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sexta-feira, julho 17, 2009

O cinema de Marguerite Duras, agora em São Paulo

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Depois do imenso sucesso no Rio de Janeiro, depois de passar por Porto Alegre, Salvador e Belo Horizonte, a mostra de cinema "Marguerite Duras: escrever imagens", com minha curadoria, chega finalmente a São Paulo. Começa hoje, 17 de julho, e vai até a quinta que vem, dia 23, no CineSesc, que fica na rua Augusta nº 2.075.

É um cinema raro, de uma mulher que soube transgredir todas as regras que a limitavam sua investigação dos sentidos e desrazões do estar no mundo. Aliás, Marguerite se aproveitou dessas transgressões para aguçar sua caneta e potencializar sua escrita. Mas isso vale não só para a sua obra, suas invenções provocadoras ultrapassam em muita as questões de linguagem e vão fundo na sua vida pessoal. Ela foi uma provocadora nos costumes (com sua vida sexual "numerosa", como ela diz), na política (com sua crítica feroz tanto ao stalinismo amordaçador do PCF quanto aos reacionários de todas as estirpes), e por onde mais passou.

Marguerite Duras, entretanto, sempre foi mais conhecida pela sua obra literária. Pouco se sabe sobre os 19 filmes que ela dirigiu. Nesta mostra, teremos nove destes filmes e mais o clássico Hiroxima meu amor, de Alain Resnais com roteiro de Marguerite Duras, que completa o seu cinquentenário neste ano. Não é um cinema fácil, pois rompe com todas as referências do que estamos habituados a chamar de cinema. Marguerite, aliás, nunca quis fazer carreira no cinema, quis sim investigar com os recursos audiovisuais regiões inexploradas de seu trabalho. E quem for, aberto à novidade que este cinema ainda é, poderá se maravilhar com a belíssima fotografia de seus filmes e com as narrativas veiculadas por vozes trabalhadas até nas mais ínfimas sutilezas sonoras.

Na próxima quarta-feira, dia 22, às 19h30, eu e o Jorge Lescano, grande especialista em Duras e em teatro, promoveremos um "colóquio" sobre os diálogos entre cinema e teatro na obra de Marguerite Duras.

Abaixo, segue a programação do CineSesc.


Marguerite Duras: escrever imagens




CINESESC
Rua Augusta, 2075 - Cerqueira César - São Paulo - SP
cep 01413-000 • telefone: 11 3087-0500 • fax: 11 3087-0501
e-mail: email@cinesesc.sescsp.org.br
www.sescsp.org.br • 0800 11 82 20


PROGRAMAÇÃO


Dia 17
19h20 Aurélia Steiner (Melbourne)
Aurélia Steiner (Vancouver)
Cesária
21h30 Índia Song

Dia 18
19h20 Destruir, disse ela
21h30 Hiroxima, meu amor

Dia 19
19h20 Agatha ou as leituras ilimitadas
21h30 O homem Atlântico
As mãos negativas

Dia 20
19h20 As crianças
21h30 Destruir, disse ela

Dia 21
19h20 Agatha ou as leituras ilimitadas
21h30 Aurélia Steiner (Melbourne)
Aurélia Steiner (Vancouver)
Cesária

Dia 22
19h20 O homem Atlântico
As mãos negativas
21h30 Hiroxima, meu amor

Dia 23
19h20 Índia Song
21h30 As crianças


Colóquio
Diálogos entre o cinema e o teatro em Marguerite Duras
Dia 22 de junho - 19h30
Hall do Café - Cinesesc

Maurício Ayer, pesquisador da obra cinematográfica de Duras e
curador da mostra, e o escritor e dramaturgo Jorge Lescano se
encontram com o público para discutir as duas faces menos
conhecidas da obra de Marguerite – o teatro e o cinema. Agatha
– obra que condensa o valor da palavra e da voz, e elementos do
Teatro No – será o fio condutor do debate.

4 comentários:

Carol disse...

Olá Maurício,

O Colóquio: Diálogos entre o cinema e o teatro em Marguerite Durasseria, será realizado dia 22 de julho?

Abraço!

Anselmo disse...

Carol, é isso aí, 22 de julho, com a presença do próprio maurício.

de hoje, sexta, 17, até 23, quinta, tem os filmes.

parabéns, demarcelo!

Nicolau disse...

Parabéns, Maurício! E parabéns pra nóis tb, que termos chance de ver os filmes. Pergtunta de gente com pouco tempo: se for pra escolher um filme, qual você recomenda?

Maurício Ayer disse...

Carol, é isso que o Anselmo falou.
Valeu Anselmo!

Ô Nivaldo, que pergunta difícil!

Notas rápidas:

"Hiroxima meu amor": quem não viu tem que ver, é um grande clássico, desses que demarcam antes e depois na história do cinema.

"India Song": considerado por muitos o maior filme de Duras. Sou suspeito, pois dediquei a ele – e ao livro que lhe deu ensejo – todo um doutorado. É uma obra bem inovadora e bem complexa.

"Aurélia Steiner": os dois curtas são incríveis pela fotografia, pela força das histórias, pela originalidade da relação entre voz e imagem.

"As mãos negativas": tenho especial predileção por este filme. Um curta que sintetiza incrivelmente a poética de Duras.

"Cesárea": desta série de curtas, talvez seja o mais fácil, mas nem por isso menos belo. A imagem do cartaz que coloquei no post é deste filme.

"Agatha" e "O homem atlântico": dois filmes bastante radicais, experiência totalmente única no cinema, bastante densos.

"As crianças": sem dúvida, o filme mais próximo de um filme "convencional", com uma histeoria relativamente linear etc. Adoro o filme, está entre os que mais gosto.

"Destruir, disse ela": embora não seja um dos meus preferidos, é um filme bastante forte na sua maneira de encenar a loucura e a linguagem da loucura. Michel Foucault e Helène Cixous – fundadora dos estudos femininos na França – gostavam muito desse filme.