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segunda-feira, fevereiro 12, 2007

A culpa de Leandro

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O meia-atacante Leandro, do São Paulo, é o típico atleta que faz o torcedor adversário se irritar. Fala demais, em geral com a arrogância de uma língua afiada que não correspode à técnica e habilidade que ele acha ter. Foi assim em suas passagens pelo Corinthians, Fluminense e agora no Tricolor. Em campo, já foi capaz de algumas jogadas desleais, simulações e quetais que o tornam alvo de rivais mais exaltados.

Ontem, no Morumbi, na partida contra o Corinthians, jogada pela esquerda. Leandro dá um calcanhar na bola para Aloísio. O avante sãopaulino gesticula, diz pra ele não fazer a jogada desnecessária, percebendo no que isso poderia resultar em um clássico em que os nervos já estavam à flor da pele. Provocação? Sim. Passível de punição pela arbitragem? Não.

Em um lance posterior, ele dá um drible em Magrão. Espera o jogador para tentar nova jogada e quase consegue passar, mas é barrado pela violência do volante. Diferentemente da jogada anterior do passe de calcanhar, ele fazia um lance objetivo, mas, talvez pelo histórico, tomou a pancada.

Nesse caso, a culpa é de quem provoca? Para o ex-jogador Casagrande sim. "É fácil falar daqui, mas quando você está em campo, é difícil segurar", dizia ele tomando as dores de Magrão na Globo. "Você vê que ele dá o drible e espera o Magrão voltar", atesta, seguindo uma lógica pela qual Garrincha teria provocado quase todos seus marcadores durante sua carreira e mereceria, portanto, apanhar sempre de forma justa.

Esse tipo de pensamento justifica a agressão no futebol. Se irritar deliberadamente o adversário é uma atitude anti-desportiva, Leandro fez isso em um lance, mas não naquele em que foi caçado por Magrão. Ainda assim, acreditar nisso é uma inversão de valores. Afinal, o que é pior, a embaixadinha de Edilson contra o Palmeiras ou a voadora que Paulo Nunes tenta acertar nele? E quem pode distinguir de fato se uma jogada é ou não provocação? Robinho foi ameaçado por Danrlei, então goleiro do Grêmio, na semifinal do Brasileiro de 2002. O arqueiro decretou: driblar é o mesmo que humilhar. Portanto, deveria ser proibido. Muitos concordaram com ele.

O pior é que comentários como o de Casagrande omitem outro fato. Porque são sempre os mesmo jogadores que caem na suposta provocação? No caso, os mais violentos como Magrão, que até agora em sua passagem pelo Corinthians tem acumulado um triste currículo de deslealdade e violência. No ano passado, em um clássico contra o Santos no Brasileiro, já havia sido expulso por jogada semelhante. Será que seu futebol minguou e nos clássicos isso fica mais evidente? Por que não se cobra Magrão ao invés de Leandro?

11 comentários:

Marcão disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marcão disse...

Sempre achei que o Edílson não fez nada de mais naquela decisão. A regra proíbe parar a bola na nuca? Os jogadores do Palmeiras deviam tirar a bola dele e partir com tudo pro gol, só isso. Se marcassem, o Edílson ficaria numa "saia justa". Pior, na época, foi o Luxemburgo, que tinha convocado o Capetinha para a seleção e o cortou, por causa do ocorrido. Concordo com o Glauco e não consigo entender essa "lógica" do futebol de hoje em dia: dar carrinho pode, chegar junto pode, empurrar e segurar quando cruzam bola na área pode, enfim, tudo o que deixa o jogo mais feio e violento, pode. E o que é bonito, o que mostra habilidade, como passes de calcanhar, embaixadinhas, dribles, tabelinhas de um toque só, tudo isso é "desrespeito", "humilhação". Não entendo. O Magrão teve a cara-de-pau de dizer ao Lance! que talvez faria de novo, sim, porque "sou assim mesmo, não gosto de perder". Um cara desse pode ter um contrato profissional? Eu, sinceramente, não vi desrespeito do São Paulo. O time vencia e tava tocando a bola de pé em pé, o Corinthians não conseguia jogar e a torcida, obviamente, gritava "-Olé!" (a torcida corintiana faria o mesmo, se a situação fosse inversa). O que o Corinthias deveria ter feito naquele momento, em vez de baixar o sapato, era ir pra cima, tirar a bola dos são-paulinos e pressionar, como fez muito bem nos 10 minutos finais. Eu defendo punição pesada pra jogador violento. Tanto o Magrão quanto o Jadílson podiam pegar um gancho de meia-dúzia de jogos, pelo menos, pra pensarem duas vezes antes de fazer o que fizeram.

