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quinta-feira, setembro 19, 2013

Vitória no esquema 'MR': Muricy Ramalho/ Marcos Rocha

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Agora sim! Agora é possível comentar uma partida com trabalho substancial de Muricy Ramalho. Tudo bem que a Ponte Preta, primeira vítima deste segundo turno, venceu o Corinthians ontem; mas isso ocorreu muito mais pela péssima fase do alvinegro paulistano do que pelo futebol do time campineiro, que segue na zona de rebaixamento. E o Vasco, segunda vítima de Muricy, demonstrou que é o saco de pancadas da vez, ao perder novamente em casa, ontem, para o Vitória. Já o Atlético-MG, ao contrário, por mais que não esteja brigando lá em cima no Brasileirão, continua com o time-base que conquistou a Libertadores no primeiro semestre e o fantástico (e perigoso) quarteto ofensivo formado por Ronaldinho Gaúcho, Diego Tardelli, Jô e Fernandinho, que substituiu - e bem - o Bernard. Por isso, o 1 x 0 de ontem no Morumbi, apesar de sofrido, convenceu.

Mas é preciso salientar que outro MR, além de Muricy Ramalho, foi decisivo para a vitória sãopaulina: o lateral-direito Marcos Rocha. Trata-se de um jogador que eu gostaria MUITO de ver com a camisa do meu time. Sempre gostei do futebol desse cara e acho que ele tem grande importância no time de Cuca. Mas ontem, como é passível de acontecer com qualquer bom atleta, ele teve uma noite desastrada: se atrapalhou com o goleiro Victor no lance em que a bola sobrou livre para a cabeçada e o gol de Welliton (num lance muito parecido com o do gol de Amoroso que abriu o placar sobre o Atlético-PR na decisão da Libertadores de 2005) e depois, no lance mais inacreditável, desperdiçou o empate para os mineiros quando ficou com o gol livre, aberto, na pequena área do São Paulo - na sequência de uma linda jogada individual de Jô. Se tivesse marcado, a história seria outra...

O gol de Amoroso na decisão de 2005, contra o Atlético-PR...

...foi semelhante ao do gol de Welliton, contra o Atlético-MG

Por isso, o fator sorte também influiu para a terceira vitória consecutiva de Muricy Ramalho. O que não tira o mérito do treinador, de forma alguma. Ele entendeu, mais do que os antecessores, que o São Paulo tem quatro jogadores de alto nível (Rogério Ceni, Ganso, Jadson e Luís Fabiano) e o resto é bem sofrível. O time não tem laterais decentes e os volantes e zagueiros são bem meia-boca. Assim, o time tomava muitos gols pelos lados do campo e não tinha saída de bola nem ligação segura da defesa com o ataque. Ney Franco confiava em Wellington para sair jogando, sem sucesso. Paulo Autuori elegeu Fabrício, também sem sucesso. Muricy percebeu que os zagueiros do Tricolor não seguravam o rojão quando um dos volantes avançava. Logo, criou um esquema híbrido, com dois "líberos", ou melhor, "zagueiros/volantes".

O novo São Paulo, de Muricy, joga com apenas um zagueiro quando está com a bola (Antonio Carlos, com o lateral-direito/zagueiro Paulo Miranda na sobra) e com três quando ela está com o adversário (Rodrigo Caio volta para compor a zaga e Denílson se transforma em cabeça-de-área). Assim, quando está se defendendo, o time não fica tão exposto nas laterais. E, quando recupera a bola, aparecem três opções para ligar o meio com o ataque: Rodrigo Caio, Denílson e Maicon. Eles conseguem acionar Ganso, pelo meio, ou Reinaldo/ Welliton, pela esquerda, ou Jadson pela direita. E, daí, a bola chega em Luís Fabiano (que, quando perde o lance, tem Jadson e Welliton entrando na área para pegar o rebote). Palmas para Muricy Ramalho! Ele conseguiu o improvável: um esquema pragmático para o limitado São Paulo.

