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sexta-feira, dezembro 12, 2014

Nome 'Beatles' surgiu numa 'mesa cheia de cervejas'

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Harrison degustando 'só uma'
Lennon e uma 'loira gelada'
Antes da fama, da grana, das drogas e das bebidas mais caras e sofisticadas, John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr, como bons filhos da classe operária inglesa, gostavam mesmo era de encher a cara de cerveja. E quem conhece as "loiras geladas" britânicas sabe que muitas delas têm alto teor alcoólico. Em sua autobiografia (Editora Planeta, 2007), o guitarrista Eric Clapton conta que, no auge de seu alcoolismo, costumava justificar a vida manguaça dizendo que era algo cultural da Inglaterra. "Sou inglês. Todos nós bebemos lá, vocês sabem. Faz parte de nosso estilo de vida, e bebemos cerveja forte, não Budweiser", respondeu, num hospital, ao ser interrogado sobre a quantidade de álcool que estava ingerindo. No caso dos "quatro rapazes de Liverpool", o período de maior bebedeira ocorreu, sem dúvida, quando foram trabalhar em Hamburgo, na Alemanha. Foi lá, também, que descobriram as pílulas anfetamínicas (Preludin) que os mantinham sóbrios e excitados para prosseguir tocando, cantando, pulando e bebendo (muito) por 10 ou 12 horas seguidas, todas as noites.

Pub em Hamburgo: Stuart Sutcliffe, Lennon, um garçom, Harrison, McCartney e Pete Best

Mas foi pouco antes de ir pra Alemanha que eles inventaram o nome da futura banda mais famosa do planeta. Lendo o livro "John", escrito pela primeira esposa de Lennon, Cynthia Powell (Larousse, edição brasileira de 2009), descobri como foi o "processo de criação" do nome Beatles, um trocadilho entre beat (batida) e beetles (besouros). Criatividade impulsionada por muita cerveja, segundo Cynthia:

"(...) os rapazes decidiram que era hora de adotarem um novo nome. Nós tivemos uma sessão hilária de ideias sentados a uma mesa cheia de cervejas no bar Renshaw Hall, onde bebíamos com frequência. John amava Buddy Holly e os Crickets [Grilos], então eles ficaram brincando com nomes de insetos. Foi John quem teve a ideia de Beetles [Besouros]. Ele mudou o nome para Beatles porque disse que, se nós invertêssemos, teríamos 'les beats', que soava francês e legal. Eles se decidiram por Silver Beatles [Beatles Prateados]."

Pub 'Renshaw's', em Liverpool, provável local onde Lennon teve a ideia do nome da banda

Tal fato teria ocorrido no início de 1960 (e é interessante observar que, a exemplo de Clapton, Lennon amava Buddy Holly, e não Budweiser...). Só que, dois anos mais tarde, quando surgiu em Liverpool o jornal especializado em música "Mersey Beat", John publicaria nele uma versão surreal sobre a escolha do nome da banda: "Sonhei com um homem [que veio voando] numa torta flamejante, dizendo: Vocês são Beatles com A". Porém, a versão de Cynthia revela que, em vez de torta, a verdadeira inspiração foi a velha e boa cerveja. Que, curiosamente, nunca seria citada em uma letra dos Beatles - embora eles tenham gravado "Rock Andd Roll Music", de Chuck Berry, que contém o seguinte verso: "They're drinkin' homebrew from a wooden cup" ("Eles estão bebendo cerveja caseira de um copo de madeira"). Mas fica aqui registrada, portanto, a devida contribuição do "suco de cevadis" no batizado da mítica banda de Liverpool. Cheers! Ou melhor, saúde!

Pub City Barge, em Londres, numa das locações do filme 'Help!': uma oportuna 'happy hour'

P.S.: Quando perguntarem se você vai beber a saideira, responda "YEAH, YEAH, YEAH!".

terça-feira, janeiro 15, 2013

Supermercados ameaçam pubs britânicos

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Uma reportagem de Rodrigo Uchoa no Valor de ontem traz uma triste notícia para os tradicionalistas. Os lendários pubs britânicos, verdadeiras instituições culturais da terra da Rainha, vêm sendo substituídos por supermercados. De acordo com a Campaign For RealAle (Camra), uma associação de defesa dos direitos dos consumidores e dos pubs, mais de 200 deles foram transformados em filiais do estilo express de grandes redes desde 2010, sendo 50 só em Londres. A British Beer and Pub Association calcula que em 2001 havia 60,7 mil pubs no Reino Unido e, hoje, há 51,1 mil.

