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quarta-feira, junho 06, 2012

Santos e Fluminense fazem 1 a 1 com cara de 0 a 0

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Com um time de desfalques de cada lado, 11 do Santos e 11 do Fluminense, não se podia esperar muita coisa da partida disputada na Vila Belmiro. E o primeiro tempo da peleja cumpriu tal expectativa – ou a falta dela. O Peixe saiu na frente em uma incrível falha do visitante, aproveitada pelo improvável Rentería. Ainda que ele tenha roubado a bola e avançado livre para o gol, seu histórico me obrigava a preparar o xingamento pelo tento perdido. Mas ele deu uma cavadinha, quase defendida por Diego Cavalieri, e marcou.

Adriano e uma atuação pra esquecer (Ag. Photocamera)
Depois do gol, um show de horrores de parte a parte, até o volante santista Adriano emplacar uma sequência mais que tenebrosa. Tentou driblar, algo que não é de seu feitio, perdeu a bola no meio de campo e, pra completar, cometeu falta estúpida (bem) fora da área que o árbitro Jailson Macedo Freitas conseguiu enxergar pênalti. Carlinhos, o mais efetivo do Fluminense à frente, empatou.

Após o empate, o jogo ganhou mais movimentação. Do lado alvinegro, a “movimentação possível”, com os lentos Alan Kardec e Rentería atuando em slow motion e Léo e Elano não conseguindo criar na meia. O Flu também não fazia grande papel, tanto que, até os 10 minutos do segundo tempo, o jogão registrava três finalizações de cada lado.

A bem da verdade,o Tricolor teve mais domínio na segunda etapa, chegou a ensaiar uma pressão por volta da metade do tempo final, mas não mostrou poder de definição. A não ser em um lance que resultou em gol após o auxiliar ter invalidado, de forma (muito) incorreta, a jogada. Muricy colocou Felipe Anderson no lugar de Juan, e o lateral esquerdo Geuvânio substituindo Elano. Mexeu taticamente, e pouco adiantou. O sofrimento do espectador continuou.

Victor Andrade, 16 anos, entrou aos 42 e fez sua estreia. Mas também não mudou nada. Em um jogo fraco tecnicamente, que teve até lateral cobrado pra fora, com uma arbitragem igualmente melancólica, o 1 a 1 foi lucro. O mais correto seria um zero a zero.  

quinta-feira, maio 10, 2012

Teve volta! Santos 8 X 0 Bolívar

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“Vai ter volta”. Era assim, com raiva, que Neymar falava aos repórteres depois da derrota do Santos para o Bolívar em que ele recebeu banana, mexerica, pedra e demais objetos, além de ter sido caçado em campo. O que os bolivianos não previam é que o regresso pudesse ser tão, mas tão amargo.

Começou aos 4 minutos, com uma finalização com efeito de Elano, que pegou o arqueiro Arguello, que tem pinta de cantor de tango, no contrapé. O Bolívar tinha vindo à Vila Belmiro com esperanças. Afinal, era o primeiro clube boliviano a chegar na fase de mata-mata da Libertadores, tendo vencido uma peleja na fase de classificação fora de La Paz. E chegava com a vantagem conquistada na partida de ida. Seu treinador, Ángel Guillermo Royos, comandou o Barcelona B e se diz “descobridor” de Messi. Mas o Bolívar sentiu o golpe. Aos 8 e aos 9, teve dois amarelos contra si e o descontrole já era evidente.

Como numa luta de boxe, em que um mina a confiança do rival com golpes, mas também psicologicamente, o Peixe já havia deixado o Bolívar mais qeu abatido. E os adversários ficaram ainda mais com o pênalti cometido pelo argentino Arguello, que empurrou Edu Dracena na área. Aos 22, Neymar não perdoou e se tornou o maior artilheiro da Era pós-Pelé, de forma isolada, com um gol a mais que Serginho Chulapa e João Paulo.

O golpe fatal viria aos 27. Neymar dá um passe de trivela, simplesmente genial, e Ganso se ajeita na área para marcar de letra. Antológico. Ali, se fosse de fato uma luta de boxe, o árbitro teria dado nocaute técnico e parado a luta. Mas no futebol isso não é possível. Virou um massacre.

Majestade
Elano, Ganso e Neymar marcariam mais uma vez cada um; Alan Kardec faria o seu e Borges, que entrou em seu lugar, também anotou. Um 8 a 0 que é a maior goleada da Libertadores de 2012. Sem lances duvidosos a favor do Alvinegro, com ambos os times com onze jogadores até o final. Inconteste. Ficou barato, diante das circunstâncias, para os visitantes.

E Ángel Arroyo, que disse, brincando, não conhecer Neymar, hoje o 16º maior artilheiro da história alvinegra, talvez tenha visto que a provocação (em todos os níveis) do jogo de ida não tenha sido uma ideia brilhante. Em um só jogo, tomou a mesma quantidade de gols que sofreu nas outras sete partidas da Libertadores.

E a história segue sendo escrita.

segunda-feira, maio 07, 2012

Paulista 2012: Santos perto do tri

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Pregam os doutos da bola que, em um confronto entre um time grande e outro médio ou pequeno, o primeiro tem que se afirmar logo de cara na peleja. E foi o que Peixe tentou fazer logo a dois minutos na primeira partida da final do Paulista, com Neymar. Ele passou por seis rivais e foi derrubado perto da área. Elano cobrou a falta no travessão.

O lance mostrou o que todos já sabem, a habilidade e a técnica do camisa 11 alvinegro, mas também dava mostras das dificuldades que o Santos enfrentaria principalmente no primeiro tempo. A jogada só surgiu porque Neymar foi buscar uma bola na meia, quando seus companheiros de equipe encontravam dificuldade na saída de bola em função da marcação bugrina no campo santista. Após o susto inicial, o Guarani manteve a postura e conseguiu segurar por boa parte do tempo o ímpeto alvinegro, algo não tão surpreendente já que se trata de um time bem montado e armado por Vadão.

Mas, quando uma equipe é superior tecnicamente à outra, muitos esperam sempre um atropelo. Talvez tenha sido o caso dos comentaristas da Globo, que disseram que o Guarani “dominou territorialmente” o adversário na etapa incial. O repórter da emissora, no intervalo, perguntou a um atleta campineiro se ele estava frustrado com o resultado de 1 a 0 para o Santos por conta da “posse de bola” bugrina. Bom, achava que tinha visto outra partida ou que a emoção de torcedor havia turvado minha visão. Então, recorri a eles, os números.

Vi que não era minha emoção. O Santos, segundo dados do IG, trocou 174 passes certos, enquanto os rivais chegaram a 67. Bela diferença, que também se refletiu na posse de bola, quesito barcelonístico: 63,36% contra 36,64% do Bugre. Mas, muitas vezes, a posse não reflete a peleja, já que chances de gol podem surgir para quem retém menos a redonda. Não foi o caso. O Guarani, na primeira etapa, não finalizou corretamente uma vez sequer ao gol de Aranha. As três tentativas foram para fora. Ou seja, o Santos, se não atropelou, chegou mais à meta adversária e teve mais a bola. Por isso, e pelo talento de seus atletas, chegou à vantagem de 1 a 0, gol de Ganso – que havia aparecido pouco até então –, após lance de Neymar na ponta e Arouca na área.


 
Na segunda etapa, qualquer esperança alviverde se esvaiu. O Guarani finalizou uma bola na trave logo no começo, mas, mesmo atacando pelo lado direito da defesa santista, onde estava o improvisado Henrique, continuou com dificuldades para concluir em gol. Já o Santos voltou mais atento e objetivo nas trocas de passes do meio de campo, com Ganso participando mais, tanto na transição para o ataque quanto na proximidade da área. Foi em um lance de Juan para ele, parcialmente interrompido pelo arqueiro bugrino Emerson, que Neymar aproveitou para fazer o gol que o isolava mais na artilharia do torneio. E que também lhe garantia o lugar de 20º maior artilheiro da história do Peixe, com 103 gols, empatado com Ary Patusca.

A partir daí, o time da Vila controlou o jogo, impondo seu ritmo e poupando seus atletas para o duelo com o Bolívar na quinta, na Libertadores. Mas Neymar ainda faria seu 104º tento, empatando com João Paulo e Serginho Chulapa como maior artilheiro da equipe pós Era Pelé. Ficou a impressão de que o Santos poderia até ter ido além na vantagem adquirida, deixando patente a supremacia sobre o adversário. Mas não deixa de ser uma grande vantagem, ainda mais dada a diferença técnica entre as duas equipes.

Difícil imaginar outro resultado que não o Peixe tricampeão no próximo domingo, mas futebol é futebol, então, melhor aguardar...Mas o feito conseguido pelo time de Pelé em 1969 ao obter o tricampeonato, e que nenhum outro clube conseguiu desde então, está bem próximo de ser igualado.

quinta-feira, abril 19, 2012

Alan Kardec acorda o Santos, que vence o The Strongest

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Vila lotada, um time fraco como adversário e uma excelente apresentação na última rodada do Paulista. Tudo indicava que o Peixe fosse ganhar bem do The Strongest, clube que só tinha conseguido ganhar pontos até então na altitude de La Paz. Mas nada foi como se esperava. A agonia peixeira durou até os 40 minutos do segundo tempo, quando Alan Kardec fez o primeiro dos dois gols da vitória sobre os bolivianos hoje.

