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segunda-feira, setembro 01, 2008

EXCLUSIVO: "Carrasca" da seleção feminina de futebol em Pequim, Carli Lloyd fala ao Futepoca

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Aos seis minutos da prorrogação, ela adiou novamente o sonho brasileiro de conquistar o ouro no futebol feminino. Uma finalização inapelável, que ainda chegou a tocar o gramado antes de entrar no gol de Bárbara. Carli Lloyd, 26 anos, a autora da façanha, conta que a derrota para o Brasil no Mundial foi um fator a mais de motivação para a equipe que superou o time de Marta, Cristiane e companhia.

A entrevista a seguir, concedida por e-mail, ao que parece é a única até agora na mídia internética de cá. Nela, Lloyd desconversa a respeito do suposto episódio em que jogadoras do Brasil teriam filmado as atletas estadunidenses chorando por causa da derrota no Mundial, no saguão do hotel em que ambas as equipes estavam hospedadas. Mas, de forma indireta, não deixa de cutucar a seleção brasileira, com jogadoras badaladas como Marta e Cristiane. “Essa vitória nos Jogos Olímpicos de 2008 vai ficar na História e mostrará ao mundo que não é preciso ter estrelas para se vencer eventos mundiais. Você precisa somente de um time, um time que trabalha duro e onde uma acredita na outra.” Por aqui, parece que muita gente ainda não entendeu essa receita básica. Abaixo, as respostas (sintéticas) da “carrasca” da seleção em Pequim.

Futepoca - Que impacto a conquista da medalha de ouro da seleção feminina teve em seu país?
Carli Lloyd - Sempre que alguém ganha uma medalha de ouro, isso é um grande acontecimento para o nosso país. Foi um sentimento inacreditável.

Futepoca - Você lembra de detalhes do seu gol contra o Brasil?
Lloyd - O gol aconteceu tão rapidamente que eu só lembro de receber a bola e passar por trás da minha perna pra nossa atacante. Ela tocou de volta para mim, ajeitei com o pé direito e chutei com o esquerdo. Revi meu gol e observei que o meu pé de apoio estava muito bem colocado perto da bola e isso garantiu uma boa finalização, que, ainda bem, entrou no gol.

Futepoca - Qual a orientação da treinadora da seleção [Pia Sundhage, no cargo desde novembro de 2007] antes da partida final em Pequim?
Lloyd - Pia é maravilhosa. Não se estressa e sempre diz para acreditarmos em nós mesmas. Ela agiu da mesma forma que age antes de qualquer jogo. Não foi diferente antes da partida contra o Brasil.

Futepoca - Havia um clima de revanche contra o Brasil? A imprensa daqui disse que a seleção brasileira havia desrespeitado jogadoras do seu time após a partida no Mundial. Isso é verdade?
Lloyd - Toda vez que você perde para um time você quer vencê-lo da próxima vez. O Brasil é uma grande equipe, nos bateu de uma forma terrível na Copa do Mundo e nós respondemos com uma vitória nas Olimpíadas. Essas coisas acontecem no esporte.


Futepoca - Quando você começou a jogar futebol? Como conheceu o esporte?
Lloyd - Comecei a jogar futebol aos cinco anos. Meus pais me iniciaram e me ensinaram quando eu era mais nova.

Futepoca - Você acredita que a medalha de ouro pode ajudar o futebol a se tornar mais popular nos EUA?
Lloyd - Sim, acredito que essa vitória nos Jogos Olímpicos de 2008 vai ficar na História e mostrará ao mundo que não é preciso ter estrelas para vencer eventos mundiais. Você precisa somente de um time, um time que trabalha duro, onde uma acredita na outra. Nós tivemos sete jogadoras diferentes marcando gols nessas Olimpíadas. Foi um grande avanço para o futebol nos Estados Unidos.

Futepoca - Aqui, a estrutura do futebol masculino é muito melhor do que a do feminino. Isso acontece nos EUA?
Lloyd - Sim, é claro que o futebol masculino é mais popular que o feminino e acredito que a razão para isso é que há mais homens dominando todas as modalidades nos Estados Unidos. Mas acho e espero que, com a volta da nossa Liga profissional, isso vai mudar e vai aumentar a popularidade do futebol feminino.

PS: A última resposta enseja uma observação de quem diz que nos EUA o futebol feminino tem estrutura e aqui não. Houve uma liga profissional da modalidade (WUSA) entre 2001e 2003, que resultou em um estrondoso prejuízo, o que causou sua extinção. Desde então, não existe futebol feminino profissional no país, ou seja, a modalidade é disputada apenas em escolas e universidades e a seleção de futebol é permanente. Em 2009,o campeonato renascerá no mês de abril, como Women's Professional Soccer (WPS).

quarta-feira, agosto 27, 2008

Os heróis sem medalha

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Após a conquista da primeira medalha de ouro do Brasil no Pan do Rio, o lutador de Tae Kwon Do Diogo Silva virou celebridade instantânea. Foi complicado, mas consegui entrevistá-lo para a revista Fórum ainda em meio à competição que rolava na cidade, aproveitando a brecha de uma reunião com possíveis patrocinadores. Na conversa de pouco mais de uma hora, Diogo contou algo que nunca esqueci. Depois do quarto lugar em sua categoria nos Jogos de Atenas, um resultado de histórico, ninguém reconheceu a importância de seu desempenho. Ao voltar ao Brasil, no aeroporto, não havia uma só pessoa para esperá-lo. Pegou um ônibus e seguiu para casa.

Essa falta de reconhecimento é comum para o atleta que não alcança o pódio. Às vezes, consegue ter um desempenho fantástico, mas não atrai holofotes de pessoas que só sabem contabilizar medalhas, e não atitudes. Por isso, seguem abaixo alguns exemplos de esportistas que estiveram em Pequim e merecem não somente reconhecimento, mas também apoio, principalmente da iniciativa privada, pra lá de ausente nas modalidades olímpicas. A eles, os parabéns e a gratidão por representar um país que lhes dá as costas.

