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segunda-feira, setembro 08, 2008

Ditadura enquadrava filhos de pais alcoólatras

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O camarada Jesus Carlos, do blogue Fotografia, Cachaça & Política, me alertou para um texto publicado pelo portal Terra na quinta-feira, dia 4, sobre a perseguição dos militares brasileiros aos filhos de pais alcoólatras, nos tempos da ditadura. A matéria conta que, durante pesquisas em arquivos da Universidade Federal da Bahia (Ufba), o antropólogo e professor Roberto Albergaria encontrou um documento "confidencial" elaborado em 20 de dezembro de 1974 pela 2ª Seção (setor de inteligência) da 6ª Região Militar. Na época, o informe datilografado, com carimbos do Exército, foi destinado ao reitor da Ufba e da AESI (Assessoria Especial de Segurança e Informação), braço do SNI (Serviço Nacional de Informações) na universidade. Entre outros absurdos, o documento dizia:

Para preservar as Universidades, as Escolas de Estudos Superiores e de Pós-Graduação do iminente perigo do terrorismo marxista e impedir que esses Centros Culturais continuem sendo refúgios e permanente instrumento de delinquentes políticos e focos de propagação de ideologias deletéricas e escusas, recomendamos as normas seguintes:

1°) - Investigar os antecedentes pessoais e familiares dos alunos, notadamente no que concerne a registros penais, políticos e psiquiátricos em membros de seus ascendentes e afim;

2°) - investigar sobre alunos provenientes de lares desfeitos ou de pais alcoólatras, contraventores, desidiosos ou de classe social muito baixa;


E por aí vai. O autor do texto do Terra, Claudio Leal, traduz o surreal informe de maneira sarcástica: "Leitura ao rés-do-chão: o militante político era levado à luta armada pela desagregação familiar, as sagatibas do pai e a pindaíba". O que nos leva a imaginar que, naqueles tempos nefastos, até nos butecos tinha agente infiltrado para observar casos "suspeitos"...

1 comentários:

Glauco disse...

Rapaz, se houvesse hoje em dia vaga de "agente infiltrado no bar" ia ter gente fazendo fila na Abin...