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quarta-feira, dezembro 23, 2015

Bicuda na canela

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Mas com toda a elegância. Quando Chico Buarque foi importunado por filhinhos-de-papai num restaurante do Leblon, no Rio de Janeiro (entre eles, Alvarinho, filho do empresário Álvaro Garnero), que se sentiram no direito de criticar seu apoio ao PT, o artista rebateu: "Acho que o PSDB é bandido, e agora? Procure se informar mais, porque com base na revista ‘Veja’ você não vai chegar muito longe". E depois, passado o bate-boca, Chico faz, sutil e magistralmente, a seguinte postagem numa rede social:


Afinal, o partido é dos trabalhadores. E, falando nisso (trabalho), voltemos ao Chico, num vídeo em que conta o seu despertar político (e que, por isso mesmo, explica totalmente suas escolhas políticas): "Pra mim, o lixeiro era o sujeito que mais trabalhava, era a pior profissão do mundo. E uma das melhores profissões do mundo, que eu achava muito folgada, era a profissão do meu pai, que ficava lá no escritório batendo a máquina, clec-clec-clec-clec. Isso é moleza. Duro é ser lixeiro. Como é que meu pai, que ficava sentado, [fazendo] clec-clec-clec-clec, pôde se casar, e ter sete filhos, e o lixeiro, que trabalha muito mais, carregando aquelas latas e se sujando todo, não tem dinheiro para constituir família? Aí, foi a primeira revolta, assim. [Pensei:] Esse mundo é injusto". Confira:


LEIA TAMBÉM:


quarta-feira, dezembro 09, 2015

O que vamos Temer?

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Num "desabafo" politicamente oportuno (e oportunista), o vice-presidente Mi-mi-mi chel Temer mandou uma cartinha (de Natal?) para a presidente Dilma Rousseff. Basicamente, chorôrando e mimimizando o seguinte:


Outra carta, muito mais relevante, foi divulgada por artistas e intelectuais que se insurgem contra o golpe anunciado."Sastifação" (como diria o DeMassad) foi encontrar, entre os que assinam o manifesto, o nome do colega "João Paulo Soares, jornalista" - já citado neste blog (aqui e aqui, por exemplo). É nóis! À luta.


quarta-feira, dezembro 02, 2015

Os pingos nos is OU carmelita descalça no puteiro

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FHC, herói da Veja: Delcídio estaria em seus diários?
Ninguém aqui quer defender o PT, o governo Dilma, o Lula ou nunseiquelá, nunseiquelá, nunseiquelá. Não integramos suas assessorias de imprensa e, para esse tipo de defesa, sempre existem advogados bem dispostos - e (muito) bem remunerados. Mas, como observou meu colega jornalista Lobão (Rogério Castro), sobre as cobranças do "santo" Aécio Neves (PSDB) à presidente Dilma em relação à prisão do senador Delcídio Amaral (PT), "sei que não adianta explicar para quem não quer entender, mas não custa nada encher o saco dos cidadãos de bem, defensores da moralidade pública, que infestam as redes sociais: com a prisão de André Esteves, um ex-presidente do Banco Central de FHC assumiu o comando do BTG Pactual. Pô, parem de bancar a carmelita descalça dentro do puteiro!".

Exatamente. A esses "cidadãos de bem, defensores da moralidade pública, que infestam as redes sociais" e saem nas ruas com camisa da seleção brasileira, louvando militares, Bolsonaros e Malafaias, complemento o lembrete do Lobão com um belo texto que circula pela internet e é assinado por Maria Fernanda Arruda:


Está claro para vocês o desenrolar dos acontecimentos recentes ou querem que eu desenhe o fato óbvio de que o caso de corrupção que está sendo investigado na Lava-Jato não começou em 2003 e não se encerra na Petrobras!? [OBS: por favor, compartilhem até chegar ao Sr. Moro, porque parece que ele está por fora disso tudo aí.]"

Por hoje é só.


sexta-feira, agosto 28, 2015

Feijoada, rabada com agrião, cerveja e caipirinha

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Das coisas que mais gosto no Rio de Janeiro, desde que descobri aquela cidade, há uns cinco anos, estão os tradicionais butecos de bairro. Butecos mesmo, na acepção da palavra, daqueles que têm o mesmo dono há décadas e que acaba, com o tempo, agregando uma fauna de figuras e clientes fiéis. Algo como o nosso lendário (e saudoso) Bar do Vavá, aqui em São Paulo, ou o Mosca Feliz, meu buteco predileto lá em "Botafurca", região de confluência entre os bairros de Botafogo e Urca no Rio, próxima à Praia Vermelha. Pois foi exatamente num buteco desses, na Tijuca, que o ex-presidente do Uruguai, José "Pepe" Mujica, se enfiou na manhã de ontem.

Segundo notícia do portal "Pragmatismo Político", Mujica, que está no Rio para uma homenagem e evento com estudantes da Universidade Estadual (Uerj), pediu "feijoada, rabada com agrião, cerveja e caipirinha" no Bar do José, na Zona Norte carioca. Melhor ainda: "ao som de Amado Batista". “Escolhi a trilha sonora porque gosto e deu um clima mais legal pro almoço. Nunca imaginei ter um presidente aqui”, contou José Alves Ferreira, o cearense que comanda o referido buteco há 14 anos. “Te falar? Político brasileiro é muito cheio de frescura. Aqui é só rabada, feijoada, mocotó…”, opinou.

'Pepe' Mujica manda brasa na rabada e nas cervejas do Bar do José, no Rio de Janeiro

O dono do buteco disse ainda que “não conhecia muito bem” o uruguaio, o que fica evidente quando revela que votou em Aécio Neves (PSDB) em 2014 e que é a favor da saída de Dilma Rousseff (PT) do governo federal. Com certeza, ele desconhece o apoio incondicional de Mujica à Dilma, que o levou a criticar a criminalização da presidente do Brasil, de Luiz Inácio Lula da Silva e do Partido dos Trabalhadores em seu programa de rádio, no dia 14 de julho deste ano. "Esse ranço capitalista do Brasil imperial não pode aceitar a liderança de homens e mulheres que não são de sua entranha, mas definitivamente tendem a ser e representar as imensas maiorias”, criticou Mujica, na ocasião.

“Tirar 40 milhões de cidadãos da miséria. É isso o que significou o governo do PT e principalmente o impulso de Lula, assinando talvez em termos quantitativos a maior façanha da história econômica da América Latina, se por façanha se entende como vivem as pessoas e não simplesmente números, papéis”, acrescentou o ex-presidente do Uruguai. Ontem, ao ouvir os gritos de “não vai ter golpe” dos estudantes da Uerj, Mujica comentou: “Golpe de Estado, por favor! Este filme já vimos muitas vezes na América Latina. Esta democracia não é perfeita, porque nós não somos perfeitos. Mas temos que defendê-la para melhorá-la, não para sepultá-la”. E fim de papo (de bar).


terça-feira, agosto 18, 2015

'Nossa vida no teu seio mais AMORES...'

