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quinta-feira, fevereiro 25, 2010

De virada é mais gostoso e dá caráter

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Falta perto do meio campo, bola jogada para a área. Roberto Carlos e William não cortam de cabeça. Chicão vacila e deixa Cauteruccio receber livre para finalizar quase na pequena área. Gol do Racing do Uruguai, no segundo de número 56 da participação corintiana na Libertadores da América de 2010, em pleno Pacaembu.

Nem o mais amargo secador palmeirense imaginaria começo pior para a jornada alvinegra no torneio que é o principal objetivo do ano de seu centenário. “Ih, agora o time se desespera, a torcida começa a xingar antes do fim do primeiro tempo, e já era esse jogo”, pensou o periquito de mau agouro, não sem o apoio de fatos passados.

Mas não foi assim. O Coringão se manteve firme e tranquilo, tocando a bola e esperando os espaços. E a Fiel fez jus ao nome, apoiando com paciência.

Com isso, Elias, melhor homem em campo, empatou e desempatou a partida, com um gol em cada tempo. O primeiro teve um lindo passe de letra de Tcheco, que também foi muito bem e parece ter mais recursos do que eu imaginava. O outro veio dos pés de Souza, que entrou bem na segunda etapa para brigar no meio dos zagueiros e deixar Ronaldo mais livre para atrair a marcação.



A virada aconteceu, mas o jogo foi bem mais difícil do que inicialmente se imaginava. O gol no início permitiu ao Racing se dedicar com mais afinco à retranca, que o Timão teve dificuldade de furar. Parte do problema vem da falta de jogadas pelos lados, com pouca participação de Roberto Carlos e Alessandro (substituído por Jucilei, que foi bem, como quase sempre). Outro ponto foi a atuação apagada de Jorge Henrique, talvez pouco afeito à posição de meia que lhe foi reservada por Mano Menezes.

Pelo que entendi, a intenção de Mano é jogar num 4-4-2, com Tcheco na meia direita e Danilo na esquerda, com mais liberdade. JH desempenhou o segundo papel, mas não conseguiu sair da forte marcação uruguaia. Outra característica do esquema parece ser dar mais liberdade para Elias aparecer como elemento surpresa para infiltração, contando com a proteção de Tcheco, jogada que gerou os dois gols em boas tabelas pelo meio. Mas tudo isso ainda precisa de muito entrosamento, especialmente entre meias e laterais.

E Ronaldo? Teve atuação discreta e reclamou da falta de ritmo. Mas mesmo assim, participou das duas jogadas de gol, meteu rolinhos em seqüência em dois jogadores do Racing (em jogada pouco útil) e fez um lance muito legal quase no final: parou na entrada da área, deu uma pedalada, e passou no meio de dois zagueiros, quase marcando um golaço. Ainda não entendi como aquele cara daquele tamanho passou naquele espacinho.

No geral, gostei principalmente da calma e paciência do time para se recuperar, características marcantes da personalidade de Mano Menezes. Se for pra ver ponto positivo em levar gol no comecinho, começar com uma vitória suada dessas no mínimo ajuda a baixar a bola e aumentar a seriedade da galera – jogadores e torcida.

Primeira dama

Registro a presença de diversos torcedores ilustres no Pacaembu. Estiveram lá a melhor do mundo Marta, a rainha do basquete Hortência, a também monarca das embaixadinhas Milene, acompanhada do príncipe Ronald, filho do Gordo, and last, but not least, a primeira-dama brasileira Marisa Letícia. Como diria Ibrahim Suede, sorry periferia!

