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terça-feira, novembro 24, 2009

Medida preventiva

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Hoje perguntei ao meu professor por que raio de motivo os banheiros aqui na Irlanda não têm tomada nem interruptor de luz (sempre ficam do lado de fora). Ele disse que os bêbados morriam eletrocutados aos montes, daí o governo baixou uma lei (!) proibindo tomadas e interruptores nesses recintos. Meu Deus! Fico imaginando, nesses séculos, quantos desastres os manguaças daqui já provocaram. Agora faz sentido a bandeira de Dublin ter 3 castelos pegando fogo...

terça-feira, maio 05, 2009

O ébrio e o respeito ao princípio da propriedade

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Em 2008, senti-me sinceramente envergonhado pelo pouco caso do Brasil em relação ao centenário de um de seus filhos mais célebres, o escritor carioca Machado de Assis (foto) - seguramente, um dos maiores da língua portuguesa e da literatura mundial. Fora uma ou outra palestra, exposição ou exibição de obras suas adaptadas para o cinema ou teatro, a data, que merecia justa comoção nacional, passou em lamentáveis e brancas nuvens. Chateado com isso e aproveitando que no próximo 21 de junho completam-se 170 anos de seu nascimento, decidi render minhas próprias homenagens da forma como acredito que Machado mais apreciaria: relendo três de seus livros mais fascinantes, "Memórias póstumas de Brás Cubas", "Quincas Borba" e "Dom Casmurro". O mais interessante em rever esses trabalhos, além do sarcástico bom humor e da absoluta avacalhação do ser humano e dos costumes sociais, é notar que, nas entrelinhas ou em capítulos aparentemente desconexos, o escritor encobriu pepitas que dificilmente encontramos nas primeiras leituras. Uma delas segue abaixo:

"Era uma vez uma choupana que ardia na estrada; a dona - um triste molambo de mulher - chorava o seu desastre, a poucos passos, sentada no chão. Senão quando, indo a passar um homem ébrio, viu o incêndio, viu a mulher, perguntou-lhe se a casa era dela.
- É minha, sim, meu senhor; é tudo o que eu possuía neste mundo.
- Dá-me então licença que acenda ali o meu charuto?
O padre que me contou isto certamente emendou o texto original, não é preciso estar embriagado para acender um charuto nas misérias alheias. Bom Padre Chagas! - Chamava-se Chagas. - Padre mais que bom, que assim me incutiste por muitos anos essa ideia consoladora, de que ninguém, em seu juízo, faz render o mal dos outros; não contando o respeito que aquele bêbado tinha ao princípio da propriedade, a ponto de não acender o charuto sem pedir licença a dona das ruínas. Tudo ideias consoladoras."


(in "Quincas Borba", Capítulo CXVII - Livraria Garnier, 1891)