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sábado, março 12, 2011

Santos 2 X 1 Botafogo - Ganso volta, marca e dá vitória ao Alvinegro

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Santos e Botafogo fizeram uma partida que poderia ter tido só 45 minutos, a etapa final. Foi após o intervalo que saíram os três gols do jogo e nos dez primeiros minutos que Paulo Henrique Ganso, sete meses afastado dos gramados, decidiu a vitória santista.

O cenário para o retorno era o ideal: a Vila Belmiro, um adversário fraco e um Santos que buscou o gol quase todo o tempo, embora tenha tido dificuldades no primeiro tempo. Ganso deu o lindo passe para Zé Eduardo dar a assistência a Elano, artilheiro do Paulista, marcar seu nono gol no campeonato. E Pará, no mesmo lado direito, deu um passe de camisa dez para Zé Love, que tocou para o gol do armador paraense.

Ganso mostrou disposição durante os 45 minutos. Foi perigoso sempre quando foi à frente, recuou para buscar a bola quando foi necessário, protegeu a bola como sempre costumou fazer, atuou de cabeça erguida o tempo todo. Deu passe de calcanhar por baixo das pernas do rival e causou uma expulsão no fim do jogo ao dar um passe de classe que irritou Fernando Miguel.



Só vendo o retorno de Ganso pode-se ter uma noção de como ele fez falta durante esse tempo não só para o Santos, mas para o futebol brasileiro. Hoje, é quase um dos únicos armadores presente nops gramados e vê-lo atuar remete aos meias clássicos e outros nem tanto que faziam tal função nos campos tupiniquins, mas esse tipo de jogador foi sendo deixado de lado e preterido por esquemas que privilegiam marcadores, velocistas e carregadores de bola. O pensador, o organizador do jogo, só pode sobreviver no futebol atual se tiver muito talento e participar sem a bola, fechando espaços e marcando. Ganso faz isso como poucos e mostrou isso de novo pra quem teve o privilégio de ver o seu retorno. Bem vindo a sua casa, camisa dez.

15 comentários:

Maurício Ayer disse...

Incrível.

Com mais o Ganso o Santos fica um time muito superior aos outros, como no início do ano passado.

Marcão disse...

Craque indiscutível.

Greg Reis disse...

Ganso é um jogador raro, simplesmente pq o tal "armador clássico" a qual você se refere não existe mais e as pessoas não se deram conta disso.

Parem para pensar. Quem é o grande meia armador do futebol mundial, esse que centraliza o jogo, arma e participa no ataque?

Ouso dizer que só existem dois jogadores que reunem essas características em nível "world class": Ozil e o próprio Ganso.

Kaká é muito mais um meia-atacante. Messi e Cristiano Ronaldo são pontas, wingers, atacantes, mas não meias armadores. Pirlo, Xavi, Iniesta e Sneijder até podem fazer tal função, mas não é bem a deles, pois jogam mais recuados.

É uma posição que decaiu faz pouco tempo. Dez anos atrás, tinhamos Zidane, Rui Costa, Djalminha, Riquelme, Bergkamp... Isso falando de jogadores de altíssimo nível. Hoje, não tem mais quase ninguém fazendo o que eles faziam, pois o futebol mudou.

É o mesmo que aconteceu com aquele típico centroavante "pescador". Não se vê mais esses tipos de atletas, pois hoje o futebol demanda participação de todos, tanto nas ações ofensivas quanto nas defensivas.

No futebol brasileiro ainda pode-se notar a presença desse tipo de jogador em muitos clubes. Mas isso é pq somos muito defasados taticamente. O 4-2-3-1, usado a uns 6 ou 7 anos na Europa, só agora começou a ser usado aqui. Então, esses atletas "extintos" ainda estarão nos nossos campos por algum tempo...

Greg Reis disse...

Ah, só pq eu esqueci no comentário anterior:

Ganso é muito craque. Tem tudo pra virar um mito do futebol quando for para a Europa. O problema vai ser para os times encaixarem ele nos esquemas que usam... Mas um craque como ele certamente vai se encaixar em algum lugar.

Maurício Ayer disse...

Tio Greg, mas convenhamos que colocar o Ozil no mesmo patamar do Ganso é uma ofensa.
abraços.

Greg Reis disse...

Maurício, não acho uma ofensa. Ozil gastou a bola na Copa e está mantendo o nível das atuações no Real Madrid, clube que, todos sabemos, não tem um ambiente dos mais tranquilos do mundo. E tudo isso com apenas 21 anos, sempre é bom lembrar.