Renda e conforto

A diretoria do Corinthians botou os preços dos ingressos na lua, deixando descontente grande massa de torcedores. O mais baratinho, de R$ 50, foi todo vendido antecipadamente aos sócios-torcedores, restando ao pessoal das bilheterias ingressos de R$ 200 e R$ 300, além do setor VIP, de R$ 500. Mesmo assim, mais corintianos compareceram à estréia que flamenguistas ao Maracanã. A renda então, nem se fala, como mostra comparação feita pelo parceiro Marcelo, do Vertebrais:

Flamengo – 24.301 pagantes e R$ 728.323,00 de renda
Corinthians - 31.035 pagantes e R$ 2.181.742,00 de renda

O Santos, que está cobrando R$ 80 no ingresso mais barato para o clássico, parece que gostou da idéia. No mínimo curioso ter tanta gente disposta a pagar valores europeus para entrar num estádio desorganizado e com tão pouco conforto.

7 comentários:

Glauco disse...

Gostei do título do post. Se tem um cara que entende de caráter no Futepoca, é o autor do texto. Excelente!

Leandro disse...

Eu sei que é fácil aparecer agora com aquela de que eu já sabia, eu imaginava, etc., mas acreditem: Eu não esperava um jogo fácil nem um "timinho" uruguaio como adversário. Não é um super time, tampouco um timeco desvalido.
Também sabia que os onze que o Mano colocou ontem nunca haviam jogado juntos, sabia que ele ia inventar moda mudando de lugar justo o Jorge Henrique, que vinha se destacando faz tempo como um dos melhores do time, e sabia que o time de agora não é a máquina que alguns afobados querem fazer parecer.
Quanto aos lances pelo meio, a verdade é que o Corinthians não tem seu forte nestas jogadas porque o Gordinho nunca foi muito bom no alto nem quando era magro e conseguia subir mais (que maldade a minha), porque o Souza, que ontem até que mandou bem, não inspira confiança, e também porque o Roberto Carlos não consegue cruzar uma direito.

Anselmo disse...

eu, que nunca ousei ter a pretensão de ser o mais amargo secador palmeirense, de fato não imaginei um começo assim. Mas o Leandro escreveu que já sabia.

Sobre a citação a Ibrahim Sued, o Futepoca já fez alusão a pensadores mais nobres. Como, por exemplo, o... o... o...

Por fim, achei divertidíssimo ouvir o pré-jogo na CBN, a caminho de casa, no busão. A repórter no Pacaembu dizia que a expectativa era de um bom público, já que os 30 mil ingressos tinham sido vendidos. Na sequência, vai pro repórter do Rio, no Maracanã, lamentando que o público chegaria a, no máximo, 30 mil, muito pouco pro Flamengo.

Claro que Maracanã não é Pacaembu. Mas a sequência foi realmente curiosa.

Sartorato disse...

Eu só não entendo, juro que não, por que o 4-3-3 que ganhou o Paulista e a Copa do Brasil no ano passado foi descartado de repente pelo 4-4-2. Eu entenderia se isso tivesse acontecido no Brasileirão 2009, depois do desmonte, quando não havia substitutos pra André Dias, Douglas e Christian (que pena que ele foi embora antes da chegada do Ralf). Mas agora, que sobra elenco?

Fabricio disse...

No dia que o corinthians entender que não existe jogo fácil na Libertadores será campeão. Tem tudo pra ser esse ano.

Vi o jogo praticamente inteiro mas não achei o time tão calmo assim, bem como não achei o time do Racing um timinho, como todos aqui não acharam.

Agora sobre a renda eu achei genial. Quero que o Palmeiras adote a mesma estratégia e venda ingressos de R$500,00 duplicados. Não recorde que suporte a isso.

Tiago Marconi disse...

Discordo que a seqüência de rolinhos do Gordo tenha sido numa jogada pouco útil. Jogo no final, segurar a bola é o mais útil que pode ter. Se ele passasse pelo teceiro sujeito, que fez falta (mais cera!), chegaria na entrada da área. Vai, Corinthians!

Leandro disse...

Sem dúvida, Anselmo. Eu já sabia.
Não precisa ser nenhum gênio p/ supor que o time uruguaio não é brilhante, mas também não é, nem de longe, a nulidade que muitos tentaram pintar no intuito de desvalorizar uma vitória corinthiana ou de supervalorizar uma derrota.