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segunda-feira, agosto 20, 2007

Nossa língua, cada vez mais burra

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Não sei em que sílaba do Futepoca se pode encaixar este post. Talvez em todas, já que para tudo precisamos da língua (sem conotações libidinosas, no caso).

Mais uma vez, a língua portuguesa sofre nova reforma. A Folha OnLine deu isso hoje.
Quem são os membros do conselho de gênios que, de tempos em tempos, pelo menos no caso do português, resolvem se reunir e decretar que a língua muda?

Eu, que já era inconformado com a antiga queda de acentos como o de fôrma (pra diferenciar de forma – pronúncia: fórma), agora vou ter que me resignar com a supressão de acentos que acho absurdo caírem. Por exemplo, não serão mais acentuadas a partir de 2008 as palavras "assembléia", "idéia", "heróica" e "jibóia", assim como serão retirados do dicionário os termos “pára" (do verbo parar), que será grafado sem o acento agudo, e ficará tudo como a preposição "para".

Do mesmo modo, não será mais preciso acentuar "creem", "deem", "leem" e "veem".

Curioso é que, numa reforma antiga, suprimiram as letras “K”, “Y” e “W”. Agora, as exiladas voltarão a fazer parte do vocabulário.

Pra que esses idiotas empobrecem a língua? Pra ficar mais de acordo com os novos tempos e ficar mais fácil de digitar no MSN Messenger ou nos comunicadores instantâneos, por lobby do Bill Gates ou isso é um jogo de grande editoras, que vão ter que republicar e vender milhões e milhões de dicionários (talvez o motivo real das reformas anteriores)? Portanto, entra como Política.

Tudo isso é revoltante.

14 comentários:

Anselmo disse...

acho o uso de termos chulos desnecessários. aliás, proponho para debate no forum adequado (uma mesa de boteco) a compilação de termos e vocábulos de um dialeto promovido a novo idioma exclusivo para uso em comunicadores instantâneos.

Outros temas para discussão:
1) O "w" agora é rei só por causa do "www"? Se sim, o "k" e o "y" ficam na boa de carona?
2) O Aldo Rebelo que propõe a criminalização dos anglicismos está no rol dos "idiotas que empobrecem a língua" ou dos que combatem esses mesmos "idiotas", sempre para usar termos adotados pelo nobre companheiro?

Glauco disse...

Não é por anda, não, mas não vejo a reforma como forma de adaptação aos anglicismos. A idéia, pelo que li, é unificar a língua nos países lusófonos. Há mesmo lingüistas brasileiros que a consideram tímida, porque pouco toca no problema do hifen ou de algumas palavras que tem "h" no começo, absolutamente sem critério.
Na verdade, em Portugal a resistência é maior que no Brasil, tanto que eles ainda não ratificaram o acordo. No Brasil, 0,5% das palavras vão mudar, enquanto em Portugal é 1,6%. Eles temem uma "brasilificação" da língua, mas quem de fato não gosta nem um pouco da idéia são as editoras portuguesas. Isso porque as brasileiras são bem mais aptas a concorrer com tiragens enormes já que o Brasil é bem maior que Portugal (intervenção acaciana).Os editores brasileiros poderiam "invadir" Portugal com a unificação.
Enfim, o buraco é mais embaixo.

fredi disse...

Maretti, não li a matéria, mas me parece que essas alterações fazem parte do acordo entre países de língua portuguesa, que entraria em vigor quando ratificado por pelo menos três países (é de memória pode ter alguma informação errada), o que vem se arrastando desde o governo Sarney.

Não gosto das mudanças também, principalmente por decretarem a morte do trema, mas é a vida...

Edu Maretti disse...

Mas o que tem a ver a tal nova reforma com anglicismo e Aldo Rebelo? Ou, no "dialeto" caipira: o que tem a ver "o c... cas carça?"

Acho que até o Rebelo tem vergonha daquele projeto.

