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sexta-feira, novembro 23, 2012

A saída de Mano Menezes, a lógica da CBF e o futuro da seleção

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Com a saída de Mano Menezes, a seleção brasileira, ou melhor, a patroa da equipe, CBF, vai para o divã. Na prática, o técnico não tinha um desempenho brilhante, nem deixará saudades para o torcedor, em que pese ter tido apoio quase incondicional do maior grupo de comunicação do país. Mas, para saber o que virá depois dele e o que significa a alentada “virada filosófica”, é preciso retroceder um pouco na recente história da seleção, que mostra como a direção do futebol brasileiro reagiu até agora na troca de técnicos, sempre negando aquilo que o anterior deixou (ou teria deixado).

Em 2006, Parreira colocou em campo jogadores com adiposidade em excesso, o que refletiu no desempenho do time. Cortar a balada e o descompromisso era a palavra de ordem após o fracasso diante dos pés de Zidane e por isso o símbolo do trabalho duro na seleção foi chamado, mesmo nunca tendo sido técnico anteriormente. Dunga usou, na prática, a receita moldada por Parreira em 1994, que não conseguiu repetir em 2006, e que Felipão também utilizou em 2002. “Fechou” o grupo, formando uma dita família que implicou na convocação da jogadores de qualidade duvidosa em função da “coerência” e “confiança”. Diferentemente de seus antecessores, achou por bem ser escudo de seus jogadores, topando com a imprensa e irritando o império global. Novo insucesso em 2010, apesar de uma trajetória vitoriosa até o Mundial, mesmo sem encantar.

Mano não conquistou a torcida nem com força da Globo
Veio Mano Menezes, segunda opção após a recusa de Muricy Ramalho, com a missão de “renovar” a seleção (sim, há excessos de aspas nesse texto, mas se tratando de prática e intenção da CBF e de seus contratados, é preciso). Primeiramente, recusou a herança dos atletas de Dunga, que não deixou muitos atletas jovens com experiência de amarelinha para o ex-corintiano trabalhar. Mesmo aqueles que teriam condições de continuar, não foram convocados por Mano ou, quando foram, já era tarde.

Mas, como diria conselheiro Acácio em suas ponderações de bar, uma coisa é ser técnico da seleção, outra é ser comandante de um time, quando se tem tempo pra treinar e impor um padrão. Não é à toa que os treinadores de priscas eras usavam bases de um e/ou outro time para dar consistência a um selecionado. 

Depois de testar, tentar, e não conseguir ser inovador, Mano perdeu para seleções fortes e só ganhou de equipes menos qualificadas. Fracassou em Londres e, quando tentava ajeitar seu time com dois volantes móveis e um quarteto ofensivo, ganhou o Superclássico das Américas perdendo, com um time B+ do Brasil, para um time C da Argentina. Não caiu pelo resultado em si, mas a peleja não ajudou em nada a sua permanência.

A política e o futuro

Como bem lembrou oNicolau, citando o Menon, há na saída de Mano uma questão política. José Maria Marín tem mais simpatia pelo presidente da Federação Paulista de Futebol, Marco Polo Del Nero, para ser seu sucessor. Mano é homem de Andres Sanches, diretor de seleções – por enquanto – e homem de confiança de Ricardo Teixeira, que o nomeou, assim como a Ronaldo no COL, para assegurar o seu “legado”.

Sanches é alguém cuja trajetória mostra a habilidade de crescer em um tipo de cenário, ver o cenário ruir, e depois seguir adiante como se nada tivesse com o assunto. Fez parte da diretoria que levou o Corinthians ao rebaixamento em 2007, sendo um dos parceiros principais de Kia Jorabchiaan na gestão. Sucedeu Alberto Dualib e fez o corintiano rapidamente esquecer o seu passado recente. Levado à CBF por Ricardo Teixeira, foi fundamental para levar Mano, seu ex-comandado, para a seleção brasileira. Tem um grande serviço prestado à CBF de Ricardo Teixeera e à Globo ao ser o principal articulador da implosão do Clube dos Treze.

Com esse currículo político, claro que era (e é) uma ameaça aos planos de poder de Marin, que tratou de escanteá-lo. Além do fator político puro, há o desempenho técnico da equipe da Confederação, que também influencia nos rumos do poder. E esse, sob a batuta de Mano, não ia bem das pernas. Juntando-se os ingredientes, está pronta a receita da troca de treinador.

A dúvida em relação ao futuro da seleção é: o que vai importar de fato, um time que ganhe e “cale a boca dos críticos” ou uma tentativa de ressuscitar o futebol arte, magia, moleque (seguem adjetivos), aquele que encanta mas não necessariamente ganha porque assim é o esporte?