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"A lhaneza no trato, a hospitalidade, e generosidade, virtudes tão gabadas por estrangeiros que nos visitam, representam, com efeito, um traço definido do caráter brasileiro." - Sérgio Buarque de Holanda


segunda-feira, março 16, 2015

Tomaram conta

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Bolinha voa sobre Serra: ódio
O triste "espetáculo" que tomou as ruas ontem, em todo o país, confirma que, ao contrário do que comemorava a campanha eleitoral do Partido dos Trabalhadores, a esperança NÃO venceu o ódio quando a presidente Dilma Rousseff foi reeleita. Muito pelo contrário. "Nunca antes", desde que Lula tomou posse, em 2003, este sentimento de ódio irracional e violento esteve tão forte, palpável e amedrontador. Em post escrito em novembro de 2010, comentei: "A campanha de esgoto que o tucano José Serra fez (...) nas eleições presidenciais conseguiu trazer para os holofotes os setores mais atrasados, conservadores e extremistas da sociedade brasileira e acentuou à tensão máxima o ódio, o preconceito e a divisão raivosa entre nós". Me enganei. Não havíamos, na época, chegado à tensão máxima. Aquele clima de "vamos fazer justiça com as próprias mãos, vamos matar e esquartejar esses petistas desgraçados" detonado por Serra - e a "grande" imprensa - com a lamentável e constrangedora farsa da bolinha de papel era apenas o início da escalada do ódio. E, depois de ontem, tenho medo só de imaginar quando a tensão máxima de fato for atingida...

"Deus" e "militares": como em 1964
Esse ódio, que sempre foi insuflado pela elite e a mídia golpistas contra o citado Partido dos Trabalhadores, seus integrantes e militantes, agora passou a um outro nível. Ao receber todos os palanques, holofotes e espaços possíveis, estes "setores mais atrasados, conservadores e extremistas da sociedade brasileira" ultrapassaram a fase de negação (dos "petistas", dos "sem-terra", dos "comunistas", "cubanos", "bolivarianos", "chaviztas" etc etc etc etc) e partiram para a afirmação pública, explícita e orgulhosa de todas as suas bandeiras (as piores possíveis). Depois de ontem, o impeachment ao governo Dilma Rousseff, o ódio ao PT, a Petrobras, a "corrupção generalizada", a "crise" econômica e outros quetais passaram a ser apenas o granulado do bolo. A verdadeira massa deste quitute é o fim da democracia partidária e das eleições diretas, a defesa do retorno à ditadura militar, a criminalização dos trabalhadores organizados, o combate a todo e qualquer movimento dos excluídos, dos negros, dos nordestinos, das mulheres, dos homossexuais.

Janine: ataque aos direitos humanos
Mesmo em minoria (pois perderam as últimas quatro eleições presidenciais), os conservadores e extremistas tomaram conta não apenas das ruas, mas do cenário político e midiático, da internet e de todos os locais onde alguém se atreve a falar sobre algo que eles odeiam. Dá discussão. Dá briga. A sem-cerimônia com que os "líderes" do tal movimento "Revoltados Online" faz propaganda do execrável Jair Bolsonaro (PP) como seu preferido na disputa presidencial de 2018 dá ideia de onde o ódio disseminado pela oposição e pela imprensa irresponsável nos levou. Como bem observou o filósofo Renato Janine Ribeiro, professor da cadeira de Ética e Filosofia Política da USP, em palestra recente, "A extrema-direita está se distinguindo do restante por um ódio cabal aos direitos humanos. (...) Atacam o homossexual, a igualdade de gênero, os direitos das mulheres. (...) O perigoso no Brasil, de certa forma, é a extrema-direita ir se aproximando da direita e contaminando, a ponto de seu apoio se tornar essencial. (...) Estamos tendo no Brasil uma tolerância, que é grande, com condutas antidemocráticas que deveriam ser tipificadas como criminosas… Pregar a volta dos militares deveria ser crime, deveria levar a pessoa para a cadeia". EXATAMENTE.

Cômico, se não fosse trágico: brincadeira na Internet reflete bem do que se trata o post



segunda-feira, outubro 06, 2014

Show de horrores - Parte II

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Mayara: 'mate um nordestino!'
Alguém aí se lembra da Mayara Petruso, aquela internauta que destilou publicamente todo o seu preconceito contra nordestinos, após a vitória de Dilma Rousseff, em 2010? "Nordestino não é gente, faça uma favor a SP, mate um nordestino afogado!", postou a moça numa rede social, naquela época. "Deem direito de voto para os nordestinos e afundem o país de quem trabalhava pra sustentar os vagabundos que fazem filho pra ganhar o bolsa 171", acrescentou. Pois é, show de horrores. Em 2013, ela recebeu uma punição de 1 ano, 5 meses e 15 dias de prisão, pena convertida em prestação de serviço comunitário e pagamento de multa, e declarou estar "arrependida".

E depois de tudo isso, o que acontece? A mesma coisa. "Se Dilma ganhar, vou inclusive concordar com os sulistas quando eles xingarem os nordestinos como fizeram em 2010", posta a internauta Luiza Neves. "Não queria ter preconceito regional não, mas nordestinos e nortistas não abrem mão de bolsa (tudo)... tão fodendo essa eleição", emenda Lorenzzo Warrak. "Esses nordestinos desgraçados parecem que não sabem que a culpa da falta de água é da lazarenta da Dilma", acusa Bruno Santiago. "Só aqueles nordestinos malditos que votam na dilma nossa espero chova la seca pra sempre", completa Lovato. A prova:



Não bastasse a inconsequência desses jovens, tem gente que deveria ter muito mais responsabilidade espalhando o preconceito explícito. Em Minas Gerais, um colunista social do jornal O Tempo, Paulinho Navarro, postou um comentário (também em rede social) propondo a divisão do País. E diz que a presidente Dilma Rousseff ficaria no Norte/Nordeste com "seus preguiçosos eleitores bolsistas", enquanto que "na banda de baixo" ficaria Aécio Neves e "demais trabalhadores esclarecidos", "continuando a botar lenha na produção deste país..." Pra quem duvida, segue a reprodução da postagem:


Mas o pior eu guardei para o fim: nosso ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de triste memória, resolveu endossar o preconceito e declarou aos blogueiros Josias de Souza e Mário Magalhães, do UOL:

"O PT está fincado nos menos informados, que coincide de ser os mais pobres. Não é porque são pobres que apoiam o PT, é porque são menos informados." 

"Essa caminhada do PT dos centros urbanos para os grotões é um sinal preocupante do ponto de vista do PT porque é um sinal de perda de seiva ele estar apoiado em setores da sociedade que são, sobretudo, menos informados."

"Geralmente é uma coincidência entre os mais pobres e os menos qualificados."

Bom, eu ia tecer algum comentário final. Mas confesso que, depois de ler todas essas declarações, não tenho nem vontade de escrever mais nada. Elas falam por si.

Antipetismo crava dois terços do eleitorado em SP

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No início de junho, às vésperas da Copa do Mundo no Brasil, o Datafolha soltou uma pesquisa que, talvez, tenha sido a mais "lúcida" (ou próxima da realidade) entre todas as que foram feitas na campanha eleitoral deste ano: dos três principais pré-candidatos à Presidência da República naquela ocasião (incluindo Eduardo Campos, que faleceria tragicamente em agosto), Dilma Rousseff era a que apresentava, disparada, a maior rejeição no estado de São Paulo: 61% dos eleitores paulistas entrevistados naquele período não votariam na petista “de jeito nenhum”.

Passados quatros meses, mesmo com a reviravolta que representou a saída de Campos e a entrada de Marina Silva na disputa, o resultado do 1º turno das eleições em terras paulistas registrou apenas 25,75% dos votos válidos para Dilma, o que significa, em outras palavras, que 74,25% não votaram nela. Ou, mais precisamente, que 69,38% dos eleitores locais preferiram votar nos dois principais concorrentes, se somarmos os votos válidos de Aécio Neves, do PSDB (44,47%), e de Marina, do PSB (24,91%). Assim, a rejeição à Dilma na casa dos 60% confirmou-se.

