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quarta-feira, novembro 18, 2015

Da série: vale a pena ler de novo

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No momento em que o governo do Estado de São Paulo (do PSDB, é bom frisar) fecha 94 escolas e bota sua Polícia Militar pra cima dos alunos que protestam pacificamente contra essa medida arbitrária, inclusive prendendo professores, vale recordar essa notícia aqui, dos tempos da campanha presidencial de 2006 (os grifos são meus):


CLARICE SPITZ
da Folha Online, no Rio de Janeiro (07/09/2006)

A 24 dias das eleições, o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, lançou nesta quinta-feira sua proposta de governo para a educação, com a promessa de aumentar o número de horas-aula. Em visita à favela de Rio das Pedras, na zona oeste do Rio, Alckmin disse que seu plano também prevê o reequipamento de escolas e a melhoria do acesso as creches.

O candidato afirmou que sua meta é de [sic] estabelecer um padrão de 5 horas aula para o ensino fundamental em todo o país e disse que, em alguns lugares, as crianças ainda permanecem somente 3 horas na escola. O tucano ainda afirmou que vai trabalhar para melhorar a qualidade da educação básica e universalizar o ensino médio. "Hoje, o grande gargalo é o ensino médio: não deixar o aluno terminar a oitava série e parar de estudar", disse ele.

No programa de governo, o comitê de campanha afirma que a oferta de vagas no ensino médio ainda é insuficiente aos 10 milhões de jovens nessa idade escolar.


CLIQUE AQUI para ler a íntegra da notícia



SÓ UMA FRASE, PRA REFRESCAR AINDA MAIS A MEMÓRIA:

LEIA TAMBÉM, SOBRE O DISCURSO E A PRÁTICA DO PSDB:

 

segunda-feira, junho 17, 2013

Nossa maior arma é a verdade

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Por Gabriel Victal

Diante dos fatos e experiências vividas na noite de 13 de junho de 2013, das conversas com os amigos, e do acompanhamentos dos relatos e vídeos que circularam pelas redes sociais, não posso deixar de dar minha contribuição e reflexão pessoal:

Saí de casa para ir a manifestação às 18h30 já sabendo que 50 manifestantes haviam sido presos na concentração. Entre eles o jornalista da Carta Capital pelo “porte” de vinagre. Não consegui chegar à manifestação.

O que vi foi a Paulista ser fechada por policias armados enquanto a manifestação era bloqueada na praça Roosevelt. Vi também sete camburões do choque descerem a Augusta e desembarcarem as tropas assustando a população que filmava a cena de demonstração de poder. Ouvi as bombas explodirem e pessoas correndo dos tiros. Pessoas que filmavam as cenas, assustadas, agora abrigavam-se nos bares e comércios que ainda estavam abertos. Ficamos circulando entre as ruas Augusta, Frei Caneca, Herculano e Peixoto Gomide. A sensação era de estado de sítio. Estávamos cercados em cima e embaixo, impedidos de ir para casa. Repito não cheguei na manifestação. Conseguimos nos abrigar na casa de um casal de amigos.

A polícia cercava os manifestantes pra onde quer que eles corressem. Não foi uma estratégia de dispersar a manifestação, pois para isso era necessário deixar vias de escape, para que as pessoas fugissem.

Era uma estratégia de minar a integridade física dos manifestantes: o objetivo essencial era que todos nós voltássemos pra casa sob o cheiro de gás lacrimogênio, com os olhos ardendo do gás de pimenta e hematomas de bala de borracha. Também era essencial que a população que não participava dos protestos fosse coagida a entrar para as suas casas e não ficassem nas ruas registrando com suas câmeras e celulares. Era essencial que o jornalista da Carta Capital não portasse vinagre. Foi a estratégia do medo.

O que está em jogo não é apenas os R$ 0,20 centavos. O que está em jogo tem a ver também com as outras lutas e movimentos: a Marcha das Vadias, a Parada do Orgulho LGBT, a Marcha da Maconha. O que está em jogo é esse pensamento fascista que ainda resiste na corporação e no nome da polícia militar, mas também nos corações e mentes daqueles que consideram manifestantes como baderneiros e arruaceiros. Daqueles que preferem proteger o patrimônio público à integridade física e psicológica dos indivíduos. Daqueles que não conseguem ver a clara desproporção entre homens armados com bombas - protegidos por capacetes e escudos, coordenados, organizados em viaturas, camburões e motocicletas - e uma massa plural de indivíduos cantando e gritando palavras de ordem, e que, vez ou outra, precisa reagir à violência que sofre com o que tem na mão. Daqueles que acham que política se faz somente nas urnas de quatro em quatro anos e de preferência com o voto naquele candidato que é amigo do pai.

O que está em jogo é a persistência daquele sentimento de medo quando encontramos um grupo de cinco pessoas reunidas na praça, pois fomos ensinados, por um golpe militar 50 anos atrás, que reunião em espaço público é formação de quadrilha. Depois de quinta-feira ficou claro que o que ainda está em jogo é o direito de ir e vir, sendo quem somos, com autonomia sobre nossos corpos e nossas ideias.

Tudo isso foi desrespeitado. E mesmo assim saímos vencendo. Saímos vencendo porque a verdade não está mais só nas mãos de poucos. Porque as muitas verdades foram registradas, porque hoje tive contato com as histórias registradas de diversas pessoas que estavam na manifestação e que também não estavam, mas sentiram seus efeitos e compartilharam a informação. Saímos vencendo porque os jornais tiveram de se dobrar aos fatos, já que os rostos dos seus jornalistas feridos não poderiam ser escondidos dentro das redações, já que haviam sido compartilhados por milhares.

