Destaques

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

O clássico visto de um boteco

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Pra quem não é de São Paulo, a cidade de São Vicente, primeira vila fundada no Brasil, é vizinha a Santos. Por conta disso, pouco mais da metade da população, segundo pesquisas, torce para o Alvinegro da Baixada. Lá estava eu ontem, em visita à família, quando resolvi procurar um lugar para assistir Palmeiras e Santos.

Jogo transmitido apenas pelo , achei dois botecos. Ambos lotados. Fique do lado de fora de um, assistindo à partida através das grades que separavam os felizardos que bebiam cerveja sentados dos desafortunados que viam o espetáculo em pé.

À minha frente, os dois únicos palmeirenses em meio a aproximadamente cinqüenta pessoas. Um rapaz de trinta e poucos anos e seu filho de oito. No primeiro gol do Verdão, comemoram feito loucos. O resto se cala. Um cidadão com claro consumo excessivo de álcool começa a fazer gracejos tentando aliviar o ambiente. "É o Palmeiras que é líder, né? É o Palmeiras que é líder?", questionava o dito cujo.

Logo sai o segundo gol. Daria pra ouvir o berro de pai e filho a umas quatro quadras dali. Abraçam-se, o pai beija o filho. O resto olha pro chão, xinga, já vê com certa raixa os dois intrusos. No intervalo, todos os presentes, técnicos em potencial, dão suas sugestões. "Tem que tirar o Podrinho", sugere exaltado um. "Esse Neto não joga nem no rachão da praia", acusa outro.

O pai palmeirense tenta esfriar o clima, menos temeroso da reação alheia, mais orgulhoso pelo resultado parcial. "Olha, meu filho nunca viu o time dele ser campeão", introduziu, já que todo torcedor de equipe grande tem por obrigação não computar título de segunda divisão como algo a se exibir em uma sala de troféus. "Demorei muito também pra ver, é aí que você descobre quem é torcedor mesmo", filosofou. "Só vi meu time ser campeão em 2002, é a mesma coisa", concordou um santista de vinte e poucos anos. Para o palmeirense, a conversa era um salvo conduto no meio de gente que poderia ficar furiosa no segundo tempo. Para o outro, era uma forma de chegar em casa e pensar: antes perder para o Palmeiras do que para o São Paulo ou Corinthians.

Começa o segundo tempo, o Santos é todo pressão. Não tarda para Pedrinho, o enjeitado do técnico-torcedor, marcar o primeiro gol. Uma explosão geral. Começam a ecoar gritos como se ali fosse um estádio, dentre eles os típicos de torcida organizada. "Até parece que eles podem ouvir, grita mais", desafiava o agora nervoso palmeirense. E os gritos continuavam. O Peixe parecia prestes a empatar.

Pênalti. Uma figura odiosa para a torcida alvinegra o sofrera e era ela quem iria fazer a cobrança. Edmundo não perde. "Só no Vasco esse fdp perdia", grita alguém lembrando a final do Mundial da Fifa contra o Corinthians. Desânimo. O resultado parecia irreversível.

Falta para o Santos. Kléber, talvez o melhor jogador em atividade no Brasil, cobra e conta com a ajuda da barreira. Nova explosão. Agora acompanhada de mais otimismo. "O Santos é o time da virada, o Santos é o time do amor!", entoavam. Já parecia um estádio. O outrora confiante palmeirense, que voltara a sorrir no terceiro gol, afundou na cadeira.

Menos de dois minutos depois, veio o terceiro tento. As grades que separavam o bar da rua já não eram grades. Eram alambrado. Pendurado junto com os outros, no típico transe que acomete os apaixonados, estava eu junto a um sem número de desconhecidos. Sim, aquilo era o estádio. "O Santos é o time da virada", berravam extasiados quase todos.

Quase todos. O palmeirense abandonou o pequeno logo após a expulsão de um atleta do seu time. Foi ao banheiro do bar. De lá só saiu doze minutos depois, quando faltava menos de um minuto. Cabeça baixa, mas com a expressão aliviada de quem não havia escutado qualquer manifestação que indicasse gol. No fim, saiu com seu filho. Ambos felizes porque, apesar de terem tido a vitória na mão, sabiam que enfrentavam um grande. E que grandes eram eles também. Se os campeonatos estaduais passassem a ser a mais pura representação da mediocridade, ainda assim valeriam a pena pelos clássicos. Quando os grandes mostram porque são chamados assim.

4 comentários:

Marcão disse...

Eu estava lá no Danação (um dos butecos existentes no cruzamento da rua Simão Álvares com avenida Cardeal Arcoverde, em Pinheiros, S.Paulo). Cheguei no fim do 1º tempo, estavam transmitindo o jogo do Curíntia. Tinha muita gente no bar, não dava pra entender o que tava acontecendo e nem saber o placar dos jogos. Dali a pouco, o palmeirense João Paulo foi ao banheiro e, na volta, informou que seu time tava ganhando, mas não tinha conseguido descobrir de quanto. No segundo tempo, a confusão de berros com gols do Curíntia, do Parmêra e do Santos fizeram com que a gente acreditasse, em alguns, momentos, que: o Santos tava ganhando por 4 a 1; o Palmeiras tava ganhando por 4 a 2; o Santos tinha virado o jogo para 4 a 3; e, por último, que o jogo estava 4 a 4. Só fiquei sabendo que tinha sido 3 a 3 no dia seguinte. Para se ter uma idéia do nível etílico do pessoal...

Glauco disse...

Pô, Marcão, o nível etílico devia estar alto mesmo. O jogo do Corinthians teve início às 16h e Palmeiras e Santos às 18h10...

Marcão disse...

Pra você ver (rsrsrs...)

Unknown disse...

cheap jordans free shipping
pandora uk
sac longchamp
adidas superstar
nike roshe run
coach outlet
cheap nike shoes
oakley sunglasses
polo outlet
nike shoes
20170110caiyan