Grande parte da dificuldade alvinegra se deveu ao meio de campo. Elano, no lugar de Ibson, é uma troca que vale pelas bolas paradas, mas que muda o jeito do Peixe atacar. Ibson, por mais que erre – e erra – já fez gols entrando na área e se apresentando quando o ataque do time é marcado, fazendo as vezes de elemento surpresa que vez ou outra resolve. Já Elano, por mais raça que tente apresentar até para fazer jus ao carinho da torcida, não se movimenta da mesma forma. Pelo esquema de Muricy, o herói de outrora ainda não mostrou porque mereceria a vaga de titular, conquistada há duas partidas.

Já Adriano, com exceção de uma bola incomum que meteu pra Neymar perder um gol incrível, não foi bem. O fato de ter permanecido até o fim da partida só pode ser entendido se a intenção do técnico for fazer com que o atleta recupere o ritmo de jogo após meses parado. Já o craque Ganso não buscou tanto a bola como em outros jogos, chamou também menos a responsabilidade, errou em demasia e mesmo quando ameaçou brilhar, pecou no final.

Restou ao torcedor ver lances isolados de Neymar, que só fez o dele aos 43 do segundo tempo. Ele driblou, deu assistência, perdeu uma grande oportunidade, mas foi redimido pelo belo passe de Borges, que o deixou na cara do goleiro Vaca. Ali, não jogou fora a chance. Continuou assim sua saga aritimética na trajetória do clube que mais fez gols na História. Empatou com Coutinho como terceiro maior artilheiro alvinegro na Libertadores, com 11 gols pela competição, e, com seu 98º gol pela camisa praiana, ultrapassou Gradim (1936-1944) e Rui Gomide (1937-1947) e é de forma isolada o 22º artilheiro da história do Santos, a três gols de Juary.

É bom ressaltar também o papel de Alan Kardec, aquele santinho que Muricy beija e pede o milagre quando a coisa está feia. Se o toque de bola, as jogadas de efeito e os lances sofisticados não dão certo, o técnico chama o atleta que resolve a questão de forma simples. Em geral, de cabeça, como fez hoje, depois de entrar no lugar do lateral direito improvisado Henrique. Mesmo na reserva, já se sabe que pode ser decisivo. Bom para o Santos que pode contar com ele.

sexta-feira, março 30, 2012

Goleada e nova marca de Neymar

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Sim, foi fácil. O Santos garantiu sua classificação com uma goleada de 5 a 0 contra o Guaratinguetá. Não igualou o resultado feito contra a Ponte Preta, mas valeu pela marca alcançada por Neymar, que fez a trinca – dois de pênalti – na partida. Chegou a 95 gols, superando Robinho e ocupando a quarta posição no rol dos maiores artilheiros pós Era Pelé. À frente dele, Juary, com 101 tentos, e João Paulo e Serginho Chulapa, com 104 cada um (a lista dos 25 maiores do Alvinegro aqui).

Com 4 a 0 antes do intervalo, a segunda etapa foi em ritmo de treino, ainda mais que o time do interior ficou com um a menos no final da primeira metade da partida. Belas trocas de passe, jogadas inspiradas de Neymar, boa atuação (principalmente ofensiva) de Juan e de Ibson, e a torcida com seu apoio quase incondicional a Elano, que entrou no segundo tempo.

Além disso, vários jogadores forçando cartão amarelo, como é praxe, para se pouparem contra a Portuguesa, que já não tem mais nada a fazer na competição. Aliás, poucos clubes têm. Naquele que é um dos campeonatos paulistas mais previsíveis e sem graça dos últimos tempos, os oito classificados já estão praticamente definidos, somente Ponte e Bragantino não asseguraram a vaga, apesar de estarem a nove e sete pontos do nono colocado, de nove pontos que restam ser disputados. Já na zona do rebaixamento, cinco times correm riscos mais evidentes, sendo que o Comercial, a cinco pontos de sair da degola, depende de um milagre.

Abaixo, os lances da partida:

quarta-feira, fevereiro 15, 2012

The Strongest 2 X 1 Santos – na altitude, quem bobeia não tem vez

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No imbróglio entre Fox Sports e as maiores operadoras do Brasil, sobrou tentar acompanhar The Strongest e Santos pela intermitente internet, rádio, “siga placar” ou o que valha. No que foi possível ver, ficam algumas impressões da estreia com derrota do campeão da Libertadores frente o campeão do Apertura da Bolívia.

Sim, tem a altitude de La Paz. Ela já vitimou o Santos antes. Em 2005, o Peixe perdeu para o Bolívar por 4 a 3 e, na volta, venceu por 6 a 0. Não que eu acredite que o time vença por placar semelhante os bolivianos aqui, até porque não é o feitio de equipes de Muricy Ramalho, mas vence. No entanto, a questão é: por que não ganhou hoje?

Não tenho as estatísticas, mas provavelmente o The Strongest finalizou um sem número de vezes na partida. Quase todas, de fora da área, até porque é pra isso que serve a altitude: a bola corre mais, ganha velocidade. Mas a equipe da casa marcou de fato em lances de bola aérea, dentro da área peixeira. Nas duas vezes, o lateral-direito Pará marcava algum espírito que vagava no gramado, ao invés de prestar atenção nos jogadores rivais. Tudo bem, meu pai sempre falou que mesmo nas formações mágicas do melhor time de todos os tempos havia um perna-de-pau. Mas Pará é um abuso no direito de errar.

E o Santos teve chances de matar a partida, principalmente na etapa final. Neymar perdeu gol. Borges, idem. Elano, que começou na reserva entrou na segunda etapa, desperdiçou a mais incrível chance, comprovando sua fase grotesca. Se foi Henrique que marcou o gol alvinegro, o torcedor místico já devia prever que algo errado aconteceria... Não podia dar certo. E não deu.

Como no jogo contra o Palmeiras, uma derrota de virada. Mais uma vez, em lances de bola alta. Novamente, caindo com um tento no final da partida. Difícil dar alento ao torcedor com esse tipo de desempenho, mas o começo da Libertadores 2011 não foi promissor também. Tenham fé, santistas... É o que resta por enquanto.

sexta-feira, fevereiro 03, 2012

Santos A estreia e empata com Oeste. PH Ganso vai bem, já Elano...

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Neymar tentou... (Ivan Storti/Santos FC-Divulgação)
No primeiro jogo com os titulares, o Santos não passou de um empate contra o Oeste. Na Arena Barueri, já que o gramado da Vila Belmiro ainda está sendo reformado, a equipe jogou bem em alguns momentos, com boas trocas de passe, toques rápidos e velocidade no ataque. Mas tomou um gol na primeira etapa graças a uma falha dupla de marcação: a (não) cobertura pelo lado direito que deslocou Bruno Rodrigo para fora da área e deixou Vanderson sozinho para marcar.

Como nas outras três pelejas do Paulista, o time saiu perdendo por 1 a 0, mesmo jogando melhor. No segundo tempo chegou ao empate com Ibson, que marcou seu tento inaugural pelo Santos. Uma novidade dupla, já que, pela primeira vez no ano, não foi Alan Kardec o autor do gol alvinegro.

A equipe sentiu fisicamente tanto no fim da primeira etapa quanto no final do jogo. De om para o torcedor do Santos ficou a atuação de Paulo Henrique Ganso, o atormentado e ciclotímico camisa dez peixeiro. Movimentou-se bem, deu passes preciosos, assistências, finalizou e apoiou o ataque como há muito não fazia. Neymar foi bem em dados momentos, foi caçado (pra variar), mas também sentiu a falta de ritmo. Destaque negativo para Borges, o 1 em 3, que teve três chances de marcar e desperdiçou todas. Espera-se que também a culpa seja da falta de ritmo. Rafael fez algumas reposições interessantes com as mãos, mas teve saídas de gol que que espantaram até as borboletas que não foram caçadas.

E Neymar vai tentar seu centésimo gol como jogador profissional no clássico contra o Palmeiras. Que os lampejos de bom futebol se tornem rotina e não só... lampejos.

E o Elano?

Elano pediu a substituição, ainda no primeiro tempo. Não foi atendido pelo treinador Muricy Ramalho, continuo no jogo, bateu uma falta no travessão e cobrou escanteios. Não demostrava nenhum “incômodo” aparente. Antes do intervalo, disse aos jornalistas que não ia falar sobre seu pedido de substituição.

Após o intervalo, entrou Ibson. Muricy, quando perguntado, disse que Elano estava com problemas para fechar a marcação pelo lado direito com Pará. Ou seja, a substituição foi técnica. O inusitado foi Elano ter “reconhecido” a sua dificuldade ao pedir a substituição. Parece que o oito alvinegro continua com refluxos de 2011. Voltou à Vila Belmiro com pompa e circunstância, terminou o Paulista como artilheiro do torneio e experimentou um persistente declínio técnico. Envolveu-se com uma atriz global, ocupou páginas e megabytes de publicações nada esportivas com seu turbulento relacionamento, viveu o episódio de sequestro de seu pai, perdeu pênalti decisivo na seleção brasileira pela Copa América e não mais foi convocado.

