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quinta-feira, agosto 28, 2008

Me esquerda que eu gosto! - Dois pra lá, dois pra cá...

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DIEGO SARTORATO*

Sempre foi difícil saber o que pensam exatamente nossos representantes políticos sobre a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal), mecanismo de segurança criado pelo então presidente tucano Fernando Henrique Cardoso (à esquerda) em 2000/2001 para, na prática, criar um meio legal para impedir o calote à dívida externa e interna com os banqueiros, mesmo que isso nos custasse menos investimento em saúde, educação e programas sociais. À época da criação da lei, o PT (onde ainda estavam futuros dissidentes do PSol), PSB, PSTU e PCdoB votaram contra e tentaram, mais de uma vez, derrubar a medida por meio das Adin (Ações Diretas de Inconstitucionalidade). Depois que assumiram o governo, porém, PT e PCdoB mudaram completamente o discurso, chegando até a gabar-se do cumprimento à risca da LRF em suas administrações estaduais e municipais - bem verdade que depois de terem fechado a conta do Brasil com o FMI.

O bloquinho PSTU-PSol manteve-se contra, mas nem por isso pode ser considerado mais coerente. Basta ver que nesta segunda-feira, 25 de agosto, o presidente Lula decidiu liberar a autorização para empréstimos de pelo menos mais R$ 9,5 bilhões para financiamento de projetos dos governos estaduais, independentemente de suas dívidas públicas. A direita deu início às críticas na base do "Estado inchado não funciona" e os esquerdistas foram atrás, na sanha de atingir a imagem de Lula. "Essa liberação para os empréstimos não adianta nada. As liberações de verba do governo Lula para os estados e municípios são um processo muito pouco transparente, em que a gente fica sabendo do montante final mas não acompanha o investimento", afirmou Fernando Gamelho, secretário de organização do PSol de São Paulo, em entrevista exclusiva ao Futepoca.

Assim, na disputa para saber quem é dono de qual bandeira e por quê, não é de espantar que os partidos tenham cada vez menos credibilidade no papel de organizar o debate com a população. Como já dizia o ex-candidato a governador pelo PSol, Plínio de Arruda Sampaio (à direita), "no começo, eu era considerado da direita dentro do PT. Aí, o partido foi indo mais pra lá, mais pra lá, mais pra lá, e acabaram me taxando de esquerda radical. Mas eu nunca saí do lugar". Do jeito que vai, daqui a pouco ele perde o lugar no partido da Heloísa Helena também...

*Diego Sartorato é jornalista, corintiano e bebe Zvonka. Filiou-se ao PCdoB, trabalha para o PT e simpatiza com o PCO. Às vezes, desconfia que não foi boa coisa "ser gauche na vida". "Mas é melhor que ser de direita", resume.

quinta-feira, agosto 21, 2008

Me esquerda que eu gosto! - Fora, Dunga! Da seleção e do Congresso!

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DIEGO SARTORATO*

Em época de Olimpíadas, a imprensa vai a carga para colocar toda a população no transe ufanista que transforma as vitórias e derrotas individuais dos atletas em mobilização coletiva. Pelo menos no Congresso funcionou: na segunda-feira, dia 18, haveria uma reunião de lideranças partidárias na Câmara dos Deputados para discutir projetos, mas a pauta do dia acabou sendo dominada pelo fracasso canarinho diante dos hermanos no futebol. E como sempre acontece quando a única interferência política sobre o esporte é o pitaco, já teve gente falando mais do que devia.

"Ele [Dunga] já devia ter caído. Falar da queda do Dunga depois da derrota para a Argentina é fácil. Eu já achava antes desses episódios que o Dunga era um técnico que precisava melhorar muito o seu desempenho", sentenciou Arlindo Chinaglia (PT), presidente da Casa (na foto, apontando o placar de 3 a 0 para os vizinhos). Nada de errado com a opinião, que, aliás, jogou com a torcida e apelou para a unanimidade. Mas é o tipo de declaração que não tem (e nem deve ter) nada a ver com o governo. Debates mais importantes e que deveriam ser bandeira dos partidos de esquerda, como a falta de qualquer regulamentação que limite a influência dos patrocinadores privados sobre as equipes nacionais, têm passado longe da discussão.

Assim, a disputa entre Olimpikus e Nike colocou o Brasil em campo sem o brasão e as estrelas de campeão mundial no peito, mas com o símbolo do patrocinador. O ministro do Esporte, Orlando Silva (PCdoB), foi chamado para intervir e não conseguiu negociar nem uma bandeirinha brasileira para caracterizar minimamente o uniforme. Claro, não há investimento e nem políticas públicas significativas para os atletas, que acabam sendo mantidos pelas empresas. O raciocínio óbvio de uma corporação é o direito de propriedade, daí que o representante do país pode ser ignorado e as coisas resolvidas em outras instâncias.