O resultado, mais do que as três vitórias consecutivas, é que o time ainda não sofreu gol neste segundo turno e, mais importante, está criando mais finalizações no ataque. Sim, a defesa continua tomando sufoco quando o adversário resolve reagir, mas agora a gente vê um "sistema de emergência" mais definido, em vez daquele "balaio de gato" que era o time no primeiro turno. Ou seja, temos um esquema defensivo planejado, temos proteção nas laterais (os setores mais carentes do time), temos saída de bola consistente, temos um esboço de funcionamento do ataque. Excelente. É claro que derrotas virão, elas são praticamente inevitáveis num campeonato em que Cruzeiro, Botafogo, Atlético-PR e mesmo o Goiás, sem esquecer Coritiba e Grêmio, estão muito bem. Se perder, é ter calma e paciência. Muricy sabe muito bem o que faz.

sexta-feira, setembro 13, 2013

O 3-5-2 é bem vindo, mas não fará milagre

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Caramelo é opção na lateral
Não, não vou entrar na euforia da torcida pela vitória por 1 x 0 contra a Ponte Preta, na primeira partida de Muricy Ramalho em seu retorno ao São Paulo. O adversário vive momento muito semelhante ao do Tricolor, completou sete derrotas seguidas e não criou as dificuldades que, com certeza, os próximos jogos vão trazer. É preciso calma com o "milagre Muricy", porque todo mundo sabe que novas derrotas podem transformá-lo em "conto do vigário". Por isso, "devagar com o andor"...

Mas quero, nesse post, saudar as primeiras providências de Muricy dentro de campo, que interessam até mais do que o resultado. E três delas, decisivas para volume de jogo apresentado (16 finalizações nos 90 minutos), eu já tinha sugerido antes aqui no Futepoca: a mudança para o esquema 3-5-2 (liberando os laterais, que não sabem marcar, para municiar o ataque), a volta de Paulo Miranda para a zaga e a efetivação de um lateral-direito de origem (Caramelo) - que não seja o péssimo Douglas.

Cuca implantou o 3-5-2
Em sua passagem anterior pelo São Paulo, Muricy sofria muitas críticas pela manutenção, por anos a fio, do esquema com três zagueiros. À imprensa, ele sempre respondia: "Não é, necessariamente, um esquema 'retranqueiro', defensivo. É uma segurança maior para quando o time não está com a bola, mas, quando temos a posse dela, todo mundo ataca." Bom, nem sempre isso dava certo. Mas, sem dúvida, a defesa era muito menos vulnerável naqueles tempos - vide Brasileirão de 2007.

O sistema 3-5-2 foi implantado por Cuca em 2004, numa época em que o São Paulo vinha de três temporadas decepcionantes, com eliminações na reta final de várias competições - algo parecido com o que ocorre com o time de 2009 para cá. O Tricolor era chamado pelos adversários - e pelos próprios sãopaulinos, após a eliminação na Libertadores de 2004 - de "amarelão" e "pipoqueiro". Com dois laterais muito ofensivos, Cicinho e Júnior, Cuca decidiu reforçar a zaga com três jogadores.

Mineiro e Josué: bons tempos...
E deu muito certo, tanto que o esquema foi mantido nas conquistas de Emerson Leão (Campeonato Paulista) e de Paulo Autuori (Libertadores e Mundial) em 2005, e de Muricy (Brasileirão) entre 2006 e 2008. Ontem, contra a Ponte Preta, os três zagueiros permitiram proteção suficiente para soltar mais os meias e os atacantes na frente. Mas, ainda assim, o time tomou sufoco. E por quê? Porque, hoje, não temos uma dupla de volantes como Mineiro e Josué. Assim, o esquema fica "manco".

Além disso, os laterais Caramelo (ou Douglas) e Reinaldo (ou Clemente Rodríguez) não têm nem 10% da qualidade e da efetividade que tinham Cicinho e Júnior para municiar o ataque e recompor a defesa. Portanto, mesmo que Muricy esteja adotando uma tática correta de emergência, a fragilidade do elenco sãopaulino demonstra que ele vai "suar sangue" para estabilizar o time. No ataque, por exemplo, se Luís Fabiano precisa perder 50 gols para fazer um, o (grande) volume de finalizações apresentado precisa aumentar!