Em péssima fase técnica, era candidato ao banco com a chegada de Ibson, mas as suas sofríveis atuações do recém-chegado deram sobrevida ao oito. No embate contra o Flamengo, perdeu uma penalidade ao tentar uma cavadinha não treinada e foi vítima da pilhéria do guarda-metas rival. Foi vaiado pela torcida, ameaçou sair. Jogou mal, se contundiu, jogou mal de novo, virou reserva na final contra o Barcelona após atuação menos que mediana na semifinal. Disse que só cumpria o que o treinador havia lhe pedido.

Elano, má fase passa. Mas as posturas de um ídolo ficam na memória do torcedor. Já passou da hora de aprender isso.

quarta-feira, dezembro 14, 2011

Santos afasta Mazembe japonês e vai à final do Mundial

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O título acima não é só uma ideia fraca de edição. O espectro do time africano pairava – como acho que vai pairar por algum tempo para os times brasileiros – e os jogadores do Santos pareceram sentir isso durante os 90 minutos da peleja contra o Kashiwa Reysol. Não era só a ansiedade da estreia que atrapalhou o desempenho da equipe, que até pintou que iria golear após marcar 2 a 0, mas essa tensão que o Inter deixou como legado para seus conterrâneos vindouros.

Depois de um primeiro tempo bom da equipe santista, o segundo foi bem abaixo, e os japoneses chegaram a se animar. Mesmo assim, tomaram duas bolas na trave e Danilo perdeu um gol na cara de Sugeno, após assistência de Neymar. Não, não foi uma partida de encher os olhos, mas a vantagem de dois gols em uma semifinal é a maior de um time brasileiro desde que o campeonato passou a ser disputado com esse formato, em 2005. Naquele ano, o São Paulo passou pelo Al Itthad por 3 a 2 e, em 2006, o Inter superou por 2 a 1 o Al-Ahly. Mas há alguns fatos para se preocupar.

Joga nada esse moleque... (Leandro Amaral/Divulgação)
Primeiro, essa foi uma das piores partidas da zaga peixeira no ano. Dracena, Bruno Rodrigo e Durval abusaram do direito de ser lentos e o miolo, em especial, rifou a bola como pôde boa parte do tempo. Por conta disso, Muricy já cogita a volta de Léo, o que seria o mais acertado, mesmo que ele não tenha plenas condições físicas. O time ganharia uma opção de saída de bola e mais velocidade e toque na lateral esquerda.
  
Outro ponto é o meio de campo. Elano, pós-contusão, consegue ser um pouco pior do que o Elano pré-contusão, que já não vinha atuando bem. Só é titular porque Adriano está contundido. Aliás, o setor do meio de campo foi o mais castigado pelas lesões na temporada: vários atletas ficaram pelo menos um mês fora de jogo, entre titulares e reservas. Sem uma formação sólida no setor, a zaga sofre ainda mais. Na partida contra o Barcelona, certamente o meio jogará mais próximo da defesa, mas há de se temer a fragilidade na área onde os catalães dominam.

Pontos positivos? Bom, esse time tem Neymar. Como disse Mauro Beting no Twitter: “O gol que o destro Neymar fez de pé esquerdo poucos craques canhotos fariam”. Não, o garoto pode ainda não ser melhor que Messi, mas sua esquerda já é melhor que a direita do argentino. E o Alvinegro tem Borges, que aparece pouco, mas fez um tento que lhe dá confiança para aproveitar as minguadas oportunidades que vão aparecer contra os espanhóis (sim, estou dando de barato que o Braça está na final).

Tem mais no domingo (Ivan Sartori/Santos FC)
E há PH Ganso. O rapaz que acha que fez um grande negócio ao vender parte dos seus direitos econômicos ao grupo que só fez com que ele perdesse dinheiro em todo o ano de 2011. Segundo Caio Ribeiro, foi o melhor do time porque soube “controlar o jogo”. Não, não foi. De fato, ele marcou. Decerto, prendeu a bola. Mas... quantos chutes deu? E quantas assistências? De um camisa dez como Ganso espero lances de genialidade, que ele faça a bola correr com um toque só, como tantas vezes poderia ter feito quando Danilo se ofereceu na direita. Neymar, quando voltou para o meio, armou mais que ele.

Contra o Barcelona, a obrigação não estará mais sobre os ombros e a equipe pode jogar mais solta. Contudo, para ser campeão mundial, o time precisa de Ganso. Oxalá ele faça companhia a Neymar no domingo e seja também protagonista de uma partida histórica.

quinta-feira, julho 28, 2011

Santos 4 X 5 Flamengo - Obra-prima de Neymar e atuação de gala de R. Gaúcho

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Nove gols, inúmeros dribles – alguns dos mais originais e desconcertantes –, lances inesperados, pênalti com cavadinha desperdiçado, uma ou outra boa defesa de goleiro... Esse Santos e Flamengo não só pelo resultado elástico foi histórico, mas também pelo que se pôde ver dentro de campo. E, apesar da derrota santista, o torcedor ao menos viu o tento mais bonito da temporada feito por Neymar: poucas vezes se viu tão vasto repertório em uma jogada de gol e, comedimento às favas, nunca vi Messi dar o(s) tipo(s) de drible(s) dado pelo gênio peixeiro no terceiro do Santos de ontem.

Mas Neymar não era o único gênio em campo. Ronaldinho Gaúcho resolveu ser decisivo e, mesmo que menos vistoso, seu futebol foi fundamental para a vitória flamenguista. Mas cada craque estava em um time e foram os coadjuvantes (e os técnicos) determinantes também para o resultado.

Mesmo quando fez três a zero, o placar a favor do Alvinegro mostrava menos o jogo em si e mais o resultado da individualidade de Neymar. Sim, o Peixe tomou sufoco e, nesse meio tempo em que o placar foi construído, Ronaldinho teve duas chances (uma, numa bola mal recuada por Elano; noutra, em bola mal chutada por Pará) e Deivid perdeu uma chance inacreditável, sem goleiro. As laterais santistas eram exploradas ao máximo pelo avanço dos alas e meias do Flamengo, principalmente a esquerda, onde Ibson fazia mal a cobertura de Léo, entregue às feras como no primeiro tempo da semifinal do Santos com o São Paulo no Paulista.



Assim, dois gols rubro-negros saíram por ali, e, outro, em escanteio pela direita. Esse terceiro, do empate, poderia até não ter saído se Elano tivesse convertido o penâlti sofrido por Neymar quando a peleja ainda estava 3 a 2. Mas o meia, ao invés de mandar a bola pra galáxia como fez na seleção, resolveu dar uma cavadinha e tornou-se alvo da justa pilhéria do goleiro Felipe. Apesar do belo lançamento do primeiro gol e de um outro lançamento para Neymar no segundo tempo, Elano foi uma lástima na marcação, errou muitos passes e se mostrou bastante disperso na partida. Com a vinda de Henrique e o breve retorno de Adriano, é candidato a esquentar o banco.

Para a segunda etapa, esperava-se um jogo menos aberto. E foi o que aconteceu. Mas Neymar, logo no início, desempatou para o Santos. Luxemburgo já tinha tirada o zagueiro Wellinton, que tinha amarelo, e o reserva David Braz não parou o gênio peixeiro. Depois, seria Willians o marcador do onze alvinegro, medida acertada do treinador flamenguista. Já Muricy entregou a Edu Dracena a tarefa de marcar Ronaldinho Gaúcho. Se Adriano tivesse condições de jogo, talvez ele fizesse as vezes, mas um zagueiro marcando o craque adversário... Não deu certo mesmo. Essa foi uma das diferenças da partida, genialidades à parte: enquanto o flamenguista foi pouco marcado, pegando a bola com liberdade quando no meio de campo e enfrentando a marcação solitária de um zagueiro quando próximo à área, Neymar foi acompanhado de perto no segundo tempo pelo valoroso Willians (alô, Mano Menezes) e tendo sobra na marcação. Obviamente, o fôlego do santista também já não era o mesmo no segundo tempo.

Claro que essa preocupação defensiva do Flamengo sobre Neymar poderia abrir espaço para outros atletas santistas atacarem, mas não foi o que aconteceu, já que Ganso estava muito pouco inspirado e Elano e Ibson foram mal. Os avanços de Léo quase salvaram Neymar da solidão à frente, mas não foram suficientes. Muricy demorou demais a mexer e, quando o fez, já era tarde.



Em uma partida de lances brilhantes, ironicamente o lance decisivo saiu dos pés de um craque, mas não do modo que ele queria. O apagado Ganso perdeu uma bola boba no meio de campo que, pela disposição da equipe que se preparava para sair, não poderia jamais ter perdido. O Flamengo contra-atacou com superioridade numérica e fez o gol da virada. Dadas as circunstâncias da partida, ali o jogo havia acabado. Ótimo para o amante de futebol, excelente para os flamenguistas, e com um gosto amargo para os santistas, a partida atípica vai ficar na memória do torcedor. E, aos peixeiros, fica o consolo do épico gol de Neymar.

