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segunda-feira, julho 27, 2009

E o Sport, hein?

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A notícia tem um quê de previsibilidade: Émerson Leão foi demitido, hoje pela manhã, do comando do Sport. A princípio, são duas as causas do bilhete azul dado ao técnico. A primeira é o mau desempenho do treinador - foram 10 jogos no comando do time, com cinco derrotas e apenas duas vitórias. A outra é uma suposta "insubordinação" de Leão, que teria recusado a contratação do veterano Marcelo Ramos, já definida pela diretoria do clube (isso te lembra algo?).

Agora o Sport correrá atrás do seu terceiro técnico do ano. O time começou 2009 com Nelsinho Baptista à frente da equipe. Após a eliminação da Libertadores e uma briga com atletas, Nelsinho caiu e Leão assumiu. O ex-goleiro tinha como background boas passagens anteriores pelo time pernambucano - vale lembrar que ele era técnico do Sport quando foi chamado para comandar a seleção brasileira, em 2000.

Curioso é ver que agora, correndo atrás de técnicos, o Sport volta a ser um time "normal". Trocando treinadores a cada resultado ruim, tentando achar um jeito para jogar uma boa bola, e, até segunda ordem, se esforçando para escapar do rebaixamento. Difícil imaginar que o rubro-negro faça coisa melhor nesse Brasileirão.

Tal condição é bem diferente do que o Sport sugeria no começo do ano. Recapitulando: o time iniciava 2009 com o cartaz de ser o campeão da Copa do Brasil, com uma Libertadores pela frente, com um técnico mantido no cargo há mais de um ano... já falava de se consolidar como "a força do futebol do Nordeste", "oposição ao eixo Rio-São Paulo" e por aí vai...


Eu sempre digo que encher muito a bola de "planejamento e profissionalismo" no futebol é algo que não me desce. Afinal, o senso comum chama de "planejado e profissionalizado" o time que mostra resultados em campo. O julgamento recebe a mão inversa - olha-se os resultados e aí se atribui o rótulo de "organizado". A imprensa daqui do Sudeste - que não acompanha o dia-a-dia do Sport - cansou de encher a bola dos pernambucanos em 2008, tratando o clube justamente como "planejado", principalmente pela manutenção de um novo técnico. Agora, que o Sport muito provavelmente passará o resto do Brasileirão lutando contra o rebaixamento, atacará a "falta de planejamento" do clube.

Será que não é mais negócio ver o dia-a-dia de uma equipe antes de fazer esse tipo de análise?

19 comentários:

Saulo disse...

Que coisa heim, o Leão já foi embora. É, o Sport que dias atrás estava fazendo um maior sucesso, pode vê a sua situação se complicar ainda mais.

Fabricio disse...

A melhor frase do post é essa: 'o Sport volta a ser um time "normal"'.

Isso em relação a opinião da mídia sobre o clube. O título da Copa do Brasil é que foi algo anormal. E não o contrário como disseram muitos afirmando que o time tinha mostrado ser grande, maior até que Palmeiras e corinthians, e blá blá blá...

Maurício Ayer disse...

Não acho que foi um título "anormal", Fabrício, o Sport ganhou a Copa do Brasil na bola, ganhou porque foi capaz. Isso é o normal.

Times que têm mais dinheiro, como Palmeiras e Corinthians, tendem a ganhar mais títulos, mas é normal que não ganhem todos.

Victor disse...

Boa Olavo.

Dá até para identificar já uma diferenciação no discurso.
Quando é imprensa, é "planejamento e profissionalismo".
Quando é treinador ou alguém do clube a palavra da moda é "projeto".

Pois bem, eu trabalho fazendo projetos.

Nos meus pelo menos, tem coisas quantificadas.