Rosângela Conceição – aos 35 anos, ela foi a primeira atleta brasileira da prova de luta a participar de uma edição dos Jogos Olímpicos. Antes, já havia feito história no Pan de 2007, ao garantir a primeira medalha do país, de bronze, na modalidade.

Inicialmente praticante de judô por influência do irmã, Rosângela foi reserva de Edinanci Silva em 1996. A luta olímpica apareceu para ela em 2003, por meio de uma sugestão do treinador cubano Alejo Morales. A troca foi vantajosa e em maio ela conseguiu a vaga para Pequim no Pré-Olímpico, superando lutadoras de países com muito mais tradição no esporte. Passou pela romena Elena Diana Mudrag, pela egípcia Doaa Ahmed Maher e bateu a francesa Audrey Prieto Bokhashvili.

Em Pequim, na sua primeira luta superou simplesmente a terceira colocada no último Mundial na categoria até 72 quilos, a cazaque Olga Zhanibekova. Na luta seguinte veio a pentacampeã mundial Kyoko Hamaguchi. A japonesa venceu Rosângela, e terminou em terceiro lugar na disputa. Caso chegasse à final, a brasileira poderia tentar o bronze na repescagem. Mesmo assim, ficar entre as oito melhores do planeta é um desempenho admirável. A Caixa Econômica Federal é a patrocinadora oficial da Confederação Brasileira de Lutas Associadas. “Zanza”, como é chamada pelos amigos, recebe apoio do governo federal por meio do Bolsa Atleta.

Paulo Carvalho – em Atenas, o boxe brasileiro teve apenas uma vitória. Agora, em Pequim, foram cinco vitórias de pugilistas nacionais, com dois lutadores chegando às quartas-de-final e ficando a apenas uma vitória do bronze. Os autores da façanha foram Washington Silva, de 30 anos e que não disputará mais Olimpíada, e Paulo Carvalho, que aos 22 anos ainda sonha com uma nova chance em Londres.

Carvalho conta que começou a lutar por admirar o Acelino Popó Freitas. Participante da categoria Mosca-Ligeiro, esses soteropolitano de 1,61 m e 48 quilos penou para chegar às Olimpíadas. No primeiro Pré-Olímpico em Trinidad & Tobago foi derrotado pelo argentino Junior Zarate, mas teve sua revanche na edição da Guatemala, sua última oportunidade, quando derrotou o mesmo rival por 18 a 7. Depois, superou John Nelson Azama, de El Salvador, e o colombiano Oscar Negrete Padilla, garantindo a vaga olímpica.

Em Pequim, derrotou Redouane Bouchtouk, do Marrocos, por 13 a 7, e Manyo Plange, de Gana, por 21 a 12. Nas quartas, topou com o cubano Yampier Hernández, e foi derrotado por 21 a 6. O confronto era entre um país que tinha ganho uma única medalha olímpica, o bronze de Servílio de Oliveira em 1968, contra outro que ganhou 32 ouros, mais do que o total obtido pelo Brasil (20) em todas as modalidades na história. Como tantos outros pugilistas do país, a falta de apoio em uma das modalidades mais marginalizadas do país possa empurrá-lo para o profissionalismo.

Ana Ma
rcela Cunha – esta foi a primeira vez que a maratona aquática foi disputada nas Olimpíadas. Na versão feminina, são dez quilômetros onde 24 atletas competem pelo ouro. Dentre elas, duas brasileiras: Poliana Okimoto, sétima colocada, e a impressionante Ana Marcela Cunha, com apenas 16 anos de idade e quinta na prova.

Baiana residente em Santos, a menina apareceu no cenário da nova modalidade após uma vitória na etapa de Setúbal (Portugal) da Copa do Mundo, disputada neste ano. Mas antes já havia se destacado no Brasil, quando se tornou a vencedora mais nova da Travessia dos Fortes (RJ), feito realizado aos 14 anos.

Ana é nadadora da Universidade Santa Cecília (Unisanta) e tem o patrocínio dos Correios, que concede uma ajuda mensal e custeia despesas com viagens internacionais.

Nivalter Santos - migrante sergipano, saiu de Aracaju, sua terra natal, aos 14 anos. Depois de morar em Santos, mudou-se para a vizinha São Vicente e foi morar junto com a mãe na favela México 70, que já foi a maior do Brasil. Ali, conheceu um projeto social, o Navega São Paulo, e começou a treinar canoagem. Tinha 17 anos.

No entanto, a mensalidade de R$ 20 era muito para quem tinha que ajudar a pagar R$ 300 pelo aluguel de um barraco. Abandonou depois do primeiro mês e só voltou por insistência do treinador Pedro Sena, técnico da seleção brasileira e coordenador pelo programa, que bancou suas remadas.

Bastaram três anos para chegar a seleção do país. Na carreira, já tem oito ouros e duas pratas no Campeonato Brasileiro, um ouro, duas pratas e um bronze no Sul-Americano de canoagem e um nono lugar do Mundial. Esta, uma conquista inédita na história do esporte no Brasil, já que nunca um canoísta da categoria canoa havia chegado a uma final A do torneio.

Ganhou também a medalha de bronze no C-1 500 m da canoagem no Pan, mas parou nas semifinais da mesma categoria e também no C1-1000 em Pequim. Mesmo assim, com somente 20 anos de idade, é uma das maiores promessas da modalidade. O atleta ainda está à procura de patrocínio e a Confederação Brasileira de Canoagem tem o apoio do Ministério dos Esportes.

sábado, agosto 23, 2008

O ouro feminino: um triunfo de renegados

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O jogo estava 24 a 19 para o Brasil. A equipe tinha 4 match points para chegar a uma inédita decisão nas Olimpíadas. De repente, o apagão. A Rússia vence o quarto set e leva a semifinal para o tie-break. De novo, a seleção tem a vantagem. De novo, desperdiça. A Rússia disputa o ouro, enquanto uma perplexa e cabisbaixa equipe não encontra ânimo para obter o bronze.

