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terça-feira, junho 20, 2006

Futebol, política e cascata...

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Já conformada com a derrota de seu candidato à presidência da República na eleições de outubro, a Falha de S.Paulo (falha mesmo, não foi ato falho) se esmera em buscar "alternativas" para não ter de passar mais 4 anos engolindo um sapo barbudo. Artigos nebulosos, misturando alhos com bugalhos, aparecem com certa freqüência nas páginas do periódico paulistano. Mas o texto publicado hoje com o título de "Política de chuteiras", de autoria de Roberto Luís Troster (economista chefe da Febraban), é qualquer coisa de espantoso.

Na infeliz tentativa de comparar futebol com equipe econômica, Troster afirma taxativamente: "Espera-se um craque político que mude esse quadro. Alguém que faça o país do futuro virar presente, o craque que com liderança, raça e ginga leve o Brasil a uma posição de destaque. É uma busca infrutífera. Esse craque não vai aparecer." Ou seja: além de dizer que o presidente Lula é um inútil e que não está fazendo nada pela recuperação econômica do país, o articulista estende o descrédito a todos os outros candidatos e também aos que vão aparecer no futuro!

Mas não pára por aí: depois de afirmar que "a representação política depende em excesso de uma só pessoa com mandato fixo com pouca flexibilidade" e que "o Congresso tem um papel de coadjuvante e não é responsável pelo bom desempenho da economia", Troster conclui brilhantemente, com toda a certeza do mundo, que a solução seria "a adoção do parlamentarismo". Trocando em miúdos: se a população teima em eleger e reeleger Lula, então vamos cortar as suas pernas! É isso ou entendi mal?

Não contente em desprezar os bons ventos que a economia nacional atravessa, o articulista não perde a oportunidade de bater também no Bolsa Família: "No regime presidencialista, além do excesso de personalismo, há um incentivo a adotar políticas populistas, que geram benefícios a curto prazo e repassam os custos aos sucessores." Aqui o discurso neoliberal fica evidente: investir em políticas de distribuição de renda é jogar dinheiro fora. A mesma cascata que Serra utilizou, clamando a "contenção de gastos", para podar todas as ações sociais da gestão Marta Suplicy.

O mais engraçado é que, quando o mesmo Serra batia Lula nas pesquisas, em meados de 2005, NINGUÉM vinha com esse papinho de parlamentarismo. Por que será, hein?

Agora, convenhamos: afirmar que "parlamentarismo" e "desengessamento do Orçamento" são bons é uma coisa. Mas, a partir daí, concluir que "Dá certo no futebol, tem que dar certo na economia", é muita esquizofrenia para o meu gosto. O que uma coisa tem a ver com outra???

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