Resumo: o Muricy está certo, mas não faz milagres. O elenco é fraco e mesmo as "estrelas" - Ganso, Jadson, Luís Fabiano - não mantém regularidade e não rendem, há muito tempo, aquilo o que os torcedores e os treinadores esperam deles. Não é todo dia que teremos Náutico ou Ponte dando sopa. É preciso ter calma, paciência. E não se abater com a próxima (e inevitável) derrota, como ocorreu contra o Criciúma. Fé! E "vamo", São Paulo!


sábado, março 09, 2013

Para Muricy, o Barcelona "não privilegia tanto a parte tática"

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De Muricy Ramalho, ontem, em entrevista coletiva, ao dissertar sobre para qual time ele preferia que Neymar fosse, caso o atleta saísse do Santos:

Ivan Storti / Santosfc.com.br
"A gente torce por isso. Nós aqui no Santos, pelo menos. Pelo incrível que pareça, nós ficamos fãs deles depois da derrota no Mundial. De como o time joga e é administrado. Temos livros e tudo mais. Onde ele vai jogar eu não sei, mas espero que seja lá porque é um futebol parecido com ele, um futebol técnico, um futebol que não privilegia tanto a parte tática. Mas, volto a dizer, quem vai decidir isso é quem toma conta da carreira dele.”

É isso, amigos. Para um dos treinadores mais reconhecidos e bem remunerados do Brasil, no Barcelona, não se privilegia muito "a parte tática". Ou ele se expressou muito, mas muito mal, ou por aí é possível perceber (mais) uma das razões do baile que o Santos tomou no Japão e também porque nas bandas de cá tem se praticado um futebol tão previsível.

domingo, abril 10, 2011

Americana 0 X 0 Santos - Muricy respeita "DNA ofensivo", mas não sai do zero

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 “Aliás, se Muricy Ramalho ou Felipão voltarem ao mercado em breve, será que eles seriam sondados ainda que não tenham muito DNA ofensivo?”

Fazia essa pergunta num post de 6 de março, por conta da justificativa dada pelo presidente santista por conta da demissão de Adílson Batista. Obviamente, o bom senso falou mais alto que qualquer “DNA”. Não foi preciso terapia genética para que o melhor técnico sem clube no mercado fosse contratado pelo Santos, estreando hoje, no empate em zero a zero contra o Americana.

Como bem lembrou o Marcão, o elenco que o Santos tem permite – ou quase obriga - ao treinador, que ficou famoso por montar defesas sólidas no São Paulo, montar um esquema tático diferente dos que fizeram sua fama, e que respeite as características dos atletas. Afinal, foi assim que ele se portou no Fluminense, onde usou o 3-5-2 e o 4-5-1, mas também o 4-4-2 e o 4-3-3. Não à toa: as inúmeras contusões dos atletas do Tricolor do Rio forçaram as mudanças e, mesmo assim, Muricy foi campeão brasileiro.

Foi com essa perspectiva ofensiva que o treinador peixeiro estreou contra o Americana fora de casa, poupando os titulares que enfrentarão o Cerro Porteño no próximo dia 14 e utilizando os três que não irão ao Paraguai: Neymar, Elano e Zé Eduardo. Maikon Leite jogou (sic) como titular e o Santos iniciou com três atacantes. O aguaceiro permitiu pouco futebol, mas o time criou algumas chances, nada para se emocionar.


Como ressaltou o técnico, o problema santista é menos a disposição tática, mas o que os jogadores fazem quando não estão com a bola. Traduzindo, os meias e atacantes têm que marcar e ocupar espaços para sufocar o adversário e evitar os contragolpes. Nenhuma novidade, é a consciência tática que os atletas do ofensivo time campeão brasileiro de 2002 ou que a equipe do primeiro semestre de 2010 tinha e que parece ter perdido. Mas ficou evidente também que não foi nessa primeira partida que tal consciência emergiu.