A maior rede britânica de supermercados, a Tesco, sozinha foi responsável pela “conversão” de 130 unidades. Para ela, a vantagem de comprar pubs é que eles já têm licença para venda no varejo de qualquer produto, reduzindo-se a burocracia, sendo que muitos contam também com estacionamento. Além disso, se o lugar tiver menos de 280 metros quadrados pode ficar aberto o dia inteiro nos fins de semana. Lojas de tamanho maior só podem funcionar seis horas no domingo.

O capital sempre disposto a acabar com a alegria
Mas, segundo a matéria, há outros motivos para a fragilidade financeira dos pubs. De acordo com o chairman da JD Wetherspoon, grande rede local, nos anos 70, 90% de toda a cerveja consumida no Reino Unido era vendida nos pubs e, hoje, esse número chega a 50%. O principal motivo da mudança seria a questão tributária: enquanto no balcão o cliente paga 20% de imposto sobre valor agregado, os supermercados vendem as cervejas com imposto quase zero.

Reação

Claro que, se envolve dinheiro e grandes corporações, o jogo é bruto. Roger Warhurst, da Camra, afirma aqui que "clientes e funcionários eventualmente ficam sabendo que um pub está fechando no último minuto, quando é muito tarde para articular uma campanha efetiva para salvá-lo.” Ele destaca também que há suspeitas de que estes pubs são deliberadamente levados à falência com gestão temerária, com o propósito de reduzir potenciais protestos da população local.

De acordo com o Guardian, a Camra está promovendo uma campanha para que o governo possa suprir as lacunas legais que permitem a demolição e a “conversão” de pubs em supermercados. "Em um momento no qual 18 pubs fecham toda semana, uma grande instituição britânica está sendo ferida. A menos que o governo tome alguma atitude para suprir essas óbvias lacunas na legislação, mais comunidades serão forçadas a desistir de seus pubs sem poder lutar”.

A eles, nossa solidariedade.

sábado, agosto 11, 2012

Agenda Olímpica (11 de agosto) e os sonhos de ouro

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Londres 2012 viu Michael Phelps e Usain Bolt fazerem história como grandes medalhistas olímpicos. Arthur Zanetti, os irmãos Falcão e a delegação brasileira como um todo também, com 16 idas ao pódio já asseguradas -- superando o recorde de 15, de Pequim em 2008 -- também são feitos relevantes.

Na reta final dos Jogos Olímpicos de Londres, chegamos ao penúltimo dia de competição. Aquecimento para a Paralimpíada (aliás, o que foi que fizeram com o "o" depois do prefixo "para"?). Tudo acaba neste domingo, 12, mas ainda tem medalha em disputa.

Se há três pratas garantidas, a esperança brasileira é de ouro. Que seria inédito em dois casos, no futebol e no boxe. De certo modo, um eventual bicampeonato no vôlei feminino também seria feito nunca antes alcançado...

O ludopédio masculino, com a seleção de Mano Menezes, disputa com o México às 11h, no estádio de Wembley. Neymar, Oscar e Leandro Damião têm o desafio de ir além de Romário e Taffarel em Seul, na Olimpíada sul-coreana de 1988, quando os canarinhos foram parados pelos soviéticos pela última vez.

Foto: Ricardo Stuckert/CBF
Última vez porque, a partir de 1992, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) não mais foram vistas em Jogos Olímpicos (em Barcelona, esteve a Comunidade de Estados Independentes).

O vôlei feminino de quadra está na final, contra todos os prognósticos e numa trajetória de crescimento na competição incrível -- cujo ponto decisivo foram as quartas de final, contra as russas, que tiraram o sono até dos ministros do STF no julgamento do Mensalão.

Na semifinal, Esquiva Falcão bateu, em múltiplos sentidos, 
o britânico Anthony Ogogo. Já fez história. Hoje, vai além

Entre os pesos médios (de até 75kg), Esquiva Falcão, irmão de Yamagushi e filho de Touro Moreno, pode escrever mais linhas bonitas na história do boxe olímpico brasileiro.