E esse percentual também foi espelhado, sintomaticamente, nas votações vitoriosas de dois caciques tucanos em São Paulo: José Serra, eleito senador com 58,49% dos votos válidos, e Geraldo Alckmin, reeleito governador com 57,31%. De forma simplória, portanto, podemos afirmar que o antipetismo, em território paulista, está cravado em quase dois terços do eleitorado. É significativo, pois, em 2010, Dilma teve 37% dos votos válidos no 1º turno, em São Paulo. E Aloizio Mercadante somou 35,2% como candidato a governador, contra os 18,2 de Alexandre Padilha, agora.

O que vai acontecer no 2º turno, na disputa presidencial, é difícil prever. Mas São Paulo, com 22,4% dos eleitores brasileiros, já se posta como principal trincheira do antipetismo. Muito mais, curiosamente, do que quando os paulistas Serra e Alckmin disputaram a presidência da República, em 2002, 2006 e 2010. Se Aécio perde para Dilma em seu estado, Minas Gerais, em São Paulo conta com uma adesão maciça, muito mais "explicável" pelo crescente e ostensivo antipetismo local do que pelo voto convicto num candidato tão pouco identificado com o estado.

Uma dúvida: se Alckmin tem a pretensão de se candidatar à presidência da República novamente, em 2018, será que ele está mesmo empenhado na vitória de Aécio Neves?


quinta-feira, setembro 11, 2014

Luz no fim do turno

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Em 29 de agosto, quando o Datafolha divulgou pesquisa apontando que Marina Silva bateria Dilma Rousseff por 10 pontos em eventual 2º turno disputado por ambas (leia aqui), um conhecido comentou comigo que políticos do PT haviam confirmado em off, pra ele, que pesquisas internas do próprio partido, naquele mesmo período, davam resultado idêntico. "Então ferrou", me lembro de ter comentado. Porém, contra todas as minhas (ultra-pessimistas) expectativas, a explosão da boiada pró-Marina parece estar sofrendo, agora, um refluxo. Ontem, o Datafolha soltou nova pesquisa (leia aqui) mostrando que agora, num 2º turno disputado entre Marina e Dilma, a primeira alcançaria 47% e a segunda, 43% - o que, num levantamento com margem de erro de dois pontos para cima ou para baixo, configura empate técnico. Parece que, após o fluxo de rejeição contra a atual presidente da República ter atingido a crista da onda no mês passado, há um refluxo também significativo dos que estão considerando com mais atenção o que seria um governo de Marina Silva. E, como bem observou o camarada Nicolau em seu excelente texto postado ontem (leia aqui), se cristaliza "a chance, cada vez mais uma certeza, de Aécio Neves ser o primeiro tucano fora da disputa desde 1989, o que é ainda mais interessante". Oremos ao Senhor!

quarta-feira, setembro 10, 2014

Eleições, bancos e jogadas pelas pontas

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Ficou assim: Dilma à esquerda, Aécio à direita e
Marina no meio, piscando pro eleitorado dos dois
Incorrendo orgulhosamente no vício das metáforas futebolísticas, o cenário político no Brasil hoje está parecendo um Corinthians e Palmeiras em final de campeonato. O santista e o são-paulino podem se refestelar no sofá de casa, apreciar a partida e secar qualquer dos lados, enquanto os envolvidos diretamente roem as unhas e mal conseguem entender o que se passa em campo.

É minha sensação: se eu morasse no Uruguai, estaria tomando uma Nortenha e me preparando para apertar um legalizado baseado com ávido interesse pela política do gigante vizinho. Como analista político, temos uma eleição bem jogada, com novidades interessantes, reviravoltas, suspense até o final – e temperada duas vezes por um plebiscito popular pela reforma política que rearticula e mostra a força do campo progressista. Como brasileiro de esquerda (e eleitor de Dilma, digo logo para evitar mal-entendidos), bate um enorme medo de retrocessos.

A eleição presidencial começou se mostrando um passeio no campo para a candidatura petista. A presidenta Dilma Rousseff enfrentava níveis de aprovação perigosos, mas liderava com folga sobre dois concorrentes que não empolgavam. Aécio Neves e Eduardo Campos não conseguiam galvanizar a aparente insatisfação do eleitorado, que não é bem com o governo ou com o PT, mas um reflexo do grito “contra tudo que está aí” que esteve entre os inúmeros brados de Junho de 2013. Havia um eleitor em busca de uma saída para mudar sem retroceder no que já conquistou com os governos petistas.

A trágica morte de Campos trouxe a opção que faltava: Marina Silva, a única política de projeção nacional que teve seus índices nas pesquisas elevados após as Jornadas de Junho. Com uma linda história pessoal de superação, trajetória de esquerda e uma aura de outsider da política que construiu nos últimos anos (mesmo estando toda a vida adulta a fazer política, vai entender...), ela apareceu como uma opção para empunhar o discurso do “novo” que as ruas cobram.

A linha condutora do discurso é o fim da polarização entre PT e PSDB, carta que já foi usada por Celso Russomanno e Gabriel Chalita em São Paulo. Acena com um governo dos “bons”, sem o intermédio dos partidos políticos, corruptos por excelência no entender geral. Assim, acabaria com as negociatas ao escolher os melhores de cada partido, de cada campo social. Na prática, ela precisaria também acabar com os conflitos inerentes a qualquer sociedade: patrões e empregados decidiriam de bom grado sobre aumentos salariais, latifundiários e sem-terra estariam de acordo sobre a reforma agrária, PM e moradores das favelas entrariam em paz automaticamente, brancos e negros fechariam questão sobre as cotas nas universidades.

O discurso esconde os conflitos sociais, o que permite a Marina não se posicionar sobre eles. É despolitizante e enganoso, pois restringe esses conflitos aos partidos, como se as divisões partidárias não existissem para representar as divisões da própria sociedade – e eu nem citei o Marx aqui ainda pra falar em luta de classes. Nesse sentido, é interessante que muitos dos eleitores de esquerda de Marina sejam aqueles que criticam o PT por flexibilizar (eles talvez dissessem vender) bandeiras históricas e fazer alianças com partidos de direita em nome da governabilidade. A fala de Marina não é um recuo no processo de peemedebização dos partidos brasileiros, mas antes um passo adiante nesse caminho.

E no meio da geleia, apresenta propostas de esquerda ao lado da direita mais perigosa. Fala em aumentar gastos com segurança, com saúde, com o meio ambiente. E fala em aumentar o superávit primário (grana que o governo separa antes de qualquer outra despesa para pagar juros da dívida), em independência para o Banco Central (leia-se terceirização aos banqueiros) e medidas drásticas para conter a inflação. É uma conta que não fecha, não dá pra cortar e aumentar gastos ao mesmo tempo. 

Os marineiros chamam esse tipo de denúncia sobre as posições econômicas da candidata de “discurso do medo”, mas não estamos falando do desconhecido aqui. Essas medidas foram usadas no Brasil e em toda a América Latina durante os anos 1990, a era de ouro neoliberal, e tiveram sempre o mesmo resultado: recessão econômica, menor crescimento, desemprego, queda nos salários. Se não lembra, basta olhar a situação de países europeus como Espanha e Grécia, todos vítimas do mesmo receituário. Dá medo sim, mas não é um mero discurso, é uma análise histórica.