O resultado poderia até ter sido pior, já que o Americana teve um gol anulado perto do final da partida. A dúvida é se foi o atleta da equipe do interior ou o lateral Alex Sandro que deu a assistência para o jogador em impedimento. Em função da situação da tabela e do esdrúxulo regulamento do Paulista, a derrota não faria muita diferença para o Santos, mas um resultado melhor manteria as chances do Americana de entrar no G-8. Para o comandante, seria uma outra estreia com derrota. No Fluminense, iniciou perdendo para o Grêmio.

Mesmo com a disposição ofensiva, o 0 a 0 foi a terceira peleja do ano em que o Alvinegro não marcou gols. E também resultou na perda da condição de melhor ataque da competição, posição que ostentava desde o início. Com 38 gols, o São Paulo, ex-time de Muricy, agora tem um tento a mais que o Santos. Algo que certamente será desconsiderado pela torcida peixeira, ainda mais se o Santos vencer o Cerro Porteño, por meio a zero que seja, pois dificilmente algum santista vai lembrar de DNA na quinta-feira.

quinta-feira, março 31, 2011

Dessa vez, o 'Professor Pardal' errou o 'invento'

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Na semana passada, comentei em um post que, apessar da derrota para o Paulista de Jundiaí, o São Paulo tinha jogado muito bem e criado várias chances de gol. Falhas nas finalizações e na cobertura da defesa impediram um resultado melhor. Já na partida de ontem em Recife, contra o Santa Cruz, pela Copa do Brasil, a equipe não foi nada bem. Não criou quase nada, confundiu o meio de campo e, mais uma vez, contou com falha da defesa para perder por 1 a 0. Responsabilidade direta do técnico Paulo César Carpegiani (foto), que cometeu o absurdo de deixar Carlinhos Paraíba no banco na primeira etapa.

Por mim, Carlinhos, que atravessa boa fase, deveria ter entrado jogando - e justo no lugar do estabanado Rodrigo Souto, que, apesar de ter ido bem contra o Corinthians, ainda está sem ritmo de jogo e meio desentrosado com os zagueiros (seu gol contra mostrou muito disso). Não acho que a entrada de Rivaldo tenha sido equivocada. Ele acertou um belo voleio, defendido pelo goleiro do Santa Cruz, e fez outras boas jogadas. Porém, num jogo veloz e sob o forte calor nordestino, ele poderia ter entrado no segundo tempo. Marlos era o homem para ter começado como titular, para segurar a marcação e liberar mais o - hiper-ultra bem marcado - Lucas. E o problema, pra variar (ou não variar nada), é a lateral direita, onde os improvisados Rhodolfo e Jean sempre passam sufoco. Não por acaso, o atacante Gilberto (que vem para o Corinthians) fez a jogada por ali para cruzar na área e provocar o gol contra de Souto.

Enfim, o São Paulo segue irregular e sem padrão tático. Se no domingo conseguiu anular o meio campo do Corinthians e isolar Liédson, no jogo seguinte muda a escalação e deixa Dagoberto e Fernandinho sem muitas opções. Outro erro foi colocar Ilsinho e Lucas pra jogar juntos, quando fazem a mesma função. Resultado: ambos bateram cabeça com Marlos e não conseguiram criar nada na maior parte da segunda etapa, quando o Tricolor jogava com um homem a mais. Tirar Junior César da esquerda, que jogou bem no domingo, e retornar Juan, que peca muito na criação e no apoio, também foi outra decisão estranha do "Professor Pardal". Tudo bem que o técnico ainda está fazendo testes e ajustes. Mas, numa fase de mata-mata, como a da Copa do Brasil e a próxima do Paulistão, apostar em muitas mudanças de um jogo para o outro pode ser um grande e irreversível erro. Aguardemos o jogo de volta...

