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segunda-feira, setembro 29, 2008

Pérolas do debate da TV Record

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O debate entre os principais candidatos a Prefeitura de São Paulo (à esquerda) na noite de ontem, organizado e transmitido pela TV Record, mostrou o esperado: Geraldo Alckmin (PSDB) e Gilberto Kassab (DEM) se engalfinhando. Depois que o tucano apareceu 4 pontos abaixo do adversário na briga por uma vaga no segundo turno, de acordo com pesquisa da Datafolha, os dois passaram o tempo todo se provocando. Alckmin insistiu em associar Kassab ao malfadado governo de Celso Pitta (PPB) - do qual o atual prefeito foi secretário de Planejamento. O "democrata" reagiu com uma revelação embaraçosa: a de que foi convidado por Alckmin para comparecer a duas reuniões - uma na casa do presidente municipal do PSDB, José Henrique Lobo, e outra na do candidato a vereador tucano Gabriel Chalita - para negociar uma possível desistência de sua candidatura. Geraldo negou com veemência, mas Kassab sustentou a indiscrição de bastidores.

No mais, como também já era esperado, o debate foi mais quente que o anterior, da TV Bandeirantes. Afinal, falta pouco para o dia da eleição e a tendência era mesmo que a "luta livre" imperasse. Candidato a reeleição, o prefeito Kassab levou bordoadas de todos os adversários. Preferiu responder com polidez e louvar seus "feitos", mas pareceu muito mais nervoso, gaguejante e atrapalhado do que no debate anterior. Alckmin parecia desesperado, porém, é tão insosso que suas tentativas de ataque soavam inofensivas e sem graça. Marta Suplicy (PT), primeira nas pesquisas, evitou confrontos o quanto pôde, mas, na hora do aperto, bateu mais em Kassab. Quando Ivan Valente, do PSol (acima, à direita), questionou a postura do PT de imitar a "direita" com privatizações e tercerizações, Marta não respondeu. Preferiu listar suas promessas.

Mas o show da noite, pra variar, foi mesmo Paulo Maluf (PPB). Logo de cara, escolheu alguém para saco de pancadas: a vereadora Soninha, candidata a prefeita pelo PPS. Na bucha, sem rodeios, o ex-prefeito disparou: "-Candidata, como a senhora vai coibir a venda de maconha nas escolas?" (referindo-se ao episódio em que Soninha assumiu seu apreço pela marijuana). A candidata engasgou e disse que isso é assunto para a polícia mas, no penúltimo bloco, Malufão voltou a carga, dessa vez mostrando a revista Época, de 2001, com Soninha na capa (foto à esquerda) - no que foi advertido pelo apresentador Celso Freitas, pois as assessorias dos candidatos haviam concordado que nenhum material seria mostrado para as câmeras.

Maluf ainda disse que Marta "é honesta" e classificou Kassab e Alckmin como "farinha do mesmo saco", pois "brigam na sala e fazem as pazes na cozinha". Por fim, Renato Reichmann (PMN) também colaborou para que o debate ficasse mais divertido, ao propor, como solução para o trânsito, que fiscais da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) pegassem caronas diárias com helicópteros das equipes de TV. Depois, afirmou que, nas creches, é preciso que a Prefeitura saiba até "quando a criança faz cocô" (nesses termos). Já o "Rolando Lero" Ciro Moura (PRN) é tão mala que suas bravatas nem merecem detalhes. Pelo o que aparenta, vai estar com Kassab no segundo turno, assim como Maluf. Reichmann e Soninha tendem mais para Marta. Valente e - principalmente - Alckmin são as grandes incógnitas. E se quem passar para o segundo turno for o PSDB, por favor, invertam os nomes de Kassab e Alckmin nas frases desse final de parágrafo.

7 comentários:

Nicolau disse...

A Soninha protagonizou mais um ou dois momentos de "tabelinha" com Kasasb, o que já tinha feito no debate da Band. Feio, principalmente para ela que depois defendeu que o PPS é um partido de esquerda, que está participando da gestão municipal. Quer dizer, é um partido de esquerda participando de um governo municipal de um partido de direita, aliado estadual e nacionalmente de partidos de direita e que vota no Congresso junto com partidos de direita. Esquizofrenia pouca é bobagem. A moça faria melhor em assumir seu lado com mais calreza.

Glauco disse...

Não querendo polemizar, mas a o trecho "... é um partido de esquerda participando de um governo municipal de um partido de direita, aliado estadual e nacionalmente de partidos de direita e que vota no Congresso junto com partidos de direita" se fosse aplicado em contextos semelhantes cairia como uma luva no PT, não?

Marcão disse...

DENÚNCIA!

Anselmo disse...

É verdade. Mas se fosse o PT, ia ter um monte de gente explicando que o DEM, depois da reestruturação, adquiriu uma linha menos direitosa, porque incorporou a questão ambiental e numseiquelá, numseiquelá. Não que convencesse. Mesmo porque, defender a "aliança" com o PP já não é tão fácil.

Maurício Ayer disse...

então a fala do maluf deve ser generalizada? é tudo farinha do mesmo saco? tudo a mesma merda?

Glauco disse...

Esse vídeo sobre a disputa em BH me parece muito didático.

Anselmo disse...

se for farinha do mesmo saco, o saco é grande, hein?

Em que aspectos os partidos agem de forma parecida? Na escassez de alianças programáticas. Nesse aspecto, mesmo saco.

Como o mundo da politica não se resume a discutir uma tabelinha entre candidatos teoricamente em campos ideológicos opostos, tem as partes que diferenciam.

Uma aliança numa determinada eleição pode ser boa estrategicamente, em uma conjuntura, por mais divergências que existam. Na outra eleição, pode não ser. Isso é uma justificativa. Só que com o PP e com o DEM, é mais difícil de engolir. E não vamos esquecer que o Quércia negociou com todos os três candidatos que lideram a pesquisa. Alianças programáticas à flor da pele.

Uma tabela no debate (que eu nem vi, por sinal) é menos ainda do que isso. O Kassab vai atacar um candidato nanico? Não. E o candidato nanico que tem pretensões além desta eleição vai atacar quem lhe levantou a bola tão bem? Até poderia, principalmente se "tende mais pra Marta", como está no post. Aliás, essa colocação deixa a própria idéia de que houve tabelinha meio em xeque... Ou pelo menos não tão unânime neste debate.