Destaques

Mostrando postagens com marcador Polícia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Polícia. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, setembro 10, 2014

O maior bolo do mundo

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook


No próximo dia 30 serão completos 46 anos da morte do genial Sérgio Porto, cronista, escritor, radialista e compositor mais conhecido por seu pseudônimo Stanislaw Ponte Preta. Esses dias, tava folheando o primeiro volume de seu clássico "Febeapá - Festival de Besteira que Assola o País", publicado em 1966 (teria ainda mais dois volumes, até 1968), e me deparei com a seguinte pérola:
Era o IV Centenário do Rio e, apesar da penúria, o Governo da Guanabara ia oferecer à plebe ignara o maior bolo do mundo. Sugestão do poeta Carlos Drummond de Andrade, quando soube que o bolo ia ter 5 metros de altura, 5 toneladas, 250 quilos de açúcar, 4 mil ovos e 12 litros de rum: “Bota mais rum”.

Ps.: Outra passagem magistral do livro está na crônica "A conspiração", em que Sérgio Porto resume, com fino humor carioca, como a ditadura militar tratava seus opositores:

O importante é que veio a denúncia de que havia conspiração no domicílio do Coronel. Logo uma viatura [da polícia] partiu para colocar os conspiradores a par de que o regime é de liberdade...

(A íntegra desses e de outros textos pode ser acessada clicando aqui. Evoé, Stanislaw!)


sexta-feira, agosto 29, 2014

Se candidato a presidente fosse cerveja

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Escolher um candidato com base em suas propostas é um bordão adotado de quatro em quatro anos por todo mundo, da Justiça Eleitoral aos próprios postulantes, passando por idealistas e por metade da torcida do Flamengo. A segunda máxima do "voto consciente" é analisar a história de vida dos postulantes aos cargos eletivos, como se a trajetória da turma fosse tão acessível e transparente.

Escolher a cerveja em um bar é mais simples. O cidadão posicionado, na mesa ou no balcão, pergunta as opções. Ouve, pensa, mede preço e informações previamente adquiridas (experiências anteriores com o produto, o que os amigos e parentes disseram, o que andam falando em mídias sociais, a propaganda que promete a quem degustar aquele rótulo mais e mais amigos, mulheres, dinheiro, glorias e fama, não necessariamente nesta ordem etc.).

Candidato a presidente é uma coisa. Cerveja é outra.

Mas um teste-cego pode surpreender.

Para analisar as propostas sem pender para o lado que o eleitor já estava torcendo, uma startup chamada Projeto Brasil divulga agora um game para ser usado no navegador que permite tanto comparar as propostas quanto fazer um teste-cego entre as ideias (geniais ou não) dos candidatos.

A parte do comparativo das propostas ladeia dois ou mais postulantes conforme suas propostas agrupadas por grandes temas.




No caso do teste cego, a ferramenta traz uma frase descontextualizada e pede que o usuário classifique de uma a cinco estrelas. A medida que vai respondendo, um ranking das avaliações das propostas dos candidatos vai se formando em uma coluna à direita da tela.


A proposta em tela é de Marina Silva

O máximo que pode acontecer é você descobrir que é o eleitor-modelo do Rui Costa Pimenta (PCO) ou, pior, do Levy Fidélix (PRTB).

Foi ali que aprendi que Mauro Iasi (PCB) defende estatizar todo o sistema financeiro. E que Pastor Everaldo (PSC) prega respeito ao direito de lucro e ao dever de responsabilização privada dos prejuízos. Com o tempo, a expectativa é mapear a avaliação da proposta por região geográfica do país e quetais.

No caso de teste-cego de cervejas, a internet é pouco útil, exceto para divulgar resultados.

Se candidato a presidente fosse "peguete"

Outro aplicativo divertido de campanha eleitoral é o "Voto x Veto". Tudo em clima de Tinder, aquele aplicativo que mostra fotos de pessoas com quem você, talvez, quereria ou poderia querer se relacionar afetivamente (no sentido amplo).

O "Voto x Veto" faz isso com propostas dos presidenciáveis. Você só descobre o autor depois de votar (concordar) ou vetar (discordar).

Pela comparação com o Tinder, é um jeito de escolher candidato como se fosse "peguete" em tempos de smartphone.

Sem olho no olho, sem pegar criança no colo nem comer sanduíche de mortadela.

quinta-feira, agosto 07, 2014

E só a cerveja 'salvou' a noite

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Beatles no Ed Sullivan Show: 73 milhões de espectadores
No dia 9 de fevereiro de 1964, os Beatles tocaram ao vivo no programa televisivo Ed Sullivan Show, nos Estados Unidos, para uma audiência estimada em 73 milhões de espectadores. Estava consolidada definitivamente, ali, a "conquista do planeta" pela banda inglesa. Mas poucos poderiam imaginar que, apenas 26 meses antes, eles tinham enfrentado uma situação exatamente oposta. A primeira tentativa de ampliar seu público e o mercado de trabalho na Inglaterra, saindo da provinciana Liverpool para explorar o rico mercado de Londres e região metropolitana, foi constrangedora. Em 9 de dezembro de 1961, na cidadezinha de Aldershot, a 60 km da capital inglesa, os Beatles fizeram um show para... 18 pessoas. E nenhuma delas fazia ideia de quem eles eram.