Pelas pontas

Bom, mas o fato é que a entrada de Marina foi o fato novo que chacoalhou a eleição. A partir daí, a possibilidade de Dilma descer a rampa do Planalto tornou-se extremamente concreta. E também se cristalizou a chance, cada vez mais uma certeza, de Aécio Neves ser o primeiro tucano fora da disputa final desde 1989, o que é ainda mais interessante.

As duas candidaturas começaram a se mexer em busca do eleitorado perdido, cada uma a seu modo. Aécio falou em “mudança segura”, chamou FHC e outros tucanos para seu programa eleitoral, garantiu Armínio Fraga, queridinho do tal “mercado”, esse deus hoje já sem tantos adoradores, no ministério da Fazenda em seu governo, declarou que há “exageros” no seguro-desemprego brasileiro. Ou seja, quis mostrar ao eleitorado conservador que a opção correta é ele, um direitista de carteirinha e tradição. Não aceite imitações.

De sua parte, Dilma também aumentou o tom, mas pela esquerda: falou em regulação econômica da mídia (saída encontrada contra as ridículas acusações de “censura”), defendeu claramente plebiscito e constituinte para a reforma política, a criminalização da homofobia. Em seu programa de TV, atacou duramente as medidas neoliberais da economia prometidas por Marina e Aécio e contrapôs claramente os interesses dos bancos e da população. Uma agenda de esquerda, buscando os votos progressistas que apoiam Marina – em especial os dos trabalhadores mais pobres.

Ou seja, a entrada de Marina empurrou a eleiçaõ para as pontas: Aécio para a direita e Dilma para a esquerda. E estamos falando aqui das propagandas eleitorais, que costumam ser muito pouco sinceras. Se olharmos as publicidades do PT e do PSDB em eleições passadas, na maior parte do tempo elas falam de platitudes por educação, saúde e sei lá mais o que. Consensos, sem dizer com muita clareza onde querem chegar. É na prática dos governos que as diferenças aparecem, que os apoios sociais de desnudam e fica claro o caráter programático e ideológico dos dois partidos, PT mais para a esquerda, PSDB mais para a direita. O discurso político – no melhor sentido da palavra, o das opções e alianças para governar – só apareceu em momentos chave, em geral no segundo turno, como na eleição de 2006, quando Lula jogou as privatizações no colo de Alckmin.

É um efeito muito positivo de uma candidatura muito perigosa, principalmente por suas opções econômicas, que podem por a perder os ganhos sociais que tivemos nos últimos 12 anos. Além dos investimentos em infraestrutura, que Dilma ampliou muito, e das políticas de desenvolvimento, como a opção por compras nacionais no pré-sal e os juros subsidiados para certos setores – que Eduardo Gianetti, um dos gurus de Marina, já disse que devem sumir, o que significaria na prática o fim do Minha Casa Minha Vida, dos financiamentos via BNDES, do Pronaf e outros programas na mesma linha.

Mas deixando de lado as críticas, há fatores muito interessantes na candidatura Marina, a maioria trazidos pelo movimento original da Rede Sustentabilidade. Incluir a questão ambiental no modelo de desenvolvimento inclusivo que queremos é importante. Mais ainda, a Rede congrega pessoas que têm uma visão interessante sobre as demandas por maior participação popular nas decisões públicas. Fortalecer essa parcela da base marinista é um avanço para o país. Sem falar na escanteada que o PSDB - logo, a direita neoliberal orgânica - está levando nessas eleições. Que a Rede (ou pelo menos essa parte central dela, que prescinde de Marina) cresça e encontre uma voz própria na economia, e que não seja tão atrelada aos bancos.

terça-feira, setembro 09, 2014

'Mercado de notícias': ao colaborar com massacre midiático de Collor, PT fortaleceu golpismo da imprensa

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Fui ver "Mercado de notícias", documentário de Jorge Furtado que debate política e jornalismo. A costura de depoimentos de vários profissionais da comunicação sobre o comportamento e interesses da mídia, tendo como pano de fundo uma peça de teatro inglesa do século 17 (que dá nome ao filme), dá margem a vários tipos de crítica, comentários, interpretações e conclusões. De minha parte, saí do cinema com duas impressões: 1) de que, por ser jornalista com duas décadas de profissão em redações e assessorias de imprensa, não ouvi nenhuma novidade; 2) e de que, por outro lado, para uma pessoa leiga (e consumidora desavisada do noticiário midiático), o documentário é didático e revelador - para que ela passe a questionar notícia como "verdade".

Alguns dos jornalistas/ repórteres/ blogueiros/ donos de veículos de imprensa entrevistados até ensaiam uma defesa daquilo que se convenciona chamar de "jornalismo", da "verdade factual" e de outras funções aparentemente "imprescindíveis" dos profissionais de comunicação para a sociedade. Porém, no final das contas, creio que o documentário cumpre a função (louvável e necessária, em minha opinião) de levar a maioria dos espectadores a concluir que o noticiário divulga apenas versões, em vez de fatos - e versões que favorecem prioritariamente os interesses econômicos/ políticos das empresas de mídia. Como observei, penso que, para nós, jornalistas (veteranos e calejados), isso costuma estar mais do que claro. Mas, para quem não é jornalista, não está, não.

Entre outras coisas, os profissionais que aparecem no documentário dizem que: não existe imparcialidade no jornalismo; que os jornais são partidos políticos; que, por isso mesmo, críticas e denúncias (mesmo que infundadas ou irrelevantes) são sistemáticas e catastróficas contra determinadas pessoas e/ou grupos, ao mesmo tempo que quase inexistem ou são feitas de forma benevolente quando referem-se a outros grupos e/ou pessoas; que as redações desenvolvem "teses" (mesmo que irreais e/ou mentirosas) e depois mandam os repórteres colher informações e declarações que as justifiquem; que a maior parte das notícias é produzida sem que se faça a necessária e profunda apuração e checagem dos fatos; e que, por fim, tudo é um grande "balcão de negócios".

De certa forma, eles estão verbalizando, para plateias de milhares de espectadores, muitas das coisas que afirmei, há três anos, para um blog da minha terra natal, Taquaritinga (SP), que, óbvio, tem um alcance quase nulo. "A imparcialidade é um mito, não existe", cravei, naquela entrevista (leia a íntegra clicando aqui). "Dono de jornal não é jornalista, é empresário, que defende seus interesses, econômicos e políticos", prossegui. "A censura, hoje, não é política nem imposta pelo governo. A censura é econômica. Só consegue dizer o que quer quem tem dinheiro para ter um meio de comunicação", acrescentei. Pois exatamente tudo isso, de maneira menos simplória que minha abordagem, lógico, é dito, com outras palavras, no documentário "Mercado de notícias".

Outros "ecos" que ouvi se referem à necessidade de pulverizar a verba estatal para os meios de comunicação (no filme, há quem concorde e quem discorde) e, mais impressionante, o papel protagonista do Partido dos Trabalhadores na configuração do tabuleiro de interesses midiáticos. Na última década, gastei muita saliva - e a paciência da companheirada - nas mesas de bar e afins sustentando que, a partir de 2003, o governo Lula deixou a imprensa "nua", no sentido de que não consegue mais disfarçar seus reais interesses. No documentário, Janio de Freitas diz que, até 1964, cada jornal defendia um partido político; que na época do golpe militar todos se uniram para apoiá-lo; e que, depois da vitória de Lula, todos se unem novamente, só que no anti-petismo (bingo!).

