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quarta-feira, fevereiro 24, 2010

Improvável. Mas perturbador

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Eu sei, é balão de ensaio. Mas bota uma pulga bem gorda atrás de nossas orelhas esquerdas (ou esquerdistas). A materinha que o IG soltou ontem à noite, sobre Ciro Gomes (foto à direita) bater o pé para manter a candidatura à presidência da República, contrariando o desejo do PT de trazê-lo para a disputa ao governo de São Paulo, deixou no ar uma perturbadora possibilidade: uma aliança entre PSB e PSDB na chapa majoritária para o Palácio do Planalto. Maluquice? É o que parece. Mas tem suas sutilezas.

Diz o texto que, ontem, Ciro parou no plenário da Câmara para cumprimentar o deputado Humberto Souto, do PPS mineiro. "Aposto com você que o (José) Serra vai desistir de ser o candidato do PSDB a presidente. Ele está caindo nas pesquisas. Não aguenta. Vai desistir, sim. E o seu governador (Aécio Neves) voltará a ser candidato", teria dito Ciro. No que Souto alfinetou: "Você sabe que o Aécio só será candidato a presidente se você aceitar ser o vice da chapa. Você aceita, Ciro?". Segundo a reportagem do IG, Ciro "parou por alguns segundos, sorriu e saiu rapidamente do plenário".

A improbabilidade dessa dupla acontecer é óbvia, pois a desistência de José Serra seria uma covardia muito perigosa para seu futuro político. Mas dá o que pensar. O deputado federal Márcio França (foto à esquerda), presidente do PSB em São Paulo, é um tucano indisfarçável. Políticos do PSB ocupam cargos de terceiro escalão no governo Serra e seus deputados o apoiam na Assembléia Legislativa. Segundo o IG, Ciro Gomes "se diz muito amigo de Aécio".

No exercício hipotético, é incômodo imaginar Serra disputando em São Paulo, para vencer com sobras, e Aécio enfrentando Dilma Rousseff com Ciro de metralhadora giratória a tiracolo. Isso também mexeria muito com as disputas estaduais. Hoje é o "Dia C" (de Ciro), quando o presidente Lula terá a conversa definitiva com o deputado do PSB para tentar convencê-lo a disputar o governo do estado paulista, com um vice do PT.

Mas tá difícil. Mesmo sabendo de suas parcas chances de ser presidente, Ciro parece intransigente. "Agradecerei a todos e direi claramente que não quero disputar o governo de São Paulo. Sou candidato a presidente da República e teria muito prazer em montar uma chapa com todos esses partidos para a eleição presidencial", garantiu ontem, segundo a matéria do IG.

Participam do encontro de hoje em Brasília representantes do PSB, PT, PDT, PCdoB, PTC, PRB, PSC e PTN. O PPL (Partido Pátria Livre), surgido do MR8 e ainda sem registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o PHS e o PR também negociam a adesão ao grupo, que poderia chegar a 11 partidos.

Façam suas apostas. E suas preces!

8 comentários:

Zezé Sette disse...

Fica frio, Marcão!
O Serra não vai desistir - mesmo sabendo que perde.
O Ciro vai disputar o Gov de SP - vencerá (seja qual for o candodato do PSDB/DEM/PPS) e ajudará Dilma no Estado mais dificil para o PT, além de enterrar de uma vez por todas a direita em SP.
O Aécio será candidato ao senado - vencerá e iniciará uma nova forma de se fazer oposição.

Sartorato disse...

Mas, se o Serra desistir e vier pela reeleição, o Ciro vai resistir à oportunidade de enfrentar diretamente o desafeto aqui em São Paulo? Ainda mais garantido com apoio incondicional do presidente Lula?

Nicolau disse...

Claro que política é um negócio complicado, mas não acho nada provável o Ciro aderir a um candidato de oposição ao candidato de Lula depois de passar oito anos trabalhando com e defendendo o governo petista. O deputado cearense já deu declarações dizendo que se o candidato tucano fosse Aécio, retiraria sua candidatura, mas não que o apoiaria. Acho que o Sartorato tem razão: Ciro quer é pegar o Serra pela frente.

Glauco disse...