Depois de duas temporadas tocando para bêbados, prostitutas, marinheiros e estudantes de arte na zona boêmia de Hamburgo, Alemanha, a proposta era voltar para a Inglaterra e tentar um destino mais promissor. Assim que retornaram, em outubro de 1961, iniciaram uma temporada na boate subterrânea Cavern que chamou a atenção de Brian Epstein, dono de uma cadeia de lojas de disco. Ele vislumbrou antes de todos o potencial da banda e decidiu empresariá-los. No entanto, mesmo com o contrato já firmado com Epstein, em dezembro, os Beatles ainda faziam "bicos" por conta própria. E foi assim que aceitaram um convite do promotor de eventos Sam Leach para se apresentarem pela primeira vez nos arredores de Londres - tudo o que eles mais queriam naquela época.

O anúncio do show, que nunca foi publicado
Para promover o show, Leach inventou que o público veria um "duelo" entre duas bandas e escolheria a melhor: uma representando o "som de Londres", Jay and The Jaywalkers, e outra "o som do Norte" (ou "Mersey Sound", som do Rio Mersey, em Liverpool), The Beatles. A divulgação principal - e fundamental - seria feita em bombástico anúncio no jornal Aldershot News, para o qual o promotor do evento enviou um cheque de 100 libras. Porém, ele não sabia que o periódico só aceitava pagamento em cheque de anunciantes antigos; os novos tinham que pagar em dinheiro vivo. Como não conseguiram entrar em contato com Leach, simplesmente não publicaram o anúncio. E quase ninguém ficou sabendo que o tal show aconteceria...

Na manhã do fatídico sábado, 9 de dezembro, os quatro beatles - os guitarristas George Harrison (18 anos) e John Lennon (21), o baixista Paul McCartney (19) e o baterista Pete Best (20) - saíram de Liverpool às 9 da manhã para uma viagem de quase 300 km, no rigoroso inverno inglês, apertados em uma van dirigida por Terry McCann, amigo de Sam Leach (que viajou em outro veículo). Ao chegarem a Aldershot, a surpresa: as portas do Palais Ballroom, local do show, estavam trancadas. Foi então que descobriram que a a população da cidadezinha desconheica que haveria alguma coisa ali naquela noite. Mesmo decepcionado, Leach decidiu honrar o compromisso e pagar os músicos, ainda que eles não se apresentassem.

As 18 'testemunhas' e, no palco, os constrangidos rapazes de Liverpool
George e John dançam: esculhambação
Mas eles decidiram ir em frente. Encontraram alguém para abrir a porta do clube, fizeram a passagem de som e depois saíram pela cidadezinha para convidar qualquer um que passasse na rua para assistir a apresentação. O bizarro show foi feito para apenas 18 "testemunhas". Em determinado momento, desanimado pela minúscula plateia, Pete Best abandonou o palco e passou as baquetas para que o motorista Terry McCann tocasse a bateria (!). John e George, por sua vez, decidiram se divertir e passaram a tocar acordes errados e trocar as letras das canções por paródias infames. Logo depois, os dois desceram do palco e começaram a dançar valsa como se fossem um par. E a esculhambação virou festa quando Sam Leach trouxe garrafas da cerveja Watneys Brown Ale para todos.

McCartney também entrou na bagunça
A bebedeira descambou para um jogo de futebol improvisado, usando bolas de bingo. Por volta de uma hora da manhã, a gritaria e a bagunça fizeram com que um vizinho chamasse a polícia. Os Beatles foram convidados a deixar Aldershot e não voltar nunca mais. A única coisa que "salvou" a noite foi a bebedeira com Watneys Brown Ale. Poucos imaginariam naquele momento, sequer a própria banda, que dali a seis meses eles seriam contratados pela gravadora EMI, dois meses depois trocariam o baterista por Ringo Starr, lançariam um compacto de sucesso ("Love me do") e pavimentariam o caminho para dominar Londres, a Inglaterra e a Europa em 1963, partindo dali para conquistarem os EUA e o mundo. Os 18 de Aldershot devem ter deixado o queixo cair...

Leach, em 1º plano, George e John enchendo a cara: consolo
A cerveja que 'salvou' a desastrosa noite em Aldershot


Lennon entornando a saideira: 'só tomando (mais) uma!'

quarta-feira, abril 09, 2014

A origem do '171'

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O 2º volume escrito por Lira Neto
Lendo "Getúlio 1930-1945 - Do governo provisório à ditadura do Estado Novo", segundo dos três volumes biográficos de Vargas escrito pelo cearense Lira Neto (foto à direita), me deparei com uma curiosa "segunda explicação" para a nossa tradicional gíria "171", usada geralmente para designar alguma "enganação". A primeira explicação, e mais conhecida, é o fato de 171 ser o artigo do Código Penal que trata sobre estelionato (ou seja, crime de falsidade - ou "enganação"). O Código, válido ainda hoje, foi criado em 1940 e entrou em vigência em 1942. Porém, pode ser que o tal 171 da nossa gíria venha de outra legislação, anterior a essa: a Constituição Federal promulgada por Getúlio Vargas em novembro de 1937 e apelidada de "Polaca", por ter sido baseada na constituição autoritária vigente, à época, na Polônia. Diz o livro de Lira Neto (o grifo é nosso):

A 'Polaca', Constituição de 1937
"Se o artigo 78 da Polaca fosse levado em consideração, aquele 10 de novembro de 1943 seria o último dia de Getúlio no [Palácio do] Catete. A legislação em vigor previa que o mandato do presidente da República - que recomeçara a ser contado em 1937, com a instauração do Estado Novo - era de seis anos. Teria chegado a hora, portanto, de passar a faixa presidencial ao sucessor. Mas o artigo 171 da mesma Constituição estabelecia que, na vigência do estado de guerra, o presidente tinha a prerrogativa de suspender qualquer trecho da Carta Magna. Como o Brasil se encontrava oficialmente em luta contra o Eixo [na Segunda Guerra Mundial], Getúlio tornou sem validade o artigo que determinava a extensão de seu mandato e, sem ferir as regras estabelecidas, voltou a dilatar o próprio período de governo, que já se estendia por treze anos, iniciados em 1930."