E a visão flamenguista aqui.

quinta-feira, junho 23, 2011

Santos 2 X 1 Peñarol - o tri dos novos reis da América

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Poderia ter ido ao Pacaembu, ver junto de amigos queridos e de outros tantos desconhecidos que se tornam amigos num momento mágico como o de noite de ontem a final da Libertadores. Mas, por questões logísticas, teria que abrir mão de assistir à decisão com a pessoa que despertou meu interesse pela história do glorioso Alvinegro Praiano, assim como não poderia contar com outros familiares que sofreram e se alegraram comigo durante anos em estádios, diante da TV ou mesmo do lado de um rádio, em tempos idos.

Gostem ou não, ele é fora de série
Não é todo dia que se tem a oportunidade de saber, de antemão, que em determinado dia e horário a história será escrita. E, por conta disso, a minha opção não poderia ser outra. Estava ali, a menos de quatro quilômetros do Paulo Machado de Carvalho, sofrendo a ansiedade que já vinha de dias anteriores, que me fez acordar antes das quatro da manhã de ontem, que dominava o pensamento em cada minuto da quarta-feira.

 E a ansiedade se somava ao nervosismo após ao apito inicial. O dito renascido futebol uruguaio mostrava toda sua ênfase na defesa, com um time que não conseguia sequer finalizar ao gol rival. O lance solitário (que não levou perigo) do Peñarol na primeira etapa surgiu de sua estrela, Martinuccio. O meia, aliás, foi dominado pela marcação de um jogador limitado tecnicamente, mas que parecia ter sido preparado para um jogo de paciência de 180 minutos, onde não lhe era dado o direito de se desconcentrar por um segundo sequer. Mas, além da concentração absoluta, Adriano partilhava com seus companheiros aquele algo mais, a obstinação que passa confiança ao torcedor, o toque de raça que é típico de campeões.

Danilo, quatro gols na Libertadores: o menino cresceu
As chances alvinegras apareciam. Com Durval, de cabeça; nos pés de Elano, em duas bolas rebatidas por Sosa; e com Léo, que com o pé direito mandou pra fora a melhor oportunidade peixeira na etapa inicial. Mas o gol só viria no segundo tempo, em lance lapidar. Ganso deu o toque de letra para Arouca, quase que indicando para o volante, o melhor do Brasil, “vai por ali”. Ele escapou de uma falta, escapou de duas,e deu o passe para Neymar. O atacante não dominou para driblar, finalizou de primeira, e a bola fez talvez a única trajetória possível para morrer nas redes: passou rente ao pé do defensor uruguaio, entre a trave o goleiro. Chute forte, com efeito, rasteiro. De goleador, de um fora de série.

Curioso que muitos “desculpem” Mano Menezes pela seleção não poder contar com Ganso, mas não tem a mesma parcimônia com Muricy Ramalho. Com o Dez de volta, e mais Léo, o treinador pôde armar um esquema que tinha uma saída de bola com mais qualidade, com uma fluência melhor na transição da defesa para o ataque, permitindo que o talento de quem tem talento pudesse aparecer. E apareceu.

Coube a Neymar iniciar de novo a jogada do segundo tento. Ele recebeu pela esquerda, soube segurar a bola e inverter o jogo, fazendo a redonda chegar a Elano, que acionou a Danilo. O lateral limpou e finalizou com a perna que “não é a boa”, a canhota. E marcou seu quarto gol na Libertadores. Outros gols poderiam ter surgido, mas Zé Love, o inacreditável, perdeu oportunidades mais que douradas.
O craque e o líder
No fim, um gol uruguaio quase obra do acaso, um tento contra de Durval, um dos pontos de apoio do time no torneio. Mas o Peñarol, que abdicou de jogar futebol durante quase toda a partida (por vocação e opção), não tinha forças para ser o Once Caldas de 2004 redivivo. E, diga-se, o sofrimento para o torcedor veio por ser uma decisão, não por qualquer “opção defensivista do comandante. Aqui tem trabalho, mas ontem o que teve mesmo foi futebol, meu filho!

- Esperei 48 anos por isso, você esperou menos – disse meu pai, depois dos 90 minutos.

É verdade, não esperei tanto. Mas esperei 18 anos pra ver meu time campeão em 2002 e, desde então, poucos times daqui chegaram a tantos títulos: quatro Paulistas, dois Brasileiros, uma Copa do Brasil e uma Libertadores. O improvável grande que nasceu do município de 500 mil habitantes consolida o seu retorno ao topo, agora como rei da América. O que me fez lembrar o poema de Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa:

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.

No futebol, no dia de ontem e sempre, o Tejo foi e será o rio que corre pela minha aldeia. 


quinta-feira, junho 16, 2011

Peñarol 0 X 0 Santos - vai ser uma semana longa

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Metade da decisão já foi. E Santos e Peñarol continuam a uma vitória do título da Libertadores. Mas é inegável que o fator campo (e que campo é esse do Centenário? Um show de escorregões dos dois times) e torcida foi desperdiçado pelo escrete uruguaio ontem. O Peixe, além de adiar a decisão para sua própria casa, pode ter uma vantagem que, essa sim, é fundamental: o possível retorno de (pelo menos parte) dos quatro titulares que não estiveram em campo ontem, e fizeram falta: Jonathan, Dracena, Léo e Ganso.

Já se sabia que os uruguaios não sairiam pro jogo nem com reza brava, ao contrário de outros adversários santistas na fase de mata-mata. Isso permitiu que o time da Vila tivesse a posse de bola a maior parte do tempo, enquanto os uruguaios, com Martinuccio praticamente anulado por Adriano, alçavam bolas na área, sempre rebatidas pela dupla de zaga alvinegra. A propósito, Bruno Rodrigo, que até pouco tempo não era sequer o zagueiro reserva preferido do treinador, cumpriu muito bem seu papel, ainda mais levando-se em conta que era a sua primeira partida na Libertadores (justamente a final).

Alex Sandro foi menos instável do que no jogo contra o Cerro Porteño, mas deixou lacunas na lateral esquerda e quase comprometeu a equipe no primeiro tempo ao falhar na linha de impedimento. O olhar que recebeu de Durval por deixar o Peñarol ter sua única oportunidade de fato na etapa inicial meteu medo até em mim.

Neymar teve uma atuação apagada. Em boa medida, jogou com medo de tomar um segundo cartão amarelo, já que recebeu um em lance no qual Carlos Amarilla achou que o atacante tinha simulado uma falta. Não reparou no sutil golpe levado pelo garoto (que não pediu falta, ressalte-se) naquilo que os antigos chamavam de “partes pudendas”. Não teve o rigor semelhante em lances do adversário.

No segundo tempo foram criadas as principais chances peixeiras, com o Peñarol se expondo um pouco mais para fazer o resultado. Zé Eduardo perdeu duas oportunidades, Neymar desperdiçou outra. Os uruguaios tiveram um tento justamente anulado por impedimento e não conseguiram exercer a pressão que queriam, ainda que a saída de bola santista tenha ficado prejudicada. Aliás, tudo bem que é fim de temporada para um jogador que atuou durante muito tempo na Europa, mas o Elano podia se esmerar um pouquinho em não errar tantos passes. Se Ganso puder voltar para a peleja do Pacaembu, arrisco dizer que Adriano, que o substituiu, não sai do time e a bucha pode sobrar para o meia.

O empate, fora de casa, em uma final de Libertadores, não foi ruim, mas a sensação foi a de que o Santos poderia ter saído com a vitória. Do lado de lá, quem viu alguns dos momentos do Peñarol na Libertadores sabe que os uruguaios jogam principalmente no erro do adversário. E o Alvinegro errou pouco ontem e, com a defesa titular, tende a errar ainda menos no Pacaembu. Mas não dá para o torcedor se enganar achando que o jogo da volta vai ser fácil, a retranca adversária deve ser severa e vai ser mais um jogo de paciência para os jogadores de Muricy. E não se pode subestimar um time que chegou até a final contrariando quase todas as previsões. Pelas declarações, o Santos parece estar ciente disso.

Essa semana vai demorar a passar...

quinta-feira, junho 02, 2011

Cerro Porteño 3 X 3 Santos - na final, depois de oito anos

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Era assim que Neymar encarava aquilo que muitos jogadores brasileiros que disputam o torneio continental reclamam. Torcida adversária perturbando no hotel, jogando pedras no campo, pressão o tempo todo... Para uns, a mais pura várzea institucionalizada, não punida e, às vezes, louvada. Para outros, como Neymar, motivo de diversão.

E o tal menino feliz correndo atrás da sua bola conseguiu uma falta com menos de dois minutos. A torcida do Cerro Porteño (clube que nunca chegou a uma final de Libertadores mas que tem um vizinho, o Olímpia, que já levou três vezes o título) acreditava que o um a zero santista na ida era insuficiente. Os jogadores também achavam, tanto que comemoraram a sobrevida no fim da partida no Pacaembu, temendo que pudessem ser eliminados já no primeiro duelo.

