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quarta-feira, novembro 18, 2015

O maniqueísmo nosso de cada dia

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Laudo Natel com o ditador Ernesto Geisel
Desde sempre, como sãopaulino, ouço críticas veementes aos dirigentes do São Paulo Futebol Clube pela postura politicamente conservadora e elitista e pelo apoio à ditadura militar - época que um dos diretores do clube, Laudo Natel, chegou a ser governador de São Paulo e que o estádio do Morumbi teve ajuda (leia-se: dinheiro) do poder público para ser terminado. Até onde checamos aqui no Futepoca, é tudo verdade. Falamos da postura ostensivamente conservadora e elitista da torcida e da diretoria do São Paulo nesse post aqui, nesse aqui e mais esse aqui. E das ligações políticas comprometedoras e dos benefícios (públicos) para o Morumbi (particular) nesse post aqui, nesse aqui e esse aqui também.

Pois bem, em contraposição a essa pecha "direitista" do São Paulo, sempre vejo, da mesma forma, elogios ao Corinthians - o "time do povo", da "democracia" dos jogadores no início dos anos 1980. Falamos sobre isso aqui, aqui e mais aqui. Porém, precisamos tomar cuidado com o maniqueísmo nosso de cada dia. Tem muito sãopaulino (diretor, jogador ou torcedor) que não é conservador e/ou apoiou a ditadura militar, assim como tem muito corintiano (idem parênteses anterior) que sim. No que se refere especificamente aos cartolas, "é sempre bom lembrar" - como diz aquela música do Gilberto Gil - que patrão é patrão, em time "da elite" ou "do povo". E o patronato geralmente costuma simpatizar com governos ditatoriais, apoiá-los, financiá-los e tê-los como aliados. Ou, pelo menos, não afrontá-los.

Rose Nogueira no ato do dia 27 de outubro
Vai daí, fiquei sabendo que, no último dia 27 de outubro, o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo fez, em sua sede, um ato em memória dos 40 anos do assassinato do jornalista Vladimir Herzog, e, na ocasião, a jornalista (e atualmente uma das diretoras da entidade de classe) Rose Nogueira, que foi presa e torturada pela ditadura militar, lembrou que naquela época Wadih Helu era um dos deputados estaduais que cobravam na Assembleia Legislativa repressão aos jornalistas comunistas. O mesmo Helu que foi presidente do Corinthians entre 1961 e 1971 e que, mais tarde, ocuparia o cargo de secretário estadual de Administração no governo - biônico, ou seja, nomeado sem eleição - de Paulo Maluf. Aliás, foi Helu quem apelidou o Palmeiras de "porco" (leia aqui) numa polêmica com o rival.

Enfim, Zé Rodrix já observava que "cada um acredita naquilo que quer, pode e consegue". Mas sempre é bom evitar maniqueísmos. Sãopaulinos e corintianos, uni-vos - no bar!




segunda-feira, abril 27, 2009

Palmeiras virou porco há 40 anos

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No dia 28 de abril de 1969 ocorreu um fato lamentável que teria como efeito colateral o "batismo" da Sociedade Esportiva Palmeiras como "porco". Depois de empatar por 1 a 1 com o São Bento, no Estádio Humberto Reali, em Sorocaba (SP), o Corinthians retornou à capital paulista. Do Parque São Jorge, os dois maiores destaques do time naquela competição estadual, o lateral direito Lidú (22 anos) e o ponta esquerda Eduardo (25), resolveram comer uma pizza nos arredores do Canindé, o estádio da Portuguesa. Mas não chegariam ao restaurante: na Marginal Tietê, Lidú perdeu o controle de seu Fusca, que chocou-se violentamente contra uma das pilastras de sustentação da ponte da Vila Maria (foto acima). Os dois morreram na hora.

Corinthians, 1969. Em pé: Ditão, Luís Carlos, Dirceu Alves, Pedro Rodrigues, Lidú e Lula. Agachados: Paulo Borges, Tales, Benê, Rivellino e Eduardo

Daí, veio a confusão que acabou por acirrar definitivamente a rivalidade entre corintianos e palmeirenses. Como o Paulistão já estava no returno e o prazo de inscrições de atletas havia se encerrado, a diretoria do alvinegro tentou, na Federação, uma autorização especial para inscrever dois novos atletas. A FPF convocou todos os clubes para uma reunião extraordinária, colocando em votação a pretensão corintiana, com a condição de que essa aprovação teria que ser unânime. Não foi: somente o presidente do Palmeiras, Delfino Facchina (à esquerda), votou contra. O que motivou o presidente do Corinthians, Wadih Helu (acima, à direita), a chamar os palmeirenses de "porcos". Foi a senha para a torcida do Corinthians.

Na partida seguinte entre os dois times, os alvinegros soltaram um porco no gramado do Morumbi antes do início do jogo. Enquanto o suíno corria, assustado, os corintianos entoavam o coro de "Porco! Porco!". Isso virou uma provocação intolerável para os palmeirenses até as semifinais do Paulistão de 1986, quando o alviverde goleou o rival por 5 a 1 e sua torcida resolveu assumir positivamente o "porco". Durante o jogo, os palestrinos inventaram uma versão para o grito dos dinamarqueses na Copa do México: "Dá-lhe Porco/ Dá-lhe Porco/ Olê-olê-olê". Desde então, o Palmeiras assumiu oficialmente sua identificação suína, após 17 anos de azucrinação corintiana.

Cerveja e sinuca uma semana antes do acidente, no Sambarthur, ponto de encontro de boleiros da época na Vila Maria: a partir da esquerda, os corintianos Décio, Lidú, Arthur (dono do bar), Lula, Eduardo e João Carioca