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quinta-feira, dezembro 23, 2010

Nove ministras e uma presidente

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A presidente eleita Dilma Rousseff bateu o martelo em seu ministério. São 37 nomes, da Fazenda à Pesca, da Agricultura ao Desenvolvimento Agrário. Do total, nove são mulheres, menos de um quarto. Com a inclusão da mandatária, seriam 10 moças para 28 marmanjos no primeiro escação, quase um time de futebol feminino na Esplanada dos Ministérios.

Fosse Luiz Inácio Lula da Silva a analisar, ele diria que nunca, na história da República, tantas mulheres ocuparam cargos de tanto destaque. Para um país que tem uma inédita presidenta (para usar novamente termos do mandatário da nação), esses 24% podem ser vistos como um sinal da conquista feminina por espaço de poder, ainda que decorrente de uma decisão política.



Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil
Miriam Belchior,
futura ministra
do Planejamento



Mas pode parecer pouco levando-se em conta dois indicadores. O Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que 51% dos 190 milhões de pessoas que habitam o país são do sexo feminino. O outro dado é um exercício matemático realizado até pela campanha de Dilma no início do segundo turno.

Os votos de 61% dos eleitores brasileiros na disputa presidencial de 3 de outubro foram para mulheres. É que além dos 43% da petista, 18% foram para a senadora Marina Silva (PV-AC). Seria exagero entender, apenas por este dado, que a maioria da população quer mulheres no poder.

Especialmente considerando-se que a discussão sobre ações afirmativas para conduzir mulheres ao poder tenha ampla resistência. Foi motivo de "gatos" alaranjados, por parte dos partidos políticos, a garantia formal de 30% de participação feminina nas candidaturas e 5% dos recursos para programas voltados às mulheres. E ainda agravado pela desidratação dessas postulações pela míngua de financiamento, como constatou o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).




Foto: Wilson Dias/
Agência Brasil
Maria do Rosário,
que assume a
Secretaria de Direitos
Humanos em janeiro



Relativamente
A presença de mulheres em outras instâncias de poder fica ainda mais restrita. Nas duas casas do Congresso Nacional, das 594 excelências, 55 são mulheres atualmente; serão 57 em 2011.

Para detalhar: no Senado, 15% dos 81 representantes dos estados a partir do ano que vem são mulheres. Isso quer dizer duas a mais do que o ocorrido hoje – sendo que uma delas, Ana Rita Esgário (PT), assume como suplente a vaga do governador eleito do Espírito Santo Renato Casagrande (PSB-ES). Na Câmara, o número de deputadas foi mantido em 45, embora tenha ocorrido ampla renovação.

No comando dos estados, vale lembrar que o país voltará a ter apenas duas mulheres como governadoras, mesmo número de oito anos atrás. Isso representa 7% dos 26 estados mais o Distrito Federal. No pleito anterior, o comando dos executivos regionais vinha sendo ocupado por presença feminina em três unidades da federação.

Considerando-se o universo de empresas privadas, um estudo revelador foi publicado pelo Instituto Ethos em novembro deste ano. O levantamento, junto às 500 maiores companhias do país segundo ranking do anuário "Melhores e Maiores 2009", da revista Exame, mostrou que 13,7% dos cargos de direção são ocupados por mulheres – o dobro de nove anos atrás, quando pesquisa similar foi realizada.

Apesar da evolução, é pouco, muito pouco. Ainda mais porque quanto mais se ascende na hierarquia corporativa, menos mulheres chegam. Como elas têm, em média, mais anos de escolaridade do que os homens, feministas põem na conta o machismo esse funil estreito.

Relativamente a outros espaços de poder, os 24% para mulheres entre o alto comando do governo federal não são tão pouco.

Compare-se
Primeiro escalão do Executivo Federal – 24%
Senado – 14,8%
Câmara dos deputados – 8,7%
Governadores – 7,4%
Diretoria de Grandes empresas – 13,7%

sexta-feira, julho 16, 2010

Votar no PT é pecado

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Houve um tempo em que políticos da direita acusavam padres de fazer propaganda em prol de candidatos petistas. O partido, nascido com muitos participantes das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), tinha simpatia do literal baixo clero e também de alguns bispos que conjugavam de ideais semelhantes aos da agremiação.

De lá pra cá, o PT mudou, mas a Igreja, sob a batuta do célebre João Paulo II, promoveu um processo de "direitização" na América Latina que sufocou, por exemplo, a Teologia da Libertação. Talvez reflexo dessa nova realidade, hoje o padre Luiz Carlos Lodi da Cruz, de Anápolis, se sente à vontade para publicar na internet uma página que tem o seguinte título: Posso votar no PT?

Por meio de um didático texto de perguntas e respostas feitas por ele mesmo, a "orientação" expressa e dita com todas as letras é: "Se o cristão vota no PT consciente de tudo quanto foi dito acima, comete pecado grave, porque coopera conscientemente com um pecado grave." O pecado grave em questão é o apoio à descriminalização do aborto.