As críticas chovem. A jovem Mari é taxada de “amarelona”, assim como outras atletas. O treinador José Roberto Guimarães é afrontado, tendo ainda contra si o contraste do novo
pop star do vôlei, o performático e histriônico técnico Bernardinho. E logo os dois teriam um embate público.

Guimarães insinua que a levantadora Fernanda Venturini obedece às instruções de seu marido, e não as suas, repassando informações que seriam do âmbito da equipe feminina. Já o capo da seleção masculina dedica o título à esposa e afirma que ela teria “transformado a história do vôlei feminino no Brasil”.

A inimizade entre os dois estava selada. Pior para Guimarães, já que Bernardinho virou exemplo de sucesso. Bem pago para estrelar campanhas publicitárias de gosto duvidoso e palestras motivacionais para executivos, continuou tendo sucesso à frente da seleção masculina. A seleção feminina também colecionava trunfos, mas o peso de Atenas pairava sobre todo o time. Os homens se tornam campeões mundiais em 2006, e o treinador dedica novamente a conquista a Fernanda.

A derrota no Pan e o fantasma de Fernanda

Nos quatro anos que separaram a Grécia da China, os dois se enfrentaram em partidas válidas pela Superliga feminina, Bernardinho à frente do Rexona e Guimarães comandando o Osasco em 2005. A rivalidade chegava a níveis exorbitantes, tanto que, após uma derrota para o time paulista, o treinador da seleção masculina quebrou a porta de um vestiário do ginásio osasquense. No Mundial feminino, nova derrota para a Rússia.

Veio o Pan, a medalha de ouro para os homens e as mulheres, novamente, ficavam a ver navios com a derrota para Cuba na final. O selo de “amarelão” se consolidava. Como Felipão teve de agüentar o lobby em prol do veterano Romário em 2002, Zé Roberto em 2008 se via às voltas com o fantasma de
Fernanda Venturini. Por obra e graça sabe-se lá de quem, vaza um e-mail pela imprensa onde a levantadora se oferece para voltar a jogar e ir a Pequim.

O técnico não assume um enfrentamento e, em um primeiro momento não descarta a convocação dela, mas no fim não a chama. A titular é Fofão, reserva de Fernanda por dez anos na seleção. Em abril de 2008, o Zé Roberto chama Mari, afastada desde o Pan para “amadurecer”, e traz também de volta a experiente Waleskinha, longe da seleção desde 2006.

Zé Roberto segue longe dos holofotes, e a imprensa chega até mesmo a dizer que a boa fase da seleção feminina deve-se também ao rival Bernardinho, que foi durante sete anos comandante da seleção. Esquecem, porém, o quanto o inverso é tão ou mais verdadeiro, já que Guimarães foi o primeiro técnico brasileiro a conquistar ouro olímpico em esportes coletivos, com a vitória da seleção em 1992. Foi o primeiro a exigir dos atletas
versatilidade de funções, o ataque de todos os lados da quadra, diferenciais em relação às demais equipes. Rompeu justamente com o estigma do “quase”, sedimentando o caminho trilhado por gerações anteriores e pavimentando as futuras conquistas.

E em 23 de agosto de 2008 veio a consagração maior. De novo, o treinador fez história ao obter o primeiro ouro para o Brasil em esportes coletivos femininos, sagrando-se o único técnico a obter o ouro olímpico no vôlei masculino e feminino. E, junto dele, Fofão, a melhor levantadora do torneio, uma ex-reserva que mostrou o quanto soube agarrar a oportunidade que teve. Mari, maior pontuadora naquela semifinal contra a Rússia com incríveis 33 pontos e mesmo assim massacrada, soube dar a volta por cima. Paula Pequeno, que ficou de fora de Atenas por conta de uma ruptura de ligamentos no joelho e depois ficaria afastada em função de uma gravidez, também deu um exemplo de superação, assim como todas as outras que conseguiram afastar o estigma de “amarelão”. Uma seleção que honrou a tradição de ataque do vôlei, mas que tornou o bloqueio uma arma poderosíssima, tanto quanto a defesa. Obra do técnico que, segundo
Carol Gattaz, cortada da seleção antes dos Jogos, “soube administrar egos e vaidades”, além de inovar novamente no aspecto tático. E obra de um grupo que soube suportar críticas e dar a volta por cima, com uma obstinação e frieza de vencedoras.

Que os homens vençam amanhã. Mas as mulheres já são as verdadeiras heroínas dos Jogos de Pequim. E Zé Roberto é o maior técnico da história do vôlei brasileiro.

sexta-feira, agosto 22, 2008

"Não sei o que aconteceu..."

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É interessante ver o quanto os jogos Olímpicos de Pequim deixaram muitos perplexos. Decepções, frustrações e dá-lhe pedidos de desculpa padrão: “Queria pedir desculpas a todos por...”. Ah, pelamordedeus. Perder faz parte do esporte, da vida, e do mundo mágico das canetas, aquele lugar de uma dimensão desconhecida que armazena todas aquelas que você perdeu durante a vida.

Mas uma pergunta tem saído com relativa freqüência no mundo esportivo durante os últimos dias. “O que aconteceu?”, que poderia ser substituído por “Como assim?” e similares. Vários personagens nos brindaram com essa pergunta, como se alguém pudesse de fato respondê-la. Abaixo, alguns dos “enduvidados” cartesianos.

“Não sei o que acontece com a gente nas finais”, Marta, sobre a final olímpica, mais um vice pro Brasil. Também não sei, mas já está virando um hábito pouco saudável.

“Não saio, não bebo, não fumo, me dedico 100% a isso, então não sei o que aconteceu”, Jadel Gregório, após o sexto lugar. Não sai, não bebe... e não sabe o que aconteceu? Ah, faça-me o favor...

“A mão estava lá, ela estava lá. Eu não sei o que aconteceu”, Lauryn Williams, do revezamento 4 por 100 m masculino, justificando a queda do bastão que tirou a equipe estadunidense da final. A constatação de que nem ele nem o companheiro Tyson Gay tinham ficado manetas no meio da prova é de uma racionalidade a toda prova.