Ofensa seria comparar com D'Alessandro, Douglas, Conca ou Montillo. São jogadores que fazem função parecida com a do Ganso, mas estão a anos-luz dele.

Ozil já provou seu valor em altíssimo nível. Coisa que, por melhor que seja, Ganso ainda não teve a oportunidade de fazer.

Glauco disse...

Só lamento que provevalmente Ganso irá pra algum clube europeu em breve. Se jogasse mais alguns anos no Santos, seria bom não só para o time como para o futebol brasileiro em si, tanto no quesito arte como no famigerado quesito "negócio".

Não vi recenemente o Ozil no Real Madrid, mas, pela Copa, pareceu muito bom sim. Por essa amostra acho o Ganso um pouco acima. E, digamos, o brasileiro é mais "lúdico" no que faz.

Greg Reis disse...

Glauco, como diriam os italianos, o Ganso dá mais "fantasia" ao jogo. Ozil é bem mais da eficiência, mas também é um jogador extraordinário.

Só acho que Ganso ainda não teve aquela sequência de jogos realmente difíceis, para provar que é, sim, tudo o que esperamos dele. Coisa que Ozil já teve e muito. Independente de desempenho em um ou outro jogo em especial, Ozil já joga no nível mais alto do futebol mundial. Copa do Mundo, Champions League, etc. E já se mostrou um jogador regular e decisivo para seu time/seleção, nessa realidade. Na minha opinião, isso é o que falta para termos certeza absoluta do quão longe Ganso pode chegar.

Porém, nem foi o futebol deles que quis comparar. Apenas quis dizer que, jogador extraordinário, que joga na mesma função do Ganso, só o Ozil. Exatamente pq, como disse antes, essa é uma posição quase extinta no futebol mundial, que só resiste na realidade sulamericana.

Quem é realmente melhor, é uma discussão para o futuro, quando, provavelmente, Ganso vai estar arrasando na Europa.

Nicolau disse...

O futebol de fato pode ter mudado e causado a extinção de meias com o talhe de Ganso, mas isso só mostra que nem toda mudança é positiva.

Glauco disse...

O Dunga poderia ter ajudado a resolver essa questão, Tio Greg, mas pelo jeito vamos ter que esperar, rs.

Greg Reis disse...

Glauco:

Tu tem toda a razão. E, se ele estivesse na África, talvez o time não fosse tão Kaka-dependente e chegasse mais longe.

Nicolau:

Quanto a mudança ser positiva ou não, aí não sei. No futebol de 10 anos atrás esse tipo de meia era popular, mas dificilmente teriamos jogadores como Messi, Cristiano Ronaldo, Xavi, Iniesta, Fábregas, jogando no máximo de seu potencial. Volantes inteligentes, meias centrais, registas e wingers eram bem menos populares naquela época. Então, acho que a troca tem suas vantagens e desvantagens. Não é pq ficou mais difícil surgir um Zidane que vamos desperdiçar Messi.

Nicolau disse...

Tio Gregg, eu estava falando da mudança no futebol brasileiro, que praticamente eliminou os meias nos últimos anos. Não saem mais Gansos das categorias de base, mas também não saem Xavis ou Iniestas. E isso é sim uma pena.
Sobre a discussão mais ampla das mudanças táticas, para surgir uma novidade não é necessário jogar fora a história, pelo contrário. Um bom técnico tem que ver como os jogadores que tem à disposição jogam melhor juntos e botar pra funcionar. Se não tem um meia centralizado, bota dois lado a lado. Se tem um puta lateral-esquerdo que desequilibra, bota um volante pra cobrir o cara. Se assim fosse, o técnico que se vire pra arranjar espaço para um cara como Ganso. Mas pelo menos aqui em nossas bravas terras, os professores têm sido excessivamente valorizados, fazendo o equilíbrio dos esquemas táticos ganhar primazia sobre os boleiros, o que nem sempre (quase nunca?) funciona.

Greg Reis disse...

Nicolau, não saem Gansos, Xavis ou Iniestas das nossas categorias de base, pq os clubes brasileiros estão cada vez mais desorganizados e os nossos jogadores vão embora cada vez mais cedo, pois os europeus estão ligados.

Denílson, Rafael, Fábio, Willian... Jogadore que mal jogaram ou sequer estrearam por seus clubes antes de ir embora.