Thalita disse...

concordo plenamente. e nem o passe de calcanhar eu achei q foi provocação. ele tentou enganar o marcador, tto que saiu correndo pra dentro da área, mas em seguida voltou pq viu que fez um passe de merda e sacaneou o Aloísio. E quando um jogador do Corinthians (não me recordo quem) deu um passe de calcanharsem serventia alguma quando o jogo ainda estava 0x0 ninguém reclamou.
E outra questão. O Marquinhos não tinha que ter sido expulso por agredir o Aloísio, que tirou a bola dele e estava NA CARA do gol? Aquilo também foi agressão, além de ter impedido claramente o gol.

Marcão disse...

Tem razão, o cara devia ter sido expulso. Foi uma paulada forte no joelho, sem o menor intuito de pegar a bola.

Anselmo disse...

é lógico que é lamentável. e os coleguinhas da imprensa esportiva ainda dão trela a esse discurso. Ameaçar de bater (como o Danrlei) e dizer que talvez fizesse de novo (como o corintiano) deveria ser motivo e agravante pra punições pesadas. Além de réu confesso, Magrão mostrou orgulho. pelamordedeus.

Qto ao Edilson, é claro que foi pra humilhar. E daí? E o que o torcedor de um time quer fazer com o do rival? Já os pontapés do Paulo Nunes então e do Magrão agora foram pra quebrar a perna. Pancadaria é um tipo de atividade que só uma parte dos torcedores gostam.

Olavo Soares disse...

Mas aí é confortável a gente falar daqui, do lado de fora.

Se eu tô perdendo um jogo e um cara vem fazer gracinha pra cima de mim, desço o sarrafo mesmo. O Casagrande foi pelo menos sincero.

Nicolau disse...

Uma coisa é uma coisa e outra coisa e outra coisa, Olavo. Compreender a reação emocional de um ser humano, ainda que errada, é uma coisa. A plaudir a regra sendo desrespeitada é outra. Eu acho que o Leandro se empolgou mesmo e quis tirar uma no passe de calcanhar. Até o Aloísio achou isso, catso. e o pior é que ele conseguiu seu intento. Desequilibrou o cretino do Magrão que foi expulso e prejudicou o time. E merece punição mesmo, bateu sem nexo.

Nicolau disse...

Ah, e quem não pode ter contrato profissional é infeliz do Marquinhos. Mas que bicho ruim, meu Deus do céu...

Marcão disse...

Ah, Olavo, me desculpe, mas isso não é admissível. Assim como é confortável eu estar no sofá e o cara lá, debaixo de chuva, perdendo de três e vendo o adversário trocar passes, também é confortável pra caralho ele receber um salário 20 ou 30 vezes maior que o meu e se lixar para o quebra-pau que pode provocar entre torcedores ao sentar um pontapé assassino na canela de um colega de profissão. Olavo, eles são PROFISSIONAIS, não peladeiros de rua. Eles têm regras a seguir e compostura pra manter. Concordo que o cara passa raiva lá dentro, tá com a adrenalina a mil e tudo o mais. Só que o Glauco disse uma coisa certa: por que são sempre os mesmos que batem? Por que o Reasco deitou e rolou na lateral direita e o Élton não quis dar um pontapé sequer nele? Você acha que deveria ter dado? Então você está defendendo que quebrem as pernas do Robinho, todo santo jogo. O que é "fazer gracinha" e o que é driblar, trocar passes e manter a posse de bola para atrair o adversário e tentar uma jogada de ataque mais efetiva? E outra: se o cara tá fazendo firula, tira a bola dele, dribla ele, põe ele na roda. O resto é COVARDIA, não tem outro nome. E merece punição séria.

Marcão disse...

Palavras de Betão, zagueiro corintiano:

"Foi uma cena que eu não concordo. Não precisa ser o Ronaldinho para fazer aquilo que o Leandro fez. Todas as vezes o Leandro faz isso. Eu não concordo com o Magrão, não apoio. Se ele tem qualidade, ele faz", declarou o defensor.

Olavo Soares disse...

Calma, cacetada. Vocês tão vindo pra cima de mim tal qual o Magrão no jogo de ontem.

Não estou defendendo a pancada. Estou dizendo que é compreensível que a pancada seja dada. Por mais que eles sejam profissionais, eles se irritam como nós: e nós também damos nossas mancadas no fechamento, falamos besteiras, etc..

O jogador que dá a pancada tem que ser punido. Primeiramente com um vermelho, e depois com uma suspensão.

O fato de não concordar com ele não me faz não conseguir entender o que passa na sua cabeça.