"Eu confesso que não sei o que aconteceu aqui hoje", Pradeeban Peter-Paul, mesatenista canadense, sobre a derrota pra o brasileiro Gustavo Tsuboi no tênis de mesa individual. E ainda completou: "ser eliminado por um cara como o Gustavo é algo terrível". Quanta humildade...

“"Não sei o que aconteceu. Tudo estava indo bem”, Diego Hipólito, após a queda, no melhor estilo “Meu Mundo Caiu”.

“Se eu estivesse machucado ou não tivesse treinado direito, tudo bem. Mas me preparei muito para estar aqui, não tem explicação o que aconteceu”, César Castro, dos Saltos Ornamentais, ao explicar o medonho desempenho no trampolim. Tudo bem, Castro, todo mundo estava dormindo quando você competiu mesmo.

“Não sei o que acontece no time”, Márcio Fernandes, treinador do Santos, depois do empate com o Ipatinga. Se me pagarem o salário dele, tento descobrir.

quinta-feira, agosto 21, 2008

Sabedoria popular brasileira

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Cansado do show de bobagens das emissoras nacionais durante as Olimpíadas de Pequim, o colega de trabalho Gerson desabafa:

"-Meu pai sempre dizia uma coisa certa: os locutores de rádio pensam que somos surdos; e os de TV, que somos cegos!".

Que prata mais sem graça

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Seleção dos EUA no Mundial: a vingança veio a cavalo

Lembra daquele cara da sua rua que jogava bola mais do que os outros? Quando caía em um time e queria resolver tudo sozinho, às vezes funcionava, mas quando não resolvia... Os companheiros viravam a cara e você mesmo não tocava a bola pra ele. Via o cidadão parado no meio de três, quatro adversários e sorria quando ele perdia o lance. Pensava ou falava: “resolve aí. Você não é o bom?”.

Vendo a partida da seleção brasileira hoje lembrei desses momentos de infante boleiro. Marta e Cristiane às vezes ficavam sem ninguém próximo entre diversas norte-americanas. Às vezes passavam, em outras, ficavam no meio do caminho. O fato é que, quando alguém tenta fazer um gol olímpico no segundo tempo de uma prorrogação, ou não confia nas companheiras de equipe ou então se acha mesmo o último copo de cachaça do bar.

Abusando do individualismo das duas galáticas, o Brasil sucumbiu diante de uma seleção norte-americana que era tecnicamente inferior, mas que jogava coletivamente, compactada. Mesmo dominada quase o tempo todo (o tal “domínio estéril”, já que as brasileiras pouco ameaçaram), as estadunidenses mantiveram a calma e o esquema de jogo. Na prática, esperando o adversário errar. E o Brasil errou.

No fim das contas, a seleção jogou uma partida bem, contra a Alemanha, que foi uma vitória épica. Antes, não empolgou; depois, decepcionou. Com um retrospecto de três vices seguidos (Atenas -04, Mundial e agora), não dá pra dizer que ficamos felizes com a prata. Evoluímos, somos melhores, e não ganhamos.

Acho que o caso não é de complexo de vira-latas, mas sim de rotweiller...

Brasil 0 x 0 EUA

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Comentário rápido sobre o segundo tempo da final olímpica do futebol feminino (não vi o primeiro): como joga essa Formiga, rapaz. A mulher desarma, toca bem a bola, inicia as jogadas, se apresenta na frente. É o estilo de volante de que o time masculino precisa desesperadamente.
Sobre o jogo, faltou calma para furar a retranca estadunidense, que abdicou (quase) completamente de atacar. E sobraram erros de passe no ataque. Mais tarde alguém que viu o jogo todo comenta melhor do que eu.

Me esquerda que eu gosto! - Fora, Dunga! Da seleção e do Congresso!

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DIEGO SARTORATO*

Em época de Olimpíadas, a imprensa vai a carga para colocar toda a população no transe ufanista que transforma as vitórias e derrotas individuais dos atletas em mobilização coletiva. Pelo menos no Congresso funcionou: na segunda-feira, dia 18, haveria uma reunião de lideranças partidárias na Câmara dos Deputados para discutir projetos, mas a pauta do dia acabou sendo dominada pelo fracasso canarinho diante dos hermanos no futebol. E como sempre acontece quando a única interferência política sobre o esporte é o pitaco, já teve gente falando mais do que devia.

"Ele [Dunga] já devia ter caído. Falar da queda do Dunga depois da derrota para a Argentina é fácil. Eu já achava antes desses episódios que o Dunga era um técnico que precisava melhorar muito o seu desempenho", sentenciou Arlindo Chinaglia (PT), presidente da Casa (na foto, apontando o placar de 3 a 0 para os vizinhos). Nada de errado com a opinião, que, aliás, jogou com a torcida e apelou para a unanimidade. Mas é o tipo de declaração que não tem (e nem deve ter) nada a ver com o governo. Debates mais importantes e que deveriam ser bandeira dos partidos de esquerda, como a falta de qualquer regulamentação que limite a influência dos patrocinadores privados sobre as equipes nacionais, têm passado longe da discussão.

Assim, a disputa entre Olimpikus e Nike colocou o Brasil em campo sem o brasão e as estrelas de campeão mundial no peito, mas com o símbolo do patrocinador. O ministro do Esporte, Orlando Silva (PCdoB), foi chamado para intervir e não conseguiu negociar nem uma bandeirinha brasileira para caracterizar minimamente o uniforme. Claro, não há investimento e nem políticas públicas significativas para os atletas, que acabam sendo mantidos pelas empresas. O raciocínio óbvio de uma corporação é o direito de propriedade, daí que o representante do país pode ser ignorado e as coisas resolvidas em outras instâncias.

O exemplo é pequeno e, para o menos preciosista, até bobo. Mas abre precedentes para uma sobreposição de autoridade que pode ser desastrosa para o país que vai sediar a Copa de 2014, quer as Olimpíadas de 2016 e vai gastar os tubos para isso. É quase como emprestar o apartamento e o cartão de crédito para que uma pessoa dê uma festa para a qual você não será convidado. Numa dessas, se deixar, a pessoa ainda convida e te "janta" a namorada (ou namorado) dentro da tua casa...

