Sim, é isso mesmo. Quando nos deparamos com essa
inusitada bebida em um mercadinho de Óbidos, Portugal, tivemos que, óbvio,
comprar. Segundo o site "Papo de Bar", a bebida surgiu em 1974, na época da Revolução dos Cravos, e o nome "foi criado para 'homenagear' algumas autoridades que então governavam Portugal". Aliás, falando em política (e políticos) de merda, o tal licor configura piada pronta porque é
produzido na cidade de CANTANHEDE, o mesmo nome daquela "jornalista"
tucana (e esposa de marqueteiro do PSDB) que - muito apropriadamente - cunhou a expressão "Massa CHEIROSA"...
Em que pese ter sido escrito por Eduardo Bueno, aquele que recentemente chamou a região Nordeste de "bosta", o livro "Capitães do Brasil - A saga dos primeiros colonizadores" é um dos três volumes de uma coleção publicada pela Editora Objetiva, no fim do século passado, que teve o mérito inegável de recontar e detalhar os primórdios da História brasileira sob uma ótica menos mítica/acadêmica e mais "humanizada", por assim dizer, perseguindo informações e provas documentais com rigor "jornalístico". A linguagem menos empolada/mais acessível utilizada pelo autor também colaborou para o sucesso popular dessas obras, pertencentes ao chamado "revisionismo histórico" - que, a partir daquela época, motivou centenas de publicações interessantes no país.
Marco de Touros, exposto em Natal
Pois bem, ao conhecer, no início deste mês, o Marco de Touros, exposto no Forte dos Reis Magos, em Natal (RN), me interessei pela tese de um pesquisador local de que Pedro Álvares Cabral talvez não tenha descoberto o Brasil em Porto Seguro (BA). Desde então, tenho lido e relido vários textos e livros sobre o primeiro século de colonização do nosso território. Um deles é exatamente "Capitães do Brasil", o único dos três títulos da Coleção Terra Brasilis que eu ainda não tinha lido (os outros são "A viagem do descobrimento" e "Náufragos, traficantes e degredados"). Neste último volume, Bueno trata sobre os interesses de Portugal ao decidir colonizar o Brasil 30 anos após a descoberta, a divisão em capitanias hereditárias, o destino de cada uma delas e as venturas e desventuras dos doze donatários daquelas terras.
Manguaça Vasco Fernandes Coutinho
Um deles foi Vasco Fernandes Coutinho, fidalgo português presenteado pelo rei Dom João III com a 11ª capitania das 15 demarcadas horizontalmente de Norte a Sul na nova colônia, a do Espírito Santo. Depois de tomar posse da gigantesca porção de terra em 1535 (cada capitania tinha cerca de 350 km de largura, dimensões similares às das maiores nações europeias), Coutinho decidiu regressar à Portugal quatro anos depois, em busca de algum sócio que topasse investir em expedições para procurar ouro e prata no interior do Brasil. Porém, ao partir para Lisboa, o donatário deixou no comando da capitania o degredado D. Jorge de Meneses, conhecido por "homem de Maluco". Não à toa: investido do cargo, quebrou acordo com os índios Goitacás e invadiu seu território. Foi morto a flechadas.
Mapa de Vila Velha do século XVI
Outro degredado, D. Simão de Castelo Branco, assumiu o posto vago. Em vão: ainda furiosos, os Goitacás não só o assassinaram como trucidaram a maioria dos colonos europeus, além de invadir e destruir o povoado que existia onde hoje está a cidade de Vila Velha. A notícia da tragédia demorou alguns anos para atravessar o oceano e, por isso, Vasco Coutinho a ignorava quando voltou ao Brasil. O pior foi que, além de desinformado, o donatário tomou uma atitude absurda ao fazer uma escala na capitania de Porto Seguro: levou consigo, para o Espírito Santo, um bando de degredados que havia fugido da cadeia de Ilhéus, depois de ter capturado e saqueado um navio. Um dos piratas era francês, e dar abrigo a ele era algo impensável numa época em que Portugal combatia com armas os frequentes saques da França no Brasil.
Gravura de índio 'bebendo fumo'
Com a ajuda dos degredados e de colonos remanescentes, Coutinho fundou um novo povoado, chamado Vila Nova (ao lado de onde antes existia a destruída Vila Velha) e, em 1551, derrotou os Goitacás - motivo pelo qual a Vila foi rebatizada como Vitória, cidade que hoje é a capital do atual Estado do Espírito Santo. Porém, os degredados, piratas e bandidos aos quais o donatário tinha se aliado se tornaram problema muito maior do que os indígenas, e a capitania caiu em desordem incontrolável. Para complicar a situação, segundo Francisco de Varnhagen, um dos primeiros historiadores brasileiros no século XIX, Vasco Coutinho "acabou por dedicar-se com excesso às bebidas espirituosas e até se acostumou com os índios a fumar, ou a beber fumo, como então se chamava a esse hábito, que naquele tempo serviu de compendiar até onde o tinha levado sua devassidão".