Portanto, se em 1937 alguém atentou para a previsão de troca presidencial dali a seis anos (e não observou o tal artigo 171), deve ter se sentido ludibriado em novembro de 1943 - e essa "enganação" pode ter sido fixada no imaginário popular. O que poderia nos levar a crer que, antes de uma origem policial, a gíria "171" teria, na verdade, gênese política. Afinal, o cancelamento do fim mandato presidencial em 1943 não poderia ser considerado, em termos institucionais, uma espécie de "estelionato"? Pois é: mais uma engenhosa manobra política desse que passaria para a História como um "171" clássico e inveterado: Getúlio Vargas.

terça-feira, fevereiro 11, 2014

Polícia criativa

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Estou com dificuldades para escrever o que quer que seja sobre essa nota da Polícia Militar de Goiás sobre a prisão de um acusado de tentar furtar dois CD's. Deixo o texto e o link, para provar a veracidade do fato.

"Um homem foi preso hoje (11/02/14), por volta das 14:36, na Livraria Saraiva, situada no piso 03 do Shopping Flambyant. De acordo com informações repassadas por policiais militares que chegaram ao local para fazer a condução do suspeito, Cxxxx Cxxxx Pxxxxxx Axxxx (06/02/75), de 39 anos, tentou sair do estabelecimento acima citado com dois discos da cantora norte americana Beyoncé. O suspeito escondeu os produtos em uma sacolinha do Bretas mas foi surpreendido pelo segurança quando tentou deixar a loja sem pagar pelo produto. Contudo a escolha do produto não foi aleatória. O suspeito disse que é dançarino e por isso queria se apropriar do objeto. Um dos policiais militares que está encaminhando o suspeito para a delegacia comentou que Cxxxx Cxxxx realmente dança muito bem, e que o talento que lhe faltou na habilidade de subtrair objetos sobrou na dança. O certo é que Cxxxx Cxxxx será agora encaminhado ao 8º DP e, caso fique preso, terá que dançar na cadeia. Mais informações com Soldado Melquisedeque: 9628-xxxx."

Duvida? Veja aqui.

sexta-feira, janeiro 17, 2014

O bicho pegou

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

- Está borracho! Está borracho!

Foi assim que, durante uma blitz na Cidade do México, um periquito denunciou o condutor do carro em que estava, o veterinário Guillermo Reyes Torres. Alertados pelo bicho, os policiais, que já iam liberar o borracho (bêbado, em espanhol), fizeram com que ele soprasse o bafômetro. E não deu outra: o teste confirmou o alerta do periquito e comprovou que o motorista estava embriagado. Segundo o jornal "La Jornada", Guillermo foi detido e o "periquito delator" levado pela Brigada de Vigilância Animal. Porém, mesmo tendo sido entregue pelo bicho, o veterinário pediu que a ave ficasse junto dele. Assim, depois de alguns dias, o periquito passou a dividir a mesma cela com ele. Ou seja: agora, o bicho não é o único engaiolado...

Alguns futepoquenses exclamariam, em vez de jumento, 'Ô, periquito Fia da P.!'

quinta-feira, janeiro 09, 2014

'Momentos de cizânia e baderna' e 'ânimos efervescentes'

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Camarada carioca fotografa a toalhinha de papel da bandeja do McDonald's com o tema "Copa do Mundo", mostrando diversos profissionais envolvidos no evento. Ao falar dos "puliça", faz uma verdadeira ginástica de retórica para definir o sagrado ofício de descer a porrada em quem aparecer pela frente quando o pau come...


segunda-feira, junho 17, 2013

Nossa maior arma é a verdade

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook



Por Gabriel Victal

Diante dos fatos e experiências vividas na noite de 13 de junho de 2013, das conversas com os amigos, e do acompanhamentos dos relatos e vídeos que circularam pelas redes sociais, não posso deixar de dar minha contribuição e reflexão pessoal:

Saí de casa para ir a manifestação às 18h30 já sabendo que 50 manifestantes haviam sido presos na concentração. Entre eles o jornalista da Carta Capital pelo “porte” de vinagre. Não consegui chegar à manifestação.

O que vi foi a Paulista ser fechada por policias armados enquanto a manifestação era bloqueada na praça Roosevelt. Vi também sete camburões do choque descerem a Augusta e desembarcarem as tropas assustando a população que filmava a cena de demonstração de poder. Ouvi as bombas explodirem e pessoas correndo dos tiros. Pessoas que filmavam as cenas, assustadas, agora abrigavam-se nos bares e comércios que ainda estavam abertos. Ficamos circulando entre as ruas Augusta, Frei Caneca, Herculano e Peixoto Gomide. A sensação era de estado de sítio. Estávamos cercados em cima e embaixo, impedidos de ir para casa. Repito não cheguei na manifestação. Conseguimos nos abrigar na casa de um casal de amigos.

A polícia cercava os manifestantes pra onde quer que eles corressem. Não foi uma estratégia de dispersar a manifestação, pois para isso era necessário deixar vias de escape, para que as pessoas fugissem.

Era uma estratégia de minar a integridade física dos manifestantes: o objetivo essencial era que todos nós voltássemos pra casa sob o cheiro de gás lacrimogênio, com os olhos ardendo do gás de pimenta e hematomas de bala de borracha. Também era essencial que a população que não participava dos protestos fosse coagida a entrar para as suas casas e não ficassem nas ruas registrando com suas câmeras e celulares. Era essencial que o jornalista da Carta Capital não portasse vinagre. Foi a estratégia do medo.

