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quinta-feira, junho 01, 2006

Copa e eleições

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Segundo o blog de Mauro Malin, do Observatório da Imprensa no rádio, a TV Globo definiu, em 10 de fevereiro deste ano, a dinâmica da cobertura das eleições presidenciais. Sua fonte é Milton Temer, ex-deputado federal e membro do PSol.

"Se o Brasil for finalista da Copa do Mundo, a campanha só começa no dia 1 de agosto. Se a seleção ficar pelo caminho, começa antes", informa o jornalista. Na ocasião, foram definidos padrões de proporcionalidade e formas de cobertura de cada candidato.

Que a Copa pára o país, não é novidade. A influência da Globo nas eleições, depois do traumático pleito de 1989, pouco se diferenciou do restante da mídia, apesar da relação de bate-assopra da emissora hoje em relação ao governo Lula. Mas a definição sobre a cobertura eleitoral atrelada ao desempenho da seleção canarinho no Mundial é emblemática para se discutir a velha máxima da esquerda de que o futebol é o ópio do povo.

A conquista do Tetra teve um papel importante na consolidação do otimismo geral da população quanto à situação do país no ano de 1994, ainda mais que se tratava de um título esperado há 24 anos. A mídia embalou na onda ufanista de economia em crescimento ("vôo de galinha" original, criado artificialmente por uma explosão do consumo e freado com juros que chegariam a 46% ao ano, em 1997) e deu Fernando Henrique já no primeiro turno.

Em 1998, a convulsão do "Fenômeno" horas antes da final não repercutiu no pleito. Em compensação, a bolha da supervalorização do Real ante o dólar estourou três meses depois das eleições -- menos de 15 dias depois da posse, numa manobra de populismo eleitoreiro de efeitos trágicos para o país e ótimos para alguns banqueiros.

O Penta, em 2002, criou otimismo, mas é difícil afirmar que tenha sido capitalizado eleitoralmente por Lula até porque, se houvesse tal influência, ela seria mais favorável à situação do que à oposição.

E, se em em 1970 a ditadura tentou pegar carona no tri, não foram as derrotas de 1974, 1978 e 1982 que aceleraram o processo de democratização no país. Assim como a Copa roubada da Argentina em 1978 não abalou o ímpeto da oposição ao regime militar portenho. Fica a pergunta: será que o desempenho de uma seleção é tão crucial assim para o imaginário da população e seu voto?

2 comentários:

Anselmo disse...

pra quem perde, sempre. Pra quem ganha, jamais. Pra quem só assiste, mais mé.

Marcão disse...

Tanto faz. Se o Brasil ganhar a Veja vai trazer 20 páginas detalhando como o Lula comprou o campeonato, pagando a Fifa com dinheiro do mensalão.
E a Folha vai repercutir dizendo que o "Fifaduto" já está garantido para o próximo mandato, com a eleição de Ricardo Teixeira pro lugar do Blatter.
Diante disso, só restará ao FHC ir ao Roda Viva novamente e dar uma entrevista de três blocos no Jô Soares, dizendo que "o Parreira sabia" e pedindo o impeachment do Lula...