Outra teoria que já despejei na orelha dos camaradas foi de que, no episódio "mensalão", o PT passou a pagar o preço por ter colaborado com o movimento golpista contra o presidente Fernando Collor de Mello. Pois, no documentário, Luis Nassif afirma com todas as letras que o "jornalismo" praticado (e louvado) hoje no Brasil, baseado em uma cascata de denúncias escandalosas que via de regra não possuem provas nem sustentação lógica, virou "padrão" ou "modelo" justamente na cobertura midiática que "enlameou" a carreira política e a vida de Collor, e que precipitou sua renúncia. Renata Lo Prete acrescenta, no filme, que muitos dos que hoje reclamam da postura da imprensa eram os que antes, quando estavam na oposição, forneciam informações e materiais para alimentar escândalos.

Por essas e por outras, recomendo o documentário "Mercado de notícias". Rende muito "pano pra manga" sobre um assunto que considero de fundamental importância no mercado jornalístico: o esclarecimento do receptor (leitor, ouvinte, espectador, internauta) sobre os métodos, artimanhas e interesses do emissor (as empresas que comercializam notícias). E, como sonhar não custa nada, ainda espero que, um dia, essa necessária "educação" sobre o consumo de mídia venha a fazer parte do ensino formal na escolas. Ou então nós mesmos, jornalistas, teremos que, voluntariamente, deixar o jornalismo "nu" para a população.

terça-feira, agosto 19, 2014

Eterno Deus Mu dança: mudar está na agenda da campanha

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A canção de Gilberto Gil sobre o Eterno Deus Mu Dança bem poderia ter embalado parte dos protestos de junho de 2013. Pra quem não conhece a canção, o ex-PV e ex-ministro fez, em meados dos 1990, a despeito do trocadilho, uma composição clamando por transformações sociais e culturais.



Mudança.

Ouviram do slogan do finado Eduardo Campos e de Marina Silva: "Coragem para mudar".
O nome da coligação do oposicionista Aécio Neves é "Muda Brasil".

No site de campanha da presidenta Dilma Rousseff, está lá: "mais mudança, mais futuro". O site de apoio ainda se chama "Muda Mais".

Lemas de campanha são formatados a partir de pestana queimada por marqueteiros com base em muita pesquisa qualitativa e outra dose de intuição. Se fosse só a oposição pautando a mudança, nada de inusitado. Quando a situação encampa a palavra-chave, mesmo que dentro de um direcionamento diferente, #significa.

Quem quer tanta mudança?

Em junho de 2013, mais ou menos 1% da população brasileira foi às ruas protestar. Justo e legítimo. Contra tudo o que está aí, jovens saíram às ruas como nunca antes na história da República. Havia menos agenda do que vilões; menos propostas do que críticas. Quando sobram motivos para reclamar, nem se pode cobrar tanto a elaboração completa de soluções.

Nenhum candidato representa, plenamente, os anseios daquilo. Até porque nem os próprios manifestantes eram tão coesos no "contra tudo o que está aí". Mas todo mundo precisa se posicionar.

Para Dilma, há dois filões. Um, petista, que clama por mais medidas de transformação social e por retomada de reformas mais profundas que, num certo ideário, pautaram parte dos governos Lula. Tem a cota de saudade do barbudo, outrora sapo, outrora mais barbudo. Outro filão diz respeito a uma turma que reconhece que o Brasil melhorou em alguns aspectos mas que falta avançar em outros.

Aécio é ícone oposicionista. Precisa querer mudar tudo o que puder sem lhe tirar votos. Bolsa Família, ProUni, Mais Médicos? Nada disso muda. O discurso é que tudo isso precisa ser mais bem gerido, mas tudo permanece. Mudança de fato vai em corte de ministérios e na retomada do tripé macroecômico.

Marina Silva, herdeira da chapa de Eduardo Campos, aposta que pode ser a representante de quem quer mudar em relação à polarização PT-PSDB. Mudar em relação ao que foi Fernando Henrique Cardoso de 1995 a 2002, Luiz Inácio Lula da Silva de 2003 a 2010 e Dilma Rousseff de 2011 a 2014. Plebiscito só sobre maconha e aborto, embora já tenha defendido a medida para reforma política e união homoafetiva (ainda que haja controvérsias).

O que pode continuar?

Candidato nenhum irá propor o fim de programas bons de voto. Mas a profundidade da tal mudança que está no ar -- transposta nos slogans marqueteiros -- é uma incógnita. É atribuída ao mineiro Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, sobrinho de José Bonifácio, a síntese do reformismo: "Façamos a revolução antes que o povo a faça". Fácil recorrer a ela numa hora dessas.

Mas o apagão de campanha da última semana é inédito nas seis mais recentes disputas presidenciais. Uma semana sem atividades significa que no caldeirão político em que se cozinha o eleitorado em fogo brando, os pedaços sólidos dessa sopa tiveram tempo para decantar. Quando for retomada a movimentação dessa panela, haverá um cenário decantado, modificável, mas mais cristalizado sobre os apontamentos futuros.

A morte trágica de Eduardo Campos trouxe mudanças sobre os rumos da corrida eleitoral. Bem mais palpável do que o que possa ser alterado a partir de janeiro de 2015.

quarta-feira, abril 16, 2014

Projeto principal da oposição: contra os trabalhadores

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Armínio e Aécio: pelo mínimo mais mínimo
"O salário mínimo está muito alto." A afirmação do economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central (nos tempos bicudos de FHC) e escolhido pelo candidato tucano à presidente Aécio Neves como seu futuro ministro da Fazenda, não chega a surpreender. Fora o fato de que fornece uma oportuna lenha para a imprensa queimar e jogar fumaça sobre a notícia de que o governo federal projeta valor de R$ 780 para o mínimo a partir de 2015, um aumento nada desprezível de 7,7% sobre os R$ 724 atuais, a declaração apenas corrobora o único projeto nítido, coeso e concreto da oposição brasileira: desmerecer, desacreditar e destruir toda e qualquer política voltada para os trabalhadores.

Campos e Jorge Bornhausen: a 'nova política'
Mês passado, o outro candidato de oposição, Eduardo Campos (PSB), já havia soltado - despudoradamente - outra pérola que faz côro com o economista preferido de Aécio Neves: "Não tem mais como crescer pela quantidade [de trabalhadores] no mercado de trabalho." Traduzindo: para Campos, parceiro de Marina Silva, o Brasil não pode basear seu crescimento econômico na geração de emprego (e renda). Detalhe: o absurdo mereceu o aplauso de alguns dos mais significativos "escudeiros" de sua campanha, gente do naipe do ultra-reacionário PFL-DEM Jorge Bornhausen, do "cristão novo" Heráclito Fortes e do tucanaço Pimenta da Veiga. Resumo da "nova política" anunciada pelos novos "salvadores da Pátria" Eduardo e Marina...

Aécio e Merval: convergentes
Ano passado, o camarada Glauco chamou a atenção, aqui neste blog, para o discurso do Merval Pereira, um dos baluartes do conservadorismo na mídia nacional, a respeito das manifestações das centrais sindicais durante os protestos de rua de junho (o grifo é nosso): "As reivindicações eram coisas muito específicas da classe trabalhadora." "Ou seja", concluiu o Glauco, "como o trabalhador, pelo silogismo mervaliano, não é 'povo', suas bandeiras não interessam ao resto da sociedade". Exato. Merval é símbolo da imprensa elitista que critica diuturnamente políticas como a progressiva valorização do salário mínimo (acertada por Lula com as centrais, em 2007) e a permanente geração de postos formais de emprego.