O que está em jogo não é apenas os R$ 0,20 centavos. O que está em jogo tem a ver também com as outras lutas e movimentos: a Marcha das Vadias, a Parada do Orgulho LGBT, a Marcha da Maconha. O que está em jogo é esse pensamento fascista que ainda resiste na corporação e no nome da polícia militar, mas também nos corações e mentes daqueles que consideram manifestantes como baderneiros e arruaceiros. Daqueles que preferem proteger o patrimônio público à integridade física e psicológica dos indivíduos. Daqueles que não conseguem ver a clara desproporção entre homens armados com bombas - protegidos por capacetes e escudos, coordenados, organizados em viaturas, camburões e motocicletas - e uma massa plural de indivíduos cantando e gritando palavras de ordem, e que, vez ou outra, precisa reagir à violência que sofre com o que tem na mão. Daqueles que acham que política se faz somente nas urnas de quatro em quatro anos e de preferência com o voto naquele candidato que é amigo do pai.

O que está em jogo é a persistência daquele sentimento de medo quando encontramos um grupo de cinco pessoas reunidas na praça, pois fomos ensinados, por um golpe militar 50 anos atrás, que reunião em espaço público é formação de quadrilha. Depois de quinta-feira ficou claro que o que ainda está em jogo é o direito de ir e vir, sendo quem somos, com autonomia sobre nossos corpos e nossas ideias.

Tudo isso foi desrespeitado. E mesmo assim saímos vencendo. Saímos vencendo porque a verdade não está mais só nas mãos de poucos. Porque as muitas verdades foram registradas, porque hoje tive contato com as histórias registradas de diversas pessoas que estavam na manifestação e que também não estavam, mas sentiram seus efeitos e compartilharam a informação. Saímos vencendo porque os jornais tiveram de se dobrar aos fatos, já que os rostos dos seus jornalistas feridos não poderiam ser escondidos dentro das redações, já que haviam sido compartilhados por milhares.

O poder de registrar e compartilhar informação nunca foi tão grande. E frente a isso os antigos poderes reagem da única forma que sabem: com truculência e brutalidade.

Saímos vencendo porque nossas histórias estão sendo contadas por nós mesmos. Registrem, fotografem, filmem e escrevam. Nossa maior arma é a verdade.

*Gabriel é artista plástico e designer

sexta-feira, junho 07, 2013

Por que o movimento pela redução da passagem dará em nada

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

por William Maia*

Vendo as imagens da batalha de ontem na Paulista, uma pergunta não me saía da cabeça: por que só pararam a Paulista agora, se o reajuste vem sendo anunciado há meses? A resposta, como sempre, está no passado: em 2006, ainda no começo da gestão Kassab, participei de algumas manifestações contra o aumento da tarifa de ônibus. Na época, o reajuste foi de R$ 2,00 para R$ 2,30. 
Tinha acabado de entrar na faculdade, não sabia de muita coisa, mas a causa me parecia justa e o movimento, democrático –qualquer um podia participar e não havia liderança hierarquizada clara. Os protestos começaram bem, fechamos a Paulista algumas vezes e bloqueamos o terminal Parque Dom Pedro; tudo de forma pacífica, a despeito da agressividade da polícia. 
Conforme os dias e semanas passavam sem que a Prefeitura desse o menor sinal de que poderia reverter o aumento, o público das passeatas foi minguando. Ainda assim, eram muitas pessoas, a maioria sem ligação com partidos ou sindicatos. Gente realmente interessada em um transporte público de qualidade a preço justo –ou a preço nenhum. Certo dia, fui a uma reunião da coordenação do movimento na sede do Partido Humanista, em Santa Cecília. 
Cheio de entusiasmo juvenil, me inscrevi para falar na plenária, e defendi que encarássemos a realidade e mudássemos a bandeira do movimento. Já não adiantava imaginar que o valor da passagem regredisse depois de tanto tempo. Portanto, deveríamos aproveitar aquela reunião de pessoas bem-intencionadas e defender investimentos na melhoria dos ônibus, no aumento da frota para mitigar as superlotações, e nos prepararmos para enfrentar um novo reajuste no futuro, ANTES que este entrasse em vigor. A chance de barrá-lo seria muito maior, evidentemente. 
A proposta foi bem aceita num primeiro momento, com discordâncias pontuais, até que tomou a palavra um militante da juventude do PCO (Partido da Causa Operária) – sim, eles existem –, que chamou o discurso pela melhoria das condições do transporte de “coisa de tucano”, e defendeu que continuássemos as passeatas pela redução da tarifa, que no mínimo manchariam a imagem do Kassab. Confusão instalada, todos falando ao mesmo tempo, troca de acusações etc. 
Eis que em determinado momento, alguém propõe uma votação para definir os rumos do movimento: continuaríamos as passeatas com cada vez menos pessoas ou buscaríamos uma alternativa? E foi então que a realidade me deu um tapa na cara. Vendo que a militância presente pendia para a segunda opção, os camaradas do PCO e outros descontentes começaram a retardar a votação, enquanto telefonavam chamando mais gente para comparecer à plenária e assim ganhar o controle do movimento. 
Fui embora e nunca mais voltei. 
Ali percebi que, apesar da boa intenção da maioria, não se tratava apenas de um movimento contra o aumento da passagem, mas de disputa de poder entre correntes do movimento estudantil, algumas delas, marionetes de partidos. Em 2009 e 2011, a coisa se repetiu. Protestos contra o aumento foram às ruas DEPOIS de o reajuste entrar em vigor. Começaram fazendo barulho e depois desapareceram. 
Dessa vez não será diferente.

