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quinta-feira, setembro 04, 2008

Mais que nunca, temos que beber o morto!

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Bares, cabarés, mafuás e puteiros de Norte a Sul desse país estão de luto hoje: morreu, no Rio de Janeiro, o célebre Waldick Soriano (acima), o ex-garimpeiro que tornou-se autor e intérprete dos melhores e mais importantes clássicos do cancioneiro de dor-de-cotovelo e dor-de-corno universais. O maior exemplo de sua verve, lógico, é "Eu não sou cachorro, não", um verdadeiro hino lançado no mítico LP - sigla de long playng, o popular bolachão de vinil, crianças - "Ele também precisa de carinho", da RCA, em 1972 (foto à direita). Outras pérolas de sua autoria são "Torturas de amor", "Paixão de um homem" e "Eu também sou gente", entre muitos outros bolerões que fazem o cidadão roer suas misérias até o último gole de pinga disponível.

E Waldick também tem a ver com política: "Eu não sou cachorro, não" virou jargão no país, quase que como um desabafo dos excluídos e marginalizados contra seus opressores (o patrão, a polícia, a elite etc), como conta o pesquisador Paulo César de Araújo num ótimo livro que foi batizado, por sinal, como "Eu não sou cachorro, não - Música popular cafona e ditadura militar" (Editora Record, 2002). Pelo título pouco apropriado para os tempos de chumbo da política brasileira, "Tortura de amor" chegou a ser censurada e proibida. Mas "Eu não sou cachorro, não" é mesmo a top de linha. Para Araújo, a canção está cravada "na memória coletiva nacional como 'Asa Branca', 'Mamãe eu quero' e 'Luar do sertão', entre outras ". Na década de 1990, o cearense Falcão, cantor/compositor de uma nova geração brega, fez uma versão bem-humorada para "Eu não sou cachorro, não", intitulando-a "I'm not dog no". Por falar no Ceará, aliás, Waldick morou em Fortaleza justamente na época em que eu morava lá. Infelizmente, porém, não pude ver nenhum show do cabra. Na foto à esquerda, ele aparece tomando seu uisquinho numa churrascaria da capital cearense.

Pois então, manguaçada: vamos beber o ilustre morto porque, quem nunca chorou as mágoas com um bolero dele, que aproveite a ocasião! Ao bar! E avoé, Waldick! A música de zona nunca mais será a mesma sem você.

Homenagens retiradas do YouTube:

O Bem Amado: O Dia em que Waldick Soriano foi à Sucupira


Waldick Soriano no Caravele

4 comentários:

Olavo Soares disse...

Bela homenagem, Marcão.

Waldick vive!

Glauco disse...

Valdick eterno!!!

Anselmo disse...

não somos cachorros, não.

Marcão disse...

S´é fatta ´na certa! E ainda comemoramos a aniversário do Paulão, por tabela.