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sexta-feira, julho 31, 2009

Esporte, soberania e "xenofobia"

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Deu na Trivela: o sindicato dos jogadores profissionais de futebol de Portugal, na pessoa de seu presidente Joaquim Evangelista, protestou ontem contra a quase certa naturalização do atacante brasileiro Liédson. O ex-atleta de Corinthians, Flamengo e Coritiba caminha para se tornar português e, assim, ser companheiro de seleção de Cristiano Ronaldo.

Os protestos do sindicalista (ô, raça!) português se baseiam no fato de que Liédson, ao integrar a seleção lusa, tirará do time uma vaga que deveria ser ocupada por um atleta nascido e criado na terra de Roberto Leal. "O atleta português está em extinção. Deve-se refletir sobre o perigo que representa para o futuro [a naturalização]. Nada tenho contra o jogador estrangeiro, mas temo pela tendência de desvalorização do futebolista português, que tem como consequências a descaracterização dos clubes e a perda da identidade das seleções nacionais", disse Evangelista, na matéria reproduzida pela Trivela.


A questão da naturalização de esportistas é das mais polêmicas e difícil de ser resolvida. Eu, admito, não consigo chegar a uma conclusão definitiva. Por que há os seguintes aspectos a serem levados em conta:

- Liédson mora e trabalha em Portugal desde 2003. Já são seis anos. Tempo suficiente para uma pessoa criar identidade com um país, desde que isso seja de seu interesse. Não pode ser chamado - nem ele e nem os demais que têm interesse em sua naturalização - de oportunista, visto que há, sim, uma relação forte entre o atleta e o país que agora ele quer passar a defender.

- Por outro lado, há distorções que, realmente, assustam. Lembram-se de Aílton, aquele centroavante que virou deus na Alemanha? Também sem chances na seleção brasileira (e tampouco na alemã), ele chegou a ser cortejado por pessoas do Bahrein (ou Qatar? Alguém lembra direito?) que queriam tê-lo jogando por lá. À época, a Fifa vetou a "transação", dizendo que não permitiria naturalizações descaradas como essa.

- Mas aí eu me pergunto: se um país, dotado de sua soberania, quer dar cidadania a uma pessoa, pode a Fifa ou qualquer outra entidade esportiva vetar o processo? Se o sheik do Bahrein resolve determinar que um fulano é cidadão do seu país, tendo os mesmos direitos de quem lá foi nascido, como que se pode negar essa possibilidade? Até concordo que seja "mancada", "pô", "apelação", "parou aê", "os caras são foda", mas não consigo ver uma razão técnica que impeça esse tipo de processo.

De qualquer forma, boa sorte ao Liédson, um cara de carreira meteórica (em 2001 jogava no Prudentópolis, em 2003 estava no Sporting) e que merecia, mesmo, atuar por uma seleção de ponta. Seja do país em que nasceu, ou do que adotou.

11 comentários:

Fabricio disse...

Tava pensando em como iria responder questão tão complicada e séria, mas pqp. Essa frase com "mancada", "pô", "apelação", "parou aê", "os caras são foda" foi demais.

PARABÉNS! Nota 9.99999.

Pro 10 só faltou um "apelou, perdeu".

Nicolau disse...

Esse negócio é complicado mesmo. Lembro sempre das duplas de volei de praia brasileiras disputando a Olimpíada por outros países.

Saulo disse...

O Liédson é um bom jogador e vai ser importante para Portugal se for concretizado.

Anselmo disse...

olavo,

primeiro: "terra de roberto leal" tem uma conotação meio ofensiva? é mesmo uma pergunta, não formei conceito.

segundo: embora faça pouca diferença, em bahrein, não se trata de xeique, mas de rei. A mudança deu-se com a constituição de 2002. Antes era um emirado, nunca um xeque.

terceiro: o ailton ia se naturalizar no catar

quarto: no volei de praia o brasil sofre o mesmio tipo de cortejamento de seus atletas. no tenis de mesa, sao os chineses que viram africanos, sul-americanos e esquimós desde criancinha. o debate vai além do futebol.

quinto: "mancada", "pô", "apelação", "parou aê", "os caras são foda" e "apelou, perdeu" são expressões que mereciam um dicionário.

sexto: Liedson? ã, viva...

Maurício Ayer disse...

Grande Liédson!

Glauco disse...

Sinceramente: "mancada", "pô", "apelação", "parou aê", "os caras são foda"...

Bom, até que agora a coisa tá mais restrita do que outrora, é fato. Só pra lembrar que o Mazzola, campeão em 1958 pelo Brasil, jogou pela Itália no Mundial de 1962. Claro que ele é filho de italianos e coisa e tal, mas jogar por dois países diferentes em Copa do Mundo é complicado...

Tem também o exemplo do Di Stéfano, que atuou pela Argentina e depois pela Espanha. Não é à toa que os hermanos veneram Maradona. Já pensou ter como maior jogador da sua história um atleta que atuou por outro país?

Will disse...

Globalização ta aí! Por que nao globalizar também o Futebol?

O mundo precisa ser mais unido, somos todos pessoas, todos seres da mesma espécie, tem que parar um pouco com esse preconceito.

Fabio Ruiz disse...

na boa, eu acho certo. Por exemplo, no último mundial de futsal, nenhum jogador italiano era italiano. Absurdo!

Maurício Ayer disse...

E o que seria a seleção da França sem as naturalizações?

Billé disse...

Se um austríaco pode ser governador da califórnia, qual o problema de naturalizar-se e jogar por outra seleção?

Anônimo disse...

cada 1 faz oq quizer
o liedson é ruim ki deusulivre e JAMAS vai ter chance na seleçao brasileira pq nao defender 1 pais que gosta dele ?
otro caso é o amauri o troxa do dunga n pega ele e leva a biba do pato ¬¬ a italia ta disposta a levar ele pra seleçao italiana EU IRIA .
eu SO SUPER A FAVOR COM ISSO