quinta-feira, maio 13, 2010

Fernandão e 3-5-2 dão padrão de jogo ao S.Paulo

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Surpreendente, no mínimo, foi o São Paulo que entrou em campo ontem, no Mineirão, para vencer o favorito Cruzeiro por 2 a 0 (foto - Reuters). Foi um time totalmente diferente daquele que escrachei aqui outro dia. Não vou mudar minhas críticas nem o palpite de que o clube vai passar mais um ano sem ganhar nada, mas tenho que reconhecer que houve mudanças importantes. Apesar de continuar com muitas falhas e jogadores abaixo da média, dois fatores foram primordiais para que o São Paulo tivesse, enfim, algum padrão de jogo: o retorno ao esquema 3-5-2, com Alex Silva, Xandão e Richarlyson mandando muito bem na retaguarda, e a estreia do ótimo Fernandão, que conseguiu fazer o pivô, a ligação com o ataque e segurar a bola na frente - o que nenhum meia ou atacante do elenco tinha sido capaz até o momento. Belíssima contratação.

Dagoberto e Marlos funcionam muito melhor como pontas na presença do ex-atacante do Goiás, em vez dos Washingtons, Fernandinhos e Marcelinhos da vida. Prova disso foi primeiro gol, uma triangulação com toques de primeira que há muito tempo não vejo no ataque do São Paulo. E o passe de calcanhar de Fernandão para Hernanes no segundo, no contra-ataque, é o tipo de coisa que falta num elenco, até esta partida, sem qualquer ousadia ou criatividade. É animador, mas sempre bom lembrar que não tem nada ganho. O time prossegue sem laterais decentes, com Júnior César e Cicinho apoiando pouco a linha de frente e deixando largas avenidas para os adversários. Não fosse o trio de zaga e a fantástica atuação de Rogério Ceni, o Tricolor teria levado o empate ou mesmo saído com uma derrota. Tudo bem que teve o gol de Thiago Ribeiro mal anulado. Porém, quatro minutos antes, o juiz tinha apitado impedimento - inexistente - no lance de um pênalti claro sobre Fernandão.

De resto, Rodrigo Souto foi seguro, Hernanes lutou, fez gol mas ainda não rendeu o que se espera dele, e Jean e Jorge Wagner entraram para fechar os buracos nas laterais e não comprometeram. Entre mortos e feridos, vejo que tanto o técnico Ricardo Gomes (com o 3-5-2) e a diretoria do clube (com Fernandão) se mexeram. Continuar naquela medíocridade pavorosa seria suicídio. Na próxima quarta-feira teremos o retorno de Miranda (em quem não confio mais) e talvez uma ou outra substituição (Carleto? Welington?). O Cruzeiro virá babando, para o tudo ou nada. Pode até reverter a situação, não importa. A atuação de ontem do São Paulo já foi um alívio para os que, como eu, previam um futuro pra lá de sombrio nessa temporada. E viva o Fernandão! Bem vindo, muito bem vindo!

quinta-feira, fevereiro 18, 2010

A roleta russa da Libertadores

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O São Paulo joga hoje e nem Deus sabe o que pode acontecer, pois o time é mais instável que os boletins de mortos e cidades em calamidade pública por causa das enchentes em terras paulistas. Mas a perspectiva é de mudanças. Depois que Cicinho chegou, Ricardo Gomes tem ensaiado mudar o esquema definitivamente para 4-4-2. Estranho, pois o lateral-direito não tem costume de voltar para marcar e, no lado esquerdo, Jorge Wagner também passa mais tempo no campo adversário. Como a zaga titular deve ser composta mesmo por Miranda e Xandão, enquanto Alex Silva (acima) não volta, e o ataque tende a ser Washington e mais um, o setor mais indefinido, pra variar, é o meio.