Natália Falavigna, no taekwondo feminino de 67kg, começou sua participação às 5h30, com derrota. A essa altura, espera que sua rival chegue à final para poder disputar o bronze pelo caminhao da repescagem. Quem sabe vem alguma ajuda para Diogo Silva não voltar "pro buraco"

O dia tem ainda o velocista Usain Bolt, que fez a Jamaica definitivamente ser lembrada "apenas" por Bob Marley, no comando da equipe do país caribenho no revezamento 4x100 masculino, às 17h. Mesmo horário da final do basquete feminino, entre Estados Unidos e França.

Futebol masculino
às 11h, Brasil x México, vale ouro

Vôlei de quadra feminino
às 14h30, Brasil x Estados Unidos, vale ouro e bicampeonato

Boxe masculino
às 17h45, Esquiva Falcão x Ryota Murata (Japão), para a história

Revezamento masculino 4x100
às 17h, só pra ver se os patrícios de Usain Bolt também voam, sem brasileiros

terça-feira, agosto 07, 2012

Agenda olímpica (quarta, 8 de agosto): quatro anos depois de Pequim

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Há quatro anos, no dia 8 de agosto, a Olimpíada de Pequim apenas se iniciava. Era um tempo em que a Globo detinha os direitos, e não a Record. Faz tempo, né?

Agora, em 2012, na edição londrina da competição, sem superstições do materialismo maoísta, a quarta-feira representa o 14º dia de competições; estamos a apenas cinco do dia de encerramento.

Do Ninho, em Pequim, ficaram as lembranças e 
a liderança chinesa no quadro de medalhas

Uma data assim meio cabalística é ótima para enfrentar rivais como os argentinos. Mandinga a postos, porque os hermanos são os adversários em duas modalidades coletivas masculinas, o vôlei e o basquete, ambas nas quartas de final, às 10h e às 16h, respectivamente. Os papéis, aliás, se polarizam de um jeito até estranho.

Em 2004 os campeões olímpicos de saques, manchetes e cortadas foram os brasileiros. Nos mesmos longínquos jogos de Atenas, quando o objetivo foi fazer cestas, o ouro ficou com os conterrâneos de Cristina Kirchner. Em 2008, nem o time de Bernardinho nem os argentinos no basquete deram-se lá muito bem. Hoje, tudo é diferente.

Após duas semanas querendo só assistir Olimpíada sem ter de voltar para trabalhar, o torcedor vê o Brasil com oito medalhas acumuladas. Tem uma no futebol masculino e outra no vôlei de praia garantidas -- falta definir o vil metal de cada uma. E Juliana e Larissa disputam o bronze com as chinesas Xue e Zhang nesta quarta, 8.

No boxe, em que mais dois discos metálicos estão assegurados. Adriana Araújo volta ao ringue contra Sofya Ochigava, da Rússia, por uma vaga na finalíssima de quem tem até 60 quilinhos, às 10h15. Às 18h30, Yamaguchi Falcão encara o cubano Julio La Cruz, pelas quartas de final, mas dos de até 81 quilos.

No atletismo, dois brasileiros estão em semifinais dos 200 metros rasos. Bruno Lins vai à raia às 16h10. Apenas oito minutos depois, Aldemir Gomes corre pela representação verde-amarela. Fábio Gomes vai tentar, no salto com vara masculino, fazer o inverso de Fabiana Murer.
 
Luiz Alberto será o brasieiro no triatlo, competição que remete a um certo jogo de Atari para boa parte dos leitores de 30 a 40 anos. Se o ancestral dos games só provoca saudosismo e LER/Dort, o torcedor pode almejar por um azarão.

Vai, Rahmannshof’s Bogeno! Doda montado na
"brasileiríssima" estirpe de Baloubet du Rouet

E por usar terminologia cara ao turfe, os cavalos olímpicos também têm vez. Álvaro Affonso de Miranda Neto, o Doda, e Rodrigo Pessoa, o eterno montador de Baloubet du Rouet, vão à luta às 8h e às 10h55 em busca de medalhas individuais no hipismo. Cabe notar que, atualmente, eles montaoxem Rahmannshof’s Bogeno, filho do Baloubet du Rouet, e o mexicano Rebozo, respectivamente. O fantasma a ser exorcizado é o que assolou Maestro St. Louis na segunda. Então, viseira em posição, e vamos olhar para frente (que trocadalho infeliz).