O poder de registrar e compartilhar informação nunca foi tão grande. E frente a isso os antigos poderes reagem da única forma que sabem: com truculência e brutalidade.

Saímos vencendo porque nossas histórias estão sendo contadas por nós mesmos. Registrem, fotografem, filmem e escrevam. Nossa maior arma é a verdade.

*Gabriel é artista plástico e designer

domingo, maio 15, 2011

Cinco anos dos Crimes de Maio: 'obra' de Alckmin

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Há exatos cinco anos, uma série de ataques atribuídos a uma facção criminosa denominada Primeiro Comando da Capital (PCC) assolou o Estado de São Paulo, escancarando, para o Brasil e o mundo, a suprema incompetência, descontrole e omissão do governo do Estado mais rico da federação com a segurança pública. Pior do que isso: para responder aos ataques e tentar acalmar a população apavorada, o poder público paulista mandou sua Polícia Militar às regiões periféricas e mais pobres da capital para assassinar no mínimo 493 pessoas, A ESMO, sendo a imensa maioria delas, mais de 400 jovens, executados sumariamente - segundo o Movimento Mães de Maio (na foto, uma de suas inúmeras manifestações, com fotos dos mortos, sempre ignoradas pelo governo estadual).

Esse impressionante contingente de quatro centenas de pessoas pobres, negras e indefesas não tinha sequer passagens pela polícia, nem qualquer indício de envolvimento com crimes ou práticas ilegais. Morreram justamente porque eram pretos e pobres, assim como os 111 presos mortos pela mesma Polícia Militar paulista no vergonhoso massacre do presídio Carandiru, em 2 de outubro de 1992. Vale a pena reler a matéria que a Revista Fórum publicou sobre os Crimes de Maio de 2006 (a íntegra aqui).

Naquele início de 2006, até pouco antes dos ataques, o governador - e verdadeiro responsável pelo descaso com a segurança pública, o crescimento das organizações criminosas e o assassinato de quase 500 pessoas pelo poder público - era Geraldo Alckmin (PSDB), que deixou o cargo para disputar as eleições presidenciais - por isso, seu vice, Cláudio Lembo, era o governador especificamente no mês dos ataques (mas é óbvio que a situação ficou caótica sob o governo do titular da pasta, não do vice).

Alckmin é esse mesmo que passou a ocupar novamente, a partir de janeiro deste ano, o posto de governador. Exatamente por isso, cinco anos após a tragédia, o governo estadual tucano não mexe uma palha para investigar os crimes que praticou. Sempre que é abordado sobre os Crimes de Maio de 2006, Alckmin se acovarda e foge, como mostra esse vídeo aqui:



Nota-se que a coragem de questioná-lo partiu de uma equipe estrangeira, pois a chamada "grande imprensa" paulista e brasileira (que, de grande, só tem o poder econômico) continua dócil e inofensiva ao PSDB. Ninguém citou Alckmin nas matérias sobre os cinco anos dos ataques e dos assassinatos. Ninguém deu - e nem dará - nome aos bois, ou melhor, ao boi.

"Somos centenas de mães, familiares e amigos que tivemos nossos entes queridos assassinados covardemente e até hoje seguimos sem qualquer satisfação por parte do estado: os casos permanecem arquivados sem investigação correta para busca da verdade dos fatos, sem Julgamentos dos verdadeiros culpados (os agentes do estado) sem qualquer proteção, indenização ou reparação. Um estado que ainda insiste em nos sequestrar também o sentimento de justiça", dizia texto divulgado pelo Movimento Mães de Maio em 2009.

Neste mês, um relatório apontou como causas principais dos ataques de maio de 2006 a corrupção policial contra membros do PCC, a falta de integração dos aparatos repressivos do estado e a transferência que uniu 765 chefes da facção criminosa, às vésperas do Dia das Mães de 2006, numa prisão de Presidente Venceslau (SP). Corrupção, falta de controle e decisões equivocadas. Esse deveria ser o verdadeiro slogan do PSDB paulista, em vez de "gestão, planejamento e eficiência", como gostam de alardear.

Federalização do caso
O estudo de quase 250 páginas foi produzido pela ONG de defesa de direitos humanos Justiça Global e pela Clínica Internacional de Direitos Humanos da Faculdade de Direito de Harvard, dos Estados Unidos. Ao esmiuçar os 493 homicídios ocorridos no Estado de 12 a 20 de maio de 2006, o estudo viu "indícios da participação de policiais em 122 execuções", além de discrepância na elucidação desses casos em relação aos que vitimaram 43 agentes públicos. Por conta disso, propõe a federalização da investigação. Assim, talvez haja alguma esperança de Justiça para as mães e parentes das vítimas da Polícia Militar paulista.

Porém, o que mais preocupa é que a inoperância do governo estadual tucano continua. Em cinco anos, NADA mudou na caótica segurança público do estado, e todos sabem, veladamente, que quem comanda os presídios paulistas é o PCC. "Passados cinco anos, nossa pesquisa indica que não foram construídos mecanismos eficazes, consistentes de superação e de enfrentamento para essa situação", afirma Sandra Carvalho, diretora da Justiça Global. É preciso insistir neste assunto. Sempre.