Destaques

Mostrando postagens com marcador gilmar. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador gilmar. Mostrar todas as postagens

domingo, agosto 25, 2013

Gylmar dos Santos Neves, muralha do tempo em que éramos reis

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Morreu neste domingo talvez o maior goleiro da história do Brasil, certamente um dos maiores do mundo, único arqueiro bicampeão mundial como titular por uma seleção. Gylmar do Santos Neves, 83 anos completados no último dia 22 de agosto, não resistiu a um infarto e uma infecção urinária que debilitaram o seu estado de saúde já frágil. Com parte do corpo paralisado e dificuldades de fala desde um derrame cerebral ocorrido em junho de 2000, Gilmar estava internado no Hospital Sírio Libanês desde 8 de agosto. Deixa uma vida e uma trajetória repletas de feitos e títulos.

O blogue Tardes de Pacaembu lembra o início da trajetória do ídolo, nascido em 22 de agosto de 1930 em Santos. Em sua terra natal, jogou no time de várzea Vila Hayden FC quando jovem e, sem poder treinar no time do Peixe por conta de outros goleiros que estavam lá à época, foi atuar no Portuários, time amador da Companhia Docas de Santos. Arnaldo de Oliveira, o Papa, trabalhava no Jabaquara e chamou o arqueiro para fazer testes na equipe. Aprovado nos testes, começou entre os aspirantes em 1947 e, em 1950, estreou no time titular em função de uma contusão do titular Mauro. Mesmo com a goleada sofrida contra o São Paulo, 5 a 1, o goleiro agradou.

Boa parte da história de Gilmar pode ser conferida no belo livro Goleiros (Alameda Editorial), de Paulo Guilherme. Uma de suas maiores inspirações foi o palmeirense Oberdan Cattani. Quando ainda atuava no Jabaquara, em 1951, em uma vitória palmeirense por 2 a 0 sobre o time da Caneleira (então era do Macuco, bairro onde nasceu Gilmar), o ídolo palestrino atravessou o campo para cumprimentá-lo e profetizar: “Muito bem, garoto. Continue assim que você vai vencer”.

Sendo o goleiro menos vazado daquele ano, foi contratado como contrapeso pelo Corinthians na negociação que levou o meia Ciciá ao Parque São Jorge. Tendo acima dele Bino e Cabeção, revezava na posição de titular com o segundo quando veio um jogo em que o Timão foi derrotado por 7 a 3 pela Portuguesa, em novembro de 1951. Acusaram-no de ter amolecido e acabou afastado por seis meses. Só voltou em 1952, quanto atuou em uma excursão do time na Turquia, se destacando com grandes apresentações. Contra a seleção da Dinamarca, defendeu três pênaltis, um feito, como lembra Odir Cunha no livro Times dos Sonhos (Códex).

A trajetória brilhante, mas conturbada, de Gilmar no Corinthians ainda envolveria uma contusão em outubro de 1953 que o afastou dos gramados por 8 meses, tirando suas chances de ir à Copa de 1954. Àquela altura, já havia sido convocado para a seleção pela primeira vez, jogando contra a Bolívia pela Copa América e chegando a defender um pênalti.

Ao se recuperar, havia outro treinador no Parque São Jorge. Oswaldo Brandão tinha sido justamente o técnico luso naquele 7 a 3 e o jogo seguinte era contra a Portuguesa. Cabeção foi sacado da equipe e pediu para ir embora, com Gilmar se firmando após aquela “revanche” contra a Lusa e sendo um dos melhores jogadores da conquista corintiana do campeonato paulista de 1954, do IV Centenário. Assumiu como arqueiro titular da seleção em 1956, colocando na reserva Castilho, que havia sucedido Barbosa. E reconhecia, em entrevista ao Jornal da Tarde no ano de 1987, passagem retratada em Goleiros, a ajuda do colega que ficou como suplente. “Eu nunca conheci um jogador de tão bom caráter. Castilho não demonstrou o menor recalque da reserva. Ao contrário, sempre me orientou, tratando-me com toda a dignidade.” Diferente de muitos ídolos do mundo da bola, Gilmar sempre foi humilde e sabia reconhecer méritos de colegas e rivais.

Gilmar afaga o emocionado garoto Pelé, após o título de 1958
Herói brasileiro como o primeiro goleiro campeão mundial em 1958, Gilmar inspirou toda uma geração de “Gilmares”, já que diversos pais resolveram batizar seus filhos com seu nome, ainda que o seu seja grafado com “y” na certidão de nascimento. Outro goleiro de seleção, o hoje empresário Gilmar Rinaldi, ex-Flamengo, São Paulo e outros, foi batizado assim em janeiro de 1959 justamente por conta do então arqueiro corintiano.