José Serra e Maria Helena de Castro
É um discurso que agora tem convergência entre os candidatos de oposição Aécio Neves (via Armínio Fraga) e Eduardo Campos, mas que é recorrente entre políticos e gestões conservadoras. Em 2007, o mesmo camarada Glauco reproduziu, no sarcástico post "Ganhar pouco é bom para o trabalhador", a estapafúrdia declaração da então secretária estadual de Educação de São Paulo, Maria Helena Guimarães de Castro, de que "não há uma relação direta entre salário e qualidade do ensino" - para "justificar" a mixaria paga pelo então governador José Serra aos professores (situação que se agravou decisivamente nas gestões do PSDB, com Mário Covas, Geraldo Alckmin e o próprio Serra). O trabalhador sempre ficou ostensivamente em último plano.

Pois é. Não é a toa que um certo partido apanhe tanto, desde quando surgiu, por se denominar "dos trabalhadores". Essa é, talvez, a bandeira mais ofensiva e perigosa para a classe dominante brasileira. E não foi a toa que a presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, tenha afirmado recentemente, durante um evento em Porto Alegre: "Jamais enfrentamos a crise à custa do trabalhador." O "recado" confirma que o discurso, ou melhor, o projeto maior da oposição, é mesmo o de conter, castrar e "enquadrar" a classe trabalhadora. Seja afirmando que "o salário mínimo está muito alto" ou que o crescimento econômico não pode se basear na geração de empregos. Se você é trabalhador, já entendeu o que está em jogo.

segunda-feira, novembro 18, 2013

No processo kafkiano, delação é premiada com prisão

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Jefferson em 2005 e hoje: delação levou à prisão, mas ele parece tranquilo e satisfeito

A prisão dos condenados pelo chamado "esquema do mensalão" é o desfecho de um processo kafkiano que tem a imprensa como principal condutora dos fatos - e uma "delação premiada" que, curiosamente, teve como "prêmio" a prisão. Voltemos no tempo: dois anos e cinco meses após o início do governo Lula, em maio de 2005, a revista Veja finalmente encontrava um porrete para bater com força no presidente petista, ainda que indiretamente. O alvo da matéria era um partido aliado da base do governo federal (ainda que de menor importância) mas a chamada de capa já prenunciava o chumbo grosso que viria naquele ano pré-eleitoral: "O vídeo da corrupção em Brasília". A reportagem denunciava um suposto esquema de corrupção na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos e, já a partir do título, "O homem-chave do PTB", apontava o dedo inquisidor com a chancela "corrupto" para o deputado federal Roberto Jefferson, presidente do partido. Ato contínuo, toda a imprensa partiu para cima de Jefferson. E o que ele fez? Tudo o que a mídia estava louca para que algum "delator" fizesse: desviou o dedo apontado para ele diretamente para o braço direito de Lula até então, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu.

No dia 6 de junho daquele ano, a Folha de S. Paulo publicou uma entrevista exclusiva com o deputado petebista, concedida à então editora da coluna "Painel", Renata Lo Prete. Jefferson tirou da cartola a denúncia de que Delúbio Soares, tesoureiro do PT, pagava, a mando de Zé Dirceu, mensalidade de R$ 30 mil a alguns deputados do Congresso Nacional, para que eles votassem junto com o bloco governista, e referiu-se ao pagamento como "mensalão", cunhando o mote que os jornais (e os oposicionistas) tanto precisavam para carimbar a testa do governo Lula e emporcalhá-lo diariamente como "corrupto" e "ladrão", com violência e virulência dignas da imprensa mais udenista e lacerdista dos anos 1950, por todos anos seguintes. Pergunta que ninguém fez: por que a denúncia-bomba foi feita como entrevista, e não em forma de reportagem? Porque o entrevistador não precisa apresentar provas ou dados que confirmem o que o acusador está falando. É só uma entrevista, quem está dizendo é Jefferson, a jornalista e o jornal não têm nada com isso - o que também não os impede de dar manchete e trombetear a denúncia (sem provas) para todo o Brasil. Foi assim que estourou a maior crise do governo Lula, baseada em acusações, ilações, suposições e teorias de conspirações, sempre chanceladas como "verdades absolutas" pela imprensa.

A forçação de barra contra o PT ficou evidente por dois motivos: 1) Jefferson nunca apresentou provas do que disse (o que colaborou para que tivesse o mandato de deputado federal cassado - afinal, "cabe ao acusador o ônus da prova") e contradisse vários pontos de suas denúncias ao depor ao Conselho de Ética da Câmara e em outras ocasiões em que foi questionado sobre o assunto; 2) As investigações caíram no que de fato existe no Brasil, caixa 2 (doações não contabilizadas) em campanhas eleitorais, lavagem desse dinheiro e seus acertos posteriores - coisa que TODOS os partidos fazem, o que a mídia escondeu (o episódio mais constrangedor foi o de Paulo Markun no programa Roda Viva, da TV Cultura) e o que não tem NADA a ver com a denúncia - nunca comprovada - de que o governo federal estivesse dando dinheiro à parlamentares em troca de votos. Bom, o resto, como se diz, "é história". Não há nem espaço para relembrar, aqui, a avalanche de episódios bombásticos do tal "mensalão" que atordoou a população naquele ano de 2005 e que alimentou manchetes diariamente até o julgamento do caso, em 2012, e a ordem de prisão para vários dos acusados agora, no presente mês. Incluindo o "delator" Roberto Jefferson, que está aguardando a Polícia Federal em sua casa. Sim, ele, o "herói" da mídia golpista.

Jefferson diz que aguarda a prisão "com serenidade". Desde o início, ele sempre pareceu satisfeito ao deixar de ser o alvo principal das denúncias de corrupção da mídia e, em troca (talvez num acordo "negociado"), topar ser a voz "em on" da delação contra o governo federal. Pode ser que, se as investigações tivessem focado o esquema nos Correios, muito mais coisa tivesse sido descoberta contra ele, contra o PTB e os governos anteriores de Fernando Henrique Cardoso e Fernando Collor, dos quais Jefferson e seu partido também participaram. Ou seja, tudo leva a crer que o esquema nos Correios vinha de longe. Mas, numa cobertura "jornalística" (e bota aspas nisso!) que sequer se preocupou em checar e confirmar com provas a denúncia central de Jefferson sobre o pagamento de "mensalão", cobrar perguntas racionais e básicas parece tão absurdo quanto o próprio teor das toneladas de matérias sobre o caso. Nem Franz Kafka, em "O processo", chegou a tais requintes de nonsense quanto a imprensa brasileira. E agora temos milhões de pessoas comemorando a prisão dos tais "mensaleiros" como se fosse título de Copa do Mundo. Roberto Jefferson, personagem central dessa ficção, que de acusado passou a "herói nacional" por delatar a "corrupção", hoje já não tem utilidade alguma para a imprensa, nem defensores.