Estátua de Pero Fernandes Sardinha
Curiosa a denominação "bebidas espirituosas", quando em língua inglesa o goró é popularmente chamado de spirit, pois considera-se que o consumo de bebida alcoólica "altera o espírito", causando mudanças físicas e mentais. Voltando ao "dono" da capitania do Espírito Santo, seus vícios o fizeram sofrer uma série de humilhações públicas, infringidas pelo primeiro bispo do Brasil, D. Pero Fernandes Sardinha. De acordo com relato do então governador-geral da colônia, D. Duarte da Costa, Vasco Coutinho chegou a Salvador em 1555 "velho, pobre e cansado, bem injuriado do Bispo, que lhe tolhera a cadeira das espaldas e apregoara por excomunhão, por sua mistura com homens baixos e por seu hábito de beber fumo (...); e o Bispo dissera dele no púlpito coisas tão descorteses, estando ele presente, que o puseram em condição de se perder". Era o princípio do fim do fidalgo-manguaça.
O governador-geral Mem de Sá
Em 1558, outra vez cercado pelos Goitacás e sem qualquer respeito dos colonos ou controle na administração da capitania, Coutinho escreveu para o novo governador-geral, Mém de Sá, pedindo dinheiro e dizendo-se "velho, doente e aleijado". Apesar de mandar reforços, Sá escreveu para o rei sugerindo: "Parece que V. Alteza devia tomar esta terra a Vasco Fernandes e dar aos homens ricos que para cá querem vir". De acordo com o livro de Bueno, em 1561, "depois de gastados muitos mil cruzados que trouxera da Índia, e muito patrimônio que tinha em Portugal", Vasco Coutinho "acabou seus dias tão pobremente que chegou a pedir que lhe dessem de comer por amor de Deus, e não sei se teve um lençol com que o amortalhassem". Consta ainda que sua mulher e filhos acabaram seus dias desamparados, num hospital de caridade. E o território do Espírito Santo permaneceu por muito tempo abandonado, abrigando fugitivos e piratas.
A 'Medalha Vasco Fernandes Coutinho'
Mais de quatro séculos depois, Vasco Coutinho continua causando polêmica. Em 1962, a Polícia Militar do Espírito Santo criou uma medalha com seu nome, para "celebrar a colonização do solo" local - e "homenagear", no dia 23 de maio (alusão à data de desembarque de Coutinho em 1535), políticos, militares, empresários e "otoridades"/"celebridades" do gênero. Na edição de 2013, o dramaturgo Wilson Coêlho recusou-se a recebê-la, justificando: "Me parece estúpida a ideia de comemorar a colonização, principalmente quando significa eu assumir o papel de colonizado como um 'bom moço' entre os colonizados. Nesse processo de colonização, Vasco Fernandes Coutinho simboliza o genocídio, o assassinato cultural dos povos originários (Aimorés, Botocudos e Puris), a expansão do território europeu, o roubo e a exploração do trabalho escravo" (leia a íntegra de sua carta aqui). Apropriado ponto final nesse post.
Depois de passar junho e julho na seca, a primeira vitória do São Paulo valeu troféu
Em jogo de compadres sem muitas emoções, o São Paulo derrotou o Benfica em Lisboa e sepultou a longa série de 14 partidas sem vitória, a maior de toda a sua história. Aloísio, após belo passe de Jadson, e Rafael Tolói, em lance de possível impedimento (envolvendo o agora benfiquense Cortez, que, sumido os 90 minutos, justificou plenamente seu afastamento do São Paulo), fecharam a conta em 2 a 0. O time estava há seis jogos sem fazer gols, ou seja, mais de dez horas de bola corrida. Neste longo período sem vitórias, a equipe perdeu para Goiás, Flamengo, Bahia, Vitória, Internacional, Santos, Cruzeiro, Corinthians (duas vezes), Bayern de Munique e Milan e empatou com Atlético-MG, Grêmio e Corinthians. Ufa!
Eusébio foi descoberto por um sãopaulino
É claro que vencer o Benfica em torneio amistoso de jogo único não significa lá muita coisa, mas pelo menos dá um certo alívio ao elenco, diminui a pressão emocional e dá aquela sensação de "sí, se puede". Curioso como essa "encantada" vitória foi acontecer em Portugal e, na volta ao Brasil, o São Paulo enfrentará justamente a Portuguesa, na luta para sair da última colocação no campeonato nacional. Outra curiosidade foi que o torneio, chamado Copa Eusébio em homenagem ao maior jogador português de todos os tempos (na verdade, moçambicano), promoveu um encontro simbólico. Em 1960, quando era técnico da Ferroviária, o ex-jogador sãopaulino Bauer excursionou com o time de Araraquara pela Europa e os países da África de língua portuguesa e, ao enfrentar - e vencer - a seleção de Moçambique, ficou muito impressionado com o futebol de um garoto local. Quando foi à Portugal, na sequência, Bauer encontrou seu amigo húngaro Bella Gutman, que havia treinado o São Paulo e sido campeão paulista em 1957, e que na época era técnico exatamente do Benfica. O ex-jogador sãopaulino falou tantas maravilhas sobre o rapaz moçambicano para Gutman que este se convenceu a buscar Eusébio. O resto, como costumam dizer os cronistas esportivos, é história...
