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quarta-feira, outubro 21, 2009

A partir de entrevista de Belluzzo, um novo xingamento a economistas

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No Terra Magazine, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo criticou os analistas de plantão que desceram a lenha na taxação de capital estrangeiro, por meio do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

"Na verdade, quem está contra a taxação quer cuidar dos próprios investimentos, dos interesses próprios. O governo tomou uma medida que, na minha opinião, deveria ser mais radical. Deveria ter alterado a forma de atuação do Banco Central no mercado de câmbio", avisou.

"A valorização (do Real) é boa pra quem? Pra quem está fazendo arbitragem. Para o resto do Brasil, não é boa", emendou.

E então: "Esses sabichões do mercado deveriam parar de aconselhar as pessoas a fazerem coisas que não devem, como por exemplo, aplicar no fundo do Bernard Madoff."

Bernard Madoff (foto) presidiu uma sociedade de investimento criada na década de 1960 e que, modestamente, leva seu nome. Em dezembro de 2008, em meio à toda turbulência da crise financeira internacional, foi preso pelo FBI acusado de fraudes estimadas em US$ 500 bilhões. Com fama de filantropo a organizações judaicas – que também foram vítimas, registre-se –, enganou bancos e grupos de investimento com um negócio baseado em um esquema de pirâmide.

Eram analistas que, com pompa e cerimônia, vaticinavam: "Recomendo".

Com isso, a economistas do mercado financeiro que apresentem suas visões evidentemente de olho em seus interesses proponho que seja dirigido um novo xingamento, com conotação exclusivamente monetária:

"Vá aplicar no fundo do Madoff!"

ou

"Vá pro fundo do Madoff!"

quarta-feira, abril 15, 2009

Se a pessoa não quiser se ajudar, que morra!

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Os tucanos são bichos políticos que sempre conseguem me surpreender pelo cinismo, perversidade e estupidez. O projeto de Estado mínimo e de deixar a população ao Deus dará é explícito e registrado até em textos oficiais. Vejamos um trecho da introdução do "Plano Plurianual 2008–2011" (Lei nº 13123), da Secretaria de Economia e Planejamento do Estado de São Paulo, assinado pelo governador José Serra em 8 de julho de 2008 (o grifo é nosso):

Assistência e Desenvolvimento Social
Integrada às demais políticas públicas de cunho social, a assistência social visa a contribuir para a universalização dos direitos sociais, enfrentando a pobreza extrema e provendo condições mínimas para o atendimento a contingências sociais. O principal objetivo é garantir o acesso a bens e serviços aos cidadãos em situação de vulnerabilidade social e pessoal, procurando ajudar a quem se disponha a ajudar-se.
(págs.3 e 4)

Notem a sutileza: em vez de "O dever do Estado é garantir", eles substituem por "O principal objetivo é garantir" - ou seja, se não atingirmos o objetivo, pelo menos "tentamos" (e foda-se!). Mas o "tirar o corpo fora" fica mais explícito com o complemento hipócrita, dispensável e estúpido da frase. Em primeiro lugar, dizem que o Estado vai procurar "ajudar", em vez de assumir seu dever (é bom frisar isso, sempre). E o pior: só vão "tentar ajudar" quem quiser "se ajudar". Então fica combinado desse jeito, a gente chega para um morador de rua, estendido na calçada, e pergunta: "Você quer se ajudar?". Sem compreender o que passa, o cidadão responde: "Olha, nesse momento, só quero continuar dormindo". E aí o poder estadual fica desimpedido para arrematar: "Ah, é? Então morra! Vai cuidar da sua vida! Até nunca mais!".

A ciência da efi
Esse desapego, ou antes, despriorização dos programas sociais tem a ver com a visão economicista do PSDB. Não é a toa que seus slogans mais insistentes, nas campanhas, são a "gestão" e a "eficiência" (leia-se: contenção de gastos públicos, ou melhor, da verba para serviços prioritários à população). Exagero? Pois eu busquei o termo "eficiência" no texto desse Plano Plurianual e grifei duas dezenas de trechos, alguns na mesma página:

"A eficiência na gestão pública..." (pág.9)
"...eficiência, rapidez e simplicidade." (pág.9)
"...eficiência da gestão administrativa..." (pág.46)
"...eficiência nos processos de compra..." (pág.51)
"...aumentar a eficiência das iniciativas..." (pág.58)
"...para aumentar a eficiência e a efetividade..." (pág.59)
"...a eficiência e a acessibilidade do sistema..." (pág.65)
"...com o máximo da eficiência." (pág.73)
"...eficiência econômica e geração de emprego e renda..." (pág.88)
"...melhor eficiência no aproveitamento da produção..." (pág.98)
"A eficiência na gestão pública..." (pág.104)
"...eficiência no exercício da administração pública." (pág.106)
"...mais eficiência, eficácia e flexibilidade..." (pág.107)
"...características de eficiência, rapidez..." (pág.108)
"...baseada na questão da eficiência..." (pág.108)
"6.6 - Eficiência e eficácia do gasto público" (pág.110)
"...que buscam melhorar a eficiência..." (pág.112)
"...resultou em ganhos de eficiência..." (pág.115)
"...visando aumentar a eficiência e a transparência..." (pág.115)


Bonita peça publicitária, não? "Gerente e eficiente" é o que o Serra quer dizer que é. Mas impagável é o parêntese que enfiaram em uma frase da página 112:

O governo paulista tem investido e criado boas e inovadoras tecnologias de gestão, como o demonstram os bem-sucedidos casos das compras eletrônicas, dos centros de atendimento integrado e dos programas de qualidade. Existem ainda várias ações neste campo para a estruturação de centros de custos mais efetivos, capazes de melhorar a gestão da eficiência (aspecto no qual São Paulo vem tendo bons resultados).

"Eficiência", "gestão", "bons resultados". O melhor do PSDB é que a gente aprende. Aprende quem eles são - e o que querem para nós...