Gilmar no time dos sonhos

Com o início do jejum de títulos corintiano, vários jogadores foram pressionados no clube. Gilmar foi um deles. Após ficar fora de algumas partidas por conta de uma lesão no braço, com o médico do clube dizendo que se tratava de “corpo mole”, o goleiro caiu de mau jeito em um treino e, sem camisa, foi mostrar o braço inchado ao presidente do clube, Wadih Helou. “Olha aqui o corpo mole. Mas não se preocupe que eu vou operar por conta própria”, disse, segundo o livro Goleiros.

Assim o fez, e o clube negociou Gilmar em 1962. De acordo com o Almanaque do Corinthians, de Celso Unzelte, foram 395 jogos dele entre 1951 e 1961, 243 vitórias, 75 empates e 77 derrotas. O clube brasileiro interessado no arqueiro era o Santos, que não tinha recursos para contratá-lo, mas conseguiu um empréstimo da Federação Paulista de Futebol e uma doação do empresário José Ermírio de Moraes, como destaca o livro Time dos Sonhos. Gilmar não levou nada na negociação e recusou outro convite de time campeão para ir à Vila.

Gilmar, trajetória vitoriosa no Peixe
“O Peñarol ofereceu uns 12 milhões para o Corinthians, mais uma fortuna na minha mão, mas resolvi não ir. Não queria dar mais nenhum tostão para o Corinthians. Eles me judiaram demais”, disse. “No Santos, recuperei a alegria de jogar. Me senti rejuvenescido”, admitiu em depoimento ao Museu da Imagem e do Som de São Paulo. Substituiu Agenor Gomes, Manga, campeão paulista de 1955, 1956 e 1958, e estreou em 7 de janeiro, na goleada contra o Barcelona de Guayaquil, amistoso disputado no Equador, um 6 a 2 com Coutinho marcando quatro gols e Zito e Pepe um cada. Na partida, revezou posição com Laércio. Naquele ano, foi campeão mundial duas vezes como jogador santista. Pela seleção, na Copa do Mundo do Chile, e pelo Peixe, no estádio da Luz, contra o Benfica.

Foi na Copa de 1962, aliás, que Gilmar fez a defesa que considerava a mais importante da sua vida. Na última partida da primeira fase, contra a Espanha, os rivais venciam por 1 a 0 na metade do segundo tempo quando Gento, do mítico Real Madri, avançou pela esquerda e cruzou para Puskas, que disputou a bola com Mauro. O goleiro se antecipou aos dois e tirou a pelota, caindo após o choque triplo. No rebote, Peiró chutou de primeira, com força, para um gol aparentemente vazio. Mas Gilmar se desvencilhou do zagueiro e do atacante rival e defendeu o petardo. “Para se ter uma ideia, foi uma jogada tão importante que os próprios espanhóis justificaram sua eliminação naquela defesa”, disse. O Brasil venceu de virada por 2 a 1.
No Alvinegro Praiano, formou com outros craques o time considerado por muitos o maior detodos os tempos e colecionou uma série de títulos. Em uma de suas partidas mais famosas, brilhou na final da Libertadores de 1963contra o Boca Juniors, assegurando a épica vitória santista na Bombonera por 2 a 1. “Era a pedra de segurança de uma equipe que encantava o mundo, me fascinava”, como conta Antero Greco nesse post.

O tal tempo, implacável até com os maiores, também chegou para Gilmar. Em 1966, não foi bem nas finais da Taça Brasil contra o Cruzeiro, sofrendo seis gols na primeira partida. Na Copa do Mundo, com dores no joelho, atuou no jogo de estreia contra a Bulgária e contra a Hungria, sendo sacado para a entrada de Aílton Corrêa Arruda, Manga, na peleja contra Portugal.

No Santos, foi campeão mundial (1962/1963), da Libertadores (1962/1963), brasileiro (1962/1963/1964/1965/1968), do Torneio Rio-São Paulo (1963/1964/1966), paulista (1962/1964/1965/1967/1968), da Recopa Sul-Americana (1968) e da Recopa Mundial (1968). Sua última participação no time foi no dia 5 de outubro de1969, em uma derrota contra o Cruzeiro por 3 a 2, partida válida pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa, no Morumbi. Pelo Peixe, foram 330 partidas, o que faz de Gilmar o quarto arqueiro que mais vestiu a camisa alvinegra, mas, para muitos, foi o maior dentre todos.