Ao final da partida entre Portugal e Israel pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2014 em 25 de março, o jogador luso Cristiano Ronaldo recusou-se a confraternizar-se com os adversários por um motivo único: "Não troco minha camisa com assassinos".
Após o apito final, o camisa sete teria sido procurado para a troca de camisa. Ele recusou-se a expor seu dorso nu por um motivo que nada tem a ver com a vaidade pela qual o gajo é conhecido.
A razão apresentada ao jogador israelense foi haver, no uniforme, a bandeira de Israel. A declaração mais dura, mencionando a palavra "assassinos" teria sido registrada após o jogo de sexta-feira (18) no vestiário, quando jornalistas perguntaram-lhe o motivo da cena.
A foto apresentada pelo Nouvelles d'aujourd'hui mostra outro jogador português carregando uma camisa da seleção de Israel, sem flagrar o epicentro da polêmica.
Mas o vídeo é bastante claro:
Em março, antes da partida entre as duas seleções, uma guerra virtual havia sido provocada por uma postagem do astro de sobrancelhas bem feitas. Na ocasião, ele publicou uma foto em uma praia em Tel-A-Viv com Miguel Veloso, Pepe e Silvio Sá Pereira com a legenda: "Uma bela manhã em Israel com os meus colegas".
Na ocasião, os críticos foram os simpatizantes da causa palestina, que pediram retratação de Cristiano Ronaldo. A rigor, a cidade em questão é a sede administrativa do governo de Israel (a capital oficialmente é Jerusalém), mas os autores das críticas são pessoas que consideram ilegítima a criação desse Estado, estabelecido pela Organização das Nações Unidas em 1948.
Entidades de educação palestinas e vítimas de bombardeiros israelenses chegaram a receber os recursos da venda de chuteiras de ouro do atleta português em novembro de 2012. O bem, adquirido em 2011 por ter sido eleito melhor boleiro da temporada, era estimado em 1,4 milhão de euros.
Mais uma rodada das
eliminatórias para a Copa de 2014 e, obviamente, alguns resultados
surpreendentes. O que mais chamou a atenção foi a reação incrível
da Suécia, que perdia por 4 a 0 da Alemanha, e obteve um empate
heroico em Berlim. Após fazer três gols em 14 minutos, o nórdicos
empataram a partida aos 48 do segundo tempo. Requintes de crueldade
que não tiraram a liderança dos alemães, à frente do grupo C das
eliminatórias europeias com 10 pontos em quatro jogos. Os suecos têm
sete em três pelejas.
Quem se deu mal foram
os portugueses, que empataram em casa com a Irlanda do Norte, por 1 a
1. A seleção de Cristiano Ronaldo está em terceiro lugar no grupo
F, com sete pontos em quatro partidas, mesma pontuação de Israel,
que supera os lusos em saldo de gols. A Rússia lidera com dez
pontos.
A atual campeã do
mundo e da Euro, a Espanha, também foi surpreendida em casa pela
França. O 1 a 1 obtido em cima da hora pelos franceses quebrou uma
fantástica sequência de 25 vitórias seguidas em casa dos
espanhóis. Ambos dividem o topo do grupo I com 7 pontos em três
partidas, com a Fúria levando vantagem no desempate, dois gols a
mais de saldo.
A lógica na
Concacaf, disputa acirrada entre os asiáticos
A Concacaf definiu o
seu hexagonal final com choro e ranger de dentes para algumas
seleções. No Grupo A, a Guatemala enfrentou os EUA fora de casa,
precisando de um empate para avançar. Saíram na frente mas sofreram
a virada, perdendo por 3 a 1. Ainda assim, tinham chances caso a
Jamaica não fosse bem contra a lanterna Antígua e Barbuda. Mas os
jamaicanos derrotaram os rivais por 4 a 1 e ficaram com a segunda
vaga do grupo por dois gols a mais de saldo.
Quem também ficou de
fora com o resultado da última rodada foi o Canadá. Os vizinhos dos
EUA sofreram uma goleada maiúscula de 8 a 1 da líder Honduras e
terminaram um ponto atrás do Panamá, que jogou com o regulamento
embaixo do braço e só precisou empatar com Cuba para garantir sua
vaga um ponto a frente do Canadá. No Grupo B, tudo tranquilo: o
México já estava classificado e a Costa Rica goleou por singelos 7 a 0 a Guiana, se
classificando na segunda colocação.
Na Ásia, impera o
equilíbrio. Ao fim do primeiro turno, todas as seleções ainda têm
chances de vir ao Brasil. No grupo A, Coreia do Sul e Irã lideram
com sete pontos, mas o Uzbequistão tem cinco e Catar e Líbano,
quatro cada. As duas melhores equipes se classificam direto e a
terceira colocada enfrenta a terceira do grupo B, para ter direito a
enfrentar o quinto colocado da América do Sul.