O exemplo é pequeno e, para o menos preciosista, até bobo. Mas abre precedentes para uma sobreposição de autoridade que pode ser desastrosa para o país que vai sediar a Copa de 2014, quer as Olimpíadas de 2016 e vai gastar os tubos para isso. É quase como emprestar o apartamento e o cartão de crédito para que uma pessoa dê uma festa para a qual você não será convidado. Numa dessas, se deixar, a pessoa ainda convida e te "janta" a namorada (ou namorado) dentro da tua casa...

*Diego Sartorato é jornalista, corintiano e bebe Zvonka. Filiou-se ao PCdoB, trabalha para o PT e simpatiza com o PCO. Às vezes, desconfia que não foi boa coisa "ser gauche na vida". "Mas é melhor que ser de direita", resume.

quarta-feira, agosto 13, 2008

Me esquerda que eu gosto! - Anistia e Fosfosol

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DIEGO SARTORATO*

O ministro da Justiça, Tarso Genro, do PT (foto), disse - e tratou de desdizer rapidinho - que defende punição contra os torturadores do regime militar. Apesar da generosidade da Lei da Anistia (a popular "lei do deixa disso", decretada e sancionada pelo general João Batista Figueiredo), que absolve todos os culpados de crimes políticos cometidos entre 1961 e 1979, existe o entendimento (inclusive da própria ONU) de que mandantes, autores e cúmplices de crimes contra a humanidade não podem julgar e absolver a si mesmos.

Por isso, mesmo sem querer, o ministro acabou nos prestando o grande serviço de evidenciar mudanças alarmantes no espectro político brasileiro. Sabonetando o máximo que puderam, dois deputados federais de partidos idealizados e fundados por inimigos viscerais da ditadura refutaram na punição aos torturadores. "Se sairmos agora caçando as bruxas, vamos procurar chifre em cabeça de cavalo", esquivou-se Pompeo de Mattos (PDT), presidente da comissão de Direitos Humanos e Minorias. "A Anistia é o esquecimento, é como se os fatos não tivessem acontecido para ambos os lados: aqueles que, em nome do governo, praticaram torturas ou crimes conexos; e aqueles que atuaram pelo lado da guerrilha. É como se nós passássemos uma borracha completamente naquilo", emendou Marcondes Gadelha (PSB), presidente da comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional.

Pacificar o país é uma coisa. Fingir que nada nunca aconteceu, como sugerem indiretamente os dois parlamentares "de esquerda", é outra. Assim, a gente só faz permitir que os culpados continuem a acumular cargos eletivos pelo país, como se nunca tivessem sujado as mãozinhas. Falsidade ideológica também é golpe.

Diego Sartorato é jornalista, corintiano e bebe vodca Zvonka. Filiou-se ao PCdoB, trabalha para o PT e simpatiza com o PCO. Escreve esta coluna para o Futepoca porque às vezes desconfia que não foi boa coisa "ser gauche na vida". "Mas é melhor que ser direitoso", resume.

terça-feira, agosto 12, 2008

Vem aí a coluna "Me esquerda que eu gosto!"

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De vez em quando, nós, do coletivo Futepoca, somos acusados de ser "de esquerda". Tudo bem que, de certa forma, já assumimos isso no Quem escreve: "Na política, sem tanta homogeneidade, todos pendem para a esquerda". Mas também não somos assim tão panfletários, radicais ou intransigentes. Prova disso é que estrearemos amanhã uma nova coluna de política, a "Me esquerda que eu gosto!". O responsável será o jornalista - e corintiano - Diego Sartorato, 22 anos (foto). Ele já filiou-se ao PCdoB, trabalha para o PT e simpatiza com o PCO, mas gosta mesmo é de discordar de todos eles. "O problema da esquerda brasileira é a má companhia", sentencia Sartorato. "A que governa chegou lá com uma coligação balaio-de-gato embaixo do braço. A que faz oposição, vira e mexe, se une com tucanos, demos e outros bichos esquisitos. E a que tá de fora de tudo resolveu não ter companhia nenhuma. Ou seja: cada um na sua, enquanto a direita se une pra estar em todas", completa. Nosso novo colunista nasceu em São Bernardo do Campo (SP), berço político do presidente Lula, e formou-se na Universidade Metodista. Em sua região, trabalhou no ABC Repórter, no Diário do Grande ABC e no ABCD Maior, além de atuar como voluntário no jornal do Grito dos Excluídos, no Vozes da Saúde Mental e no informativo da creche Fraterno. Atualmente, é assessor de campanha eleitoral em Santo André (SP) e tenta viabilizar um projeto de Ponto de Mídia Livre no ABC. Diego, assim batizado por ter nascido durante a Copa do México, na qual brilhou Maradona, tem características "vermelhas" insuspeitas: gosta de vodca Zvonka, está tentando aprender o idioma russo e aprova as curvas da tenista Maria Sharapova. É daqueles ateus praticantes. "Mas não como criancinhas", rebate, sem muita convicção.