Edu Maretti disse...

ok, Anselmo, acatada a observação... e retirado o termo chulo.

rgregori disse...

Você se esqueceu do trema ....
pra mim, uma das piores "quedas"...

lingüiça agora vira linguiça ...
cinqüenta, vira cinquenta ...

chega a ser ridículo :D

[]s!

Marcão disse...

Lembro de ouvir sobre isso pela primeira vez lá por 94 ou 95. Sinceramente, acho que não terá efeito "a curto prazo", já que quase ninguém conseguiu aprender a grafia vigente, imagine o tempo que vai levar até absorverem a nova...

Mas a observação do Edu sobre lobby de editoras e/ou Bill Gates é realmente interessante. Deve entrar urgentemente na pauta das nossas teorias da conspiração.

E, no final, vão dizer que a culpa é do Lula: "CRISE NO IDIOMA: APAGÃO ORTOGRÁFICO!"

Quero minha parte em cerveja! (ou será sërwëjä?)

maurício disse...

Em princípio, não acho ruim uma revisão ortográfica.
Em geral a discussão é de muito baixo nível, sem muito critério e acabam enfiando tudo no mesmo saco. Como se defender a velha ortografia fosse defender a cultura nacional, mudar um acento fosse empobrecer a língua e essas outras patacoadas.
Os alemães, que têm uma das melhores ortografias das línguas cujos textos sou capaz soletrar, fizeram recentemente uma revisão para corrigir uma pequena defasagem com relação à pronúncia de uma única letra. E os alemãezinhos aprendem na escola uma língua escrita que não é nada a ver com a língua falada.
O espanhol teve uma excelente reforma ortográfica na virada para o século XX, e hoje os países hispanofônicos usam uma ortografia bastante próxima de como as palavras se pronunciam.
O português tem uma ortografia defasada. Mas ainda estamos melhor que os leitores-escritores em francês, cuja ortografia é medieval, e em inglês, cujo "spelling" é o mais caótico que eu conheço.
Mas concordo que a reforma proposta agora é pouco abrangente e tem mais um sentido comercial que outra coisa.

Edu Maretti disse...

Independentemente de discussões acadêmicas de alto nível ou mesmo de patacoadas, a queda de alguns acentos empobrece, sim, a língua. Não precisa nem ir muito longe. Por exemplo, responda simplesmente: o que eu quero dizer nas singelas frases abaixo?

"A forma da estátua não me agrada."

"Preciso de uma forma nova."

"Pelo menos, pelo mais, tanto faz."

Anônimo disse...

Como professora de português e amante da língua portuguesa e de sua rica raiz no grego, no latim e outros, considero essa reforma um empobrecimento da língua, sim. A reforma já nos espreitava e eu torcia para que não desse certo. Não sei se a decisão provém de intenções comerciais, todavia já li algumas defesas de revisão que sustentavam que a língua deveria estar mais perto da expressão do povo (leia-se pessoas mais incultas), que pouco ou nunca se importou com o trema, com os acentos diferenciais... Ora, se temos que dilapidar um patrimônio (no caso o lingüístico) para que ele se "assemelhe" ao nível dos que o utilizam, creio que a educação e a cultura caminham no sentido contrário ao ideal, por conta de atenderem à lei do desbastamento e não do acúmulo do saber. A existência do trema,dos acentos diferenciais, dos hifens e até mesmo dos agás sem fonema tem história na herança histórica e cultural da língua portuguesa. Desbastar a língua para que fique mais "atual", mas acessível (ou algo que o valha)é, sim, virar as costas para a História, para o saber acumulado. Ao meu ver, é lamentável.

Anônimo disse...