Horários das competições

Salto com vara masculino - Fábio Gomes - às 6h
Decatlo masculino - Luiz Alberto - 100m rasos às 6h26; salto em distância às 7h10; arremesso de peso às 9h10; salto em altura às 14h; 400m rasos às 17h38.
200m rasos - Bruno Lins na semifinal às 16h10; Aldemir Gomes na semifinal às 16h18
Vôlei de Praia feminino - Juliana e Larissa x Xue e Zhang, disputa de bronze
Vôlei Masculino - Brasil x Argentina, às 10h, quartas de final
Basquete Masculino - Brasil x Argentina, às 16h, quartas de final
Boxe - Adriana Araújo x Sofya Ochigava na semifinal de até 60kg às 10h15; Yamaguchi Falcão x Julio La Cruz na semifinal de até 81kg às 18h30
Hipismo - Doda e Rodrigo Pessoa (ou seria Rahmannshof’s Bogeno e Rebozo?) às 8h
Ciclismo - Squel Stein pedana no BMX feminino às 11h; Renato Rezende, no BMX masculino, sobe na magrela às 11h40

quarta-feira, novembro 18, 2009

A cerveja na faculdade e a hipocrisia

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Estou aqui em Londres fazendo um mestrado em Planejamento Urbano na London School of Economics. Antes disso, entre 2001 e 2006, estudei jornalismo na USP. Nas duas faculdades, como é evidente, a busca por uma cerveja pós-aula é imediata, praticamente universal.

Só que enquanto na USP a gente contava com as cervejadas organizadas pelo Centro Acadêmico e pela Atlética uma vez por semana - nao-autorizadas mas toleradas pela direção da unidade, a ECA - e pela venda ilegal de mé na lanchonete (a latinha vinha escondida num saquinho de papel), na LSE as coisas são um tantinho mais fáceis.

Basta sair do prédio e escolher entre o The Three Tuns, bar que financia o CA daqui, ou o George IV, pub que faz parte da lista oficial de lanchonetes e restaurantes da Universidade. Sim, a LSE tem um pub oficial e, olha só, lá os alunos podem tomar cerveja! Isso num país em que o controle à venda de álcool é coisa muito séria. Um dia, eu, do alto dos meus 27 anos, fui comprar whisky pra levar para o Brasil no mercado e não consegui, porque eu não estava com nenhum documento que comprovasse que eu tinha mais de 21 (ódio mortal ao mercado, eternamente).

Por que o consumo de álcool nas universidades - pelo menos em São Paulo, não sei como funciona em outros lugares - não pode ser tratado de maneira um pouquinho mais adulta? Por que quando queríamos organizar festas en USP, coisa que nunca deixamos de fazer, tínhamos que ouvir argumentos do tipo "universidade não é lugar de cerveja".

Sim, universidade é lugar de cerveja. É onde muitos adolescentes se educam para o álcool. Aprendem, num ambiente amigável e familiar (menos na Uniban), quais são os limites para a manguaça, se acostumam ao papel socializador do mé e ainda podem desenvolver suas idéias com mais, digamos assim, liberdade.

Tem como incluir no Manguaça Cidadão o direito sagrado à cerveja depois da aula?

sexta-feira, abril 03, 2009

A piña colada e a manguaça intrínseca

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Essa é para mostras que generalizações e preconceitos (ou pré-conceitos) não são necessariamente do mal e podem render ótimas histórias. E também para reafirmar que a manguaça está no sangue, não importa a concentração alcoólica no corpo.

Aqui em Londres eu trabalho como garçonete em um restaurante que também tem um bar. Ou seja, se o cliente quiser só tomar uma, e não comer, não tem problema. Estava eu trabalhando numa tarde, horário em que não há barman, quando entram um homem e duas mulheres perguntando se podiam só beber. Claro, como não?

As pessoas estavam felizes e já chegaram conversando. O cara, que depois descobri ser italiano, me disse que as duas mulheres estavam loucas por uma piña colada, mas estavam tomando antibióticos, e ele estava tentando convencê-las a não beber.

Eu disse que tudo bem, imagina, o máximo que ia acontecer era cortar o efeito do remédio, mas elas não iam passar mal. Conversa pra vender, verdade, mas argumento de manguaça. Bom, eu estava preparando o drinque o e cara me perguntou o que eu tinha de não-alcoólico, já que ele não bebia. Eu apontei para os copos e disse que tínhamos piña colada sem álcool. Só que ele entendeu que eu achava aquele drink tão fraco que era praticamente sem álcool.

