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segunda-feira, setembro 01, 2008

F-Mais Umas - O carcará de US$ 1 milhão

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CHICO SILVA*

Não é todo dia que se vê um piloto de corridas, esporte proibitivo para tipos como eu, admitir que usará o prêmio de uma competição para saldar as prestações da sonhada casa própria. E nunca se viu um piloto vindo das latitudes nordestinas obter um resultado tão significativo, e lucrativo, quanto o do "paraíba" Valdeno Brito (acima) na "Corrida do Milhão" da Stock Car, prova disputada ontem no autódromo de Jacarepaguá, Rio de Janeiro. É óbvio que o resultado do Valdeno nada tem a ver com a recente melhora dos índices sociais do Nordeste. O Bolsa Família não foi o combustível que levou o "carcará" de Campina Grande a faturar o prêmio de US$ 1 milhão pela vitória na maior prova do automobilismo nacional.

Mas não deixa de ser curioso ver um filho da empobrecida terra de Ariano Suassuna e Jackson do Pandeiro deixar na poeira adversários famosos e queridinhos da mídia como o "primeiro-filho" Cacá Bueno (à direita) e Luciano Burti, um dos comentaristas de F-1 da TV Globo - a principal parceira da organização da Stock. Quem sabe a vitória de Valdeno chame a atenção de patrocinadores e promotores de provas automobilísticas para a região? O Nordeste sempre produziu pilotos, mas em escala muito inferior a São Paulo, Rio, Rio Grande do Sul e Paraná. Porém, os poucos nordestinos do automobilismo acabaram padecendo por falta de apoio e recurso.

Isso me intriga: com tanto filho de usineiro e político corrupto por lá, como ainda não vimos um Senna ou um Piquet emergindo da caatinga? Deixo aqui meus parabéns ao carcará e faço um brinde com uma boa dose de Serra Limpa (à esquerda), uma das melhores cachaças da terra. Com o dinheiro que ganhou, o Valdeno bem que poderia comprar até a fábrica da cachaça!

Maureen? Cielo? De novo, não!
Estava tirando um inocente cochilo quando de repente surgiram Maureen Maggi, Cesar Cielo, Fofão e Leandro Guilheiro. Num primeiro momento, achei que era um sonho. Mas fiquei na dúvida, pois, assim que acordei, lá estavam eles de novo, na TV bem à minha frente. Nos últimos dias, foi praticamente impossível fugir dos nossos heróis olímpicos. Num único final de semana, os vi no Altas Horas, na Stock Car, no Esporte Espetacular e em um outro programa que me foge o nome.

Confesso que essa super-exposição de ocasião me incomoda um pouco. De que adianta aparecer zilhões de horas em uma semana e passar os o quatro anos seguintes mendigando patrocínio e implorando um minutinho de atenção que seja? O Brasil precisa de um projeto esportivo. E já passou da hora de isso acontecer.

*Chico Silva é jornalista, wilderista (fanático por Billy Wilder) e nelson-piquetista. Em futebol, 60% santista, 40% timbu pernambucano. Bebe bem e escreve semanalmente a coluna F-Mais Umas para o Futepoca.

5 comentários:

Anselmo disse...

a super exposição cumpre uma função. garantir o patrocínio que esse pessoal já tem por mais um tempinho.

Medalhista nenhum precisa chorar. São celebridades que duram 15 segundos.

Se choram, também é por isso, e não só por falta de patrocínio. acho que seria legal se as TVs conseguissem pautar a natação, depois o atletismo, depois o vôlei feminino do nada, ou melhor, no meio de uma competição convencional.

Sobre o projeto esportivo, o governo aplica a bolsa atleta que, para atletas olímpicos e paraolímpicos sem patrocínio é de 2.500 por mês. mas a coisa vale pra atletas de alto rendimento tbem, o valor varia de 750 a 1.500 (dependendo de onde a(o) cidadã(o) compete).

Precisa mais? Sempre vai precisar enquanto o Brasil não estiver entre os cinco primeiros do ranking olímpico.

Mas acho que vale a pena a gente sair do discurso de que "precisa investir no esporte" sem avaliar se o que existe presta ou não, se pode melhorar ou não, se vale a pena apontar pra quais outras ações etc.

Claro que uma discussão dessas só pode ser feita em dois lugares: a mesa do bar ou algum fórum de debate sobre esportes (ou melhor, esportes para além do levantamento de copo, sem querer desmecerecer a arte dessa modalidade que, por injustiça do COI, não é esporte olímpico).

Sobre a Stock Car, curioso exemplo de modalidade tão sem apelo para as massas quanto atletismo e natação, mas com muito apoio. Tudo por causa do Galvão Bueno?

A Panini disse que ia lançar um álbum de figurinhas dastock car. será que um album de figurinhas dos atletas olímpicos teria apoio da globomarcas?

Glauco disse...

Os medalhistas se expõem justamente para conseguir patrocínios que durem um pouco mais. Se o cidadão não aproveita esse momento, tá ferrado.

Nicolau disse...

Tem uma questão complicada nessa coisa de financiamento de esporte que é o papel da iniciativa privada. Eu li em algum lugar que nos tais dos países desenvolvidos, quem bota granaq no alto desempenho é a iniciativa privada, por meio dos patrocínios, enquanto o governo financia o esporte de base e a formação de atletas. Enquanto no Brasil empresa que patrocina atleta (e filme e teatro e dança e pesquisa científica) é estatal (alguém já viu um posto de gasolina num filme brasileiro que não fosse BR?). O valor das bolsas é baixo se vc pensar que aquilo é a profissão da pessoa, que ela é uma dos melhores nessa profissão e que, mesmo sabendo que não vai poder desenvolvê-la para além dos trinta e pouco anos, não consegue se dedicar a estudar e se preparar para fazer uma outra coisa da vida depois de deixar o esporte (argumento amplamente aceito para justificar os astronômicos salários dos futebolistas). Mas o Estado tem outras prioridades (educação, defesa, saúde e o cacete). Enfim, devo estar falando um monte de bobagem, mas isso eu atribuo à falta de álcool.

Anônimo disse...

Olá, amigo,
Sou da Paraíba, essa "terra empobrecida do nordeste brasileiro", como assim foi referido no post.

Concordo com a expressão, mas acho que poderíamos estendê-la para todos os recantos desse gigante e "lascado" país que se chama Brasil, não?

Ou será que o Rio de Janeiro, com aquela "qualidade de vida" invejável foi alçado à categoria dos países de primeiro mundo e nós, aqui na "região miserável", ainda não estamos sabendo da estupenda façanha?

A propósito, gosto muito de seu blog.

steve disse...



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