Mas Zé Eduardo, o artilheiro improvável, praticamente acabou com o jogo ao fazer o gol na falta batida por Elano. O imponderável, que desfila fagueiro tal qual Gisele Bündchen nas competições de mata-mata, ainda deu as caras no grotesco gol contra dos paraguaios. Mesmo assim, a atuação de Barreto não se compara ainda a de Garcés, do Universidad Católica, mãe e pai da classificação dos uruguaios às semifinais

Mesmo diminuindo a vantagem, nova ducha de água fria com o belo gol de Neymar, no fim da primeira etapa. Ali se configuravam três gols de vantagem santista e, provavelmente, o técnico Leonardo Astrada deve ter pensado no intervalo se ia pra cima e arriscava tomar uma goleada histórica ou se ia em busca do milagre. Já a Muricy cabia a missão de fazer seu time melhorar a saída de bola, mas não era fácil por conta do time que estava em campo. Jonathan, válvula de escape da equipe muitas vezes, se contundiu e deu lugar a Pará; do outro lado, o importante Léo não jogou e deu lugar a um assustado Alex Sandro, como lembra o Edu aqui. O menino viu que nem se compara disputar um Sul-americano sub-20 e uma Libertadores. No meio, Danilo errava bastante a Adriano, tecnicamente o de sempre, marcava, fazia faltas desnecessárias, mas não conseguia sair com a bola limpamente.

Astrada optou pelo risco menor e o segundo tempo seguia razoavelmente equilibrado, com os paraguaios se expondo menos e o Alvinegro tocando mais a bola. Se fosse uma luta de boxe, o Santos era o adversário que vencia por larga margem nos pontos e esperava o tempo passar, enquanto o Cerro tentava levar a luta para uma tentativa de nocaute no final. O gol de Lucero aos 15, porém, mudou a cara da partida. E foi didático. No lado direito, Adriano tinha Pará a dois metros, mas, por algum tipo de convulsão mental que faz alguns acreditarem na hora errada que Libertadores é raça, garra, e que se manifesta por meio de petardos enviados pra Lua, ao invés de passar a bola, ele isolou. A bola fica com o Cerro, que vai pro ataque pelo outro lado e consegue sair do coma.


Daí pra frente, os paraguaios jogaram no campo do Santos e alguns meninos sentiram claramente. E recuaram. Elano, que parece ter um problema crônico de condicionamento físico, saiu e deu lugar a Rodrigo Possebom. O time ia mais pra trás e o Cerro quase acreditou no tradicional “si, si puede”, quando aos 36 marcou o terceiro gol.

Era a primeira vez que o time de Muricy tomava três gols em uma partida. Neymar meteu uma bola na trave e teve uma chance cara a cara para definir e peleja, mas os paraguaios depois também carimbaram o travessão. Claro, eram necessários dois gols e o tempo era escasso, mas não se brinca com o imponderável e àquela altura o torcedor peixeiro orava com a cabeça mais quente que a dos zagueiros que tiveram que tirar um sem número de bolas alçadas na área, especialidade da equipe guarani.

No fim, com mais um duelo decidido com uma vitória e um empate no mata-mata, a classificação para a quarta final do time do Santos na competição. Nas finais, contra Vélez ou Peñarol, será preciso mais sangue frio, mas também mais técnica e treino para sair de marcação por pressão. Assim como Cerro de ontem, forjado nas batalhas anteriores, não era o mesmo da primeira fase, o Santos deve chegar à final mais maduro. E contando que o garoto lá na frente continue se divertindo.


domingo, maio 01, 2011

São Paulo 0 X 2 Santos - Muricy mexe bem. E os craques decidem

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Nada de time reserva. Muricy Ramalho entrou com seus titulares para enfrentar o São Paulo, que tinha a vantagem da torcida e do campo, para tentar uma vaga na decisão do campeonato paulista. Ainda que o Tricolor tenha entrado com a proposta de acuar o Peixe, foi Neymar, depois de falha grotesca de Alex Silva, quem meteu uma bola na trave logo no início da partida. Mais à frente, Edu Dracena tentou imitar o rival e quase o São Paulo fez o gol.

A primeira etapa teve uma configuração curiosa: o time do Morumbi atacava mais pelo lado esquerdo da defesa alvinegra, com Jean e Ilsinho, mas também foi por ali que Léo chegou com perigo, exigindo uma boa defesa de Rogério Ceni. Mas foi jogando também pelo outro lado que os donos da casa, a partir dos 30 minutos, passaram a exercer muito mais pressão que o Peixe, fazendo uma blitz por oito minutos. Jean perdeu uma grande chance na cara do gol, quase reproduzindo um tiro de meta.

Se fosse uma luta de boxe, o São Paulo teria terminado a primeira etapa com leve vantagem por pontos. Mas Muricy mudou no intervalo. Colocou o zagueiro Bruno Aguiar e sacou o mais uma vez inoperante (ainda é o queridinho da torcida?) Zé Love. A ideia não foi recuar o time, mas sim avançar um pouco mais os laterais, os transformando em alas, e tomar conta do meio de campo, área de domínio tricolor até aquele momento. Em compensação, liberou mais os até então discretos Ganso e Elano para apoiarem Neymar.

Com menos de cinco minutos, Jonathan e Léo já tinham ido bem até  campo rival, e o São Paulo não conseguia mais atacar com tanta facilidade. Bruno Aguiar, jogando pelo lado direito, atuou muito bem, apesar de ter dado um passo errado que armou um contra-ataque sãopaulino. Mas difícil um zagueiro não falhar em um jogo tão movimentado.

O primeiro gol santista saiu graças a uma tranquilidade incrível de Paulo Henrique Ganso na área, depois de passe de Neymar. Ele conseguiu controlar e dar uma assistência primorosa para Elano marcar e voltar ao topo da artilharia do Paulista. O meia, aliás, que também fez gol contra o Tricolor na primeira fase da competição, conseguiu sua nona vitória na disputa (são só duas derrotas).

O segundo tento do Santos não tardaria, e com participação de um gigante veterano. Léo, que resistiu como pôde às investidas em seu setor no primeiro tempo e apoiou bem quando foi ao ataque, roubou a bola na intermediária e tocou para Ganso, que lançou Neymar. O atacante disputou corrida com dois zagueiros sãopaulinos, recebeu um toque de Xandão – e não caiu. Perdeu o ângulo para a finalização mas viu o companheiro Ganso chegando. Deu o passe e o Dez tocou com precisão para fazer o gol que desmoronou o rival.


A partir daí, o São Paulo tentou chegar com chuveirinhos sucessivos na defesa peixeira, com Rivaldo jogando a bola na área, tentando aproveitar a altura de Fernandão, que quase marcou. Antes disso, Neymar perdeu uma chance inacreditável sozinho diante de Rogério Ceni. Mas o santista tem créditos sobrando. E Muricy Ramalho, assim como fez à frente do São Caetano em 2004, eliminou o São Paulo do campeonato paulista. E o Santos, pelo segundo ano seguido, tirou o Tricolor nas semifinais do estadual, a quarta eliminação seguida da equipe da capital nessa etapa da competição.

A vitória traz mais confiança para a equipe, mas o desgaste também parece ser evidente. Desde que assumiu o Peixe, Muricy encarou cinco “finais”: contra o Cerro Porteño, em Assunção; Deportivo Táchira, no Pacaembu; Ponte Preta e América-MEX, na Vila, e São Paulo, no Morumbi. Já na terça, a partida de volta contra os mexicanos, em uma cidade a pouco mais de 200 quilômetros da Cidade do México. A força psicológica se consolida, mas a física aguenta?

quinta-feira, abril 07, 2011

Santos 3 X 2 Colo Colo - vitória mascarada

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O Santos entrou em campo contra o Colo Colo ontem, na Vila, com a faca no pescoço: ou vencia ou dava adeus à chance de passar da fase de grupos da Libertadores. No estádio, mas não ainda no banco, o novo treinador peixeiro Muricy Ramalho assistiu uma equipe que pressionou o rival o tempo todo em sua intermediária, conseguindo abrir um confortável 3 a 0 antes dos 10 minutos do segundo tempo. Mas a partir do terceiro gol...

Já havia dito aqui que Elano poderia ser decisivo para a equipe em um quesito no qual o time não era forte mesmo no auge de 2010, as bolas paradas. Na seleção, foi assim, e no Santos ele já vinha fazendo e dando gols em cobranças de falta e escanteio. Então, por que cargas d'água Martelotte colocou Ganso como cobrador de escanteios? Ontem, entre os 25 e os 30 do primeiro tempo, o dez santista cobrou três deles, todos na cabeça do adversário. Quando chegou perto da bola insinuando cobrar uma falta na meia direta, minha (im)paciência de torcedor fez com que falasse para a TV: "Deixa o Elano cobrar!". Ele deixou e o Santos fez 1 a 0, resultado que o Alvinegro já merecia pelo jogo que impunha.



Na sequência, Zé Eduardo fez uma boa jogada e o lateral-volante Danilo, que fez uma de suas melhores partidas no ano ontem, apareceu de surpresa à frente e fez o segundo. O fim da primeira etapa e início da segunda sugeriam uma vitória tranquila, mas Neymar, ao comemorar o terceiro gol - um gol de placa, aliás -, colocou uma máscara com seu próprio rosto, distribuída na Vila. Tomou o segundo amarelo e foi expulso de campo.