Aí ele olhou bem pra mim - eu, branquela de cabelos vermelhos, a pessoa que no ranking das adivinhações aqui em Londres é polonesa disparado - e disse:

- Não é possível, falando desse jeito de álcool você deve ser brasileira.

Quase caí pra trás. NUNCA alguém tinha adivinhado a minha nacionalidade. Mesmo brasileiros que vão ao restaurante e me ouvem falando inglês não conseguem perceber o sotaque e saber que eu sou brasileira. Até ele riu quando eu disse que eu era brasileira mesmo.

Vendo a minha surpresa - foram alguns minutos com os olhos arregalados - ele explicou que tem um grande amigo, brasileiro, que fala de álcool exatamente do mesmo jeito que eu falei. As duas mulheres também não acreditaram, porque jamais diriam que eu sou brasileira.

Claro que isso me levou a divagações 'antropológicas'. Será que os brasileiros são mesmo liberais desse tanto com álcool? A ponto de eu ser reconhecida como manguaça mesmo estando na Inglaterra, reconhecidamente uma terra de bêbados? Ou o fato do cara conhecer dois brasileiros manguaças não passou de coincidência? Preciso de ajuda dos meu companheiros manguaças para reponder a esses questionamentos tão profundos.

terça-feira, fevereiro 10, 2009

Na arquibancada

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60 mil pessoas
Lá pelas 19h20 e mero 1º C na gélida Londres, chego ao Emirates Stadium - estádio para qualquer um babar - para assitir à minha primeira partida da Seleção Brasileira ao vivo. Não dá para não reclamar. Tive que vir para Londres para conseguir ver a Seleção jogar. E não foi por falta de jogo em São Paulo, foi culpa da maldita raça dos cambistas. Odeio cambistas (e, com o perdão da digressão, ainda tenho o azar de ver o Radiohead tocando em São Paulo e não em Londres no período da minha estadia aqui... tá tudo ao contrário).

O clima no estádio era bem mais comum para mim do que nos jogos do Arsenal. Todo mundo bebendo, cantando, vendedores de bandeiras e camisetas mil. Quando o jogo é do Arsenal não tem festa nenhuma do lado de fora, e nenhum camelô, claro. Imagina, vender produto pirata na frente do estádio. Isso aqui deve dar cana na hora.

Mas como faltam poucos minutos para o início da partida, não tomo nenhuminha lá fora e corro para meu portão. No caminho, vários grupos de brasileiros pulam, gritam e fazem festa loucamente, no melhor estilo "Galvão, filma eu". Faz parte.

Nos estádios aqui, é permitida a venda de cerveja, menos nos jogos da Champions League, creio que por questões de patrocínio. O problema é que não pode carregar a cerveja para as cadeiras, tem que tomar tudo nos corredores de acesso. Mais uma vez o tempo urgia e não deu pra ter o prazer de beber uma no estádio (quase meio litro de breja em menos de cinco minutos não ia dar). Mas... não poder assistir ao jogo com o copo na mão também não é tanta vantagem assim.

O início do jogo atrasou um pouquinho - creio que por isso o hino brasileiro foi grotescamente cortado - e, quando começou, tivemos que implorar para a galera do "filma eu" abaixasse as faixas. Triste.

O jogo, como o Glauco já escreveu, começou quente. Logo no comecinho, gol anulado da Itália. Na hora me pareceu impedimento - eu estava na lateral do campo, bem de frente para o lance -, mas os portais dizem que o gol foi legal. Azar da Itália, e meu prazer em gritar "chuuuuuuupa" para os italianos atrás de mim. Delícia!

Logo depois, aos 12, uma bela jogada entre Ronaldinho e Robinho culminou no gol de Elano. Mais provocações aos italianos, mais diversão. Depois, veio a ola. Pode parecer banal, mas os ingleses perto de mim se divertiram a valer. Eu até perguntei para o que estava ao meu lado se eles não tinham ola nos estádios. Não, não têm.

replay na hora
Mas o melhor veio depois, com a pintura que foi o gol de Robinho. (E o melhor é que revimos os gols na hora, por todos os ângulos, pelo telão do estádio. Sem essa história de que não pode passar lance do jogo no estádio). Os gringos simplesmente não acreditavam no que aconteceu. Os espanhóis na minha frente (torcedores do Real Madrid, devem ter ficado um tanto arrependidos) e os ingleses ao lado davam gargalhadas. Mesmo, sem exagero. O que foram aqueles dribles?

man of the match
Aliás, o que é o Robinho quando joga pela Seleção? Mesmo com o relativo sucesso de sua passagem pelo Manchester City, quando ele entra em campo pelo Brasil o nível é outro. Ele se compromete em campo, está sempre atrás da bola que nem um maluco. Dá gosto de ver. Dunga agradece, certamente. E eu, que presenciei, também.