Quem tem a situação
mais tranquila no continente é o Japão, que lidera o grupo B com
dez pontos, cinco a mais que o segundo colocado, a Austrália. Omã
conta com cinco pontos também, a Jordânia vem na sequência com
cinco e o Iraque, de Zico, tem dois pontos.
Argentina folgada,
Uruguai em queda
Os argentinos
conseguiram duas vitórias fundamentais na semana, um 3 a 0 contra o
Uruguai e um 2 a 1 contra o Chile, em Santiago. Assim, se isolaram
como líderes na primeira rodada do segundo turno, com uma sequência
de cinco vitórias e dois empates. O Equador assegurou a segunda
colocação depois do empate fora de casa com a Venezuela, três
pontos atrás dos portenhos e um à frente da Colômbia, que tem uma
partida a menos.
Abaixo dos colombianos,
a confusão. Quatro pontos aquém da seleção de Falcão Garcia,
Venezuela, Uruguai e Chile (pela ordem de desempate) estão com 12
pontos. Os uruguaios vem na descendente, com as goleadas sofridas
contra a Argentina e contra a Bolívia, 4 a 1, e a disputa deve ser
acirrada, ainda mais levando-se em conta que os paraguaios também
respiraram depois da vitória contra o Peru, por 1 a 0. Bolivianos e
peruanos têm oito pontos e o Paraguai, sete.
O Taiti ficou pelo
caminho
Não deu pro Taiti... (OFC)
A notícia triste da
rodada ficou para uma seleção já garantida na próxima Copa das
Confederações. O Taiti vem ao Brasil, mas não para o Mundial. Após
perder para a Nova Zelândia por 3 a 0, os campeões do continente
continuam sem pontos em quatro jogos. Já os neozelandeses continuam
firmes na briga por uma vaga a ser disputada contra o quarto colocado
da Concacaf, com 12 pontos em quatro partidas. Se baterem a Nova
Caledônia, única equipe que ainda pode tirar sua vaga, se garantem
com uma partida de antecipação. Contudo, o aguardado jogo só vai
acontecer em março de 2013.
A título de
curiosidade, a Nova Caledônia pertence à França, mas é
considerada um território ultramarino. Descoberta pelo explorador
inglês James Cook, a ilha recebeu o nome de “Caledônia” por ser
parecida com a costa escocesa (na visão do “descobridor”,
obviamente), já que o termo significa “Escócia” no latim
antigo. Se conseguirem a vaga para 2014, o ano será decididamente
histórico para os habitantes da ilha, que também definirão no
mesmo período se optarão pela independência do local.
Portugal fez 7×0 na Coreia do Norte. É a maior goleada da Copa de 2010, praticamente classifica os lusitanos e matematicamente despacha os norte-coreanos.
Dia mundial do mau humor encerra segunda rodada da fase de grupos. Favoritos de desembarque, representantes da Península Ibérica têm chance de fazer valer o carimbo no passaporte.
Brasil está classificado para as oitavas de final. Mas o camisa 10 brasileiro, autor do passe para dois dos gols brasileiros, foi expulso aos 43 do segundo tempo. Caiu na provocação
Quem apostou em muitos gols de Cristiano Ronaldo se enganou. Foi um 0 a 0 sem sal, ruim de doer.
Pra quem apostou no bolão que Portugal e Costa do Marfim fariam um jogo de muitos gols, se deu mal. O 0 a 0 mostrou poucas oportunidades de lado a lado e um futebol em certa medida burocrático, com algumas jogadas até bem construídas, mas que não chegavam ao gol.
Foto: Paulo Hanna/Reuters
Um chute de Cristiano Ronaldo que acertou a trave após uma bela finta de calcanhar, aos 10 minutos do primeiro tempo, foi exceção. Talvez por conta disso, ao final do jogo, o jogador tenha sido escolhido como o melhor em campo pela torcida. Sem Drogba, que entrou apenas na segunda etapa depois de um recorde no quesito “aquecimento” (ficou 15 minutos à beira do campo), a seleção africana pecava no arremate final, quase não incomodando o arqueiro luso Eduardo.
Um "oxo", como se dizia antigamente, no mais pleno sentido do termo. A Copa segue com pouquíssimos gols.
Comente a nulidade de Cristiano Ronaldo no Copa na Rede.
No livro "1808", de Laurentino Gomes (Editora Planeta, 2007), que narra a vinda e a permanência de Dom João VI por 13 anos no Brasil, uma descrição interessante das condições de viagem de navio da Europa até aqui, pelo Oceano Atlântico, há 200 anos:
A dieta de bordo era composta de biscoitos, lentilha, azeite, repolho azedo e carne salgada de porco ou bacalhau. No calor sufocante das zonas tropicais, ratos, baratas e camundongos infestavam os depósitos de mantimentos. A água apodrecia logo, contaminada por bactérias e fungos. Por isso, a bebida regular nos navios britânicos era a cerveja. Nos portugueses, espanhóis e franceses, bebia-se vinho.
Taí, já dá pra entender o que impulsionou as navegações...
Agora é oficial: o atacante Liédson, do Sporting, é o mais novo jogador da seleção portuguesa.
