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Destaques
quinta-feira, março 22, 2007
Romário maior que Pelé
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Lula chama banqueiro para pasta do desenvolvimento
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O vice presidente recursos humanos e assuntos corporativos e jurídicos do Santander Miguel Jorge é o nome para o Ministério do Desenvolvimento, segundo o Estadão de hoje. Ele seria o substituto de Luiz Fernando Furlan, de origem da industria alimentícia (era o cara na Sadia).
Ter numa pasta cujas ações são voltadas ao setor industrial e de exportação alguém do sistema financeiro é complexo. Furlan foi um dos ministros que mais brigaram contra a política de juros e de metas apertadas de inflação durante o primeiro mandato do presidente Lula.
O cabra é ex-editor-chefe do jornal que deu a notícia. Foi, década de 90, vice-presidente da Autolatina, a joint venture formada naquela época pelas montadoras Ford e Volkswagen na América Latina. Depois, ficou na subsidiária da empresa alemã até ir para o banco espanhol.
Apesar de estar num banco, pode ser que ele não seja tão liberal – economicamente falando – ainda assim, preocupa. O lado bom é que ele gosta de futebol. Pelo menos respondeu ao Minton Neves.
quarta-feira, março 21, 2007
Futebol sem empate?!
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Eu não sabia que a International Board pensa em acabar com o empate no futebol. Algo que pra mim seria absurdo, triste e idiota. Mas, melhor que eu, o Tostão, na sua coluna da Folha de hoje, fala brilhantemente, em poucas linhas, tudo o que poderia ser dito sobre o tema:
Dizem que os velhinhos da International Board estudam acabar com o empate no futebol, por meio de cobranças de pênaltis após o jogo ou de outras formas, como a adotada na Liga Independente dos EUA, onde há uma disputa depois da partida entre o atacante, que sai com a bola da intermediária para fazer o gol, e o goleiro. Apesar de a mudança de acabar com o empate ser simpática e de poder estimular o aumento do número de gols, sou contra. O empate faz parte da vida e do jogo. É também uma metáfora de justiça e de generosidade. Essa idéia de que tudo tem de ter um vencedor, que a derrota é um fracasso e que a vida é uma busca de conquistas, sucesso e prêmios, é característica da utilitária e hipócrita sociedade americana, exportada para o Brasil e para o mundo.
Som na caixa, manguaça! (Volume 12)
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(Composição: Gianfrancesco Guarnieri/ Toquinho)
Mais uma noite foi passada
terça-feira, março 20, 2007
Será que agora vai?
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Como noticia o parceiro Tribuna dos Esportes, o treinador Paulo César Gusmão estreou de forma muito melhor do que esperava no comando do Naútico. Um sonoro 6 a 0 do Timbu no Cabense. Está certo que o adversário não era grande coisa, com craques como Jamesson, Geraílton e Mi, mas ainda assim, para o combalido PC Gusmão, pode ser o início de uma tentativa de ressurreição. Ou não.
PC Gusmão foi auxiliar de Vanderlei Luxemburgo e pintou como bom técnico a certa altura. Mas ultimamente tem vivido um verdadeiro inferno astral, com uma seqüência sensacional de fracassos. No Cruzeiro, em 2006, depois de cinco partidas sem vitória foi demitido. Pegou o São Caetano e durou quatro jogos. Depois foi para o Fluminense e acumulou um "cartel" de 3 vitórias, 6 empates e 8 derrotas. Nada invejável.
Para tentar um difícil título do Pernambucano, PC Gusmão vai ter que bater outro pupilo de Luxemburgo. Gallo, técnico do Sport, alcançou uma marca digna de nota. Na temporada, em 16 partidas, a equipe de Luciano Henrique e Fumagalli conseguiu 14 vitórias e 2 empates, com 39 gols marcados e somente 5 tentos sofridos. Pelo jeito, restará a Gusmão esperar pelo Brasileiro.
segunda-feira, março 19, 2007
Pelo amor dos meus filhinhos!
