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quarta-feira, novembro 18, 2009

A cerveja na faculdade e a hipocrisia

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Estou aqui em Londres fazendo um mestrado em Planejamento Urbano na London School of Economics. Antes disso, entre 2001 e 2006, estudei jornalismo na USP. Nas duas faculdades, como é evidente, a busca por uma cerveja pós-aula é imediata, praticamente universal.

Só que enquanto na USP a gente contava com as cervejadas organizadas pelo Centro Acadêmico e pela Atlética uma vez por semana - nao-autorizadas mas toleradas pela direção da unidade, a ECA - e pela venda ilegal de mé na lanchonete (a latinha vinha escondida num saquinho de papel), na LSE as coisas são um tantinho mais fáceis.

Basta sair do prédio e escolher entre o The Three Tuns, bar que financia o CA daqui, ou o George IV, pub que faz parte da lista oficial de lanchonetes e restaurantes da Universidade. Sim, a LSE tem um pub oficial e, olha só, lá os alunos podem tomar cerveja! Isso num país em que o controle à venda de álcool é coisa muito séria. Um dia, eu, do alto dos meus 27 anos, fui comprar whisky pra levar para o Brasil no mercado e não consegui, porque eu não estava com nenhum documento que comprovasse que eu tinha mais de 21 (ódio mortal ao mercado, eternamente).

Por que o consumo de álcool nas universidades - pelo menos em São Paulo, não sei como funciona em outros lugares - não pode ser tratado de maneira um pouquinho mais adulta? Por que quando queríamos organizar festas en USP, coisa que nunca deixamos de fazer, tínhamos que ouvir argumentos do tipo "universidade não é lugar de cerveja".

Sim, universidade é lugar de cerveja. É onde muitos adolescentes se educam para o álcool. Aprendem, num ambiente amigável e familiar (menos na Uniban), quais são os limites para a manguaça, se acostumam ao papel socializador do mé e ainda podem desenvolver suas idéias com mais, digamos assim, liberdade.

Tem como incluir no Manguaça Cidadão o direito sagrado à cerveja depois da aula?

5 comentários:

Marcão disse...

Me parece que o Mauricio ja postou algo parecido aqui no blogue, sobre debate entre professores e alunos nas universidades alemas regado a cerveja. Um principio ate mais radical do que o tradicional molha-goela pos-aula.

Eu fiz faculdade catolica, a PUC, e alcool era rigorosamente proibido. Na cantina, era mais facil comprar maconha, cocaina e outras drogas do que algum mezis. Por isso, durante os intervalos de desemprego, eu vendia cerveja clandestinamente no campus, deixando o isopor no porta malas do carro da minha namorada, no estacionamento. Vendia horrores, as vezes a gente pegava o carro no intervalo e corria ate o supermercado mais proximo para buscar mais.

Nas calouradas, festas e shows, eu pagava dois meses de aluguel e enchia o bolso para uma semana de buteco. Mas me lembro que na Unicamp, a 20 minutos do meu campus, a cerveja corria solta nas cantinas, tudo legalizado. E nunca houve qualquer tipo de problema.

Ou seja: assim como nos estadios de futebol brasileiros, a proibicao nas faculdades nao passa de pura hipocrisia e demagogia de moralistas anacronicos. Mas a molecada que hoje frequenta o ensino superior deve deixar de ser tao passiva e reagir quanto a isso.

Cerveja e direito humano! Viva o Manguaca Cidadao!

Anselmo disse...

É este post?

o manguaça cidadão vai ter de tratar da educação etílica, pra ensinar a beber e a fazê-lo de forma responsável e com moderação (sejá o que isso signifique).

Brunna disse...

sendo assim, o ideal seria criar uma matéria chamada "educação etílica", pra ensinar a beber e a fazê-lo de forma responsável e com moderação. Poderia ser a distância para ter um carater universal e poderiamos tentar incluir na LDB.
Será que Cristovam Buarque topa?

Glauco disse...

Cristovam Buarque, segundo vi uma vez, não gosta de beber e só bebe em ventos sociais pra ninguém achar que ele é alcoolatra, ou seja, impedido de tomar umas.

Pior que essa proibição de cervejas na USP foi no período em que estudava lá. Triste ver um hábito social que nunca provocou mal nenhum no lugar ser banido.

Adriano disse...

Deu azar, hein? Na minha época de ECA se vendia cerveja barata no próprio CA. Quando a gente queria ver umas minas diferentes ia tomar uma no CA da Vet ou da Psico. Tinha até um fumódromo no caminho. Daqueles que passarinho não frequenta...
Me preocupo muito com as gerações pós Lei Seca na USP. Quando, mais adiante, pesquisas sobre os efeitos nocivos da abstinencia etílica nos neurônios universitários se comprovarem, pode ser tarde demais. A minha parte eu fiz!