Para dar cobertura aos laterais, Gomes já promoveu o retorno de Richarlyson e Jean recuados, como em 2007 (Carlinhos Paraíba parece carta fora do baralho), mas todo jogo tem improvisação no setor. O único apoiador titular é Hernanes, que hoje será poupado. Léo Lima e Cléber Santana brigam por uma vaga e Marcelinho Paraíba e Marlos (à esquerda) costumam ser escalados no ataque. E Rodrigo Souto vai aparecer pra confundir ainda mais o treinador, assim como o recém-contratado Thiago Carleto, que pode assumir a lateral-esquerda em determinados momentos e liberar Jorge Wagner para o meio, o que embola mais ainda as opções.

Para fazer a ligação com o ataque, a dupla Hernanes e Cléber Santana me parece a mais promissora e interessante, mas nada garante. No mais, as futuras estreias de Fernandinho (à direita) e Rodrigo Souto podem mudar muito o esquema do meio para frente. Por enquanto, a falta de padrão de jogo é nítida. Mas a sinalização do time com dois zagueiros e dos laterais titulares é importante. Se o técnico definir quem e como jogará no meio, terei motivos para desconfiar menos. O ruim é saber que, enquanto o time não tem forma nem entrosamento, uma nova bordoada na Libertadores poderá afundar o clube numa crise talvez mais desastrosa do que nas eliminações anteriores. Alguém duvida?

terça-feira, dezembro 15, 2009

Esquema 4-4-2 resolve impasse na Confecom

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Por Anselmo Massad, de Brasília

Na cobertura do Futepoca da primeira Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), o discurso de abertura feita pelo presidente Lula prejudicou os planos. Ocorre que o mandatário da nação, que costuma produzir metáforas em profusão sobre futebol e cachaça, não fez nenhuma menção ao ludopédio. Menos ainda à aguardente da cana-de-açúcar.

Em um trecho, até acho que constava no discurso lido no teleprompter de cristal líquido a expressão "bola pra frente". Mas o fato é que o presidente, ao ler o trecho, disse: "bora pra frente".

Fiquei sem post até a tarde desta terça-feira, 15.

Um impasse travava a Confecom. Na segunda à tarde, a Associação Brasileira de Radiodifusores (Abra) entrou com um recurso junto à comissão nacional organizadora para garantir um recurso conhecido como "questão sensível" nos grupos de trabalho. A fórmula foi estabelecida em maio para a comissão organizadora, depois estendida à plenária final e, por fim, até com ameaça de abandono da conferência, a cada um dos 15 grupos de trabalho.

Em caso de temas intocáveis para um setor, pode-se alegar que o tema é questão sensível, o que demanda um quórum qualificado para aprovação. Escrevendo de outro jeito: em vez de maioria simples, se um setor resolvesse que não topava uma proposta de jeito nenhum, seria necessário 60% de apoio, incluindo pelo menos um voto de cada setor. Nenhuma outra das mais de 50 conferências nacionais promovidas pelo governo Lula, nem as anteriores, tiveram nada parecido.

Há quem diga que os movimentos sociais agiram por interferência do Palácio do Planalto. Outros asseguram que não foi o caso, que trata-se de uma opção de garantir uma conferência pra lá de contestada pela mídia.

O fato é que na hora de votar o regimento na plenária, as críticas dos movimentos sociais eram pesadas. Então, um grupo de delegados se mobilizou para formular a proposta salva-lavoura: o 4-4-2.

Ninguém fez comparação com o futebol diante dos microfones, mas nem precisava.

Para acabar com o voto sensível, cada setor teria um número de propostas sagradas por grupo de trabalho proporcionais a sua representação. Empresários e movimentos sociais teriam quatro propostas cada e o governo, duas. As outras, seriam votadas sob os padrões normais.

Também não discutiram quem ficaria com qual posição. Se as propostas do governo estariam no ataque do esquema tático dos grupos de trabalho, faltou só discutir quem joga na defesa e quem vai para o meio de campo. Provavelmente os empresários ficariam na zaga, favoráveis a uma retranca para manter quase tudo como está. Talvez os movimentos sociais precisassem ter mais poder ofensivo... Mas isso já são divagações para a mesa do bar.

Também faltou escolher que pega no gol.