A massa cheirosa paulistana se diverte

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Rosas para as dondocas, porrada no povo
Quinta-feira à noite na maior cidade da América Latina, capital do Estado mais rico do país. Enquanto a polícia do governo alckmista descia a porrada em estudantes e sindicalistas em plena Avenida Paulista, tucanos de todas as plumagens, puxa-sacos, novos ricos deslumbrados, potenciais atropeladores de ciclistas, artistas globais, pseudo-celebridades e espertalhões que seriam enquadrados fácil, fácil em muitos dos artigos do Código Penal se reuniam no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual, para um jantar beneficente. Quem tiver estômago, confira a coluna de Mônica Bergamo de hoje, na Folha de S.Paulo - página E2, caderno Ilustrada.

Marido marqueteiro do PSDB é só um acaso
Está lá o (des)governador, sorridente, cobrando R$ 400 por pessoa para o projeto Padarias Artesanais, de sua querida esposa, Lu, que preside um tal de Fundo Social da Solidariedade. Mas a verdadeira padaria estava ali mesmo na festa tucana, produzindo a tal massa cheirosa da Eliane Catanhede - que, por mero acaso, é casada com um marqueteiro do PSDB. E, falando em matrimônio, o casal Geraldo e Lu Alckmin é aquele mesmo que não teve pudor de, investido das funções de governador e primeira-dama, cortar a faixa na inauguração da loja para milionários Daslu. Será porque a filha deles trabalhava na polêmica loja?

Política pública: inaugurar loja de contrabando
Aliás, o escândalo de contrabando na Daslu é, até hoje, "o segredo de Sophia" (Alckmin) - e talvez isso tenha alguma relação com a menção ao Código Penal no primeiro parágrafo... Mas não estraguemos a festa tucana, afinal, Geraldo Alckmin sempre foi um dos defensores mais aguerridos da "ética", da "moralidade" e dos "bons costumes" - vide o episódio em que algumas das "manifestantes" endinheiradas do Movimento Cansei (pausa para um sorriso maroto do Cláudio Lembo), como Ana Maria Braga e Regina Duarte (MEDO!) compareceram, naquela mesma época, ao casamento da  filhinha do governador.

Kherlakian entretendo tucanos no rega-bofe
Puro acaso, mera coincidência. Trololó petista, diria o probo e honesto José Serra. Voltemos, pois, ao que interessa, o rega-bofe tucano de ontem à noite, espécie de "baile da Ilha Fiscal" do Império Alckmin. A colunista Mônica Bergamo destaca a presença de Reinaldo Kherlakian, "cantor" e herdeiro da Galeria Pagé, na região da rua 25 de Março (olha o Código Penal aí outra vez...). Observa, com deleite, que ele cria "araras, minicavalos, cães, minivaca, burro, zebra e até um tigre-de-bengala" em sua casa (por que não tucanos?) e que "estreou ternos de João Camargo e Ricardo Almeida e sapatos Louboutin cravejados de cristais Swarovski, comprados em Nova York". Nada mais PSDB e massa cheirosa do que isso!

Claudia Raia reviveu glamour da Era Collor
Também estava lá Claudia Raia, cabo eleitoral de Fernando Collor em 1989, e Moacyr Franco, outro que mantém estreitas relações com o tucanato. Mas a nota engraçada da festa Alckmista foi que, no Estado mais rico do país, onde quem consegue sobreviver à dengue pode sucumbir à violência e criminalidade, que batem recordes há meses, até as dondocas estão alarmadas com a insegurança. "É uma coisa impossível o que está acontecendo", reclamou Regina Manssur, ex-Mulheres Ricas, programa educativo da TV Bandeirantes. "Alguma coisa tem que ser feita. Na questão da segurança, estou insatisfeita com o meu candidato", acrescentou a advogada, que, assim como Kherlakian, reside no Morumbi - o bairro campeão de assaltos na capital (e onde também está o Palácio dos Bandeirantes da festança de ontem, resumo da suprema vergonha que é a gestão tucana). Detalhe: o tal "candidato" da mulher rica, Alckmin, é o dos massacres de maio de 2006 e de relações cordiais com o PCC.

Sonho da elite paulistana é reviver a 'Redentora'
Diante de tanta violência, a canseira do Movimento Cansei deu as caras: "Estamos cansados de ver tragédias horrendas acontecendo", reclamou a dondoca Helena Mottin, nas (grandes) fuças do (des)governador. O melhor foi o comentário do magnata da Galeria Pagé, Kherlakian: "Ele (Alckmin) não tem culpa. O que ele pode fazer? Tem que modificar todas as leis. Teria que começar lá no Congresso". Muito bom, muito bem. O sonho dessa gente é mesmo fechar o Congresso, botar os milicos no poder e todos esses petralhas na cadeia. Mandar a "gente diferenciada" pra longe de Hiegienópolis. Marchar com  a família e com Deus pela "liberdade". Polícia? Só pra bater em estudantes e sindicalistas e pra matar jovens pobres e negros. Um brinde, Dona Lu! Viva a vossa padaria! Viva a massa cheirosa!

E paro por aqui, porque não aguento ficar tanto tempo tampando o nariz.

quarta-feira, março 16, 2011

Se gritar 'pega ladrão'...