*Diego Sartorato é jornalista, corintiano e bebe Zvonka. Filiou-se ao PCdoB, trabalha para o PT e simpatiza com o PCO. Às vezes, desconfia que não foi boa coisa "ser gauche na vida". "Mas é melhor que ser de direita", resume.

Primeiro doping brasileiro é dose pra cavalo

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E surgiu o primeiro doping brasileiro justamente em uma modalidade que nos garantiu o ouro nos últimos Jogos Olímpicos de Atenas. O cavalo de Bernardo Alves, conhecido pelo curioso nome de Chupa Chup (na foto ao lado, de toca verde), foi pego no exame juntou com outros três animais, inclusive o do conjunto que ficou em primeiro na fase eliminatória, do norueguês Tony Andre Hansen. Assim, todos foram eliminados da final individual da prova de saltos. 

A substância encontrada nos eqüinos foi a capsaicin, utilizada como analgésico. Curiosamente, é a responsável por dar o ardor característico das pimentas, e já está sendo pesquisada como uma possível solução para dores crônicas. Em associação com outras drogas, a dita cuja não causa o torpor e a falta de sensibilidade comum em remédios do gênero.

Assim, acaba o sonho de Alves de tentar sua primeira medalha olímpica. Ele tinha assegurado sua classificação na final ao ficar em 27.º nas eliminatórias. E olha que o treinador Nelson Pessoa (pai do cavaleiro Rodrigo, aquele que formou o conjunto dourado com Baloubet du Rouet) dizia que o quadrúpede estava em "em boa forma física", embora ressaltasse sua dificuldade em superar obstáculos com água. "Trabalhamos isso bem aqui, mas ele olha muito para o rio e acaba cometendo a falta", disse o treinador. 

Obviamente que o doping deve estar atrapalhando o “emocional” do conjunto, como diria o pseudo-neurolingüista Vanderlei Luxemburgo. De quebra, alguém vai ter que dar explicações ao proprietário do animal, o empresário Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do grupo Gerdau e cotado para ser ministro de Lula no início do segundo mandato. Aficcionado por hipismo desde os nove anos, Gerdau é o único criador do mundo a colocar três cavalos na mesma Olimpíada (Atlanta-1996, quando o Brasil obteve sua primeira medalha no hipismo, no torneio por equipes). 

Mas como em um caso de doping em competições tem sempre alguém que fica feliz por ter uma nova oportunidade, agora foi a vez da amazona brasileira Camila Mazza, com Bonito Z, que herdou a vaga de Alves. Ela foi 38.ª colocada na fase anterior. 

quarta-feira, agosto 20, 2008

Vá beber cerveja assim na China!

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A colunista Marília Ruiz, do Lance!, finalmente arranjou uma pauta interessante em seus passeios pela China. A edição de hoje do jornal traz duas páginas com informações que ela coletou sobre a cerveja naquele país. Segundo Marília, a China quer que a bebida molde a internacionalização de suas marcas. Para ela, é espantoso que o slogan da cerveja Tsingtao, fabricada em Qingdao (recentemente engolida pela gigante InBev), apareça em todos os folders do departamento de turismo do governo chinês. "A cervejaria Tsingtao foi a primeira empresa chinesa a estabelecer filial fora do país. Foi a primeira a ter ações na bolsa. Foi a primeira que assinou acordo de parceria com uma estrangeira...", observa a colunista do Lance!. Por isso, a marca foi escolhida para patrocinar oficialmente os jogos olímpicos (foto acima).

Mas há outro motivo, mais óbvio: os chineses vêm bebendo cada vez mais cerveja. Em 2007, consumiram mais de 40 milhões de toneladas da bebida, o que equivale a um consumo per capita de 30 litros, segundo a Associação da Indústria de bebidas Alcoólicas da China. Tudo bem que eles ainda não chegam perto da sede aqui do Brasil, onde o consumo per capita de cerveja já bateu em 47 litros anuais, segundo os dados mais recentes do Sindicerv (Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja). E tanto os chineses como nós ainda estamos a léguas de distância de países como a República Tcheca e a Alemanha, por exemplo, onde o consumo per capita sobe para inacreditáveis 158 litros e 117 litros por ano, respectivamente. Mas o consumo anual chinês por pessoa saltou de 18 litros para 30, em cinco anos, e entre janeiro e maio de 2008 a população bebeu 20 milhões de toneladas - ou 19% a mais do que no mesmo período do ano passado.

Uma explicação pode ser o preço da bebida. Segundo Marília Ruiz, uma garrafa de 600ml de Tsingtao custa 2 yuans (ou R$ 0,50). Para ter uma idéia do que isso significa, pesquisei o salário mínimo chinês e constatei que varia entre 400 e 750 yuans, dependendo da região, o que dá uma média de 575 yuans. Ou seja: com esse valor, é possível comprar cerca de 287 garrafas de cerveja. Aqui no Brasil, considerando um preço camarada de R$ 3 para uma garrafa de 600ml no bar, nosso salário mínimo (R$ 415) compraria apenas 138 garrafas - ou 166 se alguém tiver a sorte de encontrar uma boa gelada por R$ 2,50. Agora, imagine se você estivesse na China e pudesse comprar duas cervejas (total de 1 litro e 200ml) com cada real no bolso! Seria um esforço olímpico para o fígado...

Sobre a qualidade da Tsingtao, porém, não me atrevo a recomendar. O teor alcoólico é de 5%, similar ao da Brahma (4,8%) e ao da Skol (4,7%), por exemplo. Em seu texto, Marília Ruiz afirma que, na avaliação do mestre cervejeiro escocês Andrew McCulloh, a bebida é "clara, com boa espuma (mas de curta duração), aroma adocicado, leve e sem presença de amargor". Uma dica mais prática da moçoila para os manguaças daqui de São Paulo é que a Tsingtao pode ser encontrada em lojinhas da Rua 25 de Março (óbvio!!!) e em uma importadora na Avenida Paulista. Alguém se arrisca?

terça-feira, agosto 19, 2008

Argentina 3 a 0. Fora, anão

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O Brasil perdeu de 3 a 0 para a Argentina de maneira inapelável. Os hermanos foram melhores o tempo todo e ainda apelamos, com dois expulsos, Lucas e Thiago Neves.