Mas há políticos de outros partidos e também não filiados a quaisquer agremiações que são favoráveis ao aborto, correto? Sim, e na pergunta 7 o religioso trata do tema: "Mas eu conheço abortistas que pertencem a outros partidos, como o PSDB, o PMDB, o DEM...". E a resposta: "Os políticos que pertencem a esses partidos podem ser abortistas por opção própria, mas não por obrigação partidária. Ao contrário, todo político filiado ao PT está comprometido com o aborto". E emenda que "é dever do político pró-vida desfiliar-se do PT, após ter verificado o engano cometido."

O padre não está sozinho em sua cruzada moral. O site Aborto Não PT Não  lista uma série de notícias relacionadas ao agrupamento de Lula e o aborto. E ressalta, para deixar claro o quão maligno é o partido, que "a defesa do aborto não é o único mal do PT".

Entre o material de divulgação do site está um banner Aborto Não Dilma Não. É bom lembrar que no programa Roda Viva a petista não foi além da defesa da atual legislação sobre o tema, que permite o aborto em caso de risco de vida da mãe ou estupro, para desconforto de feministas que gostariam de um compromisso mais firme de Dilma em favor da descriminalização. “Temos uma legislação no Brasil sobre essa questão e sou a favor de mantê-la. O que acho é que mulheres enquadradas naquela situação têm direito de fazer na rede pública, e se tem de tornar isso acessível. Senão fica a seguinte situação: mulheres ricas têm acesso a clínicas, mulheres pobres usam a agulha de tricô”, disse ela na ocasião.

Ao que parece, o PT precisa ser um pouco mais incisivo no tema para fazer jus a toda satanização promovida pelos religiosos...

segunda-feira, março 08, 2010

Eu não gostaria de um Dia Internacional do Homem

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Corro o risco, aqui, de ser linchado virtualmente (ou quiçá até fisicamente) por discordar em público do Dia Internacional da Mulher. Exatamente por valorizar, respeitar e admirar as mulheres como alicerce fundamental e força motriz da humanidade, considero a data ofensiva. Tá, eu sei que tem um enorme valor simbólico, que serve para pontuar a luta feminina, chamar a atenção para o machismo, a violência contra as mulheres, o preconceito, bla, bla, bla. Eu sei. Mas sou contra por um ponto de vista particular e não arredo o pé: como resumiu muito bem um colega meu há 15 anos, Eli Fernandes, num artigo intitulado "A mulher vai acabar virando Papai Noel", essa efeméride, por mais justa e bem intencionada que tenha sido sua criação, virou puro comércio, banalidade e marco explícito de que os outros 364 dias são, de fato, dos homens. Banaliza a luta feminina no que tem de mais sério e funciona como uma espécie de "concessão cordial". E elas ainda tem que sorrir e agradecer as rosas e lembrancinhas que, burocraticamente, os homens compram e distribuem nessa data, como no Natal ou no Dia dos Namorados. No dia seguinte, os machos voltam normalmente a excluí-las e menosprezá-las. Mentira? Algum "sensível" aí gostaria de se ver obrigado a distribuir sorrisos e obrigados num Dia Internacional do Homem, criado em um mundo hipoteticamente dominado pelas mulheres? De ser desprezado e ter de agradecer pela migalha do "seu dia"? É fácil analisar do lado opressor.

Bom, se a maioria pensa o contrário e está muito feliz e satisfeita hoje, com um sorriso nos lábios, como diria o finado Gonzaguinha, também sei que muitas partilham no todo ou em parte com minha visão e que sabem, para além disso, que a valorização da mulher é no dia a dia, e não em um só dia. Que a mudança de atitude é mais importante que meia dúzia de rosas e discursos demagógicos. Por que tantos beijos e parabéns se, no Brasil, as mulheres tem mais escolaridade mas ganham 72,3% a menos que os homens? Se as que tem nível superior ganham ainda menos? Se são excluídas de profissões ditas "masculinas"? Ou bem pior que isso: se no Brasil a violência contra a mulher aumentou quase 50%, entre 2008 e 2009? Tem rosas e parabéns que amenizem essa situação? Sei lá, tudo me parece ainda mais hipócrita e agressivo do que nas datas manjadas (e impostas) do calendário comercial - Dia das Mães, dos Pais, das Bruxas etc. Às mulheres, meu modo pessoal de expressar toda a gratidão e reconhecimento é justamente dizer que vocês são trilhões de vezes maiores e mais importantes do que essa data burocrática e banalizada. Todos os dias são seus. Enquanto, como disse Gilberto Gil, os homens seguem vivendo a ilusão de que ser homem basta e que o mundo masculino tudo lhes dá. Reverências sinceras a todas vocês.

segunda-feira, novembro 09, 2009

Caso Uniban, CPI Gay, parlamentares guiam suas decisões através de suas religiões e a vida anda difícil...