Acho que seria realmente interessante que o treinador e suas comissões técnicas chegassem ao cliente (clube) com o projeto para a temporada.
Algo do tipo:
com esses jogadores que aqui estão, na rodada 10 estaremos com X pontos, na rodada 17 com Y pontos, na 28 com Z pontos e terminaremos o campeonato com W pontos na Gª posição.

Na hora de mandar embora, o clube aparecer com o papel e mostrar que o resultado da comissão técnica ficou aquém do planejamento.

****
Em tempo:
boa pauta para um repórter:
perguntar em que consiste um projeto de futebol.

Maurício Ayer disse...

Caro Victor,
com essa pauta, o repórter vai acabar entrevistando um investigador de semiótica.

Esqueci de elogiar o belo post do Olavo. Observações sempre pertinentes.

Glauco disse...

Boa, Olavo! Pra quem não conhece o autor do post, ele vem mantendo o discurso de forma coerente e atacando há tempos, principalmente, o dito planejamento sãopaulino, que se mostra no nível dos outros no momento.

olavo disse...

Valeu pelas palavras, Glauco e Mauricio!

E Mauricio, sobre o "anormal" que o Fabricio usou, acredito que ele tenha querido dizer o seguinte: o título do Sport foi justíssimo e na bola (e muito, mas muito comemorado pelo palmeirense Fabricio). Mas não deixa de ser um título com um quê de zebra, já que havia, na competição, outras equipes maiores que o Sport.

Maurício Ayer disse...

Claro, Olavo, eu entendi.

A questão é que usar o termo "anormal" é quase condenar os ditos "pequenos" à condição de zebra. Nem sempre é o caso, como nessa Copa do Brasil de 2008. Nem um "quê", a meu ver.

Acho que insistir demais nesta diferenciação entre grandes e pequenos pode implicar a perda da acuracidade da análise em muitas situações, acho que distorce um pouco o olhar. É por isso que fiz questão de pontuar.

Fabricio disse...

Maurício, quis mesmo dizer o que o Olavo falou, mas talvez tenha usado a palavra errada.

O fato é que não foi o resultado em si uma zebra, já que o Sport ganhou bem, na bola, com um belo time que poderia até ter tido melhor sorte na Libertadores. Como "zebra" nesse caso quero dizer exatamente de um clube pequeno conseguir montar um bom time, segurar peças importantes e manter o elenco junto por muito tempo.

Mas sigo com minha opinião que você deve discordar (e respeito isso, claro): não se deixa de ser pequeno ou grande por um resultado, um título.

Maurício Ayer disse...

Não discordo disso, Fabrício, apenas acho que a realidade muitas vezes é mais complexa. Até porque nunca vi uma definição decente do que seja um time grande e um pequeno. É a torcida? É o patrimônio? São os títulos?

Zebra, pra mim, é um time pior ganhar de um time melhor; normalmente se identifica automaticamente o time grande com o melhor, o que na maioria das vezes acontece, mas nem sempre. E, na verdade, o problema é que depositar ênfase demais nessas categorizações, que têm um efeito limitado, faz-se perder muito tempo com coisas que desviam o foco do principal, que é o futebol que se joga.

E isso fica mais complicado se a gente nuança a categorização. Afinal, o Atlético Mineiro é time grande? E o Bahia? E o Fluminense? E por que não o Sport? Tem gente que questiona se o Santos é time grande – daí a ideia do Torero que o Santos é o único time de bairro campeão do mundo. Não deixa de ter sua parcela de verdade, que reside justamente neste trânsito entre categorias que a insistência na divisão entre times grandes e pequenos só faz mascarar.

Glauco disse...

Primeiro, pra esclarecer o que diz o Torero: o Santos é time de bairro porque é o único grande (do mundo, talvez) que não se origina de capital de província, estado ou país, ou seja, é um milagre. Precisava viajar sete horas de trem para disputar com equipes de SP nos primeiros paulistas que disputou e, por isso e por custos excessivos, deixou de disputar alguns inclusive. Não contou com estrutura inicial ou com grande número de adeptos, como os grandes da capital paulista. Na verdade, o que o Torero diz não tem nada a ver com alguns rivais - na maior parte, pela experiência empírica, corintianos de meia-idade que viveram a fila longa simultaneamente ao auge do Santos - que questionam se o Santos é grande.