Acabou o sonho do ouro olímpico com um futebol digno da estatura de nosso técnico. Por isso, reforça-se a campanha já lançada neste Futepoca: Fora, Dunga.

Nosso amigo argentino, Gerardo, que só aparece nessas horas, faz campanha contrária. Sua primeira mensagem foi: fica, Dunga.

Não podemos aceitar que eles também ganhem essa. Pressão no Ricardo Teixeira. Sei lá quem vai ser o próximo técnico, mas com o Dunga eu não torço mais.

Ele não é o único culpado, claro. A safra de jogadores da Argentina neste momento é melhor. Ronaldinho, a esperança, continua fora de forma. Pato , Lucas, Thiago Neves ainda devem muito antes de figurarem no primeiro time mundial.

Agora é esperar a próxima Olimpíada.

Mas dá-lhe Brasil. O ouro para o futebol vem com nossas meninas.

segunda-feira, agosto 18, 2008

Agora vai

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Começa na madrugada de amanhã a fase de quartas-de-final do torneio olímpico de vôlei feminino. Depois da interminável fase classificatória, duas equipes estão invictas: Brasil e Cuba. Ambas deram show e lideraram seus grupos com tranqüilidade. O Brasil está invicto até em sets. É favorito ao ouro.

Mas de nada adianta ter conquistado a classificação facilmente se o fim do caminho não for a final. Não dá para esquecer a semi final contra a Rússia na Olimpíada de Atenas. Aquela derrota está na cabeça dos torcedores até hoje. Com razão, diga-se. Para quem não lembra, o Brasil vencia o jogo por 2 sets a 1 e o quarto set por 24 a 19. Faltava um ponto, e elas não conseguiram. O Brasil também era favorito, e falhou. Hoje, quando se fala dessa equipe, o que mais ouço é: "ah, mas elas vão amarelar na decisão de novo".

Estou lembrando isso por obrigação, mas não acho, de maneira nenhuma, que isso vá acontecer dessa vez. Tem coisa que não se explica, mas esse time está com cara de campeão. Centrado, equilibrado e tecnicamente competentíssimo. Mas, mesmo que perca para o forte time de Cuba, por exemplo, na final, não vai ser por um apagão mental, tenho certeza. Vamo que vamo!

Já o time masculino contou com a ajuda da Polônia, que derrotou a Rússia por 3 a 2 na madrugada de hoje, para se classificar em primeiro lugar no grupo. Mesmo assim, acho que dessa vez os multicampeões vão cair. Rússia e EUA estão jogando muito, e o Brasil não está bem. Não boto fé, mesmo sabendo que eles crescem em momentos decisivos. E dessa equipe não dá para reclamar, dado o histórico interminável de conquistas.

Na praia, o vôlei também vai bem. No masculino, as duas duplas brasileiras (Ricardo/Emanuel e Márcio/Fábio Luiz) estão classificadas para as semis, e se enfrentam. No vôlei de praia acontece o mesmo que na Libertadores: times do mesmo país não podem fazer a final. Pelo menos uma medalha garantida.

Ah, sim, tem uma terceira dupla brasileira jogando as semis, Geor/Gia, naturalizados geórgios. E a situação aqui não é como a do Deco (lembrado o tempo inteiro como brasileiro durante as transmissões da Eurocopa). Eles só se naturalizaram para a Olimpíada mesmo. Não sabem nem o hino. Podem compor uma final brasileira. Não adianta nada para o quadro de medalhas, mas é curioso.

No feminino, a efêmera dupla Ana Paula/Larissa parou nas quartas sob o poder das americanas Walsh/May, atuais campeãs olimpícas. Agora, Renata/Talita enfrentam essa mesma dupla na semifinal. Pedreira. Mas elas já ganharam com alguma facilidade de Barnett/Cook, dupla que também ganhou de Ana Paula/Larissa. A vitória é possível, e se acontecer, o ouro fica quase parecendo fácil.

Serão possíveis quatro ouros?

Olé, Brasil. Auf wiedersehen, Alemanha

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O Brasil nunca havia ganhado da Alemanha no futebol feminino. Fez mais que isso, desclassificou o time teutônico da final olímpica com uma sonora goleada por 4 a 1.

O colega Glauco resumiu bem o que foi o jogo quando, ao falar do quarto gol, disse que estava xingando a Cristiane por não tocar a bola quando ela passou por quatro alemãs e tocou com classe, no cantinho, tirando da goleira.

Coisa de gênio, que a gente não está mais acostumado no medíocre futebol jogado hoje no Brasil. A gente sempre espera que um de nossos pernas de pau perca a bola ou toque para alguém do lado fazer um chuveirinho inútil na área.

E o gol de Cristiane não foi só o mais bonito da Olimpíada até agora. Para mim, ganha o prêmio de Gol do Ano, incluídos aí os feitos pelos marmanjos que ganham milhões de dólares na europa.

Mas o que chama a atenção nesse time, além das jogadas quase impossíveis de puro talento feitas principalmente por Marta e Cristiane, é que sabem tocar a bola, defendem-se bem, têm um time entrosado. Bem diferente do que acontece na seleção masculina, por exemplo.

Mesmo que percam a medalha de ouro na final, já valeu. Mas acho que esse time está com cara de ouro.

Como há muito tempo é difícil escrever, olé Brasil. Para a Alemanha, por falta de tchau, vai um auf wiedersehen. Agora, que venham as estadunidenses....

O fenômeno Isinbayeva e o papelão com Fabiana Murer

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Nos Jogos Olímpicos de "fenômenos", sem dúvida não pode faltar nessa galeria a russa Yelena Isinbayeva. Enquanto as adversárias saltavam para passar adiante na disputa, ela apenas se concentrava (ou dormia) embaixo de uma toalha.