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Ventos conservadores balançam o estandarte brasileiro. "Puta-Puta-Puta", ouviu a estudante Geisy Villa Nova Arruda. Pouco tempo depois, assistíamos a sua expulsão pela gloriosa cátedra Uniban, também carinhosamente apelidada de "UniTaleban", pelos blogueiros, internautas e tuiteros, que por sua vez estão infernizando a vida da instituição.

O resultado: na tarde desta segunda-feira, 9, a instituição recuou e revogou a expulsão de Geisy. O assunto é tão surreal que vale a pena ver as cenas do quase linchamento da estudante de turismo e ler a justificativa pitoresca da Uniban, para expulsar a aluna.

Sinceramente, neste caso, pouco me importa se a Uniban é uma fábrica de diploma ou se agora a estudante vai posar nua. O fato é que chegamos ao ponto da sociedade (uma parte, óbvio!) agredir e ser conivente com a barbárie pelo simples motivo do uso de uma minisaia!

É o retrato do cotidiano do país que exclui, criminaliza, marginaliza e agride a diversidade, seja ela qual for. Sem falar do machismo e da intolerância, cultivados com ardor... Enfim, um episódio que dá a dimensão do retrocesso de nossa realidade, e que dá nojo só de imaginar onde podemos chegar...

Mas voltando para o caso Uniban, outro ponto que me chocou é o histórico do “adevogado” da dita instituição, Décio Lencioni Machado, que atribuiu à postura da estudante Geisy Villa Nova Arruda a razão de sua expulsão da universidade. Ele que preside a Comissão de Legislação e Normas do Conselho Estadual de Educação de São Paulo e é conselheiro da Câmara de Educação Superior.

Criado em 1963, o Conselho tem como objetivo traçar normas para organização do sistema de ensino de todo o estado, incluindo autorização para instalação de universidades públicas estaduais e municipais e são "escolhidos entre pessoas de notório saber e experiência em matéria de educação, observada a devida representação dos diversos graus de ensino e a participação de representantes do ensino público e privado". Para exercer o cargo, o conselheiro é remunerado: recebe gratificação por sessão plenária e de câmaras ou comissões permanentes.

Medo! Só rindo mesmo do ataque de fúria de Hitler sobre a comparação dos nazistas da Uniban e sua gente iluminada... Ou apostar na cobrança do MEC e da ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Nilcéa Freire.

E piora
E, como se não bastasse a demonstração de preconceito, fúria e machismo dos estudantes da Uniban (e a atitude da própria instituição), a psicóloga evangélica Rozangela Justino, conhecida por oferecer tratamento para curar os homossexuais – e receber censura pública do Conselho Federal de Psicologia (CFP) –, agora dedica seu blogue auxiliar seus irmãos a votarem “NÃO” na enquete que o Senado Federal criou sobre a aprovação do PLC 122/06, que criminaliza a homofobia no Brasil.

Rozangela alega no texto que “infelizmente, não podemos apoiar qualquer Projeto de Lei e nem lei pró-homossexualismo porque tais projetos de leis e leis têm finalidades políticas e econômicas, e na verdade não são para proteger e nem ajudar qualquer pessoa na condição homossexual, muito pelo contrário, é para impedir que sejam ajudadas, inclusive”. Ela ainda propõe criar a "CPI das Passeatas Gays”, “A CPI do Movimento Gay”. Segundo a "psicóloga", "assim, estaremos verificando o porquê do investimento do poder público neste movimento desconstrutor social e dos princípios cristãos, em detrimento de necessidades básicas do povo brasileiro".

E se engana quem acredita que uma manifestação como da "psicóloga" ou dos estudantes e membros da gloriosa academia unibanense não reflete ou são frutos da postura conservadora de nossa política. Na recente pesquisa "Como Parlamentares Pensam os Direitos das Mulheres?", realizada pelo Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea), que entrevistou 321 parlamentares, entre deputados e senadores foi constatado que a influência da crença religiosa nas decisões dos parlamentares está cada vez maior.

A maioria (60%) dos parlamentares considerar errado legislar a partir de pontos de vista de crenças pessoais, mas 38% dos legisladores admitem tomar decisões de acordo com os princípios de suas religiões. Mas, nossos parlamentares de tudo não são tão maus... A pesquisa também constatou que o Congresso está mais aberto a reivindicações femininas, especialmente em relação a direitos das mulheres no mercado de trabalho.

Obrigado por nos deixarem trabalhar, apesar do Brasil continuar sendo o país latinoamericano com menos mulheres no Parlamento - 8%.

Brincadeiras a parte, a pesquisa também trouxe um dado interessante sobre o aborto: 57% dos parlamentares defendem, por exemplo, que a legislação permaneça como está, permitindo a prática somente em caso de estupro ou de risco de vida para a mãe. Os demais se dividem em dois grupos: 18% defendem a descriminalização total e 15% são contra a interrupção da gravidez em qualquer caso. Apenas 8% não se posicionaram e 1% admite ampliar a legislação em alguns casos. Resumindo, o árduo trabalho de chamar para a discussão o tema para lá de polêmico não anda sendo em vão.

Mas a vida anda difícil...