A máscara

Reprodução
Naquele momento e depois do jogo foram inúmeras as manifestações sobre a "infantilidade" do atleta, "molecagem", "meninice", "burrice" etc e tal. Mas posso assegurar que a maioria dos "críticos" desconhecia a norma da Fifa, instituída em 2007, que recomenda cartão amarelo a quem usa máscara em comemorações. Eu, por exemplo, não sabia, e quem deu o toque de que o comentarista Maurício Noriega tinha apontado a dita cuja DEPOIS do jogo foi a Lu Castro pelo Twitter.

Claro que o jogador tem que saber detalhes da regra (ou das orientações, nesse caso) que são desconhecidos pelo público. Para isso existem (existem?) palestras em que são informados por ex-árbitros sobre o que podem e não podem fazer em campo. Ao que parece, aliás, Neymar pegou a máscara no banco. A comissão técnica não sabia da norma? Os companheiros também não? Por que descarregar a bile no rapaz como se ele tivesse cometido um pecado mortal?

A recomendação da Fifa, aliás, já foi desrespeitada em outras ocasiões. No jogo entre Sport e Portuguesa em 2010, na Ilha do Retiro, Fabricio, do time pernambucano, marcou e comemorou usando uma máscara do Homem-Aranha. Os torcedores dos dois time que corrijam, mas não consta na ficha técnica que o atleta tenha tomado cartão amarelo de Héber Roberto Lopes por isso. Na Itália, um caso bem pior: Materazzi (aquele) comemorou a vitória do seu time da mesma forma e também fez uma manifestação política (coibida pelas normas da Fifa) e pra lá de provocativa ao usar uma máscara de Berlusconi no dérbi com o Milan em 2010. Só recebeu uma advertência equivalente ao amarelo nos tribunais desportivos, não no campo.

Mas o fato é que o time já estava pilhado e, quando poderia ter relaxado um pouco por conta do placar, perdeu a cabeça. Não vi motivo para a expulsão de Zé Eduardo ou do zagueiro Scotti, mas o perdido árbitro viu. Depois, expulsou Elano, que estava no banco de reservas, por ter atirado uma toalha sabe-se lá em quem. O cidadão do apito ainda coroaria sua atuação expulsando Jorquera nos acréscimos. O time chileno fez dois gols, mas não teve forças para empatar.

Desfalcado de Elano, Neymar e Zé Eduardo, o Santos de Muricy vai ter que superar o Cerro Porteño, em Assunção, para evitar o jogo de comadres dos rivais na última rodada. Difícil, mas longe de ser impossível. A equipe recuperou parte da confiança, mas mostrou que entra muito na catimba dos rivais. O novo comandante santista vai ter que fazer um intensivão psicológico no elenco e o ainda apagado Ganso terá que assumir a condição de chefe da companhia no Paraguai. Mais emoções virão...

segunda-feira, março 21, 2011

Contaram o milagre, não o santo

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Disposto a ver o golzinho do São Paulo que recolocou o time na liderança do Paulistão, marcado por Henrique, contra o Grêmio Prudente, liguei a TV no programa "Mesa Redonda", da Gazeta. Particularmente, detesto essas rodas de "debate", onde se palpita muita asneira e se mostra muito pouco do que interessa: os melhores momentos e os gols da rodada. Mas, logo que sintonizei, disposto a cortar o som e ler alguma coisa, de tocaia no momento em que o gol fosse transmitido, começou a passar uma matéria que me interessou, sobre as recentes repatriações de atletas que estão muito bem e que poderiam continuar fazendo uma boa grana lá fora, caso do santista Elano, do flamenguista Ronaldinho Gaúcho, do corintiano Liédson (foto) e do sãopaulino Luís Fabiano, entre outros.

A edição da reportagem não concluiu nada sobre o motivo dessas repatriações, digamos, "improváveis". Foi uma coisa mais relatorial, citando o êxodo maciço após a Copa de 1982, de Zico, Sócrates e Cerezo (Falcão tinha ido em 1980), e a volta de alguns, ainda no auge, a partir da década de 1990, como Romário (foto). Mostraram o Elano dizendo que poderia ter feito um contrato três vezes melhor na Europa, mas que o mais importante para ele é jogar e blá, blá, blá. Só quando abriram para os comentários de quem estava no estúdio é que disseram o óbvio, que a materinha se eximiu de dizer: a volta dos "filhos pródigos" tem como principal motivo a ótima situação econômica que o Brasil ostenta hoje, enquanto vários países ainda sofrem a a grande recessão detonada pela crise de 2008.

"Quando um atleta vai para o exterior, está pensando em resolver sua independência financeira, mais do que qualquer coisa. E hoje, pela nossa situação econômica, o jogador consegue voltar para ganhar quase o mesmo que ganhava lá", resumiu o zagueiro Paulo André, do Corinthians, que jogou três anos na Europa. "O futebol brasileiro vai ganhar muito mais investimentos com a Copa do Mundo, muito mais vitrine", observou o goleiro Deola, do Palmeiras (foto). Questionado sobre como pagar salários de nível europeu não tendo a mesma receita dos clubes de lá, o presidente do Santos, Luís Álvaro, foi incisivo: "As empresas hoje estão ganhando muito mais dinheiro aqui no Brasil e, por isso, tem mais para investir".

Conclusão: o festejado retorno de nossos craques, no auge de suas carreiras, é "culpa" do Lula, sim! Só não disseram com todas as letras.

Negociações - Falando em Luís Álvaro, o dirigente confirmou que Robinho (foto) poderá voltar no centenário do Peixe, ano que vem. Os salários e outros acertos com o jogador já estariam combinados, só falta a liberação da multa por parte do Milan. Hoje, segunda-feira, o presidente do Santos encerrará a discussão sobre a questão do técnico, se Marcelo Martelote será oficializado no cargo ou se outro será anunciado. Segundo ele, Muricy Ramalho não é o único nome em debate. O medidador do programa, Flávio Prado, por sua vez, afirmou que Lugano estaria negociando seu retorno ao São Paulo. E Vanderlei Nogueira observou que Kaká também quer voltar. Já Chico Lang disse que conversou com o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, e que este lhe garantiu que desistiu de vez do ex-imperador Adriano.

sábado, março 19, 2011

Bragantino 2 X 1 Santos - sem técnico e sem técnica, o retrato do caos

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Sem esquema tático e com incríveis vazios de um meio de campo que não marca e apóia mal, o Santos foi derrotado pelo Bragantino por 2 a 1. Derrota mais que merecida, já que o time do interior fez a lição de casa: contra-atacou, aproveitou o espaço que os volantes santistas davam à frente da área, finalizou muito a gol e se defendeu, às vezes de forma violenta, mas nada que surpreenda por se tratar de uma equipe inferior tecnicamente ao adversário.

O que surpreendeu de fato não foi apenas a má partida alvinegra, mas o fato de que os jogadores, perdidos em campo e sem um técnico que orientasse ou pudesse alterar o panorama da partida no banco de reservas, também apelassem para a deslealdade. Elano já merecia ter sido expulso no final da partida contra o Colo Colo e, desta vez, além de Adriano (como é doído vê-lo com a camisa do Santos), Ganso poderia ter ido para o chuveiro mais cedo.

Edu Dracena, mais uma vez falhou, fazendo praticamente um corta-luz para o atacante do Bragantino Léo Jaime marcar o primeiro gol da partida. Aliás, as falhas algo bizonhas do zagueiro peixeiro fazem o torcedor lembrar de momentos marcantes de defensores do naipe de Camilo, Maurício Copertino, Marcelo Fernandez e tantos outros, alguns ex-companheiros de elenco de Marcelo Veiga, hoje treinador do Braga, nos tempos de fila do Peixe. No segundo gol da equipe do interior, Pará estava marcando um jogador mais alto que ele, mas sequer subiu junto com Marcelinho para atrapalhar seu cabeceio. O que fazia ali mesmo?

Martelotte já tinha dado sinais do que poderia fazer pelo clube no último Brasileiro. Ou seja, muito pouco. Insistir nele é uma ato de quase suicídio praticado pela diretoria.


****
Muricy Ramalho saiu do Fluminense reclamando das condições do clube. A ausência de um centro de treinamento decente foi um dos fatores que o técnico mencionou como grave para o rendimento da equipe, já que favorecia o surgimento de contusões. O tempo de permanência de atletas no departamento médico também perturbava Muricy. 

No Santos, nessa partida, estavam contundidos Léo, Alex Sandro, Jonathan, Diogo e Arouca. Charles foi contratado por recomendação de Adílson Batista e sequer jogou. Outros que, de memória, lembro que passaram pelo departamento médico na (curta, por enquanto) temporada de 2011: Alan Patrick, Maikon Leite, Róbson, o goleiro Aranha, e Elano, que até hoje não tem a mobilidade apresentada no ano passado. Houve equívocos na preparação física, nas contratações, no tratamento de atletas ou é toda mera coincidência?

*****
Em 2010, Santos e Bragantino fizeram um jogo bem diferente...

sábado, março 12, 2011

Santos 2 X 1 Botafogo - Ganso volta, marca e dá vitória ao Alvinegro

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Santos e Botafogo fizeram uma partida que poderia ter tido só 45 minutos, a etapa final. Foi após o intervalo que saíram os três gols do jogo e nos dez primeiros minutos que Paulo Henrique Ganso, sete meses afastado dos gramados, decidiu a vitória santista.

