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terça-feira, fevereiro 13, 2007

A mística do terrão corintiano

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Quando o Corinthians está em crise (o que é quase uma constante), há uma solução que é sempre citada. Segundo muitos corintianos, a solução para o time é deixar de lado medalhões, jogadores consagrados, atletas sem identificação com a camisa e apostar tudo na molecada do terrão!

Por terrão, como se sabe, refere-se ao campo das categorias de base do Corinthians. Os defensores dessa tese acreditam que os jogadores que dali saem conhecem o "jeito Corinthians de ser" e, por isso, teriam mais sucesso no time de cima. Argumentam esses que mais vale um jogador identificado com o clube, mas tecnicamente limitado, do que um atleta que entenda de futebol mas não conheça direito o Corinthians.

Também se diz - e o ótimo comentarista Benjamim Back, do Estádio 97, é um dos que mais endossa essa idéia - que o Corinthians, toda vez que fugiu de suas características, quebrou a cara.

Hum. Eu, humildemente, discordo. Claro que é legal que um jogador tenha identificação com o clube, mas será que isso é preponderante para que ele tenha sucesso? Mais - será que o Corinthians é tão diferenciado assim a ponto de "estragar" a carreira de jogadores que vinham bem até ali chegar.

É inevitável lembrar do Corinthians de 1998-2000, o melhor que vi jogar e, possivelmente, o melhor da história do clube. O meio-campo daquele time era mágico: Vampeta, Rincón, Marcelinho e Ricardinho, todos no auge de suas formas. O ataque tinha Edilson e, a partir de 1999, Luizão. Na defesa, Dida e Gamarra. Pois bem, cadê o "terrão"?

Por outro lado, podemos citar inúmeros exemplos de atletas revelados pelo Corinthians, que declararam amor e identificação ao clube, e futebol que é bom mostraram pouco. Abuda (foto) é um exemplo, juntamente com Bobô, Yamada, Marcos Alemão, Fernando Baiano e outros. Marquinhos, que atualmente passa por apuros, é o caso mais recente.
Entendo que cada clube tem a sua característica e a do Corinthians é essa. O que não se pode é tratar essa questão de modo mítico ou até supersticioso.

10 comentários:

Edu Maretti disse...

Olavo, como dizia minha avó (de novo), eu diria que “nem tanto ao céu, nem tanto à terra”. Não sei quando surgiu o termo “terrão”, mas o Corinthians tem, sim, a virtude de ser um importante celeiro. Se podemos citar, como no post, Abuda, Bobô, Yamada, Marcos Alemão e Fernando Baiano, há também outros exemplos. Sem ir muito longe, o Kléber, melhor lateral esquerdo do Brasil, por exemplo, começou lá... numa pesquisa rápida lembro de Éwerton (Copa-São Paulo de Juniores de 1999), Edu (hoje no Valência, creio), o ótimo lateral Silvinho, entre outros, como o goleiro Rogério, que fez época no clube. E como esquecer Viola? O “Terrão” não pode ser visto como uma panacéia (nisso concordo com você), mas se não fosse o amadorismo, a brigaiada, a desorganização, se houvesse uma estrutura, a força dessa base seria muito mais visível. Mesmo com todos os problemas, é incrível como o clube ainda revela jogadores.

Anônimo disse...

Mas esse é o ponto, Maretti. O que destaco é que revelar jogadores das categorias de base - e mesclá-los com atletas de mais experiência e qualidade - é, ao meu ver, um modo de trabalho eficaz pra todos os times.

Como falei, o problema que vejo no Corinthians é essa mística um tanto quanto irracional que atrapalha trabalhos mais sérios no clube.

Milton Mattos disse...

E o marcelo mattos, não veio do terrão?

Milton Mattos disse...

Marcelo Mattos não veio do terrão?

Glauco disse...

A mística tem também outra razão de ser. Se você observar a "Copa dos Pesadelos" feita pelo Torero vai ver algo interessante. Dos jogadores selecionados ali que passaram pelo Corinthians, quase todos foram campeões pela equipe. Ou seja, nos anos 1980 e 1990, pós- Sócrates, o timão conseguiu times competitivos com jogadores do "terrão" e outros que não eram brilhantes tecnicamente, mas davam certo no time. É o caso de Marcelo Dejan, Márcio Bittencourt e outros ainda menos técnicos como Embu, Guinei e quetais.

Nicolau disse...

Dá pra ir mais longe no raciocínio do Glauco. Esse argumento é muito mais defendido pelos torcedores mais velhos, que viram times anteriores às democracia corntiana. Que acham legal dizer que o Geraldão calçava a chuteira direita no pé esquerdo. A mística não é só do terrão, mas da raça corintiana. Eu em geral nã osou desses, prefiro ver craque no meu time. Mas, depois dessa novela toda, to preferindo fácil o Wilson ao Nilmar, e o terrão à MSI.
Convém lembrar que Kleber e Edu jogaram nos times de 1998 a 2000, bem como Gilmar Fubá e Índio, dois grossos (meu pai, aliás, dizia na época que "o Corinthians só vai bem com um ou dois perna de pau").

Glauco disse...

Camarada Milton, Marcelo Mattos veio do São Caetano.

Marcão disse...

Goleiro Rogério? Não seria Ronaldo, Edu?

Marcão disse...

Ah, e nós, freqüentadores do Bar do Vavá, conhecemos pelo menos um cara que saiu do terrão para o time profissional do Curíntia, no final dos anos 60: o glorioso volante Luizinho, que depois jogou pelo CEUB, Anápolis, Ceará e mais uma dúzia de clubes, antes de encerrar a carreira jogando improvisado como lateral-direito pelo Novorizontino, em 1994, num jogo contra o Expressinho do São Paulo, no Morumbi.

Edu Maretti disse...

Sim, Marcão, seria Ronaldo sim. hehehe (trauma). Valeu a correção...