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O arranca-rabo aconteceu numa manhã de domingo, no estádio Adail Nunes da Silva, o Taquarão, em Taquaritinga (SP). Disputa entre CAT e Francana pela série A-2 do Paulistão (segunda divisão). Lembro que a cena do policial abrindo e/ou segurando o portão no alambrado, enquanto os torcedores invadiam o gramado, foi mostrada com alarde no programa Fantástico, da TV Globo. Enfim, "coisas" lá da terrinha...

sábado, fevereiro 19, 2011

Polícia? Para quê precisa de polícia?

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Flagrante na Avenida Beira Mar, em Fortaleza (CE).

quinta-feira, novembro 04, 2010

'É preciso criar o Partido dos Trabalhadores'

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Viciado em biografias, resolvi esta semana arriscar o "Nem vem que não tem - A vida e o veneno de Wilson Simonal", de Ricardo Alexandre (Editora Globo, 2009). E não me arrependi. Além de extremamente bem escrito e econômico, com uma pesquisa de dez anos muito completa, o livro cumpre até o fim o papel de esmiuçar a maior tragédia na vida do cantor, compositor, apresentador e showman Simonal: o nebuloso episódio em que teria mandado dois amigos seus, agentes do DOPS (um dos principais órgãos de repressão e tortura da ditadura militar), espancar e torturar um de seus ex-funcionários para que ele confessasse que desviava dinheiro. Pior de tudo é que, quando a vítima resolveu registrar a ocorrência em uma delegacia e a bomba estourou na imprensa, em agosto de 1971, Simonal achou que limparia a barra se acusasse o ex-funcionário de terrorista, em declaração oficial firmada no próprio DOPS. E nesse documento, inacreditavelmente, o artista assinou embaixo do seguinte texto:

"(...) QUE O DECLARANTE aqui comparece visto a confiança que deposita nos policiais aqui lotados e visto aqui cooperar com informações que levaram esta seção a desbaratar por diversas vezes movimentos subterrâneos subersivos no meio artístico; QUE O DECLARANTE quando da revolução de Março de Mil Novecentos e Setenta, digo Sessenta e Quatro aqui esteve oferecendo seus préstimos ao Inspetor José Pereira de Vasconcellos;"

Foi o suficiente para que Simonal fosse taxado para todo o sempre como o maior dedo-duro e informante da ditadura, o que arruinou sua (brilhante) carreira e, de maior astro nacional no final da década de 1960, campeão absoluto de venda de discos e de audiência televisiva, maior até do que Roberto Carlos e Elis Regina naquela época, único capaz de comandar um côro de 30 mil pessoas no Maracanazinho, de lançar discos nos EUA, Itália, Argentina, de dividir o palco com Sarah Vaughan e de representar oficialmente o país na Copa do México, com um prestígio igual ao de Pelé (foto acima), depois da pecha de dedo-duro, chegou a ser preso e foi banido do cenário artístico e isolado totalmente da TV e dos grandes centros urbanos entre 1975 e 1992, período em que mergulhou na depressão e no alcoolismo.

O livro procura mostrar que, de fato, Simonal tinha amigos no DOPS, policiais que costumavam fazer bicos de segurança para vários artistas. O famigerado Sérgio Paranhos Fleury, um dos torturadores mais notórios, chefiou a segurança dos artistas na TV Record e era chamado por Roberto Carlos de "Tio Sérgio". Simonal teria se aproximado de Mário Borges - policial acusado da tortura e morte de Stuart Angel, filho da estilista Zuzu Angel, e acusado em mais nove processos semelhantes daquele período - ao ser chamado ao DOPS, em 1969, para explicar a presença de uma bandeira da então União Soviética no cenário do show "De Cabral a Simonal". Depois disso, Borges e outros asseclas passaram a fazer bicos para o cantor/compositor. Nada leva a crer que, de fato, ele fosse informante do órgão repressor.

Mas o poder que obteve e a suprema arrogância de achar que, naquele momento, podia fazer o que bem entendesse, o levou a usar policiais para "dar uma prensa" num ex-funcionário, dentro de um órgão público, e, pior de tudo, achou que se mentisse declarando que era "ajudante" do DOPS, o governo militar livraria sua cara. Foi o beijo da morte. Longe de querer inocentar Simonal, o autor do livro condena essas suas atitudes mas pondera que, junto com a fama de "dedo-duro", o "linchamento" público do artista também foi impulsionado pelo seu poder, sua arrogância, como se dissessem "tá na hora de acabar com esse negro insolente de uma vez por todas". A classe artística se esqueceu que ele teve a coragem de se solidarizar, em seu programa de TV, ao vivo, com os atores da peça de teatro "Roda Viva", espancados em 1968. Só se lembraram de suas músicas ufanistas, "Brasil, eu fico", "País tropical" etc (todas de autoria do "bonzinho" Jorge Ben). Mário Borges, o torturador, foi inocentado. Simonal escapou da cadeia, mas "morreu em vida".

Curioso é que, sem entender muito de política e sempre querendo evitar se envolver com isso, o ex-favelado Simonal declararia, em 1979, um ano antes de Luiz Inácio Lula da Silva comandar a fundação do PT:

"O MDB e a Arena são uma farsa, é preciso criar o Partido dos Trabalhadores."

