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sexta-feira, outubro 18, 2013

Futebol, poesia, cachaça e dois brasileiros geniais

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O menino Mané
O garoto Vininha
Manoel dos Santos, que teria nascido em 18 de outubro de 1933 (mas registrado em 28 de outubro), descendia de negros e índios fulniôs do sertão de Alagoas. Marcus Vinicius da Cruz e Mello Moraes, nascido em 19 de outubro de 1913, tinha antepassados suecos e alemães, além de um avô baiano - e se intitulou, no "Samba da bênção", "o branco mais preto do Brasil". Mané, como era conhecido, revolucionou, com suas pernas tortas, o mais brasileiro dos esportes, o futebol. Vininha, como o chamavam os mais íntimos, foi um dos nossos maiores poetas populares e um dos responsáveis por modernizar o mais brasileiro dos ritmos musicais, o samba.

Vinicius, em 1958
Garrincha, na Suécia
Em 1958, Mané Garrincha e Vinicius de Moraes contribuíram para colocar o Brasil definitivamente no mapa. Como ponta da seleção canarinho na Copa da Suécia, Mané embasbacou o mundo ao entortar russos, galeses, franceses e quem mais aparecesse pela frente. Pela primeira vez, um time mostrou que era possível vencer no drible, na ginga, na arte. No samba. E, falando nisso, foi naquele mesmo ano que a poesia de Vinicius uniu-se à música de Tom Jobim em uma das canções mais importantes de todos os tempos, "Chega de saudade", que, em gravação de João Gilberto, inaugurou um novo jeito de compor, letrar, harmonizar, tocar e cantar nosso velho samba. Era a Bossa Nova, que influenciaria músicos e a música popular de todo o planeta.


Foi assim que esses dois brasileiros, produtos da nossa melhor mistura de três raças, colocaram o Brasil em um outro patamar, no esporte, na música e, em ambos os casos, na arte. Curiosamente, os dois também eram adeptos de outro de nossos mais célebres produtos nacionais, a cachaça (embora Vinicius preferisse o correspondente escocês/irlandês, o uísque). Infelizmente, foi o excesso de bebida que matou Mané de cirrose hepática e contribuiu para a isquemia cerebral e seus problemas decorrentes que acabaram por levar Vinicius. Outra curiosidade: o poeta torcia para o Botafogo do Rio, que tem Garrincha como maior ídolo.


Para celebrar os 80 anos de nascimento de um e o centenário de outro, segue o poema que Vinicius de Moraes fez para Mané, batizado com o apelido que imortalizou aquele que também era chamado "alegria do povo" (afinal, como diria o já citado "Samba da bênção", "é melhor ser alegre que ser triste"):

O ANJO DAS PERNAS TORTAS

A um passe de Didi, Garrincha avança 
Colado o couro aos pés, o olhar atento 
Dribla um, dribla dois, depois descansa 
Como a medir o lance do momento. 

Vem-lhe o pressentimento; ele se lança 
Mais rápido que o próprio pensamento 
Dribla mais um, mais dois; a bola trança 
Feliz, entre seus pés - um pé-de-vento! 

Num só transporte a multidão contrita 
Em ato de morte se levanta e grita 
Seu uníssono canto de esperança. 

Garrincha, o anjo, escuta e atende: - Goooool! 
É pura imagem: um G que chuta um o 
Dentro da meta, um L. É pura dança!

Saravá, Mané! Saravá, Vininha! Nós, os brasileiros de três raças, que sambamos e jogamos bola como vocês ensinaram, levantamos um brinde eterno!

1 comentários:

Unknown disse...

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