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terça-feira, outubro 30, 2007

A Copa e os vira-latas

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Daqui a pouco (agora são 11h20, o anúncio está previsto para 12h30), vão anunciar o escolhido para sediar a Copa de 2014, e deve ser o Brasil. Essa história tem me incomodado nos últimos tempos. Não necessariamente o fato, que muito me agrada, mas pela repercussão que tem acontecido na mídia. O tom geral do discurso (salvo viagens de minha parte) é que nós não temos condições de organizar o evento.

Ora, o que a África do Sul tem que nós não temos? Nós temos estádios em estado questionável, gestores bandidos, organizadas violentas e outros bichos, é tudo verdade, mas será que, depois desse tempo todo jogando bola por aí, não dá pra organizar um torneio que "nem tem segundo turno", citando Garrincha? Há 57 anos, ainda que por falta de opção, o Brasil fez sua Copa e, salvo engano, não foi nenhum desastre. Em 70 e, mais recentemente, 86, foi a vez do México, essa potência do futebol e da economia. Em 2002, Japão e Coréia do Sul, com toda sua tradição futebolística, seguraram o rojão.

Na Inglaterra não tem torcida violenta? O mesmo na Itália, que ainda teve recentemente um baita escândalo de manipulação de resultados, além, é claro, do governo Berlusconi (dono do Milan), que enfrenta dúzias de acusações de corrupção e favorecimento. Aposto que ninguém questionaria uma Copa nesses países.

Nada contra nenhum dos supracitados, ao contrário. Mas se eles têm condições, por que não nós? Menos complexo de vira-latas, por favor.

10 comentários:

Thalita disse...

que temos condições de organizar a copa temos. o problema é quem vai pagar pela esbórnia.
Aliás, dizem as más línguas que o Governo Federal (esssa mãe) não participará do comitê gestor, a ser presidido por... Ricardo Teixeira!

Anônimo disse...

O Finacial Times publicou, acho que ontem (li no Estadão de hoje),um artigo preconceituoso, segundo o qual o Brasil não tem mesmo condições de sediar a tal da Copa de 2014. Mas cá entre nós (concordo com a thalita) condições até teria caso o país levasse a sério a coisa, e não endinheirasse tanto meia dúzia de "gato pingado" com obras superfaturadíssimas, como aconteceu no Pan, um evento esportivo de proporções enormemente menores do que uma Copa do Mundo. Além disso, quanto o Brasil terá de desembolsar pra fazer estádios, metrôs, ônibus, hospitais, aeroportos, estradas, ruas limpas, asfaltadas e seguras? Provavelmente o que não gastou com o bem-estar do povo em tão puco tempo desde que somos repulicanos.

Anônimo disse...

Perfeito, Nicolau.

Marco Antonio disse...

É verdade!
Nunca na história deste país vão roubar tanto em um evento esportivo. Mas pelo menos iremos assistir em nosso país uma Copa do Mundo.
Já que somos os campeões mundiais tanto de futebol como de roubalheira, nada mais correto em unir um ao outro.

Viva a Copa do Mundo no Brasil!!!

Marcão disse...

Essa história de Copa no Brasil é um troço que me enche mortalmente o saco - sinceramente, não me importo nem um pouco se vai ter mundial aqui ou não. E dane-se quem disser que é "anti-patriotismo" ou coisa do gênero. Se o futebol fizesse patriotas, ninguém aqui estaria pensando em ganhar na megasena e fugir pra Miami.

Porém, nessa história de Copa (que vai nos torrar a paciência pelos próximos seis anos), é indubitável que, se fosse na era FHC, estariam soltando fogos e haveria uma comoção geral, na mídia, pela "grande conquista" do governo brasileiro.

Seria capa da Veja, de todas as revistas, tema de Globo Repórter, todo mundo saudando e elogiando o "feito". Como é o Lula, porém, o negócio não presta. É um "erro", uma coisa que não vai dar certo, que vai gastar dinheiro, que não serve etc. Igualzinho ao que ocorreu quando o governo federal assumiu o comando do que seria considerado pela própria mídia, posteriormente, como "o melhor Pan da história". Abutres.

Mas não custa lembrar (já que a mídia não vai fazer isso), que, em 2003, quando o Lula assumiu, o País estava na lona, com o pior índice do risco-Brasil da história, dólar a 4 por 1, economia caótica pós-apagão, milhões de desempregados (e demissões e falências subindo a rodo), FMI nos calcanhares, governo falido, enfim, terra arrasada.

E agora, quatro anos depois, até a Fifa confia no governo brasileiro. Isso, repito, ninguém vai dizer. Mas é um feito sem precedentes - em vista do buraco em que estávamos no pós-PSDB.

Nicolau disse...

Olha, eu não quero fugir pra Miami nem a pau! Quero ganhar na Megasena e gastar tudo em cerveja aqui mesmo.

Anônimo disse...

Basta lembrar da patacoada que tirou a medalha de ouro do nosso maratonista em 2004 para percebermos que os europeus e/ou os norte-americanos não são melhores que a gente em nada no quesito organização.
Ricardo Teixeira é uma pessoa abominável, mas, de fato, o “Primeiro Mundo” também não tem moral para falar em segurança como faz parecer que tem.
Primeiro, eles que tentem explicar o 11/09/2001, o 11/03/2004, os atentados de Londres, a morte de Jean Charles, os quase semestrais massacres em escolas, e todos os outros indicativos de sociedades doentias e belicistas que põem seus indivíduos para se digladiar e que se vêem no direito de invadir o solo alheio quando bem lhes aprouver.
É fato que temos problemas, e todos decorrentes da exploração dos países ricos, iniciada há mais de cinco séculos e que só aumenta.

Marcão disse...

Dúvida: se o Nicolau ganhar na megasena, o temível "Risco-Nivaldo" finalmente despencará?

Guilherme disse...

Não entender por que os outros têm condições e nós não só mostra uma coisa: ignorância. A diferença é tão grande que não dá nem pra saber por onde começar.

Óbvio que vai ser muito legal, vai ter vários problemas que serão mascarados pela imprensa ufanista, mas no fim será um show.

Quem vai pagar a conta? Os mesmos de sempre, só pra não variar.

DÁ-LHE GRÊMIO!!!

Nicolau disse...

Guilhermo, se você me chamou de ignorante, poderia pelo menos ter a bondade de repartir sua sapiência e dizer o que eu ignoro. Do contrário, é bravata vazia e ofensa sem sentido ou motivo.