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terça-feira, dezembro 18, 2007

Sobre butiquins vagabundos

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Hoje pela manhã, no programa Sportcenter, da ESPN, José Trajano bateu um papo com o músico e compositor carioca Moacyr Luz (foto) - que, ao que parece, está para publicar a continuação de "Manual de sobrevivência nos butiquins mais vagabundos" (livro de sua autoria lançado pela Editora Senac em 2005, coordenado pelo jornalista Marcelo Moutinho e ilustrado pelo cartunista Jaguar). A primeira edição trouxe 25 crônicas baseadas em fatos reais e ambientadas naquilo que nós, manguaças, costumamos chamar afetuosamente de "butecos pé sujo", onde a falta de higiene é apenas um charme a mais. Em seus livros, Moacyr Luz faz um apanhado desses simpáticos estabelecimentos na cidade do Rio de Janeiro, inclusive com entrevistas de personalidades que os freqüentam. Questionado por Trajano sobre as novidades da segunda edição, Luz citou um tal de "Bip Bip", butiquim de um metro por dois em Copacabana. Segundo consta, uns gringos pararam certa vez diante da tapera, embasbacados, e decidiram entrar. O dono, Alfredinho, cortava as unhas impavidamente sobre o balcão. E teriam travado o seguinte diálogo:

- Mister, please. Tienes chope?

- Não, aqui só tem cerveja - respondeu Alfredinho, cortando as unhas e sem levantar a cabeça.

- Ok. Uno para nosotros.

- Seguinte, a geladeira é pequena e só tem meiota. Se quiser, tem que pegar duas de uma vez - prosseguiu o dono do buteco.

- Ok, ok.

- Outra coisa: aqui não tem garçom. Vai lá no fundo, pega as meiotas na geladeira e anota pra mim no caderno que tá amarrado no balcão - orientou didaticamente Alfredinho.

- Ok, ok.

Não contente, o dono do bar arrematou:

- Ah, e aproveita que tu vai lá no fundo e mata aquela baratinha ali na parede, ó!

8 comentários:

Glauco disse...

Muito bom o post, mas acho que a parte da "baratinha" é inverossímel. Esse tipo de bicho só aparece na versão gigante nos referidos estabelecimentos...

Marcão disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marcão disse...

Deve ter sido um tratamento carinhoso, Glauco...

Unknown disse...

O Moacyr pode até ter mudado o nome do bar, mas o Alfredinho é o dono do Bip Bip, bar em Copacabna que é ponto de encontro da esquerda e de sambistas (e de sambistas de esquerda tb). Tem até um bloco que saí da frente do bar no carnaval.
E o atendimento é assim mesmo.

Marcão disse...

Pedro, obrigado, já corrigi no post. Acho que ouvi errado na TV (rsrs).

Anselmo disse...

Marcão, como é que o emprego do termo "baratinha" pode ser carinhoso se a missão dos gringos era matar o inseto? Ou será que a "baratinha" já estava acostumada com clientes inveterados dispostos a frequentar o tal bar?

Marcão disse...

Isso me lembrou uma história contada por um amigo meu, o Chico (também carioca). Ele disse que uma vez tava bebendo na calçada de um boteco, no Leblon, e começou a reparar no tronco de uma árvore, do outro lado da rua, que parecia balançar à luz do poste. Achou que já estava bêbado e enxergando coisa, mas, curioso, foi até lá perto ver o que era. Segundo o Chico, o tronco da árvore fervilhava de baratas, de cima a baixo - de longe, parecia que a árvore "se mexia". A coisa mais nojenta que ele disse jamais ter visto.

Nicolau disse...

Eu acho que o Alfredinho, cioso do bom atendimento em seu estabelecimento, não quis chocar os gringos. POr isso, tentou minimizar a situação usando o termo no diminutivo. Bora pro Bip Bip?