Liédson é baiano, e mora em Portugal desde 2003, quando iniciou sua trajetória no Sporting. É ídolo no clube, pelo qual foi artilheiro do Portuguesão em duas ocasiões, nas temporadas 2004/5 e 2006/7.
Sua naturalização já era dada como certa há algum tempo - e gerou protestos por parte do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol.
Mas agora está confirmada. Esperemos para ver Liédson em ação com a camisa encarnada. Vale lembrar que a situação de Portugal nas Eliminatórias europeias tá longe de ser tranquila. O time hoje é o terceiro colocado no Grupo1, atrás de Dinamarca e Hungria. Apenas o campeão de cada chave garante vaga direta na Copa; os oito melhores segundos colocados definem as vagas restantes em mata-matas.
O Ministério Público do Distrito Federal entrou com ação de improbidade administrativa contra o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), e o secretário de esportes Agnaldo de Jesus. O motivo é o pagamento de R$ 9 milhões para a empresa Ailanto Marketing, responsável pela organização do amistoso entre Brasil e Portugal no estádio Bezerrão, no final do ano passado. O jogo marcou a inauguração do estádio, no Gama (DF).
Foto: Divulgação/CBF O governador José Roberto Arruda (DEM) recebeu do presidente Ricardo Teixeira uma camisa da Seleção Brasileira autografada
Segundo o promotor Albertino Neto, os R$ 9 milhões utilizados na contratação da empresa devem ser devolvidos aos cofres públicos, devido a supostas irregularidades no contrato. A sede estaria localizada em um apartamento no Rio de Janeiro, com um patrimônio de R$ 800 e sem telefone fixo.
No site da empresa, consta um número de telefone e informações sobre o tipo de serviços prestados pela empresa.
Ainda segundo o promotor, a empresa também não teria realizado nenhum trabalho até a organização do amistoso, uma vez que, na contratação das duas seleções, foram emitidas duas notas fiscais, a de número 001 e 002. Ou seja, era o primeiro serviço prestado pela empresa, o que sinaliza irregularidades.
Outro fator curioso é que foi proprietário da empresa Eduardo Duarte, empresário ligado ao Daniel Dantas, citado em escutas da Operação Satiagraha. Após as denúncias de ligação com o banqueiro, a propriedade da Ailanto Marketing foi transferida para Vanessa Almeida Preste e Alexandre Rosell, ligado a Ise – que detém os direitos exclusivos sobre a Seleção Brasileira – com sede nas Ilhas Cayman.
Ainda durante o processo de contratação da empresa, o MP-DF chegou a apontar 11 falhas no contrato e ainda recomendou que fossem alteradas várias cláusulas. Mas o documento acabou assinado pela responsável da empresa Ailanto, pelo secretário de Esportes Agnaldo de Jesus e pelo governador Arruda. Não encontrei informações sobre o prazo que o governador e o secretário terão para se pronunciar, mas segundo informações da rádio CBN este prazo seria de 15 dias.
Deu na Trivela: o sindicato dos jogadores profissionais de futebol de Portugal, na pessoa de seu presidente Joaquim Evangelista, protestou ontem contra a quase certa naturalização do atacante brasileiro Liédson. O ex-atleta de Corinthians, Flamengo e Coritiba caminha para se tornar português e, assim, ser companheiro de seleção de Cristiano Ronaldo.
Os protestos do sindicalista (ô, raça!) português se baseiam no fato de que Liédson, ao integrar a seleção lusa, tirará do time uma vaga que deveria ser ocupada por um atleta nascido e criado na terra de Roberto Leal. "O atleta português está em extinção. Deve-se refletir sobre o perigo que representa para o futuro [a naturalização]. Nada tenho contra o jogador estrangeiro, mas temo pela tendência de desvalorização do futebolista português, que tem como consequências a descaracterização dos clubes e a perda da identidade das seleções nacionais", disse Evangelista, na matéria reproduzida pela Trivela.
A questão da naturalização de esportistas é das mais polêmicas e difícil de ser resolvida. Eu, admito, não consigo chegar a uma conclusão definitiva. Por que há os seguintes aspectos a serem levados em conta:
- Liédson mora e trabalha em Portugal desde 2003. Já são seis anos. Tempo suficiente para uma pessoa criar identidade com um país, desde que isso seja de seu interesse. Não pode ser chamado - nem ele e nem os demais que têm interesse em sua naturalização - de oportunista, visto que há, sim, uma relação forte entre o atleta e o país que agora ele quer passar a defender.
- Por outro lado, há distorções que, realmente, assustam. Lembram-se de Aílton, aquele centroavante que virou deus na Alemanha? Também sem chances na seleção brasileira (e tampouco na alemã), ele chegou a ser cortejado por pessoas do Bahrein (ou Qatar? Alguém lembra direito?) que queriam tê-lo jogando por lá. À época, a Fifa vetou a "transação", dizendo que não permitiria naturalizações descaradas como essa.
