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Hoje começa o conclave
para a escolha do novo papa. Claro que você já deve ter lido, visto
e ouvido especialistas explicarem a respeito das correntes de dentro
da Igreja Católica e de quais os favoritos para ocupar o Trono de
Pedro. Sem dúvida, um farto material para entender os mecanismos e a
estrutura eclesiástica pouco democrática e transparente, mas, tal
qual acontece no futebol, o colégio de cardeais pode ser uma
caixinha de surpresas. Para verificar isso, basta ver o que foi dito
sobre a escolha do sucessor de João Paulo II em 2005.
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Ratzinger era um dos favoritos. Mas nem tanto |
Como naquela
eleição, o conclave de hoje começa sem um favorito evidente. Mesmo
assim, havia os que despontavam.
Esta
matéria do Terra, por exemplo, falava a respeito da missa
celebrada na Basílica de São Pedro antes dos cardeais entrarem na
Capela Sistina, ponderando sobre as chances daquele que comandaria a missa: “O cardeal decano, Joseph Ratzinger, um dos que estariam com
maior apoio, mas não o suficiente para ser eleito, comandará a
celebração.” A história mostrou que o apoio foi suficiente.
Já
a
revista Veja, em sua lista de onze favoritos, citava Ratzinger,
mas o alemão era praticamente um azarão: “Pouco antes da morte do
papa, seu nome começou a aparecer na lista de papáveis dos
vaticanistas italianos. Ratzinger, no entanto, tem muitos inimigos e
suas condições de saúde não são das melhores. Sua eleição
seria uma grande surpresa, resultado de um conclave particularmente
difícil”. O germânico
Deutsche Welle, ao contrário,
cravava
no primeiro dia do conclave, baseado na imprensa italiana, que a
disputa seria entre o cardeal alemão e o reformista Carlo Maria
Martini.
À época, dois
brasileiros apareceram entre os “papáveis”. Dom Cláudio Hummes,
então arcebispo de São Paulo e, mais próximo ao conclave, surgiu
Dom Geraldo Majella Agnelo, citado mesmo pelo
Corriere
Dela Sera como possível “surpresa” na eleição.
Com quatro votações
apenas (são duas por dia), Joseph Ratzinger foi um dos papas
escolhidos de forma mais rápida. De acordo com o
vaticanista
Lucio Brunelli, o principal adversário do alemão teria sido
Jorge Mario Bergoglio, arcebispo de Buenos Aires, depois de Carlo
Maria Martini ter tido um mau desempenho na primeira votação. Mas o latino-americano teria desistido da disputa, pedindo a seus amigos mais próximos para não ser votado. Claro
que, como os resultados das votações em tese são secretos, já que
os cardeais que quebrarem o voto de silêncio têm como pena a
excomunhão, acreditar ou não nessa versão fica a critério de cada
um.
Bolsas de apostas
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Cotação em tempo real |
Como diria o
conselheiro Acácio, quem entende de aposta é apostador. Não é à
toa que foram eles que
acertaram
a escolha de Ratzinger como papa, enquanto especialistas e
estudiosos em geral vacilavam para apontar o alemão como favorito
absoluto. A aposta no alemão pagava 2 para 1, enquanto atrás dele
vinham Carlo Maria Martini e Dionigi Tettamanzi, além do francês
Jean-Marie Lustige. Mais atrás vinham Claudio Hummes e o nigeriano
Francis Arinze.
A avidez pelas apostas
fez com que, no mesmo dia da escolha de Bento XVI, já se apontasse
quem seria
o
seu sucessor. Paddy Power, negociador de apostas de Londres,
apresentava naquele dia um placar favorável ao italiano Angelo
Scola, que pagava 6 para 1, seguido por Christoph Schonborn (7 para
1), Oscar Maradiaga (7 para 1), Jorge Bergoglio (9 para 1), Francis
Arinze (10 para 1) e Dionigi Tettamanzi (25 para 1).
Seguindo a tendência
de olhar mais para as bolsas e
sites de apostas, um
estudo
publicado ontem pela Agência Jornalística do Mercado do Jogo
(Agimeg) mostram o arcebispo de Milão, Angelo Scola, como o favorito
para suceder Bento XVI, vindo depois o ganês Peter Turkson e
Tarcisio Bertone, atual secretário de Estado do Vaticano e inimigo
de Ratzinger. Já Dom Odilo Scherer
aparece
em quarto na bolsa de apostas de Londres.
O brasileiro que quase foi papa
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Lorscheider quese chegou lá |
Reza
a lenda e os “vazadores” de votações dos conclaves que apenas
um brasileiro recebeu votos em uma eleição papal. Foi Dom Aloísio
Lorscheider, ligado à Teologia da Libertação, morto em 2007. De acordo com esta
matéria
da Carta Maior, o cardeal recebeu votos daquele que seria eleito
João Paulo I, Albino Luciani, que foi recebido quando cardeal na casa do
primo de Aloísio, Ivo Lorscheider.
A morte do papa em pouco mais de um mês fez com que o nome do
cardeal gaúcho voltasse à tona, mas a reação
conservadora em marcha elegeu o polonês Karol Wojtyla, à época uma zebra.
Uma
curiosidade é que no filme O Poderoso Chefão 3, que mostra o
suposto (ou nem tanto) assassinato de João Paulo I, o nome de
Lorscheider é lido na apuração.