Seu primeiro salto foi em 4,70 m, realizado quando a maioria de suas rivais já tinha sido eliminada. Foi direto para os 4,85 m e, àquela altura, somente a norte-americana Jennifer Stuczynski sobrevivia na competição. E foi de novo encoberta pela toalha que a russa (não) viu a medalha de prata falhar na tentativa de superar o sarrafo a 4,90 m de altura. Dois saltos e a medalha de ouro já era dela. Uma distância técnica estúpida em relação às demais.

Talvez relaxada pela conquista, precisou saltar três vezes para passar da marca de 4,95, novo recorde olímpico. Agora a meta era o recorde mundial. E conseguiu: 5,05 m. O público presente no estádio delirou, certo de que presenciava a performance de uma atleta pra lá de diferenciada.

Ela quebrou o recorde mundial pela vigésima quarta vez e pode superar outra figura mítica da modalidade e do esporte. O ucraniano Sergei Bubka quebrou por 35 vezes a maior marca do planeta na competição e, mesmo depois de ter abandonado o esporte em 2001, ninguém sequer se aproximou do seu recorde (6,14 m).

Murer e a vara sumida
Em uma prova onde a disputa de fato era pela medalha de prata, a brasileira Fabiana Murer tinha chances reais de medalha. Mas um fato inusitado praticamente acabou com suas chances na competição. Quando ia saltar 4,55 m, percebeu que uma das suas varas havia sumido.

Cada atleta traz seu próprio equipamento para o salto, e Murer tinha levado dez varas que foram entregues à organização. Justamente aquela apropriada para um salto maior havia sumido dentro do tubo onde deveria estar. Murer parou a prova, discutiu com fiscais, saiu totalmente do momento de concentração necessário para um saltador. Tentou 4,65 e por lá ficou. E sua melhor marca no ano, 4,80 m, poderia lhe garantir até mesmo a prata, já que a norte-americana saltou exatamente isso. Fato que entraria pro anedotário, se não valesse medalha olímpica.

domingo, agosto 17, 2008

Quando o Brasil...

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... nem parece o Brasil


E quando o Brasil é mais Brasil.


Cielo falou que o ouro era dele. E foi.
Diego declarou que preferia competir sob pressão. Mas não soube lidar com ela.

Como é difícil torcer para o Brasil em Olimpíadas...

sexta-feira, agosto 15, 2008

A vitória no último segundo

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Se muita gente ficou com raiva da partida contra a Hungria no handebol feminino, quando o Brasil sofreu o empate no último segundo da partida, ontem teve a oportunidade de viver o lado bom desse tipo de situação. Por 33 a 32, a seleção assegurou uma vitória histórica contra a Coréia do Sul, vice-campeã olímpica, o único páis não-europeu a conquistar medalhas na modalidade.

Depois da apresentação contra as húngaras, a derrota para a Rússia parecia fazer as meninas (e o torcedor) voltarem a um patamar inferior em relação às possibilidades da equipe. Ontem, contra uma seleção invicta e forte, não se esperava grande coisa. Mas desde o início as brasileiras jogaram de igual para igual, com uma forte marcação que evitava as jogadas de penetração das sulcoreanas. No final do primeiro tempo, o Brasil ainda conseguiu uma vantagem boa, indo para o intervalo com um 17 a 12, resultado espetacular.

Na segunda etapa, a Coréia do Sul voltou melhor, mas só foi de fato tirar a diferença e empatar na metade do tempo. Entre os 15 e os 20 minutos, não só empataram a partida como, depois disso, ficaram com duas jogadoras a mais em quadra por dois minutos. Você olha pra trás, vê o histórico das duas seleções e pensa: "já era".

Mas não foi. O Brasil marcou dois gols mesmo com a enorme desvantagem numérica e segurou a reação do adversário. A Coréia perdeu inclusive um tiro de sete metros, com Hong, que só entrava para fazer esse tipo de finalização. A partir daí, a seleção manteve uma vantagem de dois gols, que foi tirada justamente no fim. De novo, no último minuto, posse de bola das orientais. Depois de ter mantido a vantagem por quase todo o tempo, perder no fim seria castigo demais.

E a Coréia do Sul desperdiçou. O Brasil foi para o ataque e só foi parado com falta (algo absolutamente comum no handebol). Com uma atleta a mais, a seleção contou com a pontaria de Ana Paula que, no último segundo, desferiu o tiro certeiro contra o gol sulcoreano.

Uma partida pra lá de emocionante e uma vitória histórica. Mesmo tendo diferenças técnicas em relação à maioria das rivais, o time brasileiro compensa as deficiências com uma garra incomum, e que parece faltar à equipe masculina. Dá gosto de ver.

O herói Baloubet du Rouet

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Baloubet du Rouet concedendo uma entrevista à imprensa internacional

No auge de sua sabedoria, há milhares de anos, proclamava o Eclesiastes. "Debaixo do sol, observei ainda o seguinte: a injustiça ocupa o lugar do direito, e a iniqüidade ocupa o lugar da justiça."

Lembrei do dito quando vi um título em matéria do G1 sobre um dos maiores e mais mal cuidados ídolos do esporte tupiniquim. Baloubet du Rouet, o alazão de ouro. Diz o título: "Aposentado das pistas, cavalo Baloubet continua a render dividendos procriando". Mas a crueldade vinha logo abaixo, onde se lê: "Famoso pela refugada nas Olimpíadas de Sydney e campeão olímpico em Atenas, cavalo rende ao seu proprietário € 5 mil por ampola de sêmen."

Famoso pela refugada??? Trata-se do cavalo mais vitorioso da história da República. Foi simplesmente tricampeão da Copa do Mundo em 1998, 1999 e 2000, e, depois, campeão olímpico em 2004. Mas, ainda assim, querem lembrar do triste momento em que ele, como todos nós em diversas ocasiões, refugou três vezes e foi eliminado. Tal qual Pedro, que diante dos acusadores e ímpios romanos negou Cristo por três vezes, o nobre eqüino também se furtou a seguir adiante.