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sexta-feira, março 16, 2007
Goleada
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Vale ler as elocubrações do Sérgio Rodrigues em sua coluna A palavra é..., no NoMínimo. A palavra da vez é goleada, objeto de discussões deste fórum, só não lembro quando nem onde (se no blog ou no bar).
http://nominimo.ig.com.br/notitia/servlet/newstorm.notitia.presentation.NavigationServlet?publicationCode=1&pageCode=65&date=currentDate&contentType=html
O invencível e os secadores
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Como esse blog se destina de forma quase obsessiva à crítica, ironia, sarcasmo, pilhéria, mal-dizer, galhofa, tiração de sarro e afins, um elogio de vez em quando até é necessário pra dar uma respirada. Pra quem não leu, o artigo do Xico Sá na Folha de hoje sobre a invencibilidade do São Paulo está muito bom. Aliás, diferencia-se totalmente dos textos chinfrins do jornalão paulista. Em destaque, trecho abaixo escolhido por mim de forma desinteressada porque, afinal, jornalismo é seleção...
A invencibilidade, quando se estica em demasiado, porém, já embute o elástico da tragédia. De repente, crash, plac, tora, soçobra na curva naquele jogo mais decisivo. É o pior dos castigos, embora seja amostrado pelos tricolores no momento como um galhardão, orgulho dos orgulhos.
Em torneio de pontos corridos, tudo bem, segue a vida, mas, em certame cujo ringue é o mata-mata... é um deus-nos-acuda. A invencibilidade vira o doping, o feitiço, a testosterona do inimigo. Ou, como dizia o cantor Evaldo Braga: "Sinto a cruz que carrego bastante pesada...".
Não fosse o pecado de shorts e lindas pernas cometido no San-São... Sim, o pecado de uma mulher é sempre mais barulhento, moral bíblica, desde que Eva mordeu gostoso a infame maçã argentina. Mas, se não fosse aquele erro, automaticamente perdoado pelo cafa Luxa -se fosse um marmanjo, estaria bravo até hoje-, o Sampa talvez tivesse subido a serra chorando a neblina que embaça a vista como o amor do Rei Roberto nas curvas da mesma estrada. A nova musa involuntária do Morumbi merece anistia, uma morena que não faz chapinha ou escova progressiva, merece devoção. O resto é silêncio debaixo dos caracóis dos seus cabelos. Todo respeito.
A íntegra está em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk1603200715.htm
quinta-feira, março 15, 2007
Enquanto isso, entre os gaúchos...
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Do locutor Milton Yung, da rádio CBN paulistana nesta quinta-feira, 15, pela manhã, a respeito da derrota do Inter de Porto Alegre ontem, pela Taça Libertadores (cito de memória):
— Será que o Inter está jogando assim pra cair já na primeira fase e não nos dar o gostinho de vencer um Grenal em plena Libertadores? Não, não acredito!
Na mesma estação, segundo o Juca Kfouri, as rádios gaúchas qualificaram como uma "mancha na carreira de Abel Braga" a não-escalação de Alexandre Pato na partida de ontem. O treinador foi chamado de professor Ludovico (acima) pela medida, num comentário que poderia ser enquadrada na legislação de combate aos trocadalhos, se tomada na acepção ortodoxa...
Se o Pato não tem espaço no Inter, que venha para o meu Parmera! Mesmo com um técnico paranaense, o elenco precisa de um atacante para substituir o Alemão, pelo menos enquanto ele se recupera de contusão...
Onde está a torcida
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Algum santista sabe explicar porque a Vila tinha só 6 mil e poucos torcedores no jogo de ontem pela Libertadores, contra o Gimnasia y Esgrima? O Paulistão é mais importante? Não dá pra entender!
Palmeiras e Santos prejudicados pelo Chile
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O volante Maldonado, do Santos, e o meia Valdívia, do Palmeiras, foram convocados pelo técnico Nelson Acosta, da seleção do Chile, para os amistosos no fim do mês. A seleção brasileira é um dos adversários do escrete chileno no dia 24 de março, na cidade Gotemburgo, logo ali, na Suécia. No dia 28, a Costa Rica vai à Talca, a 270 quilômetros ao sul de Santiago, para a segunda partida amistosa.
Kléber, lateral da Baixada, também foi chamado, mas por Dunga. Nessa maratona – mais pelas viagens do que pelas partidas – devem desfalcar os times nas últimas duas últimas rodadas do Paulista. O santistas não enfrentam o Rio Claro (25) nem o Corinthians (29). Já el mago vai criar um buraco no meio campo alviverde contra o Marília (24) e América (29). O Peixe ainda terá o argentino Gimnasia y Esgrima na casa do adversário no dia 22.