- Mas aí eu me pergunto: se um país, dotado de sua soberania, quer dar cidadania a uma pessoa, pode a Fifa ou qualquer outra entidade esportiva vetar o processo? Se o sheik do Bahrein resolve determinar que um fulano é cidadão do seu país, tendo os mesmos direitos de quem lá foi nascido, como que se pode negar essa possibilidade? Até concordo que seja "mancada", "pô", "apelação", "parou aê", "os caras são foda", mas não consigo ver uma razão técnica que impeça esse tipo de processo.
De qualquer forma, boa sorte ao Liédson, um cara de carreira meteórica (em 2001 jogava no Prudentópolis, em 2003 estava no Sporting) e que merecia, mesmo, atuar por uma seleção de ponta. Seja do país em que nasceu, ou do que adotou.
Bernardo Soares é um dos heterônimos do escritor português Fernando Pessoa (os outros são Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Miguel Campos). Porém, o próprio autor o considerava um "semi-heterónimo", ao explicar que "não sendo a personalidade a minha, é, não diferente da minha, mas uma simples mutilação dela. Sou eu menos o raciocínio e afetividade". Como Soares, Pessoa escreveu o "Livro do Desassossego", considerado uma das maiores obras da ficção portuguesa no século passado. Bernardo Soares é, dentro da ficção de seu próprio livro, um simples ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa. E recomenda:
"Se um homem escreve bem só quando está bêbado, dir-lhe-ei: embebede-se. E se ele me disser que seu fígado sofre com isso, respondo: o que é o seu fígado? é uma coisa morta que vive enquanto você vive, e os poemas que escrever vivem sem enquanto".
O escritor (ou "os escritores") bebendo vinho em Lisboa, na década de 1920; no verso, por também gostar de um belo trocadalho, ele escreveu a seguinte dedicatória à amada Ofélia Queiroz: "Fernando Pessoa em flagrante deLitro"
Começa hoje a disputa do 9º Campeonato Mundial de Futsal, o 6º organizado pela FIFA (antes, era a Fifusa, Federação Internacional de Futebol de Salão, que organizava o torneio). A competição acontece no Brasil - mais especificamente no Rio de Janeiro e em Brasília. O Brasil tenta chegar a seu sexto título. O maior adversário é a Espanha, atual bicampeã mundial
Essa é, de acordo com declarações dos próprios jogadores, a última chance da geração de Falcão. Na última conquista brasileira, em 96, na Espanha, Falcão tinha apenas 19 anos. Seu reinado como melhor jogador do mundo ainda não foi coroado com um título mundial. Se perder, ele deve abandonar a seleção. Ainda de acordo com os atletas, as duas derrotas nos últimos mundiais seviram para devolver a humildade para o Brasil, já que o time estava mal-acostumado com tantas vitórias consecutivas. Conversa perigosa...
A Espanha também vem para a disputa mantendo a base dos anos anteriores. Javí Rodriguez disputa seu quarto mundial - assim como Falcão - e lidera outros veteranos, inclusive dois brasileiros naturalizados espanhóis, em busca da consagração com o terceiro título seguido.
Para a imprensa espanhola, só Espanha e Brasil têm cacife parao título. Portugal e Itália, que estão no mesmo grupo - podem incomodar, e os outros times seriam coadjuvantes.
Os 20 times são divididos em 4 grupos de 5. Os dois primeiros de cada grupo são divididos novamente em dois grupos. Os dois melhores de cada grupo passam para a fase final, disputada de forma tradicional, com semifinal e final.
O Brasil encabeça o Grupo A, que tem ainda Rússia, Cuba, Japão e Ilhas Salomão. O primeiro jogo é hoje, contra o Japão, às 10h30.
atualização: o Brasil venceu o Japão por 12 a 1. E acabei de descobrir que toda a seleção italiana é formada por brasileiros naturalizados. Eu, einh?
Contando que não havia favoritos entre Alemanha e Portugal (forcei a barra?), nenhuma das seleções que constava como favorita nos jogos das quartas-de-final da Eurocopa chegou às semis (ou meias-finais, respeitando o léxico de nosso maior comentarista de Eurocopa, o Ricardo). Além de Portugal, a Croácia, a Holanda e a Itália deram adeus ao torneio europeu antes do planejado, em partidas emocionantes. A Alemanha ganhou por 3 a 2 de Portugal (para minha tristeza). A Turquia levou o jogo para a prorrogação, tomou um gol aos 14 minutos do segundo tempo e empatou no último segundo, com um gol que até agora não sei de onde eles tiraram. Nos pênaltis, os croatas falharam. A Rússia, da "nova" sensação Arshavin (que tem 27 anos, apesar da cara de 12), demoliu a Holanda com um 3 a 1 incontestável, que veio apenas na prorrogação. E a Espanha, quem diria, jogou melhor e VENCEU a Itália, nos pênaltis. Agora, a Alemanha pega a Turquia - na quarta-feira - e a Rússia joga com a Espanha - na quinta. Quem passa?
Atendendo à sugestão do Fredi, vai aqui como post o comentário do assíduo leitor lusitano Ricardo sobre os prognósticos para a próxima fase da Euro (ainda sem a definição do segundo colocado do grupo 4).
