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segunda-feira, maio 29, 2006

Subir o nível (etílico) da conversa

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Futebol e política se discutem em mesa de boteco, que precisa de palavra molhada. Senão não é nem papo nem boteco. Entre as opções, a legítima nacional é a branquinha. Ou a que passarinho não bebe, a que matou o padre, a abrideira, amorosa, marvada, imaculada, martelo, bendida, aquela, uminha, purona, ou outros nomes.

Na Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI), que regula as patentes no mundo, é exclusivamente o álcool destilado do suco da cana-de-açúcar produzido no Brasil. Assim, por mais que alguns digam que o rum da América Central também venha da cana, só a cachaça é cachaça, independentemente da fermentação, da madeira empregada no envelhecimento, da forma de comercialização. O Ministério da Agricultura determina os limites mínimo e máximo de álcool (de 38º a 54º G.L), cobre e outras impurezas (benditas impurezas) que caracterizam o mé.

Enquanto isso, na mesa do boteco, não se pode confundir a "bebida de cana-de-açúcar adoçada" envelhecida em tonéis de alumínio (uma "madeira" típica do mundo capitalista) com o verdadeiro suor-de-cana-torta. Por isso, aí vão alguns critérios para apreciação da isbelique, aprendidos durante anos de dedicação e afinco e de lições do sábio, jornalista, geógrafo, observador de saci e somelier Mouzar Benedito.

Transparente (branquinha) ou amarelada, quando cai no copo forma um pequeno anel de bolhas de ar que dura pouco. (Não confundir com a glicerina adicionada em marcas duvidosas). Depois de um gole ou ao sacudir em movimentos circulares o copo, gotas devem se formar nas paredes de vidro, de modo semelhante ao que acontece com um bom vinho. O aroma e o sabor também importam. Há que se dizer que é relativamente comum a adição de caramelo na esquenta-corpo com fins de coloração, o que acaba sendo apenas mais um aspecto avaliado na apreciação, mas é bem mais difícil de perceber: palavra de manguaça. A boa chambirra não raspa na garganta, desce macia. Mas não me venham com uma purinha gelada porque isso é heresia (ou truque pra disfarçar a falta de qualidade).

Outra hora começam as dicas de marcas. Garçon, traz mais uma... Agora aquela de Januária.

3 comentários:

Anônimo disse...

É verdade que a cachaça amarelada é melhor que a transparente?

Anselmo disse...

em geral, a amarealda é envelhecida em tonéis de madeira, o que confere sabores diferentes. Mas há cachaças envelhecidas filtradas para manter a transparência. Por outro lado, há cachaças não-envelhecidas que são "temparadas" com caramelo de rapadura para tingir a marvada. pessoalmente, prefiro as amareladas, mas a Claudionor, de Januária, por exemplo, é transparente (branquinha) e boa. Os especialistas em drinks e caipirinhas recomendam a branca.

Marcão disse...

Procede a informação de que cachaça de garrafa de plástico dá dor de cabeça?