Honestamente, fico com mais saudades do tempo em que meu time perdia três ou quatro atletas nas convocações de amistosos. Era ruim pro time, mas dava mais gosto....
quarta-feira, março 14, 2007
Privadas voadoras
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Contra privadas que voam pelas arquibancadas, a solução é óbvia: retirem-se as privadas da Vila.
Genial!
Da série "Se a moda pega..."
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Quando o Treze quase eliminou o Corinthians
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Corinthians e Treze-PB começam hoje a decidir quem sai e quem fica na Copa do Brasil. Pela atual fase do Timão, em que desgraça pouca é bobagem, não seria impossível que a zebra desse suas cartas e o Corinthians fosse eliminado da Copa do Brasil, como até sugere o técnico do clube paraibano citado no post abaixo. E, se isso acontecesse, seria corrigida uma injustiça histórica ocorrida no cada vez mais distante ano de 1999.
Na ocasião, Treze e Corinthians também se enfrentaram pela Copa do Brasil. O jogo de ida foi na Paraíba e lá houve um empate por 2x2. O que fez com que o Corinthians fosse para o jogo do Pacaembu precisando de uma vitória simples - ou mesmo apenas segurar o 0x0 do placar para avançar para a próxima fase.
Acontece que o Treze resolveu cantar de galo - referência que faço ao mascote do clube, conhecido em seu estado como o Galo da Borborema - e virou o primeiro tempo ganhando do Corinthians por 2x0. O Timão precisaria de três gols para se classificar ou de dois para levar a disputa para os pênaltis - e tinha apenas 45 minutos para isso. E, num episódio daqueles que caracterizam as nuances de um confronto time grande x time pequeno, Vampeta e Marcelinho Carioca empataram o jogo. Nos pênaltis, acabou dando Corinthians.
O quase-feito - ou é um feito mesmo? - do Treze ganha ainda mais corpo se pensarmos que o Corinthians de 1999 não era o balaio de gatos que o Timão é hoje. Tratava-se do atual campeão brasileiro, um verdadeiro timaço, e que colocou em campo nesse dia no Pacaembu seu meio-campo que é tido por alguns (inclusive este que escreve) como o melhor da história do clube: Vampeta, Rincón, Marcelinho Carioca e Ricardinho. Ah, e o goleiro era o sujeito da foto, Nei. Todo time tem seus pontos fracos.
Tá certo que o time na época sentia um pouco os efeitos da saída de Vanderlei Luxemburgo, que abandonara o barco meses antes para sua fracassada jornada na seleção brasileira. O técnico nesse embate contra o Treze era Evaristo de Macedo, que cairia após derrota e eliminação nessa mesma Copa do Brasil para o Juventude. Mas apesar dessas circustâncias tratava-se de um ótimo time, que acabaria bi-campeão brasileiro nessa mesma temporada.
Morte ao politicamente correto!
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terça-feira, março 13, 2007
CBF tem que indenizar torcedor-consumidor
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O site Consultor Jurídico informou hoje que a Justiça condenou a Confederação Brasileira de Futebol a indenizar um torcedor por causa da anulação dos jogos apitados pelo ex-árbitro Edílson Pereira de Carvalho no Campeonato Brasileiro de 2005. Rodrigo Martins de Oliveira ganhou a ação em Ribeirão Preto. A CBF tem até sexta-feira (16/2) para recorrer da sentença. Caso contrário, terá 15 dias para pagar a indenização ao torcedor.
Decisão semelhante já tinha acontecido na semana passada. A CBF havia sido condenada, pelo juiz Brenno Mascarenhas, da 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis do Rio, a pagar R$ 2 mil de indenização por danos morais ao torcedor Nilton Carneiro da Silva Neto, que comprou os ingressos para os jogos Vasco x Botafogo e Vasco x Figueirense no Brasileiro de 2005, anulados pela penada de Luiz Zveiter (foto acima). Segundo as decisões, as entidades organizadoras dos campeonatos são responsáveis pela lisura das competições e jogos que promovem (clique aqui para ler matéria do Consultor Jurídico).