Se seguirmos a lógica do “fácil é o certo”, que costuma ser a cebefista, a opção Felipão é a mais acertada. Foi ele quem assumiu o barco que navegava em águas intranquilas na última vez que um técnico não cumpriu um ciclo de quatro anos na seleção. Contudo, o fato de o treinador só ser anunciado em janeiro abre margem a especulações como o nome de Tite, que, vencedor do Mundial de Clubes, chegaria com pompa e circunstância no comando do time verde-amarelo. Os mais otimistas dirão que é o tempo necessário para convencer Pep Guardiola, sendo que já tem até abaixo-assinado para que ele seja o novo treinador do Brasil (ver aqui). E ao que parece, Guardiola gostou da ideia de treinar o Brasil. Ainda acho pouco possível, mas não custa torcer.

segunda-feira, outubro 22, 2012

Crise no São Paulo!

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Parece que as eleições de 2012 causaram um racha entre ícones do São Paulo Futebol Clube. Na semana passada, Rogério Ceni, junto com o ex-dirigente e vereador reeleito pelo PSD, Marco Aurélio Cunha, declararam seu apoio a José Serra, com direito a pênalti cobrado pelo candidato pretensamente boleiro. A piada foi que conseguiram a proeza de juntar a rejeição de Serra à do goleiro tricolor, que não é exatamente bem quisto pelos rivais...

Trio Parada Dura
Mas hoje o presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio, anunciou o apoio a Haddad em cerimônia na qual estiveram presentes o diretor da CBF Andrés Sanches e o presidente do clube do coração de Serra, Arnaldo Tirone. "Só o Haddad para unir eu e o Andres numa mesma causa”, disse o presidente do São Paulo.

Haddad e os poderosos da bola em SP

A postura do mandatário tricolor é diferente da adotada em 2008, quando o candidato à reeleição e são-paulino Gilberto Kassab recebeu uma homenagem por parte da cúpula do Morumbi, com a confecção de uma camisa com a porcentagem de seus votos no segundo turno, 60,72%, dificultando a vida de seus torcedores de esquerda.


Pelo jeito, Juvenal gosta de acompanhar o time que está ganhando. Já Ceni e Marco Aurélio Cunha têm outras convicções.

terça-feira, dezembro 13, 2011

República DO Bahia

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POR Fabricio Lima


Eu ainda me recordo das estórias do meu pai sobre como os opositores do regime militar se reuniam no meio da torcida organizada "Povão". Mas eu particularmente duvido que o assunto que se comentava nas austeras arquibancadas da Fonte Nova fosse qualquer coisa relacionada aos amigos que continuavam detidos no quartel de Amaralina ou mesmo a escalada da restrição aos direitos civís durante o governo Castello Branco.

Em 1965, pelo menos enquanto se estivesse nas dependências do estádio, não se falava em outra coisa que não fosse o fato de que o Bahia, finalista de 3 das 4 edições anteriores da Taça Brasil tinha sequer se qualificado para dispuitar a edição daquele ano e isso depois de uma campanha pífia na Libertadores de 1964. "Será o Benedito?" "Ou Será o Osório?" - finado presidente do clube, a quem meu pai chamava de "lambedor de caudílho".

Se já era difícil dissociar a política do futebol quando o assunto é o Bahia e, essa semana, tornou-se impossível. Até agora os jornais da cidade não sabem em que editoria colocar as notícias relacionadas as conturbadas eleições para presidente do clube que, na ultima terça-feira, chegou até a ter um interventor externo nomeado pela justiça para gerir a instituição enquanto uma ação judicial aberta pela oposição tramita na justiça. Nenhuma novidade em uma eleição no Bahia.

Marcelo Guimarães Filho: democracia?
Os problemas dessas eleições começaram muito antes da ida às urnas na terça. Antes de mais nada é preciso entender o processo eletivo no clube: O presidente é eleito pelos 323 nomes que formam o Conselho Deliberativo do clube, que por sua vez é eleito pelos sócios (Nos mesmos moldes da "democracia" instaurada pelo já citado "presidente" Castello Branco que vigorou no Brasil até o fim do regime militar). E é justamente nesse Conselho Deliberativo que os problemas aparecem.

Além da acusação da existência de "laranjas" na lista de conselheiros, em outubro desse ano a diretoria do Bahia substituiu 58 nomes dessa lista sob a alegação de que constavam nela conselheiros já falecidos ou que teriam pedido afastamento, além daqueles que não preenchiam as exigências do estatuto do clube.
O problema é que, além da explicação não ter sido bem digerida pela oposição, alguns dos novos nomes também não estão áptos a compor o conselho de acordo com o mesmo estatuto.

De acordo com o estatuto, só podem ser eleitos como membros desse Conselho Deliberativo sócios do clube. Não é o caso do vereador Paulo Câmara (PSDB), que tornou-se conselheiro há um ano e meio, sem nunca ser sócio do clube. O próprio admitiu ao jornal 'A Tarde' de Salvador que entrou a convite de amigos. "Nunca fui sócio, entrei diretamente”.