Há alguns anos, o gramático Evanildo Bechara declarou ser contra ensinamentos de gramática por rádio e televisão, alegando considerar autoritário "impor" ao povo a normatividade da língua. Lamentável que alguém de tamanha influência no meio intelectual brasileiro não entenda que autoritário é privar o povo de conhecer mais uma face, por acaso a oficial, de seu idioma e suas complexidades. Quem, entre nós, leu "Grande Sertão: Veredas" e pode entender que a língua escrita é o símbolo gráfico da fala, expressão particular de cada país, cada região e cada indivíduo? É simples: querem globalizar agora a língua, e, pior, "facilitando-a" para que ela se aproxime da "incapacidade" do povo de compreender sua beleza. Como na ditadura, a verdade é a burrice e o adestramento de milhões de usuários do idioma. Trata-se de um estupro do patrimônio cultural. Os acentos não foram inventados em salas de laboratório. É a etimologia que os explica.

Anônimo disse...

A propósito do que eu havia dito antes, tenham o trabalho de abrir o dicionário Houaiss e ler sobre suas definições acerca da palavra "acento", e perguntem-se: não é estranho que uma língua reprove o que ela define de si mesma? E quem disse que não há mercado editorial babando por dinheiro na Alemanha e na Espanha? Quanto ao francês, Maurício, o que você quer dizer com ortografia medieval!? Não existe língua defasada, existe língua apenas. Os idiomas não podem ser entendidos como mercadoria. Eles são um veículo de expressão, só isso.

Anônimo disse...

Eu sou português e acho esta reforma abominável. Concordo no essencial com Rose e Pedro Delamar, mas penso que se deveria caminhar no sentido oposto, isto é, não retalhar a nossa magna língua portuguesa em função de questões de marketing e das preferências dos iletrados e analfabetos funcionais... Sou a favor da restauração da ortografia antiga, anterior a 1933 (no meu país). Chamem-me purista, mas estou convencido que orthographia é uma palavra muito mais bela e fiel às suas origens e que contribui para a manutenção da identidade de uma língua com fortíssimos laços com o latim e o grego antigo. É óbvio que não concordo com o autêntico caos ortográfico que antecedia as reformas do séc. XX; penso que devemos uniformizar a dita grafia e adoptá-la, até porque tal aplacaria a raiva dos muitos que,como eu, defendem a fidelidade à etimologia/tradição e silenciaria necessariamente aqueles que defendem um ponto de vista "comercializante", por se assemelhar ao idioma inglês, muito mais conforme à etimologia das palavras que a compõem. Defendo ainda certas excepções, como os antigos "z" que existiam em vocábulos como o apelido Souza, cuja substituição por s aprovo sem reservas. Sem querer de forma alguma desrespeitar a variante brasileira do português, considero o uso do trema em palavras como linguiça simplesmente execrável.

Anônimo disse...

Eu sou português e acho esta reforma abominável. Concordo no essencial com Rose e Pedro Delamar, mas penso que se deveria caminhar no sentido oposto, isto é, não retalhar a nossa magna língua portuguesa em função de questões de marketing e das preferências dos iletrados e analfabetos funcionais... Sou a favor da restauração da ortografia antiga, anterior a 1933 (no meu país). Chamem-me purista, mas estou convencido que orthographia é uma palavra muito mais bela e fiel às suas origens e que contribui para a manutenção da identidade de uma língua com fortíssimos laços com o latim e o grego antigo. É óbvio que não concordo com o autêntico caos ortográfico que antecedia as reformas do séc. XX; penso que devemos uniformizar a dita grafia e adoptá-la, até porque tal aplacaria a raiva dos muitos que,como eu, defendem a fidelidade à etimologia/tradição e silenciaria necessariamente aqueles que defendem um ponto de vista "comercializante", por se assemelhar ao idioma inglês, muito mais conforme à etimologia das palavras que a compõem. Defendo ainda certas excepções, como os antigos "z" que existiam em vocábulos como o apelido Souza, cuja substituição por s aprovo sem reservas. Sem querer de forma alguma desrespeitar a variante brasileira do português, considero o uso do trema em palavras como linguiça simplesmente execrável.