Acho essas decisões super importantes. Podem indicar que algo está mudando. Talvez eu seja crédulo, mas, quem sabe, um dia, uma jurisprudência se consolide e o torcedor seja de fato considerado um consumidor protegido pela Lei 8072/90, para ser ressarcido não apenas devido a escândalos astronômicos como o de 2005, mas também pelos pequenos escândalos cotidianos do futebol que muitos acham normal, os gols roubados, as maracutaias inconfessadas etc. Quem sabe.
Doni na seleção: estamos prontos?
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O digníssimo senhor Mário Mele, representante do goleiro Doni (foto), foi à imprensa ontem para dizer que seu representado só não é goleiro da seleção brasileira porque haveria um complô pró-arqueiros originados do Rio de Janeiro. Como "prova", Mele citou as freqüentes convocações de Hélton (Porto) e Júlio César (Internazionale), jogadores revelados respectivamente por Vasco e Flamengo. A matéria completa está aqui.
Falou bobagem, sem dúvida nenhuma. Em primeiro lugar porque empresário não tem que ficar exigindo convocação de jogador. Sim, isso ocorre, não sejamos ingênuos, mas não é por isso que a prática não está errada. E em segundo lugar Mele disse besteira porque as convocações de Helton e Júlio César são merecidas - ninguém é titular de Porto e Inter por acaso, ainda mais deixando ícones nacionais no banco, como Vítor Baía e Francesco Toldo.
Mas... por outro lado, precisamos pensar uma coisa: a expressão "Doni na seleção", se parecia piada (e de mal gosto) há poucos anos, agora já pode ser pensada como uma realidade.
Falei aí em cima que ninguém é titular de Porto e Inter por acaso. Adapto o exemplo para Doni e a Roma. Foi consenso - e eu me incluí nessa, claro - dizer que Doni chegou ao clube da "cidade eterna" por jogada de empresário e que não tinha condições técnicas para isso. Mas chegou. E depois começou a jogar bola. Hoje é um dos principais goleiros da Itália. A defesa que comanda, a da Roma, é a segunda menos vazada do campeonato italiano, perdendo somente para a da rival Lazio.
É difícil que nós aqui no Brasil esqueçamos as passagens fracas de Doni por Corinthians, Santos e Cruzeiro. Nesses três clubes o jogador virou motivo de piada. Mas hoje isso é passado.
E se a seleção de Dunga tem se caracterizado pelas convocações que valorizam o momento e deixam o nome em segundo plano, será que Doni não merecia uma chance? Lembramos que não há nada de muito importante a ser disputado em curto prazo.
Onde está o livro do Zé Dirceu?
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Antonio Palocci, o ministro da Fazenda (que a direita pediu a Deus) na maior parte do primeiro mandato de Lula, lança seu Sobre formugas e cigarras, livro em que relata seus dias no poder. Segundo a as amostras trazidas pelo colunista da Folha de S.Paulo Kennedy Alencar, o livro deixa claro quem apoiava e quem se opunha à política palocciana (lê-se "palofiana"): Luiz Gushken era a favor, José Dirceu, Luiz Fernando Furlan, Dilma Roussef contra.
Ele admite que era com o ex-ministro da Casa Civil e atual blogueiro que a disputa esquentava. Quando a temperatura subia, Palocci conta que ia ao gabinete do companheiro-adversário para apaziguar os ânimos.
No Estado de S.Paulo, há uma descrição curiosa:
Montar uma equipe e detalhar um plano econômico foram uma aventura pontilhada de surpresas. Nas conversas sobre transição ele enturmou-se com o ainda presidente do Banco Central, Armínio Fraga, e soube da Agenda Perdida, um estudo do economista José Alexandre Scheinkman. “Você conhece esse texto?”, perguntou Armínio. “Nunca ouvi falar”, disse Palocci. Depois de ler o trabalho, animou-se: “Bastaria dar uma boa espiada no estudo para concluir que por trás daquelas idéias havia muita vida inteligente.” Dos contatos com Scheinkmann ele chegou a uma figura central de sua gestão, o secretário de Política Econômica, Marcos Lisboa. “Eu seria sempre um médico na economia”, comparou então. “Por isso, decidi montar uma equipe de secretários que fossem, individualmente, bem superiores a mim em conhecimento de suas áreas.”É o fim da conversão do ex-ministro. Ou o início da prática "religiosa". Ainda não consegui um exemplar do de Palocci. Mas eu queria mesmo era ler o livro do ex-ministro-chefe da Casa Civil. Zé Dirceu havia prometido escrever um livro para maio de 2006, antes do início da corrida eleitoral. O livro foi motivo de chacota por parte de Mário Sérgio Conti, em dezembro de 2005, em sua perspectiva para aquele ano. O ex-diretor da Veja, atualmente engajado na Piauí, dizia que Dirceu revelaria que fora cassado por seu passado, pelo que representa para a esquerda...