O cenário para o retorno era o ideal: a Vila Belmiro, um adversário fraco e um Santos que buscou o gol quase todo o tempo, embora tenha tido dificuldades no primeiro tempo. Ganso deu o lindo passe para Zé Eduardo dar a assistência a Elano, artilheiro do Paulista, marcar seu nono gol no campeonato. E Pará, no mesmo lado direito, deu um passe de camisa dez para Zé Love, que tocou para o gol do armador paraense.

Ganso mostrou disposição durante os 45 minutos. Foi perigoso sempre quando foi à frente, recuou para buscar a bola quando foi necessário, protegeu a bola como sempre costumou fazer, atuou de cabeça erguida o tempo todo. Deu passe de calcanhar por baixo das pernas do rival e causou uma expulsão no fim do jogo ao dar um passe de classe que irritou Fernando Miguel.



Só vendo o retorno de Ganso pode-se ter uma noção de como ele fez falta durante esse tempo não só para o Santos, mas para o futebol brasileiro. Hoje, é quase um dos únicos armadores presente nops gramados e vê-lo atuar remete aos meias clássicos e outros nem tanto que faziam tal função nos campos tupiniquins, mas esse tipo de jogador foi sendo deixado de lado e preterido por esquemas que privilegiam marcadores, velocistas e carregadores de bola. O pensador, o organizador do jogo, só pode sobreviver no futebol atual se tiver muito talento e participar sem a bola, fechando espaços e marcando. Ganso faz isso como poucos e mostrou isso de novo pra quem teve o privilégio de ver o seu retorno. Bem vindo a sua casa, camisa dez.

quinta-feira, março 03, 2011

Santos 1 X 1 Cerro Porteño - Arrepia, zagueiro...

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Zagueiro tem que ser malandro
Quando tiver perigo com a bola no chão
Pensar rápido e rasteiro
Ou sai jogando ou joga a bola pro mato
Pois o jogo é de campeonato

Aos 47 do segundo tempo, o capitão do Santos Edu Dracena não saiu jogando nem jogou a bola pro mato como ensina Jorge Benjor na música Zagueiro. Viu Barreira receber a bola de costas e achou por bem ir numa dividida. Mas o que Dracena queria dividir? Não parecia ser a bola. Pênalti pro Cerro Porteño, que, no segundo tempo, praticamente não ameaçou o gol peixeiro. O jogo estava empatado e menos de um minuto após, encerrado.

O erro final foi do superestimado Dracena, mas obviamente a culpa não é só dele. O Santos desperdiçou oportunidades de matar o jogo e deixou de ser agressivo na segunda etapa quando o adversário já estava entregue. Claro que o resultado também dá margem àqueles que têm sempre o dedo preparado para ficar em riste dizerem “Tá vendo? E a culpa era do Adílson?”. No meu ponto de vista,é também dele sim, pois se o Santos tivesse um esquema tático definido que fosse, talvez o resultado fosse outro. Mas tentar achar uma forma de jogar em dois dias de treino e 90 minutos de bola rolando não é tarefa das mais fáceis.



A primeira metade do primeiro tempo foi de desanimar qualquer santista. O quadro mudou quando Neymar começou a fazer mais jogadas pelo lado esquerdo, onde se sente mais à vontade. E onde Adílson não queria que ele jogasse porque, segundo o ex-treinador, um atleta como ele não podia “se limitar” naquele espaço. Claro que não. O que não significa que ele não possa jogar onde se sinta melhor, na maior parte do tempo, que é o lado canhoto e próximo à área. No segundo tempo, por ali também o garoto foi bem e levou perigo, mesmo sendo bem marcado.

Elano também voltou a frequentar por vezes o lado direito na meia e no ataque na etapa final, algo que não costumava fazer com Adílson. Foi assim que ele se destacou em 2002 na equipe de Leão e desta forma que atuou boa parte do tempo na seleção de Dunga. Mas o meio de campo continuou sentindo a falta de Arouca para fazer a transição para o ataque e a chegada surpresa, útil contra as retrancas. Nenhum outro volante do elenco faz esse papel.

O Santos só conseguiu ser mais compacto no segundo tempo, quando as tabelas e jogadas pelas laterais começaram a acontecer, algo raro nas últimas partidas. Por um lado, dá esperanças pensar que o time sim, pode jogar bem melhor do que vinha jogando. Mas em um torneio como a Libertadores, desperdiçar oportunidades como a de ontem abala a moral. O ponto positivo para Martelotte é que, deixando as duas principais peças da equipe à vontade, Neymar e Elano, o time pode produzir muito mais ofensivamente.

Já o ponto negativo é que a ansiedade do elenco pode resultar em novos episódios como o desnecessário pênalti de Dracena, similar, mas mais trágico, que o cometido por Adriano em Dentinho no clássico alvinegro. Nenhum dos rivais alvinegros é de fato imbatível, e as duas partidas disputadas deixam isso claro, mas o fato é que o Santos não venceu nenhum deles até agora. Vai ser um trabalho de paciência para o interino e para o próximo treinador recuperar a confiança do time. E a confiança do santista.

terça-feira, fevereiro 15, 2011

Brasileiros na Libertadores: o que Santos e Fluminense têm

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Calma, leitor, que são dois posts em um. Primeiro, as visitas: 


O que tem o Fluminense para a Libertadores

Por Victor, do Blá Blá Gol

Ele tem a força. (Wallace Teixeira / Photocamera)
Fluminense chega na Libertadores com status de favorito. Status conferido pelo seu recente título de Campeão Brasileiro, elenco caro e qualificado e jogadores que efetivamente podem vir a desequilibrar em favor do time como Fred e Emerson.

O Fluminense tem a sua disposição:

    * Ataque decente: Rafael Moura, Araujo e Ruimdriguinho podem jogar e tornar o time do Fluminense competitivo apesar de normal. O recente histórico de contusões das estrelas de ataque tricolores torna bastante plausível variações de ataque com esses jogadores
    * Meio campo forte e versátil: O trunfo de Muricy na Libertadores será a gama de opções para montar o meio-campo com qualidade, sempre em função de Conca. Muricy pode variar do muito defensivo ao muito ofensivo com jogadores já testados na equipe.
    * Laterais fortíssimos: Mariano passa por fase esplendorosa. Carlinhos não é tão regular quanto seu colega mas resolveu a lateral do time e a falta de apetite de Julio Cesar, jogador que ao menos foi recuperado por Muricy para compor o elenco.

O que o Fluminense pode vir a ter:

    * Ataque poderoso: Fred e Emerson são muito acima da média. Quem não os viu em campo, basta ver a média de gols dos dois em suas carreiras. Nenhum dos dois é melhor que Neymar, mas são dois. Todavia, são dois que em muitas oportunidades viram zero pelas contusões frequentes.
    * Goleiro: Diego Cavalieri chegou barrando a solução caseira Ricardo Berna, goleiro que cumpriu seu papel com brilhantismo ao fim do Brasileiro de 2010. Mas sabe-se lá quais as reais condições do titular. Como Muricy não é maluco para barrar o goleiro que ele promovera de graça, bem deve estar.

O que o Fluminense pode vir a não ter:

Ingresso caro resolve?
    * Torcida: O Fluminense valorizou a competição ao elevar os preços dos ingressos. Não é intenção deste tópico discutir o acerto ou não da atitude e nem seus porquês, porém, cabe levantar que os preços mais elevados nas fases iniciais podem afastar a torcida do estádio. Se vier ocorrer, tal problema seria atenuado em fases mais avançadas com aumento da demanda ou mesmo possível reajuste de preço calibrando a relação oferta/demanda (os jogos da primeira fase já tem valores pré-definidos)

O que o Fluminense não terá:

    * Uma grande defesa: A dupla de zaga campeã brasileira parece ter jogado em seu limite no Brasileirão ainda que tenha ido bem. O Fluminense não tem um zagueiro que coloque a bola no bolso e chame-a de sua. O volante Edinho pode vir a auxiliar a zaga como Diogo fez com propriedade em 2010, mas será para correr atrás e não para sair na frente como o Monstro em 2008 ou como Dalton em 2009. O reserva André Luis deixa a zaga consideravelmente mais fraca quando entra.
    * Um reserva para Mariano: Se as laterais do Flu são fortíssimas, pode ficar fraquíssima. Basta que Mariano não possa jogar, já que o lateral é o único jogador do time sem reserva para a posição.


O que é que o Santos tem?
Depois de dois anos fora da Libertadores, o Santos volta ao torneio continental com boas perspectivas. Mas, sabe como é, torneios com fase de mata-mata nem sempre privilegiam o melhor time ou aquele com futebol mais vistoso. Às vezes o que ajuda a definir um campeão é a tal da raça, o algo a mais, o acaso, um lance genial, um acidente, um erro de arbitragem ou o sobrenatural de Almeida. Mas ter um bom time é um bom começo. E isso o Santos tem, além de outros motivos que podem fazer o torcedor acreditar no Tri da Libertadores.