Foi usado e descartado, como tantos outros "inocentes úteis". Porém, nunca foi inocente. E sua "utilidade" à imprensa provocou uma das mais graves distorções jurídicas do planeta, criando um precedente - condenar sem provas - extremamente perigoso, um feitiço que, um dia, pode muito bem virar contra os feiticeiros. De caixa 2 e financiamento público de campanha ninguém fala nada. O que importa é o triunfo do ódio. Viva a imprensa nacional, baluarte da "moral", da "ética" e da "virtude"! E quem falar em controle da mídia também será "esquartejado" exemplarmente.

domingo, outubro 06, 2013

Adesão de Marina a Campos é pior para Aécio do que para Dilma

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Marina Silva e Eduardo Campos: opção programática? (José Cruz/ABr)
Ex-senadora, que abraçou a tese da "perseguição política" para justificar entrada pragmática no PSB, dificulta a realização de um 2º turno ao não sair como candidata à presidência

Qual a diferença se for Aécio Neves, Eduardo Campos ou a Dilma? Tem diferença em relação ao modelo de desenvolvimento? Me parece que até agora todos estão no mesmo diapasão.” Era essa a opinião da então pré-candidata à presidência da República Marina Silva em entrevista concedida ao Estadão, em 23 de março deste ano. Em visita a Pernambuco, em maio, ela respondeu, ao ser indagada se haveria identificação programática com o PSB: "Vocês já perguntaram a ele (Campos) se ele tem identificação programática com a Rede?".

Marina respondeu ontem (6) a seu próprio questionamento de poucos meses atrás, após ver durante a semana o registro de seu partido, a Rede Sustentabilidade, ser negado pelo TSE. Ela anunciou sua adesão ao PSB e à candidatura Campos ao Planalto em 2014, ainda sem dizer se seria vice ou candidata a algum outro cargo pelo partido.

Em seu discurso, por mais de uma vez fez referência às forças que impediram que seu partido fosse oficializado como tal, ainda que não nominasse quem seriam tais opositores, deixando à mídia tradicional tal papel. Mesmo quando houve uma pergunta direta de Kennedy Alencar sobre a frase atribuída a ela de que queria combater o “chavismo” representado pelo PT no poder, ela se esquivou.

Atribuir a culpa de uma estratégia equivocada às “forças ocultas” não é algo exatamente novo na política brasileira. Basta lembrar de Jânio Quadros. Culpar o juiz é uma tática velha também no futebol, quando jogadores, técnicos ou dirigentes querem desviar a atenção dos próprios erros e achar um inimigo externo. Mas a intenção de Marina ao ocupar boa parte do seu discurso com queixas sobre perseguição política é também justificar a entrada no PSB, um partido que tem vícios e virtudes semelhantes a quase todos os que compõem o quadro partidário brasileiro.

O problema é que toda a trajetória da ex-senadora até aqui, desde que saiu do PV, é fazer a crítica de cunho moral aos partidos. Suas atitudes conduzem a uma interpretação de que o cenário institucional brasileiro pode ser avaliado pela divisão simplista entre “bons” e “maus”, colocando em um plano secundário, por exemplo, uma reforma política discutida com a sociedade civil, que poderia sanar parte das falhas gritantes do sistema político-eleitoral. A formação da Rede era a reafirmação desse tipo de pensamento, de que seria possível jogar o jogo dentro das regras que estão aí, contanto que se juntassem os “bons”.

Frustrada sua expectativa, Marina teve que jogar o jogo sem se juntar necessariamente aos que achava serem os “bons”. E justificou isso com o discurso da perseguição, como se fosse quase uma legítima defesa. Citou em sua fala o poeta Thiago de Mello, mas poderia ter feito referência a Raul Seixas: 'A arapuca está armada/E não adianta de fora protestar/Quando se quer entrar em buraco de rato/De rato você tem que transar”. Afinal, uma adesão "programática" não se decide em uma madrugada, a não ser que o "programa" seja algo frágil.

Com a união, levará parte de seus apoiadores para Campos, ainda desconhecido de parte do eleitorado. Contudo, verá alguns deles migrarem para Dilma, perdendo também a confiança de outros que optarão pelo branco/nulo, já que acreditaram que ela seria “diferente”, não entrando na peleja a qualquer custo. O fato de abrir mão da candidatura à presidência para exercer um papel teoricamente menor não é apenas uma questão de abdicação ideológica, como tenta sugerir, mas cálculo político pragmático, já que as outras opções acarretariam vários riscos com arranhões ainda maiores à imagem (caso de filiação ao PPS, linha auxiliar tucana, por exemplo) ou absoluta falta de estrutura para uma empreitada do tamanho de uma candidatura presidencial, se a escolha fosse pelo PEN ou PHS. A Marina de 2013 sabe que não pode sustentar uma campanha apenas “sonhática” pela internet, já que os 20% de votos válidos alcançados em 2010 a fizeram sentir de perto a possibilidade de chegar ao poder.

No cenário de 2014, obviamente o principal beneficiário é Eduardo Campos, que ganha visibilidade com um fato político grandioso e tem chances de avançar em um segmento, o dos jovens que estão nas redes e não necessariamente na Rede, simpatizantes de Marina. No entanto, o maior perdedor é Aécio Neves. Para ele, seria melhor que a ex-senadora saísse como candidata a presidente, reproduzindo um cenário semelhante ao de 2002, no qual quatro candidaturas fortes levaram a eleição para o segundo turno, algo que se repetiu, com diferenças, em 2006. Em 2010, ainda que fossem apenas três os candidatos competitivos, o segundo turno foi possível porque não havia possibilidade de reeleição para o então presidente Lula, o que criava dificuldades para sua candidata, Dilma Rousseff.

O cenário atual pode remeter à eleição de 1998, quando FHC venceu ainda no primeiro turno, enquanto Lula, mesmo com 31,6% dos votos, não conseguiu levar a eleição à segunda volta porque havia somente mais um postulante competitivo, Ciro Gomes, com 10% ao final. A diferença é que, agora, com dois candidatos que nunca disputaram a presidência antes, as dificuldades são maiores para a oposição, com um grande risco de parte do eleitorado, cansado da polaridade entre PT e PSDB, optar pela terceira via de Eduardo Campos. Como Dilma tem mais popularidade e votos do que os rivais na atual situação, o quadro se torna sombrio para Aécio, que teria uma tarefa dupla: forçar um segundo turno e bater um candidato que, até certo ponto, tem um perfil parecido com o seu, agora fortalecido pela adesão da ex-senadora.

Se Marina agiu com o fígado, como pensam alguns, ao embarcar na canoa de Campos para tentar atingir Dilma, pode ter ferido de morte as pretensões de Aécio.

Publicado originalmente na revista Fórum.

segunda-feira, agosto 26, 2013

Tire suas conclusões

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"Inaugurado no começo de 1995, o único hospital de Arrais, um município muito pobre com apenas 12.000 habitantes fincado no Estado do Tocantins, teve de permanecer fechado por quatro anos. O motivo não poderia ser mais bizarro. Faltavam médicos que quisessem aventurar-se por aquele fim de mundo. O que o hospital oferecia não era desprezível: salário inicial de 2.000 reais e ajuda para moradia. Só há onze meses o hospital foi finalmente reaberto. O milagre veio de Cuba. Enfim, Arrais conseguiu importar cinco médicos da ilha de Fidel e, assim, abrir as portas do hospital. Não é um caso isolado. Outros hospitais de cidades que nem no mapa podem ser identificadas, como Augustinópolis, Dianópolis e Miracema, todas no Tocantins, também ficaram anos fechados e só foram reabertos após o desembarque da tropa vestida de branco de Cuba. Hoje, já existem 166 médicos cubanos espalhados por favelas de grandes cidades e nos mais distantes municípios de Estados como Roraima, Pernambuco e Acre. A maior concentração, com 56 médicos, fica no Tocantins."