Mas como o apóstolo virou santo, mostrando sua recuperação moral, Baloubet também soube dar a volta pro cima. Sim, amigos, um exemplo de superação. Ele, que era a última esperança de ouro daqueles Jogos de Sidney, recebeu toda uma carga que não era sua. Ou alguém cobrava Luxemburgo e seu patético time que perdeu para Camarões com dois jogadores a mais? Alguém por acaso fala que Luxemburgo é o treinador que refugou na Austrália? Vejam a injustiça...

Ninguém acreditava naquele animal em 2004. Discutia com colegas de redação e afirmava que ele nos traria uma medalha. Não que eu apostasse em cavalos, nem no jockey nem na internet, mas acreditava que aquele ser de quatro patas poderia dar um exemplo a toda a humanidade.

E ele deu. Conquistou uma prata gloriosa. Mas logo viria a verdade. Para ganhar daquele obstinado, talentoso e astuto Baloubet, os adversários precisariam trapacear. Seu rival Waterford Cristal, montado por um irlandês, foi flagrado no exame antidoping e desclassificado. Nosso animal era ouro, calando os críticos e todos que ousaram difamá-lo durante quatro anos.

E hoje, aposentado, ele é vítima do espúrio capitalismo. Seu sêmem é vendido a peso de ouro, mas o pobre sequer pode cruzar com uma de sua espécie. "Se ele toma um coice da égua, corre o risco de ficar aleijado", explica seu dono, Eraldo Grilo de Souza, privando o herói dos prazeres da carne. Gerou 500 filhos pelo planeta, mas não pôde desfrutar do amor.

Como Sansão, o cavalo da Revolução dos Bichos, Baloubet serviu a uma causa que, ao fim, não era sua. E recebeu a ingratidão como companheira inseparável. Mas neste humilde espaço, recebe uma justa homenagem. Obrigado, Baloubet!

quarta-feira, agosto 13, 2008

O maior de todos

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Michael Phelps está quase lá. Faltam apenas 3 das 8 provas em que o americano é favorito ao ouro em Pequim. Das cinco primeiras, venceu todas. Mesmo que perca todas as provas daqui em diante, ele já é o maior atleta da história dos Jogos Olímpicos modernos, com 11 ouros.


A única prova em que Phelps foi ameaçado foi o revezamento 4x100 livre, a disputa mais emocionante na natação até aqui. A equipe da França liderava com vantagem de 0,8 segundos até a última virada, mas o último nadador dos EUA, Jason Lezak,conseguiu uma recuperação que parecia impossível e ganhou a prova na última braçada. Foi sensacional. Phelps comemorou essa medalha mais do que todas as outras.

Comecei a Olimpíada torcendo um pouco contra o Phelps. Mas não dá mais. Agora eu quero mais é que ele bata todos os recordes mesmo. Pelo menos estou presenciando um momento historico.

segunda-feira, agosto 11, 2008

Grandes emoções no handebol feminino

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Até agora, o jogo mais emocionante em esportes coletivos que contaram com a presença do Brasil foi a partida contra a Hungria, no handebol feminino, disputada na madrugada de hoje. Claro que o massacre da seleção feminina de vôlei contra a Rússia, uma das favoritas, foi o resultado mais comemorado, mas o jogo das meninas do hand foi épico.

Com uma atuação esplendorosa da central Anita Görbicz (à direita), a seleção húngara conseguiu terminar o primeiro tempo com 5 gols de vantagem, 17 a 12. Parecia tudo perdido e restaria às brasileiras apenas diminuir a diferença do placar desfavorável. Mas o treinador espanhol Juan Oliver acreditou e adotou o sistema 3-3, com uma marcação mais agressiva. Aí apareceu a estrela da brasileira Duda Amorim (abaixo, à esquerda), artilheira da equipe na partida e logo veio o empate em 17, algo impensável segundo as circunstâncias.

Daí pra frente, o Brasil permaneceu sempre atrás no placar, empatando de quando em quando. Mas, a três minutos do final, passou a frente e chegou a abrir vantagem de dois gols. Uma tensão anormal até o fim e, no último segundo, a Hungria conseguiu empatar em 28 a 28. Sabor de vitória para elas, mas o empate mostrou que a seleção tem potencial e pode até surpreender se conseguir manter o alto nível da partida de hoje.

As húngaras foram vice-campeãs olímpicas em 2000 em uma modalidade onde o domínio europeu é mais que evidente. Das 30 medalhas distribuídas até hoje no masculino apenas uma foi para um país de fora do continente: Coréia do Sul em 1988. Porém, é no feminino que as sul-coreanas mostram mais força. São dois ouros (1988 e 1992) e três pratas, incluindo a última edição dos Jogos, quando foram derrotadas na final pela Dinamarca (atual tricampeã mas que não conseguiu vaga para Pequim). E as orientais estão no grupo do Brasil junto com a Rússia, atual campeã mundial.

O grupo brasileiro é complicado, mas dá pra pensar em ficar entre as quatro classificados e pelo menos repetir a colocação de Atenas, sétimo lugar.

Ketleyn faz história

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A primeira medalha brasileira nos Jogos de Pequim, bronze conquistado pela peso leve Ketleyn Quadros, significou a quebra de dois tabus: foi a primeira conquista feminina do judô nacional em Olimpíadas e também a primeira medalha individual conquistada por uma mulher brasileira. De quebra, com a medalha de Leandro Guilheiro, o judô empatou provisoriamente com a vela como o esporte que mais deu medalhas olímpicas ao Brasil, 14.
EFE
Ketleyn, que não estava na lista dos favoritos a medalhas, surpreendeu o país. Com apenas 20 anos, tem a promessa de várias Olimpíadas pela frente. Que seja o começo de uma bela caminhada olímpica. E tomara que seu sucesso inspire as brasileiras favoritas - Jade Barbosa, Mauren Maggi, Fabiana Murer e até Daiane dos Santos - a também subir no pódio.