No geral, o primeiro tempo foi muito bom. O Felipe Melo jogou muito bem, o meio se movimentou e a defesa segurou as jogadas pelas laterais da Itália - redundância, porque a Itália só tem jogada pelas laterais e chuveiro para a área. Medíocre.

Já o segundo tempo foi diferente. O Brasil deu aquela acomodada e não importunava muito a defesa italiana. Já a Itália subiu a marcação e foi aquele deus nos acuda de chutão pra frente. Assim, a Azzura conseguiu algumas boas chances. Os atacantes, no entanto, não fizeram a sua parte. Luca Toni chegou perto, mas seu gol foi anulado por ajeitar a bola com a mão. Na hora eu nem soube o motivo, mas não importa, foi bom importunar novamente os italianos.

Que, diga-se de passagem, depois de verem o jogo perdido, começaram a gritar "Robinho estuprador". Ao que os brasileiros perto de mim responderam na lata: "Robinho is fucking Itália". Gritos espontâneos de torcida são ótimos.

No final, substituições protocolares. Achei que o Dunga podia ter colocado o Pato antes, já que Adriano não é opção de saída de bola quando o adversário marca em cima. Ele até tentou, mas correr com a bola pela lateral não é sua melhor característica.

Sem mais emoções, com um olé aqui e outro lá e alguns toques de efeito, o jogo acabou. Agora, o Brasil tem vantagem na série histórica de jogos contra a Itália, o que não é lá muito importante. O que importa agora é importunar os meus vizinhos italianos!

quarta-feira, novembro 26, 2008

Campanha internacional

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O que a gente não faz pelo Futepoca?


Campanha a 4°C - Emirates Stadium - Arsenal 1 x 0 Dínamo de Kiev - UEFA Champions League - 25/11/08

sábado, novembro 15, 2008

Conexão Londres-São Paulo

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Aqui em Londres conheci um chef de cozinha britânico que morou dois anos no Brasil com a namorada. Conversa vai, conversa vem, o inglês, que torce para o Corinthians, teceu uma comparação entre os times de Londres e os de São Paulo.

Para ele, o Corinthians corresponde ao West Ham, o time do povão, das classes trabalhadoras. Já o São Paulo é como o Arsenal, conta com muitos torcedores jovens. Coincidentemente, escolhi o Arsenal para torcer (ou o Arsenal me escolheu, já que moro a um quilômetro do estádio). E o Palmeiras corresponde ao Chelsea. O motivo? Torcedores racistas e preconceituosos. Não sei bem como um inglês branquelo pôde formar essa opinião, mas é a visão do cara.

E aí, faz sentido?

terça-feira, setembro 23, 2008

Celular é mais perigoso que dirigir bêbado

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Um estudo publicado recentemente em Londres, na Inglaterra, comprova a tendência de criminalização exagerada da manguaça: segundo a pesquisa da RAC Foundation, em parceria com o Laboratório de Pesquisas do Trânsito (TRL, na sigla em inglês), a troca de torpedos pelo celular atrapalha muito mais os motoristas do que se estivessem sob o efeito de álcool ou drogas. Na análise de comportamento entre 17 motoristas com idade entre 18 e 24 anos, as reações dos motoristas foram 35% mais lentas quando dirigiam enquanto escreviam ou liam mensagens de texto pelo celular. Além disso, a capacidade de controle no volante foi prejudicada em 91% e a habilidade em manter a distância com relação aos outros carros também caiu.

Resultados de pesquisas anteriores haviam demonstrado que as reações ficavam cerca de 21% mais lentas entre motoristas que dirigiam sob o efeito da maconha e 12% mais lentas entre os motoristas que haviam bebido além do limite considerado legal na Grã-Bretanha. Nick Reed, pesquisador do TRL, afirma que a distração com o celular "resulta em uma diminuição na capacidade de reação e de controle do veículo que colocam o motorista em um risco maior do que se estivesse consumido álcool no limite legal para direção". Já o diretor da RAC Foundation, Stephen Glaister, observa que, na opinião da maioria dos participantes do estudo, dirigir bêbado era a prática mais perigosa no trânsito. "No entanto, os resultados mostram que o motorista que envia torpedos enquanto dirige é muito mais incapacitado do que aquele que bebeu além do limite legal de álcool", desmistifica.