Texto de Leonel Rocha (imagem acima), revista Veja, 20 de outubro de 1999.
Governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

"Deixar o programa do Partido dos Trabalhadores comandar a política externa dá nisso. O governo brasileiro se vê obrigado a pôr os interesses nacionais em segundo lugar. Foi assim nas relações com o governo boliviano, conivente com o tráfico de drogas para o Brasil, nos aplausos ao autoritarismo venezuelano e nos milhões de reais emprestados pelo BNDES com juros camaradas à ditadura cubana, a maior pane para a reforma do Porto de Mariel. Não há sinal de que a subserviência aos planos aloprados do partido vá diminuir. Nunca os efeitos dessa afinidade entre o PT e a ditadura caribenha foram tão claramente contrários aos interesses dos cidadãos brasileiros quanto na decisão de importar 6.000 médicos cubanos. O anúncio foi feito na semana passada pelo ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, durante uma reunião com o chanceler castrista Bruno Rodríguez, em Brasília. Pelo projeto, os 'médicos' atenderão brasileiros em hospitais de regiões pobres ou distantes das grandes cidades. A medida terá no mínimo, dois efeitos negativos. Primeiro, vai pôr em risco a saúde dos pacientes. Segundo, inundará o interiorzão do Brasil com agentes de uma nação estrangeira politicamente arcaica."

Texto de Nathalia Watkins, revista Veja, 13 de maio de 2013.
Governo da presidenta Dilma Rousseff (PT).

terça-feira, junho 18, 2013

Ante protestos, ou Dilma e o PT viram à esquerda ou ficarão à direita

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Dia 17 de junho de 2013 foi um dia histórico para o Brasil. Protestos em nove ou onze capitais são um feito raro, comparável a poucos outros momentos – como os caras pintadas de 1992, as Diretas Já de 1984, ou, no máximo, à visita de presidente dos EUA ao Brasil. Parece bem claro que as manifestações cresceram (explodiram) depois das pancadas e dos erros da Polícia Militar de São Paulo no dia 13 e também da do Distrito Federal no dia 15.

Os protestos são por mudança. Mudança para frente, para melhor. São protestos movidos por ideias de esquerda, por direitos e inclusão. Mas não barram bandeiras de outras matizes, até porque são abertos, porque não são só por 20 centavos no preço do ônibus (mas também por isso).

Fotos: Marcelo Camargo/Agência Brasil em SP, Fabio Rodrigo Pozzebom/Agência Brasil no DF e Tomaz Silva/Agência Brasil no RJ



Entre a turma de esquerda, parece haver pelo menos três visões. De um lado, os que não dão 20 centavos pelo governo Dilma Rousseff e pelo PT, porque a gestão orienta-se mais pelos marcos regulatórios (do petróleo, da mineiração, dos portos) do que por transformação social, porque deixou-se sequestrar pela direita e pela coesão artificial de sua base no Legislativo.

De outro, os que preferem o governo Dilma e o PT ao risco de um Aécio Neves ou de um aventureiro de plantão, que possa pôr alguma conquista a perder. Essa turma se empolga e se emociona com os protestos. Participa quando consegue. Mas receia ver as marchas capturadas por forças reacionárias – talvez de modo análogo ao que aconteceu com o Palácio do Planalto.

E, por fim, há os que defendem a gestão da presidenta e a conduta de seu partido não importa qual tenha sido o recuo da vez, seja para retirar uma cartilha sobre DST para prostitutas, apostila sobre direitos dos homossexuais, disputa bairrista por royalties e demora em pôr peso na destinação da verba para educação... Nesse caso, os protestos já foram tomados pela direita, que manipula tudo por meio da mídia.

Oportunidade

Diante dos protestos e do clamor por mudança, há uma janela, uma oportunidade de ouro para Dilma Rousseff e para o PT. Virar à esquerda e escantear as alas retrógradas e tecnocráticas para encampar bandeiras sociais e de transformação.

Sem abrir mão desse tipo de guinada, o governo e o partido ficarão à direita, engessados onde estão. Contribuirão para a apropriação do ímpeto de reivindicação e de crítica que está nas ruas ser absorvido por forças conservadoras exclusivamente anti-inflação e com discurso de tom modernizante.

Ou viram à esquerda, ou permanecerão à direita demais para voltar e conseguir sequer dialogar com a população.

Se derem mais ouvidos à vaia no Estádio Nacional Mané Garrincha do que às ruas pelas onze capitais, não terá sido o protesto absorvido pela direita, mas a oportunidade desperdiçada.

Não é sempre que pinta uma chance assim a 16 meses da eleição.

(Em tempo: Copa das Confederações: O que eu ia dizer mesmo?)

Leia também:

O povo pede passagem

Nossa maior arma é a verdade

segunda-feira, abril 22, 2013

PSDB já estuda impedir o São Paulo de jogar de vermelho

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Inconformados com a notícia de que o São Paulo jogará com camisas vermelhas contra o Penapolense no próximo domingo, os dirigentes do PSDB já estudam entrar com uma representação contra o clube - a exemplo do que fizeram quando a presidente Dilma Rousseff apareceu trajando roupa de cor semelhante em pronunciamento oficial na TV, em janeiro deste ano. O "surto comunista" do time, com a desculpa de que vai homenagear o estádio do Morumbi com "a cor da raça", surpreendeu gregos e troianos (ou melhor, petistas e tucanos). Afinal, o clube sempre demonstrou maior apreço pelo lado azul e amarelo da força: recentemente, convidou peessedebistas de alta plumagem para camarotes vips em shows de rock e teve seu maior ídolo, o goleiro (narigudo como o bicão de um tucano) Rogério Ceni, declarando voto em José Serra, entre outros episódios de menor repercussão. Ceni, aliás, jogou com camisa azul contra o Atlético-MG e não deve  ter gostado nem um pouco desse uniforme "pró-PT" que o time usará nas quartas-de-final do Paulistão. Falando em PT, militantes ironizam a sanha anti-vermelho dos adversários e observam, por exemplo, que o jogo da TV, às 16 horas de domingo, será o da Ponte Preta contra o Corinthians - e o time de Parque São Jorge ostenta no peito o azul e amarelo da Caixa Econômica Federal (e do PSDB). Antes que (mais) alguém comece a pensar (mais) besteira, a diretoria do Palmeiras já adiantou que não tem qualquer relação com o PV.

quinta-feira, março 21, 2013

'Queimados' do mundo, uni-vos!

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Tudo bem: a militância é primordial, a mobilização via internet imprescindível e Queimados, um município do estado do Rio de Janeiro. Mas ficou engraçado.



quinta-feira, março 14, 2013

'Vocês vão ter que me engolir!'

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O Papa Francisco I foi eleito no dia 13 de março. De 2013.

Somando 13/03/2013, temos: 1 + 3 + 0 + 3 + 2 + 0 + 1 + 3 = 13.

E o Papa tem 76 anos. Somando: 7 + 6 = 13.

Além disso, "Papa Francisco" tem 13 letras.

Assim como "Papa argentino" tem 13 letras.

O PT já avisou que não tem nada a ver com isso.

Dilma Rousseff acrescentou que, se o Papa quiser vestir vermelho, o problema é dele.

O PSDB, por via das dúvidas, vai entrar com representação contra o Vaticano.

E o católico Mário Jorge Lobo Zagallo está exultante, sem dúvida...