Até porque, se for pelos quesitos levantados pelo Maurício, não é por falta de título... Patrimônio, bom, tem CT, um estádio em terreno próprio e não cedido pela prefeitura como muito clube por aí; torcida, é uma das oito maiores do Brasil, proporcionalmente a maior tendo em vista que vem de uma cidade com menos de 500 mil habitantes.

Pra mim, o critério que em geral se baseiam para dizer que um time é grande ou não é (e no qual se escudam os rivais paulistanos do Santos pra dizer que ele não é grande), principalmente, o econômico. Ninguém precisa ser historiador ou sociólogo pra saber que, na história dessa república, os estados que têm os clubes chamados "grandes" são, coincidentemente, os mais ricos. E eles têm que vir das capitais de estado, lógico.

Por isso, o Bahia não é "grande". Pelo critério "título", ele tem dois nacionais. É mais que o Atlético-MG citado pelo Maurício, com um nacional , o Brasileiro de 1971, mesmo número de títulos do Coritiba, Atlético-PR, Guarani e Sport (se for considerado 1987). Que se defina o critério para saber quem é grande ou não é.

Nicolau disse...

Curioso que, para mim, o critério para ser grande passa, além desses citados, por um valor mais difícil de explicar que é a tradição. Meu pai, por exemplo, diz que o grande de Pernambuco sempre foi o Santa Cruz, mesmo na draga que o time vive já faz uns anos. É o mesmo critério que dá um valor para a Portuguesa que ela não tem por nenhum dos outros critérios.

Maurício Ayer disse...

Só quero deixar claro que eu não acho que o Santos seja pequeno. "Time de bairro" pra mim tem essa conotação, embora o Glauco ache que não. O Juventus é um time de bairro. Eu entendo a frase do Torero como uma ironia, e que neste sentido vem a calhar nesta discussão.

fredi disse...

Prefiro não entrar nesse tipo de discussão de quem é grande e quem não é...

Parece coisa de criança, do tipo o meu é maior etc...

Mas como o Galo foi citado nominalmente, acho que vale destacar que tamanho e tradição não se referem apenas a títulos nacionais.

Mas sim a tamanho de torcida, média de público, tradição de participação em campeonatos, histórico.

Por esses critérios, creio que dificilmente qualquer um seja capaz de dizer 12 grandes times do futebol nacional.

Maurício Ayer disse...

Mesmo sem querer entrar na discussão, o Fredi tratou de expor os seus convenientes critérios, hehe. É um mocinho orgulhoso, não pode ficar pra trás.

Mas é o que eu estou falando, os critérios são sempre insatisfatórios, ou cada um tem o seu. E imagino que os critérios do Fredi não são os mesmos do Fabrício, senão só ia dar zebra em cima do Galo nesses anos todos...

fredi disse...

DMarcelo não entendi o orgulhoso e o não pode ficar para trás...

Se meus argumentos são convenientes ou não, são nos que acredito.

Se fosse analisar apenas por títulos, nos 23 anos que o Corinthians não ganhou nada, nem Paulista, ele deixou de ser grande?

Creio que não, pelos mesmos critérios de história, tamanho de torcida etc. Justamente os que apontei em relação ao Galo.

Maurício Ayer disse...

Não sei, Fredi, os critérios são seus.

Mas isso é que é esperança, hein... Um dia vai!

fredi disse...

Sim, os critérios são meus, E o senhor só pergunta, não se compromete (rs)...

Um dia quem vai para onde? Não entendi

Maurício Ayer disse...

ô fredi, mas tá difícil de entender...

basta ler os comentários anteriores. um depois do outro.