A questão da tática que eu levantei não passa pelo futebol brasileiro. Aqui ainda esperamos para ver quem vai ser o "camisa 10" da seleção, uma posição extinta, não por falha das categorias de base ou por culpa de nossos taticamente inéptos treinadores, mas, sim, pela evolução tática natural do jogo.

Em 2002, Ballack era, de certa forma, o "camisa 10" da Alemanha, na Copa. Em 2006, não havia ninguém fazendo essa função naquele time. Mas Ballack continuava lá. A função que se tornou desnecessária. Ou seja, na evolução natural do futebol, essa é uma posição que tende a desaparecer, assim como a do centroavante pescador, que só fica dentro da área esperando a bola e não faz nada.

Pare e pense nos times europeus, em como eles jogam. Qual deles usa um jogador com a caracterísitca de um típico "camisa 10"? Em qual time europeu se encaixaria hoje, um Riquelme no auge?

Esse é o grande dilema de Ganso. Como ele vai se adaptar ao futebol europeu, jogando em uma posição quase inesistente em termos táticos no futebol do velho continente?

Eu acredito que ele entre em qualquer time do mundo. Mas não vejo um Barcelona, Manchester ou Bayern mudando sua maneira de jogar para isso.

Glauco disse...

Acho interessante se pensarmos no próprio Elano. Ele chegou ao Santos, do Guarani, como um camisa dez, um jogador que podia armar e encostar mais no ataque. Como o time já tinha um dez (Diego), Leão o tirou da reserva para colocá-lo na posição de falso ponta que também chega à frente da área e faz a cobertura do lado direito quando preciso. Adaptou-se bem e fez tal função várias vezes na seleção brasileira. E nem de longe tem a técnica e habilidade do Ganso, que acho ter mais capacidade de adaptação do que o Elano.

É bom lembrar que Ganso não é um armador clássico somente pelo esquema tático que possa ser adotado, mas pelas características. Ele é o jogador que vai pra intermediária buscar a bola e às vezes faz um passe longo ou lança achando o espaço na defesa adversária. Outros camisas dez têm dificuldade para fazer isso, só lançam se for um contra-ataque e, em geral, costumam carregar a bola para levá-la ao ataque. Esse é uma das diferenças do Ganso pro resto e por isso lembra mais um Zidane do que outros camisas dez.

Greg Reis disse...

Glauco, pode ser que aconteça algo semelhante com o Ganso. Mas não sei. Acho que é perigoso arriscar a mexer no posicionamento dele em campo. Pode ser que surja um jogador melhor ainda, mas é um perigo muito maior que estrague tudo, não acha?

Quanto a Ganso ser "mais" camisa 10 do que outros (ou pelo menos foi isso que entendi que tu quis dizer), não é bem isso que falo, quando falo da posição de 10.

O lance que parece que não ficou bem claro no meu argumento, é que a posição praticamente não existe mais.

Na década de 90, surgiam "novos Maradonas", as pencas na Argentina. Ortega, Aimar, Riquelme, D'Alessandro, Romagnoli, César La Paglia... Todos aquele camisa 10 clássico, exatamente como Maradona. Qual argentino chegou mais perto do futebol de Maradona? Messi, que começou jogando puramente pelas pontas e, se hoje é mais versátil, nunca foi um jogador de faixa central do meio campo.

Até mais ou menos 2003, todo jovem meio-campista habilidos que surgia na França, era o "novo Zidane". Não me lembro de tantos nomes quanto no caso argentino, mas lembro de um em especial que realmente joga na mesma faixa de campo de Zidane, Maradona, Ozil e Ganso: Gourcuff.

Tá dando pra entender? Tirando esses 3 acima e, com boa vontade Kaka também, não EXISTEM mais 10 clássicos no futebol europeu. Consequentemente, no local onde estão os principais jogadores e onde é praticado o melhor futebol do mundo, não há camisas 10.

Isso acontece pq simplesmente ninguém mais utiliza esse tipo de jogador. Hoje em dia, quando um jogador aparece nessa faixa de campo, fazendo uma função semelhante, normalmente é o chamado "falso 9": Messi, Rooney, Totti e C. Ronaldo, nos tempos de Manchester, são os exemplos mais claros.

Ou seja, independente de categorias de base, treinadores, etc. Não há mais jogadores dessa posição, pq não há mais DEMANDA para tal.