelinho e Taubaté, os meias Boquita, Lulinha e William Morais, e o lateral-esquerdo Dodô, se bem me lembro. Sobre o fracasso, cabe destacar uma tragédia e uma agressão: respectivamente, o assassinato de William em Minas Gerais e a contusão de Dodô, emprestado ao Bahia, após entrada violenta do zagueiro Bolívar, do Inter.
