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Como preveem Constituição Federal e Consolidação das Leis Trabalhistas, estou de férias. Isso explica o meu sumiço do cotidiano futepocal (muito provavelmente não notado pelos leitores, o que se justifica pela qualidade de quem manteve a rotina do blog esses dias). Ainda há mais uma semana de folga pela frente - que será destinada à resolução de pendências da vida pessoal. Mas falemos de coisas boas.
Grande parte desses meus dias da primeira semana de férias foi passada no município mineiro de Tiradentes. O nome sugere o que a cidade é: uma daquelas localidades históricas de Minas Gerais, "tipo Ouro Preto". Não é de todo errado pensar dessa maneira, mas é até possível dizer que há mais diferenças do que semelhanças entre os dois municípios. Afinal, enquanto Ouro Preto é grande e sede de uma universidade federal, Tiradentes mal supera os 5 mil habitantes e vive quase que integralmente em torno do turismo.
Turismo este que celebrei - e muito - nesses dias. E um dos passeios é o que me faz falar sobre a viagem aqui (senão acredito que logo um leitor me mandaria escrever um diário pessoal ao invés de ficar estragando o Futepoca com ladainhas da minha vida).
Fui conhecer, conduzido pelo ótimo Dalton, da Uai Trip, dois alambiques bem interessantes,
ambos na cidade vizinha de Coronel Xavier Chaves (que, para quem não sabe, é onde nasceu Mauro Beting). Um deles pertence a descendentes da família do próprio Tiradentes e produz a mardita exatamente como se fazia há séculos. A rusticidade do local é impressionante e encantadora. Trata-se de uma fazenda simples, que nem de longe lembra as "armadilhas para turista" que geralmente se encontra em lugares desse porte. Bagaços de cana, água corrente e equipamentos para a preparação da cachaça compõem o ambiente de maneira harmônica. O cheiro que domina o local é peculiar - tanto que chega a ser difícil de se descrever. Uma mistura de álcool, açúcar e cana moída, talvez.
Um dos seus donos, Zé Sérgio (homônimo de célebre ponta-direita ex-Santos e São Paulo da década de 1980), definiu bem o espírito do local: "aqui a gente faz cachaça pra beber. O que sobrar, a gente vende".
Lá saboreei a cachaça que leva o preciso nome de Século XVIII. É comercializada em duas variações, chamadas de 2002 e 2008, de acordo com sua data de engarrafamento. Na foto, brindo com minha namorada Dany antes de mandarmos ver uma dose da 2008.
Depois disso, rumamos para o alambique onde é produzida a cachaça Joaçaba. Clima bem diferente, mas igualmente interessante. Sai a simplicidade da fazenda dos parentes de Tiradentes e entra em ação um esquema bem mais profissional - embora seu proprietário (sujeito dos mais simpáticos, mas cujo nome me foge agora) enfatize que se trate de uma produção artesanal.
Desde a moenda da cana, o líquido segue por percursos distintos até que possa ser armazenado, "envelhecido" e, só aí, engarrafado e posto à venda.
Saí de lá com uma garrafa da Joaçaba do tipo prata. Ótima pedida.
Além das cangibrinas já citadas, adquiri em Tiradentes uma garrafa de pinga curtida em canela comercializada pela loja Confidências Mineiras.
Chama a atenção a imensa quantidade de referências que a região tem ao movimento da Inconfidência e também à cachaça. Em todo lugar que se vá por lá se encontra uma placa/estátua/nome de rua dedicada a um inconfidente e também um estabelecimento que venda aquela que matou o guarda.
O que me fez deixar a simpaticíssima cidade com uma inquietação: estaria o consumo da pinga atrelado às ideias revolucionárias? Seriam os inconfidentes capazes de tramarem sua revolução se a região onde habitavam não fosse tão propícia ao consumo da aguardente? Ficam aí as questões.
Desde a moenda da cana, o líquido segue por percursos distintos até que possa ser armazenado, "envelhecido" e, só aí, engarrafado e posto à venda.
Saí de lá com uma garrafa da Joaçaba do tipo prata. Ótima pedida.
Além das cangibrinas já citadas, adquiri em Tiradentes uma garrafa de pinga curtida em canela comercializada pela loja Confidências Mineiras.
Chama a atenção a imensa quantidade de referências que a região tem ao movimento da Inconfidência e também à cachaça. Em todo lugar que se vá por lá se encontra uma placa/estátua/nome de rua dedicada a um inconfidente e também um estabelecimento que venda aquela que matou o guarda.
O que me fez deixar a simpaticíssima cidade com uma inquietação: estaria o consumo da pinga atrelado às ideias revolucionárias? Seriam os inconfidentes capazes de tramarem sua revolução se a região onde habitavam não fosse tão propícia ao consumo da aguardente? Ficam aí as questões.
4 comentários:
Qaunto à questão do último parágrafo, a resposta é sim, Olavo, vi revoluções inter-planetárias serem gestadas (e depois abortadas) em mesas de bar. Da quantidade deve sair a qualidade, ou seja, das milhares elaboradas por hora no mundo, uma ou duas vão à frente. O Futepoca também nasceu do bar...
No mais, ótimo texto, deu até vontade de beber... hehe. Boas férias, companheiro.
O interessante das revolucoes planejadas no bar e que a maioria e tao descaradamente utopica e fadada ao desastre que so pode ser ideia de bebado, mesmo. E muitos deles so percebem isso depois do porre, as vezes, com a corda no pescoco - literalmente...
"aqui a gente faz cachaça pra beber. O que sobrar, a gente bebe"
agora, o Futepoca nasceu no bar, cresceu no bar e só morre se abandonar os estabelecimentos etílicos.
Ah, e o Olavo brindou tanto no primeiro local que ate se esqueceu do nome do proprietario do segundo...
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