O que deixa o torcedor animado

Neymar – contar com o craque do Sul-Americano Sub-20, com 19 anos recém-completados nesse mês e evoluindo não é pouca coisa. O moleque amadureceu depois do sinistro episódio que resultou na demissão de Dorival Júnior e, no Santos, vai ter um ambiente e companheiros de equipe que devem deixá-lo ainda mais à vontade do que na seleção que conquistou a vaga nas Olimpíadas.
Mesmo quando está apagado, o mocinho cobiçado pode decidir num lance ou mesmo cavar uma expulsão dos adversários. No torneio pré-olímpico, já teve uma amostra de como (não) será camarada a arbitragem sul-americana, assim como já sabe que os adversários não serão nem um pouco benevolentes. Já tem conhecimento também que projeções similares a saltos ornamentias não vão resolver. Como tem personalidade e aprende rápido, deve voltar mais preparado pro embate continental. Sem dúvida, via se destacar.

Além da técnica, Elano é o "pé de coelho". ( Ricardo Saibun/SantosFC)
Elano – antes de se contundir (na verdade, ser “contundido”) na Copa da África do Sul, o meia era a melhor figura da seleção brasileira. Muitos, aliás, atribuem parte do fracasso canarinho a sua ausência. Curioso, porque antes do Mundial muitos torciam o nariz para Elano. Mas é indubitável sua inteligência tática e o fato de conhecer todos os fundamentos, podendo fazer um passe, um lançamento, um drible e gols de fora da área ou de cabeça. Deve ser decisivo, entretanto, em uma de suas especialidades que resultaram em inúmeros gols da seleção de Dunga, como o que definiu o título da Copa das Confederações: a bola parada.
Além de tudo, o jogador é considerado um “talismã” pela torcida peixeira, por ter feito o segundo e decisivo gol da vitória que tirou o time da fila, contra o Corinthians, em 2002, e o segundo da vitória alvinegra contra o Vasco, que garantiu o título brasileiro de 2004. Na final da Libertadores contra o Boca, em 2003, Elano não jogou e o Peixe foi vice. Coincidência?

O que deixa o torcedor ressabiado  

Ganso – muitos santistas vão me xingar por colocar o camisa 10 como um motivo incerto para animar o torcedor, mas é só ponderar. O jogador andou reclamando do tratamento oferecido pela diretoria do clube e o grupo DIS, camarilha do mundo da bola que tinha negócios quase familiares com o ex-presidente santista Marcelo ex-Eterno e que detém 45% dos direitos econômicos do atleta, andou oferecendo o mesmo a clubes rivais (curioso, aliás, que Ganso precise ser “oferecido” a alguém...).
Mas, fora isso, existe outro ponto: o atleta passou por uma cirurgia delicada e a Libertadores não é conhecida por apresentar marcadores clássicos como Falcão e Clodoaldo, mas tem na sua galeria de herois eméritos açougueiros como Dinho, Pintado e Galeano. Ou seja, ninguém vai ter dó de acertar o atleta que estará voltando depois de um período razoável longe dos gramados. Em suma, são várias questões: ele vai conseguir voltar a jogar plenamente no primeiro semestre? A readaptação será rápida? A recuperação física será completa? Torço que sim, mas certeza não é possível ter...  

A grande chance do técnico. Vai aproveitar?
Adílson Batista – o treinador chegou no clube e não se viu ninguém fazendo festa com a sua contratação. Dentro das opções disponíveis no tal mercado, achei a escolha até interessante e saudei como uma possibilidade de se retomar o futebol ofensivo de Dorival, obscurecido quando o clube escolheu um interino para dirigir a equipe em quase metade do Brasileiro de 2010. Até agora, Adílson está invicto, em que pese ter enfrentado somente uma equipe digna de nota, o São Paulo. Nesse meio tempo, testou várias fórmulas e esquemas táticos, tem vários desfalques mas ainda não passa segurança à torcida. A Libertadores começa como o seu real teste. Pelo lado positivo, Adílson já tem uma final do torneio no currículo, coisa que pretensos gênios como o “profexô” não tem até hoje, mesmo tendo dirigido legítimos esquadrões.


O que faz o torcedor rezar

Sistema defensivo – o Santos estonteante do primeiro semestre de 2010 não tinha uma das defesas mais confiáveis do futebol tupiniquim. Mas o ataque compensava e fazia com que o rival muitas vezes abdicasse de atacar para não sofrer placares elásticos. Quase um esquema kamikaze que se baseava, principalmente, em talento.
No entanto, havia carregadores de piano no meio que eram fundamentais para que tudo funcionasse: Arouca e o multifuncional Wesley. O primeiro está voltando de contusão e o segundo foi substituído por Rodrigo Possebon, volante que não tem a velocidade e as características que faziam de Wesley peça importante no esquema de Dorival. Pará na lateral direita é uma temeridade, mas o veterano Léo tem sido útil na canhota. Contudo, se não tiver cobertura não consegue encarar um atacante veloz. Idem para a dupla de zaga com Dracena e Durval, que parece muito dispersiva em algumas partidas, quase irresponsável, mas brilha em outras, como no clássico contra o São Paulo.
Adílson espera o retorno do lateral-direito Jonathan e pode colocar alguns dos laterais da Sub-20 no time titular até como meias. Mas, por enquanto, é bastante claro que ele não conseguiu construir uma defesa consistente. Em competições eliminatórias, isso pesa. Que ache a fórmula logo...

domingo, janeiro 30, 2011

Elano decide e Santos bate São Paulo

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Elano: 5 gols em 3 partidas. (Divulgação-Santos FC)
Um San-São mais uma vez como primeiro clássico paulista do ano. Assim como em 2010, a Arena Barueri foi o estádio que sediou o duelo, desta vez com o Alvinegro como mandante, já que a Vila Belmiro está com seu gramado em obras. E, como no ano passado, o Santos levou a melhor.

Sem Neymar, na seleção sub-20, e Ganso, em fase final de recuperação, e ainda sem Arouca e o lateral-direito Jonathan, que se contundiu contra o São Caetano, a condição de estrela recaiu naturalmente sobre Elano, que fez seu terceiro jogo em sua volta ao futebol nacional. E ele não decepcionou. Fez o primeiro gol logo aos 11 minutos de partida e, quando o Tricolor pressionava no segundo tempo, arrematou de longe e Ceni rebateu para Maikon Leite marcar o segundo.

Elano desponta como artilheiro do time e do Paulista juntamente com Maikon Leite, ambos com 5 gols. Tem sido decisivo mas, ainda assim, tem errado muitos passes (só no clássico foram 11) e apresenta um certo cansaço na segunda etapa. Isso mostra que seu futebol ainda pode e deve evoluir, mas o que sempre me impressionou em Elano foi seu senso de colocação, o que serve tanto na hora de defender e fechar espaços no meio como de ataca. Ontem, foi o elemento surpresa que aproveitou o belo passe de Róbson. Aliás, era ele também que veio de trás para fazer o gol de cabeça que deu o título brasileiro ao Santos em 2004 (confira aqui).

Voltando à peleja, o resultado não quer dizer que a parada foi tranquila. Durante a maior parte dos 90 minutos o São Paulo manteve a posse de bola e teve uma chance de ouro com Jean no segundo tempo, que mandou uma bola na trave de Rafael, desperdiçando a chance de empatar. Mas também é verdade que esse domínio territorial esbarrou na falta de qualidade do ataque tricolor. Para se ter uma ideia, a equipe do Morumbi finalizou 20 vezes, sendo 6 bolas em direção o gol. O Santos, que teve 13 finalizações, mandou 9 delas para o gol de Rogério, ou seja, 3 a mais que o adversário. O arqueiro sãopaulino fez duas grandes defesas em cabeçada de Rodrigo Possebom no primeiro tempo e em uma bela jogada de Léo no segundo.


Mas o comportamento do Santos na partida deixa evidente uma deficiência do time nesse início de temporada. O meio de campo com Adriano, bom e rápido marcador mas que tem sérias dificuldades de passe assim como seu parceiro Rodigo Possebom, faz com que a saída de bola do time seja ruim e a equipe sofre com uma marcação no seu próprio campo como a feita pelo São Paulo. Mesmo com times menores o Alvinegro passou aperto em determinados momentos, sendo salvo pela eficiência do veloz ataque. Em vista disso, no clássico, o atleta mais acionado do Santos para levar a bola ao ataque não foi alguém do meio, mas o lateral-esquerdo Léo, que fez talvez a sua melhor partida, taticamente falando, desde que retornou à Vila Belmiro.

Esse problema no meio fez com que a defesa fosse exigida e, ao contrário do que aconteceu contra o São Caetano, a atuação foi exemplar, exceção feita a uma lambança de Durval no primeiro tempo dentro da área. Com a volta de Arouca e a entrada de Charles, o problema pode ser resolvido. Mas como futebol é dinâmico, como diriam os filósofos, ninguém duvide que os laterais que hoje estão na seleção sub-20, Danilo e Alex Sandro, possam eventualmente ocupar uma vaga no meio de campo peixeiro. Com mais opções, Adílson Batista pode ter uma formação que passe menos aperto e deixe o torcedor mais calmo. Tomara.

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Ah, sim, na preliminar houve futebol feminino, Santos contra Juventus. E Marta fez um gol de placa, que vale ser visto.Sobre o jogo (5 a 1 pro Alvinegro), leiam quem sempre cobre o futebol feminino.