Marcio França não é de esquerda, mas "tucano indisfarçável" também não é como o William Dib é, por exemplo. O PT faz parte da administração de seu afilhado Tércio em São Vicente e França tem cargos importantes na Secretaria dos Portos, cuja criação foi articulada por ele mesmo junto ao governo federal. Hoje, tem mais influência no porto (e cargos) do que petistas como Telma de Souza. Ou seja, tá juntinho do governo e a ele não interessa perder esse quinhão de poder.

Inclusive, ele tem conversado para que Ciro seja candidato a governador em SP. Não só porque existem possibilidades de vitória do pessebista (algo que não haveria na campanha presidencial) como também porque a própria votação de França com um cabeça de chapa forte como Ciro seria alavancada. “Ele é o único nome que une todos os partidos. Se sairmos juntos, temos mais de nove minutos de televisão — o que torna a candidatura muito competitiva”, disse França nessa matéria aqui. “Os números são ingratos para ele, se sair sozinho para presidente” completou.

Ou seja, aliança com o PSDB em nível nacional implica o PSB arriscar perder o que tem hoje. Certamente não é o interesse nem do França, nem do partido...

fredi disse...

Ciro, hj declarou que continua candidato a presidente, mas não descarta o governo de SP.

A frase, que está no UOL, é literalmente esta, cada um pense o que quiser:

"O cenário de ter que ir para o governo de São Paulo é quase impossível, mas se o cenário nacional precisar desse desafio, eu não titubearia em ir. Quem alimentou a decisão de ser único, na política, deu com os burros n'água", afirmou.

Nicolau disse...

Glauco vem em defesa de seu ex-prefeito, hehe! Mas é fato que Marcio França não é tucano, nem petista, ele parece ser mesmo é do "partido do Marcio França", rs. O Wiliam Dib, ex-prefeito de São Bernardo, é bem mais tucano, tanto que saiu do armário: deixou o PSB e deve disputar eleição para deputado federal pelo PSDB. Aliás, achei esse trechinho de entrevista do doutor Dib revelador:

"Por que o senhor saiu do PSB e foi para o PSDB?
Por razão de coerência, sou grato ao PSB fiz grandes amigos no partido mas tinha e tenho um alinhamento político com o governador Serra, com o ex-governador Geraldo Alckmin e com o secretário Aloísio Nunes. Assim considero que a minha saída do PSB foi no sentido de não atrapalhar este partido que tinha planos de apoiar no primeiro ou no segundo turno a candidatura do PT."

Como prefeito do terceiro ou quarto orçamento do do estado de SP, Dib tinha moral no partido. Essa opção de pular do barco não deve ser sem motivo, e deve ser sinal das inclinações do diretório dos socialistas, comandado por França.
O resto da entrevista está no site oficial do candidato, cuja página principal tem uma foto dele ao lado de Serra, Alckmin e cia. Uma beleza!
http://www.williamdib.com.br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=143:entrevista-jornal-regional-grande-abc-29-de-outubro-2009&catid=23:noticias&Itemid=130

Marcão disse...

E teve ainda o Quércia, o Kassab e Orlando Morando nesse evento de filiação! A quadril..., digo, a turma toda reunida. Sobre o Márcio França ser mais fiel ao Partido Márcio França do que a qualquer outro, a mesma crítica se faz ao Dib, que, em seus tempos de prefeito de São Bernardo, comandava o informal P-Grudi (Partido do Grupo do Dib), uma frente ampla com gente do PSB, DEM, PSDB, PMDB e até do PV, entre mais de 20 partidos.

Quanto as declarações do Ciro de hoje, é interessante como cada site de informação está interpretando ao bel prazer. Para uns, significa que ele vai disputar, para outros, que já descartou. E todos se apoiam nas mesmas frases...

Anselmo disse...

só vamos nos lembrar que Paulo Skaf, presidente da Fiesp, é filiado ao Partido Socialista Brasileiro. O mesmo do Ciro, da Luiza Erundina e do Marcio França – para citar três com posições beeeeem diferentes entre si.

No dia em que for socialista de fato o cabeça da entidade de classe que mais se simboliza o empresariado paulista, terá o último rei sido enforcado nas tripas do último padre?