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A mãe sai da seção com o filho de uns sete anos de idade. Hoje é comum as crianças irem "votar" com os pais, cabendo a elas a gloriosa tarefa de apertar o número dos candidatos. O guri olha pra mãe e pergunta:
- A gente votou no Lula, né, mãe?
- Que, Lula, menino! - responde sem paciência.
- Mas, mãe, a gente tinha que ter votado no Lula!
- Fica quieto!
Já puxando a mãe de volta pra seção, o moleque começa a gritar:
- Mãe, vamos voltar! A gente tem que votar no Lula! A gente tem que votar no Lula!
O garoto é arrastado escada abaixo. De longe, ainda é possível ouvir seus berros. "Cala a boca, menino. Está todo mundo olhando", grita a mulher deseperada.
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A mesária libera a urna para um homem negro, tipo armário dois por dois, ir votar. Ele entra na cabine e senta na cadeira. É possível ver suas mãos entrelaçadas. Fica ali, um, dois minutos. Imóvel. E nada de teclar seu voto.
Em dado momento, coloca a cabeça pra fora da cabine e pergunta: "qual o número dos candidatos?". Informado, começa a repetir para si mesmo: " é treze, é treze, é treze", como se estivesse em transe.
Vota e sai da cabine, como que aliviado. Mira uma das mesárias e destila seu ensinamento:
- Precisamos de proteção divina, o Brasil precisa disso. Você, que é um espírito que veio de cima, sabe do que estou falando.
Diz isso e sai. A mesária, perplexa, tenta se compeender como um "espírito que veio de cima."
4 comentários:
Excelentes essas crônicas de um mesário enfadado. Não tem mais?
Sensacional. Isso porque teve lei seca.
O segundo turno foi mais tranquilo, mas se você não viu o post do primeiro turno, segue o link:
http://www.blogger.com/comment.g?blogID=28843408&postID=115979487052873329
As crianças são surpreendentes. Lá em casa, não temos costume de falar de política na frente da Liz, mas de vez em quando acontece. Mesmo assim, nunca dissemos o que é Lula, PT, PSDB ou qualquer outra coisa - e ela nunca perguntou.
Mas outro dia a Isabella foi recebê-la na volta da escola e viu a Liz fazendo careta e mostrando a língua pra outra menininha, que estava dentro da perua escolar. Perguntou o motivo e a Liz respondeu: "Ela falou que o Lula é bandido. É nada! O 'Alckimi' que é bandido! Careca, feio, chato!".
Nunca (repito: nunca mesmo) eu ou a Isabella falamos qualquer coisa sobre os dois candidatos pra ela. Juro por tudo que é mais sagrado! Vendo mais essa historinha que o Glauco presenciou em São Vicente, vejo que essas crianças de hoje são muito mais ligadas do que a gente pensa...
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