Outra denúncia de violação do estatuto (mais especificamente no texto que diz que "o sócio patrimonial adquire o direito de votar após 12 meses e de ser votado após 36 meses da sua admissão") é o caso do empresário Oldegard Filho, agente do jogador Ávine que, na mesma matéria afirma: “Entrei no Bahia como sócio em 2008 ou 2009, não me lembro exatamente. Em 2009, fui eleito suplente e agora fui efetivado como conselheiro”.

Com isso a oposição (que fique bem claro, assim como em Brasília, não tem nada de santa) entrou com uma liminar na 28ª Vara Cível de Salvador alegando ilegalidade nas alterações de nomes da lista, paralisando as eleições. Chegou-se ao extremo da justiça nomear um interventor (sem qualquer ligação com a situação ou oposição) para assumir presidência do clube enquanto um processo corre na justiça, o advogado mineiro Carlos Rátis, 34 anos, torcedor do Atlético MG.

Mas o atual presidente do clube (e candidato único dessa "eleição") Marcelo Guimarães Filho, apesar da cara, não é nenhum menino.

Na calada da noite, o setor jurídico do clube se mobilizou para derrubar a liminar e por volta da 1h28 da manhã de quarta-feira o desembargador Gesivaldo Brito concedeu parecer favorável ao pedido de "Marcelinho". Ato condenado pelo diretor da Faculdade de Direito da UFBA, Celso Luiz Braga de Castro que qualificou a manobra como "uma burla violenta ao chamado princípio do Juiz Natural".

“Não se pode escolher o Desembargador para julgar o caso, e o Bahia fez isso. Todos nós, inclusive o Bahia, já sabíamos da escala do Tribunal. Eles estavam cientes que o Gesivaldo Brito estaria no plantão desta quarta. Foi uma atitude estratégica do clube.” Declarou Braga à agência 'Bahia Notícias'.
Braga ainda salienta que o plantão foi criado para ser usado em situações de emergência, onde fica caracterizado um dano irreversível ao caso em questão, como por exemplo, o julgamento de um Habeas Corpus, decisões que envolvam saúde (internações e cirurgias), e consequentemente, violação do direito à vida do indivíduo.

A "eleição" prosseguiu pela quarta-feira sem mais percalsos aparentes e no fim do pleito Marcelo Guimarães Filho contabilizou – que surpresa! - 216 dos 216 votos válidos reelegendo-se presidente do Bahia.

Capitania Hereditária

A torcida aguarda dias melhores
Quando o segundo mandato de Marcelo Guimarães Filho chegar ao fim em 2014, ele terá contabilizados 6 anos à frente do Bahia. Muitíssimo amigo do presidente corintiano Andrés Sánchez – a ponto de na 7ª rodada do Brasileirão mesclarem as coletivas de imprensa de ambos os clubes numa sala só – o rapaz de 35 nos (ex-deputado federal pelo DEM), a despeito da sua imagem jovem e arrojada, nada mais é do que a continuidade de poder de um grupo político que rege o Bahia com "mãos de ferro" há quase 30 anos.

Antes dele, a cadeira de presidente do Bahia era do seu pai – Marcelo Guimarães. Somando o período em que seu pai esteve no poder e a gestão Petrônio Barradas (que assumiu o cargo interinamente para completar o mandato que Marcelo Guimarães renunciou) o Bahia contabilizou 2 rebaixamentos para série B, um rebaixamento para a série C e viu seu arqui-rival Vitória conquistar 8 estaduais em 11 anos (quase 1/3 dos títulos do rubro-negro baiano nos 107 anos de história do segundo campeonato de futebol mais antigo do país).

Em 24 de novembro de 2006, cerca de 65 mil torcedores do Bahia (50 mil de acordo com a Polícia Militar na época) tomaram as ruas de Salvador em uma passeata pedindo o fim do a saída dos "homens fortes" do clube , eleições diretas para presidente e o fim da parceria com o banqueiro Daniel Dantas e seu banco Opportunity que, de tábua de salvação tornou-se a âncora que afundou ainda mais as finanças do clube além de envolver o Bahia na teia de relações escusas que chacoalhou o cenário político do país em sua história recente. Não foi o bastante.

Hoje, o 13º clube do 'Clube dos 13' não é nem sombra do time que venceu 2 das 4 finais nacionais que disputou, que disputava o campeonato baiano pela mera formalidade de levantar a taça além de estar ha mais de 22 anos sem disputar uma Libertadores. Em 2012, no retorno à série A depois de 7 anos no ostracismo, se contenta com a segunda maior média de público do Brasileirão e uma vaga na Sulamericana conquistada no apagar das luzes.

Ao torcedor do Bahia, só resta esperar... e torcer.