Mas aí ninguém mais lembrava que ele existia. Há um documentário que foi lançado ao mesmo tempo que o livro, "Ninguém sabe o duro que eu dei". Achei um trailler, em que até o Pelé dá seu pitaco:

terça-feira, junho 29, 2010

No país da delicadeza perdida

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Ontem, o vereador do município de Pontes e Lacerda (MT) Lourivaldo Rodrigues de Moraes, o "Kirrarinha", do DEM, agrediu a repórter Márcia Pache, da TV Centro-Oeste (afiliada do SBT), nas dependências do Centro Integrado de Segurança Comunitária, nas barbas de diversos policiais, incluindo o delegado Algacir Romeu Brisola. E saiu andando como se nada tivesse acontecido. Como disse o camarada Fredi, o DEM (ex-Arena, ex-PFL) poderia deixar de eufemismos e adotar de uma vez a alcunha de P-Sengo (Partido dos Senhores de Engenho). Lamentável é pouco.

terça-feira, junho 01, 2010

Assédio moral

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Núcleo da corporação da Polícia Militar em Salvador (BA). Eu pedia demissão antes...

segunda-feira, maio 17, 2010

No Paraná, padre bêbado dirige de cueca e propõe dinheiro e sexo oral para os guardas

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Mais uma de padre manguaça, só que desta vez aqui em terras tupiniquins. Na madrugada de domingo, em Ibiporã (PR), o padre Silvio Andrei Rodrigues dirigia um Fiat Idea alugado, apenas de camisa e cueca, com uma garrafa de cachaça no colo. A batina estava no banco traseiro. Abordado por dois policiais militares, Rodrigues ofereceu R$ 490 que tinha na carteira para não ser preso. Depois disso, teria proposto sexo oral a um dos guardas. O advogado do bebum, José Adalberto Cunha, alegou que o padre só tirou a batina porque "passou mal e vomitou". Segundo Cunha, depois de celebrar o casamento, Rodrigues teve um surto e se perdeu quando se dirigia para a casa de familiares. "Ele toma antidepressivos e bebeu vinho no casamento, perdeu a memória, passou mal e vomitou, por isso tirou a batina" (essa desculpinha é velha, né, Vanucci? Né, Lúcia Hippolito?). A "justificativa" surtiu efeito e levou o juiz Sérgio Aziz Neme a acatar o pedido de liberdade provisória ao padre, que é acusado de ato obsceno, corrupção ativa e embriaguez ao volante. Porém, o delegado chefe de Ibiporã, Marcos Belinati, garantiu que não foram encontrados "indícios de vômito" na batina apreendida.

domingo, março 28, 2010

O governo de São Paulo deve explicações

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

A cena de uma policial sendo carregada por um suposto manifestante foi sem dúvida uma das imagens mais marcantes do protesto dos professores em frente ao Palácio dos Bandeirantes, que foi recebido com truculência pela Polícia Militar. Para desfazer o valor simbólico da imagem, a assessoria de imprensa da corporação divulgou nota dizendo que a pessoa que carregava a ferida era um “policial à paisana”.

Do fato, surgem algumas questões. Primeiro, qual é a intenção da polícia ao infiltrar um policial em meio a uma manifestação de professores? Tal ação lembra os regimes autoritários que esse país viveu e, já que a polícia expôs um de seus agentes, o mínimo que se poderia esperar é uma justificativa sobre tal operação.

Curioso também o fato não causar estranheza à mídia comercial. Imaginem, por exemplo, se alguém descobrisse em meio ao protesto do Cansei, algum policial federal à paisana “tomando conta” da manifestação? Provavelmente fariam alusão à URSS, à Cortina de Ferro, aos nazistas, ou a Cuba, que infiltra (e assume isso publicamente) agentes na manifestação das Damas de Branco que ocorreu na Ilha. No caso, o governo cubano justificou dizendo que faz isso para evitar confrontos entre simpatizantes do regime e os manifestantes. Mas, repito, qual a justificativa do governo estadual para infilitrar agentes, ainda mais em um país democrático?

No entanto, denúncias graves relacionadas à ação policial e à atitude de “infiltrados” vieram à baila. Leonardo Severo, da CUT, relata que um professor de Filosofia de Jundiaí, Fernando Ribeiro, teria presenciado quando um dos policiais à paisana “tentava atear fogo em um veículo, buscando incriminar os manifestantes”. Professores e estudantes teriam evitado o ato e o falso manifestante buscou refúgio entre os policiais militares. “Tentaram colocar fogo no carro para culpar o protesto. Como agiram com muita força, numa ação desproporcional, queriam uma justificativa”, disse o professor.

É inadmissível que não haja qualquer resposta da PM ou do governo do estado. É bom lembrar, aliás, que a infiltração de agentes por parte da polícia em manifestações democráticas já foi comprovada em outra gestão do PSDB, no Rio Grande do Sul. Um homem usou um crachá da Agência Carta Maior para se infiltrar em protesto de servidores públicos contra Yeda Crusius, em Porto Alegre, fazendo fotos dos manifestantes.

Com a palavra o governo do estado que, ao que parece, prefere usar cassetetes ao invés do verbo.

terça-feira, março 09, 2010

Não tem responsabilidade? Como assim?

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

No final de semana ocorreu um dos fatos mais chocantes do esporte brasileiro e a repercussão tem sido pífia. O jogador de futsal Robson Rocha Costa disputava uma partida no ginásio municipal de Guarapuava (PR), defendendo o Atlético Desportivo local contra o Palmeiras/Jundiaí, no sábado, quando deu um carrinho na linha de fundo e uma lasca de madeira do piso entrou em sua coxa, se partiu em três pedaços e atingiu o intestino e órgãos internos. As imagens são de arrepiar. Robson foi atendido com vida (foto) e levado consciente para o hospital, mas morreu de hemorragia interna no dia seguinte, aos 22 anos. Absurdo? Sim, totalmente absurdo.