Lendas: Yashin e Gilmar
Despediu-se da seleção em em 12 de junho de 1969, aos 39 anos, dois meses e 20 dias, um amistoso com a Inglaterra no qual se tornou o goleiro mais velho a vestir a camisa canarinha. Fez 103 jogos pelo Brasil, sendo o terceiro goleiro com mais partidas pela equipe (fica atrás de Taffarel, 108, e Leão, 107) com 104 gols sofridos. Foi eleito pela revista francesa Paris Match como o melhor goleiro da história e um contemporâneo seu, o lendário Lev Yashin, o Aranha Negra, também o tinha como o melhor de todos os tempos.

Talvez por aguardar a Gazeta Esportiva na segunda-feira só pra ver as fotos de Oberdan, Gilmar fez da elegância uma marca. Suas famosas pontes, plásticas, são lembradas com saudades por aqueles que o viram jogar e viraram uma grife sua, influenciando gerações que vieram depois. De novo é Antero Greco quem o define à frente daquele Santos dos anos 1960. “Lembro de Gilmar todo de preto, cotovelos e laterais do calção acolchoados. Uma segurança extraordinária no gol de um time temível, que rodava o mundo deixando rivais felizes e honrados com as surras que levavam. Lá atrás, estava o grande Gilmar, que crescia, ficava enorme na frente dos atacantes, e parecia não fazer força nenhuma na hora de defesas memoráveis.”
Vai mais um herói do tempo em que nós, brasileiros, no futebol, éramos reis.

quarta-feira, junho 11, 2008

"Termina o prélio com o placar acusando 0 a 0"

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Dando seqüência às postagens das locuções de jogos da Copa de 1958, com material da Rádio Panamericana de São Paulo, lançado na época em disco de vinil, trazemos hoje trechos da partida entre Brasil e Inglaterra, disputada em 11 de junho daquele ano. O empate, único da campanha brasileira na Suécia, deixou em nossa torcida uma impressão de dever não totalmente cumprido. Afinal, os ingleses são os inventores do futebol e não vencer o arrogante English Team foi uma espécie de caroço na garganta do "complexo de vira-latas" tupiniquim.

Tanto que, em maio de 1959, a Inglaterra veio ao Maracanã para uma espécie de "amistoso-desagravo", como se o título mundial do ano anterior precisasse da chancela de uma vitória sobre eles - o que de fato ocorreu, 2 a 0, com uma atuação estupenda de Julinho Botelho, que entrou em campo sob vaia monumental, por estar substituindo Garrincha, e, depois de dar o passe para o primeiro gol e marcar o segundo, foi aplaudido de pé pelas milhares de pessoas que lotavam o estádio.

No zero a zero de junho de 1958 o Brasil também dominou o jogo, mas perdeu várias chances claras de gol, principalmente com o centroavante Mazola (titular até então). Num programa de 1974 que a TV Cultura reprisou outro dia, o próprio técnico Vicente Feola revelava que Mazola perdeu lugar no time nessa partida. Consta que sua contratação pelo Milan foi selada durante a Copa, deixando o então palmeirense, de 19 anos, meio "desligado".

Autor de dois gols contra a Áustria, na estréia, Mazola ainda teria outra chance contra o País de Gales, nas quartas-de-final, pois Vavá havia se contundido contra a União Soviética. O incrível é que, nesse jogo, ele marcou um golaço de meia-bicicleta (ou "puxeta"), da altura da meia-lua, mas o juiz anulou inexplicavelmente. Acabava a Copa para Mazola, que, além do Milan, jogou pelo Napoli, Juventus e os suiços Chiasso e Mendrisio Star. Já naturazilado e rebatizado como Altafini, disputaria a Copa de 1962 pela Itália.

Sobre o confronto com a Inglaterra na Copa da Suécia, vale destacar também que o goleiro McDonald (na foto acima, tirando bola da cabeça de Vavá) teve brilhante atuação contra os brasileiros, bem como Gilmar dos Santos Neves em nossa retaguarda. Ouça abaixo trechos do empate sem gols no jogo disputado há exatos 50 anos na Suécia. Curioso é que, das cinco Copas que ganhamos, cruzamos com a Inglaterra em quatro delas: 1958 (0x0), 1962 (3x1), 1970 (1x0) e 2002 (2x1). Freguesia é isso aí...


Se não abrir, clique aqui.

Abaixo, a ficha técnica.

