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sexta-feira, junho 13, 2014

Futebol ainda - e infelizmente - com racismo

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Em 2007, cerca de dois meses antes de o Brasil ser escolhido como sede da Copa de 2014, o meio-campista Hugo, então no São Paulo, foi suspenso por 120 dias pelo STJD por ter cuspido em um adversário durante uma partida contra o Paraná, no Morumbi. Até aí, nada de extraordinário. A punição foi justa porque, além da cuspida, constou na súmula do árbitro Elmo Resende que Hugo xingou e humilhou o oponente nos seguintes termos: "Porra, seu merdinha, joga a sua bolinha, fraquinho".

Hugo, ex-meia do São Paulo: 'Negros têm sempre de andar reto'
Hugo errou (feio) e admitiu sua culpa em uma entrevista coletiva. Mas o que procurei destacar na época, em post aqui neste blog, foi exatamente um trecho dessa coletiva, em que o jogador chorou e fez uma revelação incômoda: "Meu pai disse que, por sermos negros, temos sempre de andar reto, porque as coisas repercutem mais". O resumo do meu comentário, no post, foi: "Dizem que errar é humano. Mas ao negro, no Brasil, isso não é permitido. E eles sabem disso". Infelizmente.

O lateral Marcelo, após seu gol contra marcado a favor da Croácia
Ontem, no jogo de abertura da Copa, o placar foi aberto pela Croácia com um gol contra do lateral-esquerdo brasileiro Marcelo. O mesmo jogador que, em fevereiro deste ano, foi alvo de racismo, junto com o filho Enzo, de apenas 4 anos, após clássico de seu time, o Real, contra o Atlético de Madrid. Alguns torcedores do Atlético que ainda permaneciam no estádio começaram a xingar e ofender o brasileiro, que estava no gramado. Os boçais gritavam: "Marcelo é um macaco". E o filho dele ouviu isso. Infelizmente.


Hoje, abro minha página na rede social Facebook e vejo a imagem acima, reprodução do comentário de algum(a) outro(a) boçal que muitos internautas, estarrecidos com a frase, compartilharam e geraram (justa) indignação coletiva. Esse é o futebol ainda - e infelizmente - com racismo. Para os boçais, Marcelo, assim como Hugo, não pode, não tem o direito de errar. Triste. E mais triste é saber que, se o gol contra tivesse sido marcado pelo zagueiro David Luiz, que tem corte de cabelo semelhante ao de Marcelo, dificilmente tal frase (estúpida, racista, hedionda) teria sido publicada. Porque David tem pele, cabelos e olhos claros. E, provavelmente, nunca foi - ou será - alvo de racismo.

Marcelo e David: cabelos parecidos, mas cor da pele condiciona ofensa 'cabelo ruim'

sábado, agosto 11, 2012

As cornetas e o aprendiz de feiticeiro Mano Menezes

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Depois da derrota, vem as cornetas. Mas antes da derrota elas já se ouviam. Há que ser feita, no mínimo, algumas reflexões, inclusive sobre algo que foi dito aqui. Mano Menezes tem direito a convocar três jogadores acima de 23 anos. Um dele é o lateral esquerdo Marcelo, pois o treinador não confia no outro lateral esquerdo da equipe, Alex Sandro. Eu também não confiava quando ele jogava no Santos (onde nunca foi titular absoluto). Daí, na semifinal contra a Coreia do Sul, Mano saca Hulk, o outro dos três convocados acima de 23 anos, para colocar... Alex Sandro. Fora da sua função! Não jogou bem, mas o time ganhou, e ele virou titular. 

É com esse que a gente vai em 2014? (Foto: Rafael Ribeiro / CBF)
Titular até os 31 do primeiro tempo da final, quando Mano desfez o que havia feito antes. E Hulk fez o gol brasileiro, além de ter dado a assistência para Oscar quase marcar naquele que seria um empate improvável (e injusto, diga-se). Fazer experiência na fase aguda de uma competição não parece ser das coisas mais sensatas, segundo a literatura ludopédica.

Outra mudança do técnico durante as Olimpíadas, a entrada de Rafael como titular, também se mostrou equivocada. O garoto errou no gol relâmpago do México, boa parte da culpa é dele mesmo, mas não só. Quem viu a partida entre México e Senegal, assistiu a dois erros da equipe africana na prorrogação que resultaram na sua eliminação, porque o México faz esse tipo de marcação no campo rival – a diferença é que os senegaleses entregaram depois dos 90 minutos, não aos trinta segundos. Mas a seleção mostrou que não estava preparada para sair desse tipo de marcação. Com um volante que só toca a bola pra trás, Sandro, e outro que prefere tocar de lado, Rômulo, o Brasil penava pra sair com qualidade da intermediária, dificultando o trabalho na ofensiva.

Na segunda etapa, o Brasil adiantou a marcação, parte por conta do próprio México, que se postou atrás e preferiu atuar no contra-ataque. Novos erros individuais atrás, inclusive de Thiago Silva que, no mano a mano, perdeu para Fabián, que desperdiçou. Desperdiçaria, aliás, outras duas chances. Tomou outro gol em nova falha de marcação, embora seja necessário reconhecer o mérito do lance ensaiado dos mexicanos (a seleção tinha alguma jogada ensaiada?) e da execução do ótimo Peralta. O Brasil poderia ter empatado, mas não merecia.

Uma derrota em Jogos Olímpicos, mesmo descontando-se o frisson desnecessário sobre a tal medalha de ouro no futebol, não seria tão doída se não fosse o retrospecto brasileiro em Londres. Sofreu contra equipes medíocres como Honduras e contou com erros de arbitragem para chegar à final. É uma equipe de garotos e são eles, em sua maioria, que vão representar o país na Copa de 2014. Os meninos podem e devem amadurecer até lá, mas o nosso técnico vai “amadurecer”?

Acho curioso quando falam algo do tipo: “ah, mas vai jogar todo o trabalho feito até agora pelo treinador fora?” Bom, depende da avaliação desse trabalho. Qual o esquema da seleção? Os jogadores jogam mais, a mesma coisa, ou menos, muito menos do que nos seus times? Se o tal trabalho fosse interrompido hoje, que legado deixaria? Aguardemos o que virá depois do amistoso contra a Suécia. Se é que virá alguma coisa.