Portugal X Alemanha Um 4-4-2 clássico alemão contra um 4-3-3 orgânico português. A Alemanha, ao contrário de outras Alemanhas do passado, é deficiente em termos defensivos. Tem um excelente lateral (Lahm) que ataca como poucos, mas que abre muitas vezes o jogo atrás; do outro lado, Friedrich, é um jogador regular mas sem capacidade para enfrentar um Ronaldo numa tarde de inspiração. Os centrais, Metzelder e Mertesacker, são razoáveis. Depois uma linha de 4: Frings atrás, Fritz à direita e Schweinsteiger à esquerda; no centro, pensador de jogo, capitão e jogador de transições, Ballack. Na frente, um ataque poderoso: Podolski e Klose. É uma equipe que procura explorar os espaços adversários entre a linha de defesa e a linha dos médios, procura servir rapidamente ou o ala ou os avançados e é forte nas segundas bolas - com Ballack, vindo de trás, em plano de evidência.
Portugal joga com um quarteto defensivo de qualidade: um lateral mais ofensivo, Bosingwa, um mais de equilíbrios, Paulo Ferreira, e dois grandes centrais: Pepe e Ricardo Carvalho. No miolo, Petit assegura a primeira fase de construção e procura sempre bloquear o médio mais ofensivo adversário; como médio de transição, Moutinho, jogador de alta rotação, defende e ataca sempre com uma qualidade de passe e visão de jogo muito fortes; Deco é o pensador, um jogador que descobre espaços onde eles parecem não existir, com uma capacidade de guardar a bola, decidir os vários momentos do jogo e muito forte no último passe. Nas alas, Simão de um lado, mais vertical, dá mais consistência ao meio-campo no processo defensivo e, ofensivamente, é forte nos cruzamentos e remates, e Ronaldo, do outro, melhor jogador do mundo, desequilibrador, forte, veloz, bom cabeceador, bom rematador, capaz de decidir um jogo de um momento para o outro (por vezes desequilibra a equipe nas transições defensivas; é preciso algum cuidado por parte de Moutinho). Na frente, o elo mais fraco: Nuno Gomes, um avançado que faz mais assistências do que marca, posiciona-se bem, sabe tabelar com qualidade com os companheiros mas falta-lhe explosão e repentismo na hora de atirar para gol - no entanto, tem feito um bom Euro e deverá ser opção a titular.
Este jogo, na minha opinião, está mais dependente de... Scolari do que de outra coisa qualquer: espero que o seleccionador brasileiro não queira adaptar o nosso jogo ao dos alemães, mudando um elemento (Petit ou Moutinho) por Meira, um trinco (volante) mais defensivo que procurará colar-se a um dos avançados alemães para a Alemanha não aparecer na frente com igualdade numérica. Esta opção é errada, quanto a mim. Primeiro, porque faz abdicar a rotina excelente que o nosso meio-campo tem, partindo as duas linhas (defensiva e de meio) e a forma apoiada como sabemos jogar e é a nossa gênese e depois porque isso, mentalmente, daria aos alemães a ideia de que nos sujeitamos ao seu jogo, o que, olhando para a qualidade de uma e de outra equipe, é um erro crasso. Portugal é melhor, tem melhores jogadores e deve impor o seu jogo. Se o fizer, estará muito mais perto de estar nas meias-finais. Prognóstico: Portugal ganha :)
Croácia X Turquia Um jogo entre uma equipe muito bem orientada pelo mais novo treinador do Euro (Slaven Bilic, atenção a ele, muito promissor este homem), com jogadores com qualidade técnica acima da média. Na linha da frente, Modric, mas também Srna, Rakitic e Kranjcar, jovens e com muita vontade de vencer, contra outra que dá tudo em campo, menos virtuosa, mas muito agressiva na forma como encara os jogos. Parece-me que a capacidade desequilibradora dos croatas, aproveitando as debilidades dos turcos nas transições defensivas, poderá fazer a diferença. Prognóstico: Croácia ganha.
Espanha X Itália A Espanha, ao contrário da opinião generalizada, não me tem agradado. Funciona com um meio-campo preso de movimentos e algo descompensado - Senna no meio, Iniesta, mais interior, na direita, Silva, mais vertical, na esquerda, e Xavi procurando servir os dois grandes avançados: David Villa e Fernando Toores. O poder ofensivo destes dois é inquestionável, mas pergunto-me se o meio-campo espanhol saberá ter capacidade de movimentações para a teia que o meio-campo italiano geralmente monta. Duvido muito. A juntar isto, está uma defesa muito débil - na esquerda, o melhor até agora, Capdevila, na direita, um central que passou para defesa-direito, Ramos, e centrais que não se completam bem, Marchena e Puyol.