E aí? Por que não aprovam uma "Lei Surda"? Os manguaças do mundo denunciam: isso é preconceito! E discriminação!

quarta-feira, julho 02, 2008

Se o problema é esse, o Lula resolve!

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O ex-prefeito de Londres, Ken Livingstone (à direita), afirmou ao jornal The Independent que, para garantir as Olimpíadas de 2012 na capital inglesa, só teve de passar a noite bebendo com os delegados do COI (Comitê Olímpico Internacional), responsável pela escolha da sede dos jogos. "Esta foi a razão pela qual conseguimos ser a sede da Olimpíada de 2012", garantiu Livingstone. "Nem me lembro como fui capaz de achar minha cama depois daquela noite", entregou o ex-prefeito, que hoje é apresentador de rádio. Na semana passada, quando assinou o projeto de lei que dá crédito de R$ 85 milhões para custear a candidatura do Rio de Janeiro às Olimpíadas de 2016, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a cidade terá de travar "um grande embate político" para vencer Madri, Tóquio e Chicago. Tá no papo: se o "embate" for o que Livingstone revelou, Lula tem todas as condições de trazer os jogos para o Brasil. Biocombustível neles!

terça-feira, junho 03, 2008

Tudo pronto para Copa de Futebol gay, em Londres

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A Associação Internacional de Futebol de Gays e Lésbicas (IGLFA) já tem a relação de equipes participantes da Copa Mundial de Futebol Gay e Lésbico da Inglaterra. A competição acontece de 24 a 30 de agosto, em Londres.

Foto: Reprodução IGLFA
No total, 50 equipes de diversos países se inscreveram. Não há exclusividade na representação de cada país. Por exemplo, 23 dos times estão no Reino Unido e 13 dos Estados Unidos. Da América Latina, são dois times, um formado no México e outro na Argentina.

O torneio se divide em duas divisões masculinas e duas femininas. A participação das mulheres é uma novidade em relação à disputa de Buenos Aires em 2007. Numa leitura rápida, a única diferença nas regras aplica-se apenas para a segunda divisão feminina, em que sete jogadoras atuam de cada lado. E há autorização para mulheres jogarem em times masculinos. O inverso não.

E não há necessidade de comprovação sobre sexualidade. Na verdade, a competição busca ser inclusiva, qualquer um pode participar. Embora seja necessário o registro na federação.

Segundo organizadores, pouca gente entende "o espírito e o entusiasmo de protagonizar um evento que pode ser tão competitivo quanto divertido". O objetivo é promover o reconhecimento e o direito à participação de homens e mulheres gays nos esportes e na sociedade em geral.

Mesmo sem apoio da prefeitura de Londres, a competição deve transcorrer normalmente. A próxima taça será disputada em Washington, em junho de 2009. Será que São Paulo, dona da maior parada gay do mundo e maior cidade do país do futebol, se interessaria pela edição de 2010?

quarta-feira, abril 16, 2008

Londres nega recursos para campeonato mundial de futebol gay

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Deu no MixBrasil

O prefeito de Londres negou patrocínio ao Campeonato Mundial da Associação de Futebol Gay e Lésbico, realizado em agosto, na capital inglesa. Ken Livingstone, também se recusou a assinar a carta de apoio à candidatura da Associação para subvenção ao fundo de loteria, outra frente de arrecadação de 30 mil libras para a liga buscado pela entidade.

Livingstone é membro do partido trabalhista, do ex-primeiro ministro Tony Blair e do atual, Gordon Brown. Ele está em plena campanha de reeleição, com ameaça de perder o cargo, já que as pesquisas do Guardian/ICM mostram empate técnico com o deputado conservador Boris Johnson. O pleito ocorre em 1º de maio.