Mas o que me deixou ainda mais perplexo, hoje, foi ler as seguintes - e inacreditáveis - informações no jornal Lance! (o grifo é nosso):

Segundo informações da Secretaria de Esportes e Recreação de Guarapuava, um laudo emitido pela Defesa Civil em janeiro permitia a realização de jogos no ginásio Joaquim Prestes. A polícia paranaense acredita que são remotas as chances de alguém ser responsabilizado pela morte do jogador.
- Fazendo uma análise da conservação do piso para a morte do rapaz, a gente não encontra um nexo - disse Maria Nysa Moreira, delegada responsável pelo caso.
Em nota oficial, a Prefeitura de Guarapuava se isentou de culpa no acidente.


Se isentou? Simples assim? Ninguém será responsabilizado? Não se encontra "nexo"? Como assim?!? Como assim??? Como assim?!!??!!? Hã?!???!!???

quinta-feira, dezembro 10, 2009

Cavalaria e cachorros em terras do Panetonegate

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Olha o panetone aí, minha gente!

Foto: Brunna Rosa
Cenas medievais no cenário planificado da capital Federal rodam o país. As imagens denunciam uma polícia truculenta em ação no dia internacional contra a corrupção, comemorado na quarta-feira, 9, justamente na unidade da federação que é a lama da vez no país.

Estive na manifestação e descrevo o que vi. A concentração era na praça em frente ao Palácio Buriti, sede do governo e palco da lama (ou do panetone) que sacode as terras planas daqui.

A ideia era não avançar pelas ruas de Brasília e passar o dia pedindo o impeachment do governador José Roberto Arruda (hoje desfiliado do DEM por livre e expontânea pressão). Mas alguns manifestantes fecharam o eixo monumental, de um lado e, depois de desobstruir uma via, correram para fechar também o outro.



















No destaque: O choque montado, em seguida o Bope em ação e a caixa com bombas sendo carregada. Pronto, todos a postos. A frente cavalaria, atrás Bope, com balas de borracha, bombas e cachorros...
Foto: Brunna Rosa


Prenúncio da desgraça. O impasse se dava entre manifestantes que queriam seguir pelo eixo monumental até a rodoviária. Obstruindo o caminho, havia o Batalhão de Operações da Polícia Especial (Bope). Junto à cavalaria, policiais com cachorros, caixas com bala de borracha e bombas de efeito moral.

Com o avançar dos estudantes, a cavalaria entrou em ação, deixado alguns feridos. Com a situação, os manifestantes decidiram seguir para a rodoviária, usando o canteiro, isto é, desobstruindo a via, para eliminar o “problema” para o qual os batalhões do GDF foram escalados.

Ao contrário dos relatos jornalísticos, o avanço dos manifestantes foi pacífico. Aliás, só a mídia para achar que ainda cola a história de "manifestantes armados com mangas" dispostos a enfrentar um batalhão devidamente munido para dispersar a multidão.

Ao seguirem pelo gramado, o Bope passou a usar bombas de efeito moral e cassetetes. Neste momento, os manifestantes corriam para o lado esquerdo do eixo monumental e paralisaram o transito novamente.

Nesta altura, o ambiente era de batalha campal. Sem maiores pudores, a PM usava todo o seu "legitimado" monopólio da violência. Não faltou para ninguém: foi impressa apanhando, curiosos levando spray de pimenta na cara, manifestantes sendo presos...

Desespero dos amigos e muita, mas muita fumaça das bombas de efeito moral em cenas que mais lembram um período que um certo jornalão prefere chamar de “Ditabranda”.

Vale a pena ver como a polícia do GDF se excede facilmente contra os manifestantes. E mais fotos da barbárie aqui.

E para acompanhar o movimento Fora arruda, vale visitar este site, ou seguir pelo Twitter @foraarruda ou ainda Fora Arruda e a Máfia ou #foraarruda

Imagem da manifestação desta quinta-feira, 10. Foto: Leylis



Em tempo
Novos protestos pararam Brasília nesta quinta-feira, 10, que apesar de terem bloqueado o trânsito, não houve confronto com a polícia. Durante a semana inteira a população se mobilizou para garantir que hoje as pessoas fossem trabalhar de branco (coisa que eu mesma esqueci) e colocassem fitas brancas nos carros. Tudo para simbolizar o repúdio a corrupção. A promessa é que amanhã aconteça pequenas manifestações e no sábado uma grande carreata até a residência oficial do governador Arruda, em Águas Claras.

quinta-feira, novembro 26, 2009

Esqueletos no armário

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O Ministério Público Federal ofereceu hoje denúncia contra o deputado federal Paulo Maluf, do PP (abaixo), e o senador Romeu Tuma, do PTB (ao lado), por ocultação de cadáveres durante a ditadura militar. Além dos dois, foram denunciados o ex-prefeito de São Paulo Miguel Colasuonno, o médico legista e ex-chefe do necrotério do Instituto Médico Legal (IML) local Harry Shibata, e o ex-diretor do Serviço Funerário Municipal Fábio Pereira Bueno. O MPF afirma que desaparecidos políticos foram sepultados nos cemitérios de Perus e Vila Formosa, na capital, de forma "ilegal" e "clandestina", com a participação do IML e da Prefeitura. Segundo a procuradora Eugênia Fávero, Maluf e Tuma contribuíram para que as ossadas permanecessem sem identificação em valas comuns e atestaram falsos motivos de morte a vítimas de tortura. O MPF requer perda de funções públicas e do direito à aposentadoria, além de reparar danos morais coletivos, com indenização de, no mínimo, 10% do patrimônio pessoal de cada um. Por se tratar de ações civis públicas, a iniciativa não ameaça os mandatos dos dois parlamentares, protegidos pela Constituição. A procuradora propôs, então, que as indenizações sejam revertidas em medidas que preservem a memória das vítimas da ditadura (de que forma, não ficou claro). O que acham? Mais um caso pra acabar em pizza?