Na equipe italiana, haverá uma baixa de peso (Gattuso, responsável pela luta a meio-campo) e uma baixa FUNDAMENTAL (Andrea Pirlo, o cérebro da equipa), os dois suspensos para este jogo. Têm um dos melhores guarda-redes do mundo, se não é mesmo o melhor, Buffon; uma defesa experiente: na esquerda, Grosso, à direita, Zambrotta, um central veterano (Panucci) e Chiellini, mais novo e de qualidade. No meio, talvez Ambrosini substitua Gattuso, como médio de combate, e De Rossi apareça com Aquilani, compondo o trio de meio-campo. Depois, mais à frente, Perrota (ou Camoranesi) e Cassano no apoio ao avançado Luca Toni. É uma equipe experiente e vem de uma qualificação muito difícil. A Itália é a Itália e quando chega a esta fase eliminatória é uma equipe que sabe gerir muito bem os vários momentos do jogo e pode aproveitar, de forma eficaz, o fraco posicionamento defensivo da equipa espanhola. Prognóstico: Itália ganha.
Holanda X Rússia ou Suécia Como não se sabe qual das duas será a equipe que defrontará a Holanda, é melhor não fazer grandes análises. A Rússia precisa ganhar; a Suécia está confortavelmente a precisar de apenas um empate. Como se viu no jogo contra Espanha, a Suécia não tem problemas em entregar o jogo aos adversários e esperar por eles, para depois aproveitar alguns espaços. Nesse jogo, estiveram mal os suecos e mereceram perder no último minuto, mas é uma equipe difícil de bater. Se a Rússia aproveitar a qualidade dos seus jogadores e tiver paciência, poderá ganhar o jogo. Aposto na Rússia. E, caso passem, aposto na Holanda para ir às meias-finais.
Acabou há pouco uma grande partida de futebol. A Holanda massacrou a Itália na primeira rodada da Eurocopa, o torneio de futebol mais importante do ano, por 3 a 0. E não foi porque os campeões mundiais jogaram mal. Na verdade, o jogo merecia ter acabado uns 4 ou 5 a 2, tantas foram as chances perdidas. Até agora é o grande jogo da competição.
Merecem nota ainda Portugal e Alemanha, por vencerem bem seus jogos de estréia. Mas até aí, nada de novo.
Portugal comemora hoje 34 anos da chamada "Revolução dos Cravos". Nessa mesma data, em 1974, um golpe militar derrubou a ditadura que vigorava desde 1926, comandada, em sua maior parte, por Antônio Oliveira Salazar (à esquerda). O ditador havia falecido em 1970, dois anos depois de dar lugar, no governo, a Marcelo Caetano. A queda do regime autoritário foi precipitada pelas guerras nas colônias portuguesas na África. Durante a década de 1960, surgiram em Moçambique, Angola, Guiné, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde guerrilhas pró-independência.
Com exceção de Guiné, os movimentos foram sufocados. Mas esses conflitos forçaram Salazar e o seu sucessor Caetano a gastar a maior parte do orçamento do país com a administração colonial e despesas militares. Assim, a guerra colonial tornou-se motivo de discussão nacional e bandeira das forças anti-regime. Milhares de estudantes e manifestantes foram forçados a abandonar Portugal para escapar da prisão e tortura.
No dia 24 de abril de 1974, um grupo de militares comandados por Otelo Saraiva de Carvalho instalou secretamente o posto de comando do movimento golpista no quartel da Pontinha, em Lisboa. Às 22h55 foi transmitida a canção "E depois do Adeus", de Paulo de Carvalho, pelos Emissores Associados da capital portuguesa - um dos sinais previamente combinados pelos golpistas. O segundo sinal foi dado às 0h20, com a transmissão de "Grândola Vila Morena", de José Afonso, pelo programa Limite, da Rádio Renascença, que confirmava o golpe e marcava o início das operações. O locutor foi Leite de Vasconcelos, jornalista e poeta moçambicano.
Dizem que o símbolo do golpe surgiu porque uma florista, contratada para levar cravos para a abertura de um hotel, foi abordada por um soldado, que pôs uma dessas flores em sua espingarda. Em seguida, todos os outros do pelotão o imitaram (foto ao lado). Após a derrubada do governo ditatorial, Portugal passou por um período conturbado que durou cerca de 2 anos, comummente referido como PREC (Processo Revolucionário Em Curso), marcado pela luta e perseguição politica entre as facções de esquerda e direita. Em 25 de abril de 1975, ocorreram as primeiras eleições livres para a Assembléia Constituinte, vencidas pelo PS (Partido Socialista). Durante o PREC, as colónias africanas e o Timor-Leste tornaram-se independentes.
Em homenagem à "Revolução dos Cravos", o brasileiro Chico Buarque compôs "Tanto mar", cuja letra original, posteriormente censurada e modificada, dizia o seguinte: Sei que estás em festa, pá Fico contente E enquanto estou ausente Guarda um cravo para mim
Eu queria estar na festa, pá Com a tua gente E colher pessoalmente Uma flor do teu jardim
Sei que há léguas a nos separar Tanto mar, tanto mar Sei também que é preciso, pá Navegar, navegar
Lá faz primavera, pá Cá estou doente Manda urgentemente Algum cheirinho de alecrim
(Letra original, gravação editada apenas em Portugal, em 1975)