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quarta-feira, dezembro 02, 2015

Expressões populares do império resistem ao tempo

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Começando a ler "O reino que não era deste mundo", do historiador Marcos Costa (Editora Valentina, 2015), sobre o período imperial brasileiro no século XIX, me deparo com três expressões populares que resistiram ao tempo e ainda hoje usamos:

Maria vai com as outras - "[A] Rainha D.Maria I (...) vivia praticamente em estado de loucura no Brasil, completamente senil e para tudo dependente de suas amas, daí o surgimento da expressão 'maria vai com as outras'." A partir de então, o povo passou a usar esse termo para designar "uma pessoa que não tem opinião, que segue o comando dos outros, que se deixa convencer com facilidade" (leia aqui).

É um 'caxias' - "Filho do Brigadeiro Francisco de Lima e Silva, regente do Império (...), [o Duque de] Caxias (...) aprendeu, sobretudo, a cultivar a sua fidelidade à Monarquia. Com a família elevada à cúpula do Exército brasileiro, além do pai regente, os tios José Joaquim de Lima e Silva e Manoel da Fonseca de Lima e Silva, respectivamente elevados à condição de Comandante de Armas da Corte e do Ministério da Guerra, em 1832, Luís Alves de Lima e Silva assume o posto de comandante das Guardas Municipais Permanentes (...), a tropa de elite do imperador. (...) Papel que desempenhou com extrema competência." Não por acaso, portanto, passamos a chamar de "caxias", desde aquela época, "pessoa que cumpre com extremo escrúpulo as obrigações do seu cargo, ou que exige de seus subordinados o cumprimento rigoroso das leis, regulamentos e determinações de serviço" (leia aqui).

Pra inglês ver - "O fim do trabalho escravo no Brasil e a sua substituição pelo assalariado, ambicionavam os ingleses, criariam no país um amplo mercado consumidor para os seus produtos industrializados. (...) O tráfico negreiro, no Brasil, depois da pressão dos ingleses, fora proibido desde 1831. Essa lei declarava livres todos os escravos vindos de fora do Império. (...) [Só que] Os interesses ligados à lavoura eram tão poderosos, que a lei, como tantas outras ainda em nossos dias, simplesmente... não saiu do papel, não pegou. A lei imposta foi responsável pela criação no vocabulário brasileiro de um jargão, reproduzido até hoje: 'pra inglês ver'." Estavam batizadas popularmente, a partir de então, as "leis ou regras consideradas demagógicas e que não são cumpridas na prática" (leia aqui).

Não é a toa, portanto, que o autor do livro conclui que periodicamente, no Brasil, o cenário político e de poder precisa "mudar para deixar tudo exatamente como estava"...



sexta-feira, janeiro 23, 2009

O bom do bar é que a gente aprende

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Quatro e vinte da madrugada. Buteco sujo. Dois amigos, 15 cascos vazios de cerveja e três maços de Derby vermelho amassados.

- Ô, Mortadela, pede a saideira.

- Garçom! Garçom! Pô, foi embora...

- Mas ele falou alguma coisa antes.

- É, mas eu não entendi necas de pitibiribas.

- Necas de pitibiribas?!?? Que treco é esse?!?

- Cê nunca ouviu, Trubija? Cara, essa todo mundo conhece!

- Ah, só se for você, que é tiozão. Eu nunca ouvi isso.

- Pois existe, sim: necas de pitibiribas!

- E o que significa esse negócio?

- Sabe, uma vez eu tive curiosidade de saber. Daí descobri que a expressão surgiu lá em Pirituba, distrito de São Paulo. Antigamente, parece que tinha uma pequena vila no local chamada Pitibiriba. E lá morava uma velha meio caduca que tinha o apelido de Neca. Quando alguém tentava explicar alguma coisa, ela nunca entendia nada. A partir de então, toda vez que alguém se confunde, fala que não tá entendendo Neca de Pitibiriba. Sacou?

- Sinceramente, não entendi chongas...

- O que?!? Chongas?!?!?? Queísso???

- Ah, deixa pra lá! Garçom, apressa a saideira e a conta, pelo amor de Deus!

quarta-feira, fevereiro 27, 2008

"O bom da bebida é o boneco"

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Quem não conhece o Ceará provavelmente nunca ouviu a expressão "botar boneco". Num sentido mais restrito, significa "dificultar", "botar dificuldade". Por exemplo: você convida uma pessoa para alguma coisa e ela hesita, nega, fica colocando obstáculos. Daí você exclama: "-Deixe de botar boneco!". Mas, num sentido mais amplo, "botar boneco" significa mesmo "fazer palhaçada", "dar baixaria". Por isso, quem é brincalhão, desinibido ou sem-vergonha, mesmo, é chamado de "bonequeiro". Há um ditado cearense que sentencia: "o bom da bebida é o boneco". Ou seja, "se não for pra dar vexame, então nem compensa beber". Confira outras expressões cearenses ligadas ao consumo de álcool:

Merol = bebida alcoólica
Celular = garrafa plástica de cachaça 480 ml/ meiota (foto acima)
Papudim = pinguço (com barriga inchada característica)
Miolo de pote = conversa fiada/ papo de bêbado
Chêi dos pau = bêbado, embriagado, encachaçado
Melado = idem acima
Bêbo-bosta = bêbado inconveniente
Solto na buraquêra = perdido na noite (na putaria, na bebida etc.)