BRASIL 0 X 0 INGLATERRA

Data: 11/junho/1958
Local: Nya Ullevi, em Gotemburgo;
Árbitro: Albert Dusch (ALE);

BRASIL: Gilmar; De Sordi, Bellini, Orlando e Nílton Santos; Dino Sani e Didi; Joel, Mazola, Vavá e Zagallo. Técnico: Vicente Feola;

INGLATERRA: McDonald; Howe e Banks; Clamp, Wright e Slater; Douglas, Robson, Kevan, Haynes e A'Court. Técnico: Walter Winterbottom.



Trabalhando para o jornal TodoDia, de Americana (SP), entrevistei Mazola em1997, em Piracicaba (sua terra natal), num jogo festivo na Goodyear

domingo, junho 08, 2008

Há 50 anos, começava a se erguer um gigante

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook



Há 50 anos, em um dia 8 de junho, acontecia a primeira rodada da Copa do Mundo de 1958. Àquela época, diferentemente do que acontece hoje, todas as 16 equipes que participavam do torneio estrearam no mesmo dia. Antes, 53 países se inscreveram para chegar à Suécia, mas seis desistiram.

Já estavam classificadas a Suécia, sede da competição, e Alemanha, campeã em 1954. Além delas, nove seleções saíram da Europa, três da América do Sul, uma da América do Norte e Central e mais uma do grupo da Ásia e África.

Curiosa foi a classificação deste último grupo. Turquia, Indonésia, Sudão e Egito se recusaram a jogar em Tel-Aviv, contra Israel. Como não se permitia que uma seleção chegasse à Copa do Mundo sem ao menos ter vencido uma partida, houve um sorteio entre os nove segundos colocados da Europa. País de Gales teve sorte e superou os israelenses por 2 a 0 duas vezes, indo à Suécia.

Assim, estavam formados quatro grupos de quatro seleções cada. O I, com a campeão mundial Alemanha Ocidental, Argentina, a extinta Tchecoslováquia e Irlanda do Norte. Já o II era composto por França, Paraguai, a então unida Iugoslávia e Escócia. A dona da casa estava no no III, junto com México, Hungria e País de Gales. O Brasil estava no IV, sede em Gotemburgo, e tinha Áustria, União Soviética e Inglaterra.

A estréia do Brasil

O Brasil estreou contra a Áustria, em Udevalla (vídeo acima). O time titular naquela ocasião era Gilmar (, De Sordi, Bellini, Orlando e Nílton Santos; Dino e Didi; Joel, Mazzola, Dida e Zagallo. A seleção de Vicente Feola jogava no 4-2-4, embora variasse para o 4-3-3 com o recuo do ponta-esquerda Zagallo para fechar o meio.

A Áustria, que havia derrotado Holanda e Luxemburgo nas eliminatórias, ostentava o terceiro lugar conquistado na Copa de 1954. Os primeiros vinte minutos da partida foram de equilíbrio, mas a seleção verde-e-amarela começou a tomar conta da situação na segunda metade do primeiro tempo. Assim, Mazzola chegou ao primeiro tento aos 38 minutos. No segundo tempo, o domínio brasileiro prosseguiu, e Nilton Santos, aos 6, praticamente assegurou a vitória. Com 2 a 0, Didi, Joel e Zagallo passaram a atuar na intermediária, buscando os contra-ataques com Dida e Mazzola. E foi de novo este que marcou aos 44, dando números finais à partida.

Segundo a revista Gazeta Esportiva Ilustrada, base deste e de outros posts futuros sobre a Copa de 1958, o time teve boas atuações de todos, sobrando críticas somente a Dino Sani e Dida. Gilmar, de acordo com a publicação, foi "a figura de proa do conjunto. Fez algumas intervenções notáveis que arrancaram aplausos da assistência". Já Didi foi tido como o "melhor dos atacantes e mola de nossa vitória."

As outras partidas

Pelo grupo do Brasil, Inglaterra e União Soviética empataram por 2 a 2. Pelo grupo I, embora campeã do mundo, a Alemanha enfrentava a desconfiança geral, enquanto seu primeiro adversário, a Argentina, chegava como um dos favoritos ao título. Domínio portenho, mas sem envolver os germânicos: 3 a 1 para os europeus. Ainda pelo grupo I, a Irlanda do Norte derrotou a Tchecoslováquia por 1 a 0.

No grupo III, os donos da casa venceram com facilidade o México, à época um país risível em termos futebolísticos. Na outra peleja do grupo, a Hungria não demonstrava nada da "máquina de jogar futebol" de 1954, em função da aposentadoria de alguns atletas e de outros que haviam abandonado o país por conta da invasão soviética em 1956, caso de Ferenc Puskas. Resultado, um fraco 1 a 1 contra País de Gales.