A surpresa explica-se ainda, porque Livingstone chegou a publicar uma carta de apoio ao evento no site da competição. "Como prefeito de Londres, estou comprometido na luta por igualdade para lésbicas e gays e enfrentando a homofobia", escreveu. "O campeonato da IGLFA estará ao lado da Parada do Orgulho e da Comunicada Rally, da Parada Soho, do mês da história GLBT, do dia internacional contra a homofobia e do Festival de Filmes Gays&Lésbicos de Londres fazendo nossa cidade um dos centros da cultura gay no Reino Unidio e uma das capitais gays do mundo", arrematou.

Os integrantes da Associação Internacional de Futebol Gay e Lésbico (International Gay and Lesbian Football Association, IGLFA em inglês) acreditam que, mesmo assim, o evento vai acontecer. "Ken Livingstone está dispondo de bilhões de libras para mega eventos corporativos, como as Olimpíadas de 2012, mas não pode dar poucas mil libras para ajudar a celebrar o campeonato de futebol gay", declarou Peter Tatchell, do grupo de direitos humanos GLBT OutRage!.

"Londres teve a honra de ser escolhida para receber o Campeonato, mas o prefeito está se recusando a apoiá-lo", completou.

Em 2007, campeonato semelhante foi organizado na Argentina. Na ocasião, constava que não há exigência de que os atletas sejam gays.

sexta-feira, novembro 09, 2007

Long neck Nova Schin a 17 reais

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Foi em Londres, em 2004. Eu morava naquelas bandas, uns camaradas músicos iam tocar samba num bar "brasileiro" chamado Guanabara, em Covent Garden, no centro. Lá fomos eu, a patroa da época e um camarada, o George, que estudava inglês e trabalhava de garçom num bufê de festas para os chiques britânicos. O Alemão, outro amigo nosso, fez as pick-ups e tocou samba-roque na entrada e nos intervalos. Até aí, tudo conforme.

Vamos comprar a cerveja. Quem conhece a capital inglesa sabe que isso não é exatamente uma preocupação. Qualquer canto tem o seu Pub, com lager ultragelada ou bitter em temperatura mais ou menos ambiente, a tradicionalíssima irlandesa Guinness e outras tantas variedades. A cerveja é servida em pints, um copo que praticamente corresponde a uma de nossas garrafas, com seus 568 ml, ou em half pints.

Aconteceu, no entanto, que os cabras acharam que a cerveja tinha que ser "a caráter". Só tinha long neck Nova Schin, ao custo de 4 libras. Cada libra na época valia uns R$ 4,40, totalizando R$17,40!!! Ninguém vai deixar de beber, mas o camarada George registrou sua análise, sem contestações: "Os caras acham que bar brasileiro é o que vende cerveja brasileira. Bar brasileiro é o que vende cerveja barata". Opa!

"Estou ameaçado de morte"

Mas isso não foi o mais surpreendente da noite. Conhecemos o produtor da banda, cujo nome nenhum manguaça vai exigir de mim que me lembre, mesmo considerando que o preço e a revolta impediram que eu bebesse o suficiente pra fazer a cabeça. Mas o cara tinha história pra contar.

Era mais um de tantos paulistanos de classe média que vão a Londres viver a liberdade de andar sem documentos, comprar "cogumelos mágicos" (magic mushrooms) no mercado, ganhar uns trocados em subempregos. Ele trabalhava como entregador de pizza, e pra isso comprou uma moto. Na hora de registrar o veículo, não pedem documento, apenas perguntam o seu nome. A dele estava em nome do Silvio Santos, um dos maiores proprietários de motos na Inglaterra. A brasileirada acha então que não precisa cumprir nenhuma lei de trânsito, pois as multas vão pra conta do Silvio. E o cara abusou um pouco.

Mas se o registro é apenas pro forma, o mesmo não se pode dizer do seguro obrigatório, que exige apresentação de passaporte e comprovante de endereço. Pra encurtar a história, pegaram o cara e ele foi convocado a se apresentar aos tribunais ingleses, que estão entre os mais tradicionais do mundo, onde os juízes usam até peruca branca.

Encurralado, o manguaça resolveu arriscar tudo. Diante das Royal Courts of Justice, confessou: "É verdade, eu falsifiquei o registro e tomei as multas todas. Mas vocês não podem me mandar de volta pro Brasil". Pausa entre os magistrados. Eles trocam olhares. Finalmente, perguntam a razão de tal impedimento. O cara, que nunca deve ter saído da Vila Madalena, truca: "Sou do MST, estou ameaçado de morte. Se voltar ao meu país, vou morrer."

Conseguiu asilo político, e deve estar por lá até hoje.