(os negritos são grifos meus)
Ele desistiu do livro, que seria escrito a partir de entrevistas concedidas a Fernando Morais – à época dedicado a uma uma biografia mais ou menos autorizada de Antonio Carlos Magalhães que, até agora, ninguém ouviu novidades. O motivo era o risco de atrapalhar a campanha de Lula.
Há trinta minutos, às 14h30, Dirceu publicou comentários em seu blog . "(Na entrevista) Palocci diz o óbvio, que muitos insistiram em não reconhecer: nunca houve política econômica do Palocci. A política econômica sempre foi a do presidente Lula. O resto é conversa fiada."
Ainda está para sair livro sobre bastidores mais nebulosos do governo companheiro.
Um minuto de silêncio
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Faleceu ontem uma das figuras mais assíduas e emblemáticas do Bar do Vavá, meu amigo Cícero (foto). Outros colegas do blog também o conheceram. Nordestino calejado e quieto, de uns 66 anos, Cícero se orgulhava de ter criado cinco filhos na periferia braba e nenhum deles ter partido para o crime. Quando o conheci, me confidenciou a saga que o trouxe até São Paulo. Ele era um caixeiro-viajante de 18 ou 19 anos, no final dos anos 50, quando o rígido código de honra do sertão o obrigou a vingar uma irmã que havia sido ultrajada. Pode parecer conversa, mas eu morei em Sobral (CE), cidade natal de Cícero, e sei que lá essas histórias são comuns - e o código de honra continua o mesmo.
Pois parece que, na época, o cunhado de Cícero queria se separar e alegou publicamente que a esposa não era virgem quando se casou - um verdadeiro escândalo na sociedade local. A moça voltou para a casa dos pais e garantiu ao irmão que seu marido mentia. Cego de ódio, Cícero foi até a cidade onde o homem morava, no Piauí, entrou em sua bodega, pediu uma cerveja e disse que queria conversar. Quando o cunhado virou para buscar a bebida, ele descarregou o revólver em suas costas.
Como não contou nada para ninguém quando planejou o crime, sua família nunca soube qual foi o seu destino. Ele nunca mais entrou em contato com os pais e irmãos, para não ter a polícia em seus calcanhares. Na fuga para o Sudeste, a intenção era tentar a vida na capital federal, o Rio de Janeiro. Mas o motorista do ônibus o aconselhou a vir para São Paulo, onde as oportunidades de emprego eram maiores. Aqui, trabalhou por décadas no comércio e se aposentou. Ultimamente, mantinha uma lojinha de miudezas e apontava jogo-do-bicho no bairro de Pinheiros. Nunca mais voltou para o Nordeste - não porque tivesse medo da Justiça, pois o crime prescreveu há muito tempo, mas talvez por receio de vingança da família do cunhado.
Cícero me disse que foi alcoólatra e que se recuperou no A.A. Nunca o vi bêbado, mas, no início deste ano, ele me contou que tinha passado oito dias internado, em dezembro, por ter "exagerado". De lá para cá, emagreceu muito. Acho que sua deterioração e morte tiveram a ver com os excessos do passado. A última vez que o vi foi na quarta-feira passada, quando encontrei o Glauco, o Edu e a Carminha no Bar do Vavá. Ele estava na mesa ao lado do orelhão, com alguns conhecidos. Calado, sem fumar nem beber nada. Ontem, quando soube de sua morte, fiquei meio besta, sem reação. Hoje pela manhã a ficha caiu.
Nunca esquecerei suas histórias, sua risada e o carinho que tinha por mim, pela minha esposa e minha filha - as duas cearenses, como ele. Cícero era extremamente educado, reservado e atencioso, à moda antiga. Que esteja em paz.