Pelo grupo III, Iugoslávia e Escócia não passaram de 1 a 1, enquanto a França superou o Paraguai por 7 a 3, com o início da escalada de Just Fontaine, autor de três tentos.

segunda-feira, junho 02, 2008

Bellini, Feola e Gilmar falam sobre a Copa de 1958

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O "Grandes Momentos do Esporte" de ontem, na TV Cultura, recuperou um programa antológico gravado pela emissora em 1974, chamado "Todas as Copas do Mundo", com apresentação do jornalista Orlando Duarte e participação de três campeões mundiais de 1958: o técnico Vicente Feola e os ex-jogadores Bellini e Gilmar (na foto, os três no dia do título). Eles foram entrevistados pelos jornalistas Luiz Noriega, José Carlos Cicarelli, Paulo de Aquino, José Silveira e José Carlos Carbone. Vários mitos da Copa da Suécia foram desmentidos e/ou confirmados - e o mais legal é que Feola estava lá, vivo, para dar a sua versão. Vamos a algumas delas:

Jogadores que escalavam - Reza a lenda que Nilton Santos, Didi e Bellini teriam pressionado Feola para substituir Dino Sani, Joel, Dida e Mazola por Zito, Garrincha, Pelé e Vavá. No livro "Estrela solitária", sobre Garrincha, o escritor Ruy Castro já havia dito que tal insubordinação seria impensável naquele grupo. Gilmar e Bellini confirmaram. "Isso é mentira, é uma fofoca criada por amigos do Nilton e do Didi no Rio, depois me envolveram na história", disparou Bellini. Feola acrescentou que Garrincha e Pelé só não começaram a Copa como titulares porque o primeiro estava fora de forma e o segundo contundido. Dino Sani e Mazola perderam os postos por não terem rendido o que ele esperava.

Mauro no banco - Muitos jornalistas consideram que o zagueiro Mauro Ramos de Oliveira já poderia ter sido titular (e capitão) na Copa de 1958, quatro anos antes disso acontecer no Chile. A titularidade de Bellini (que jogava no Vasco) teria sido uma "cariocada" da CBF. Mas Feola, que treinou Mauro no São Paulo por muitos anos, considerava que ele era muito técnico, não marcava forte e não dava bico na hora do sufoco. Por isso, preferiu Bellini - com a ressalva de que, depois disso, Mauro mudou seu estilo e virou titular no Santos e na seleção. Gilmar e Bellini concordaram com isso. "O Bellini não tinha medo de dar uma 'injeção" (um bico) na bola", disse Gilmar. "Agulhada", corrigiu Bellini, rindo.

Pepe no banco - O ponta-esquerda Pepe foi reserva de Zagallo em 1958 e 1962. Teria sido outra "cariocada"? Feola disse que deu várias oportunidades para Canhoteiro e Pepe mas que Zagallo conquistou a posição antes da Copa, por ser o jogador que mais corria e que conseguia voltar do ataque para compor a defesa mais rápido que todos os outros. "Ele foi fundamental para a conquista", afirmou o técnico. "Na semifinal contra a França o Zagallo estava meio gripado e consultei o Pepe para saber se estava disposto a jogar. Ele ficou muito tímido, retraído. Mantive o Zagallo".

Final antecipada - Questionados sobre o jogo mais difícil, tanto Gilmar quanto Bellini disseram que a França, na semifinal, foi o adversário mais forte que enfrentaram (contrariando palpites dos jornalistas sobre a Inglaterra e o País de Gales). "Nós tínhamos uma defesa mais compacta, mas o ataque francês era excelente. Nesse duelo, vencemos a Copa", resumiu Bellini.

'Volta, Nilton!' - Na estréia do Brasil na Copa, contra a Áustria, o lateral-esquerdo Nilton Santos foi ao ataque e fez o segundo gol da seleção no início da segunda etapa. Reza a lenda que, enquanto ele avançava, Feola gritava com raiva do banco: "-Volta, Nilton, volta!". E que depois teria dito, cinicamente: "-Boa, Nilton!". O técnico deu sua versão: "Nilton tentou arrancar e perdeu a bola no meio do campo. O conta-ataque da Áustria seria fulminante, por isso gritei para ele voltar. O estádio era pequeno e todo mundo ouviu. Mas, em cima do lance, o Didi desarmou os austríacos e lançou o Nilton, que fez o gol. Nunca proibi ninguém de ir ao ataque e nem deixei de incentivar quando algum defensor tinha chance de gol".